Oportuno e sagaz: a banca nacionalizou o Governo

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A banca nacionalizou o governo

É o título de um excelente artigo de Ricardo Araújo Pereira na revista «Visão».
Vale a pena ler e meditar, nestes tempos em que a única entidade que merece confiança é o mercado, que toda a gente insiste em desmentir.
Ainda esta semana Alain Greenspam – que é provavelmente o maior mentiroso do século XX – considerava que «há 40 anos ou mais que tinha provas claras de que o mercado livre funcionava bem» mas que «cometeu um erro ao confiar que o livre mercado pode regular-se a si próprio».
É evidente que que não cometeu erro nenhum e que toda a gente sabia que isto haveria de acabar assim, como acontece com todas as vigarices.
Os mercados reagem às vigarices, quando os operadores descobrem que andam a comprar gato por lebre. E funcionam mesmo…
O mercado é muito mais confiável do que o governo. Ele vai demonstrar que há muito papel que vale, rigorosamente, nada e é nessa mesma demonstração que ele merece que confiemos nele.~
Caiu-me ontem na caixa do correio outra coisa notável que reproduzo:

«If you had bought, one year ago, €1000 Euros of shares in Nortel
Networks, one of the Giants in the Telecommunications area, today you
would have €59 Euros…
If you had bought, one year ago, €1000 Euros of shares in Lucent
Technologies, another Giant in the Telecommunications area, today you
would have €79 Euros…
Now, if you had bought, one year ago, €1000 Euros of Stella Artois
(bottled beer not shares), drank all of it and then sold the empty
bottles, today you would have €80 Euros… Conclusion:
In the present economic scenario you loose less money if you just sit
down and drink beer all day long…=

Não menos notável é a crónica de António Pinto Leite no «Expresso» de 25 de Outubro de 2008.
Ele confessa, de forma clara e inequivoca, que, no verão do ano passado aconselharam a desfazer-se de todos os papeis que tivesse no mercado de acções e a esperar até ao verão de 2008, para ver o que se ia passar. Mas vai mais longe: no ínício deste ano, o seu banqueiro português aconselhou-o, também a desfazer-se dos papeis de um fundo, que eram considerados de menor risco.
Vale a pena ler com atenção essa confissão.
Claro que toda a gente minimamente bem informada sabia que os produtos deste mercado haveriam de ter o seu justo preço no devido momento. Os que não valem nada, vão mesmo valer nada, porque o mercado funciona.
Dramático é que, com essas manigâncias, os especuladores retiraram dos mercados montantes elevadíssimos que seriam úteis ao desenvolvimento das economias. Mas nem sequer isso é dramático: alguém vai ficar sem esse dinheiro, pela simples razão de que alguém o tem… E quem o têm não o vai querer parado.
O que não faz nenhum sentido é que o Estado, que somos todos nós, garanta o funcionamento da roleta.

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