Foi com enorme prazer que revi Ana Mortensen, viúva de Jorgen Mortensen, quase dois anos depois da morte daquele fabuloso industrial vidreiro.
É uma mulher combativa e aplicada que ri com uma contagiante vontade de chorar perante o escândalo que reside no proteccionismo e no tráfico de influências que marca o sector vidreiro.
Jorgen Mortensen foi, literalmente, assassinado pela marginalização gerada pelos compadrios.
Morreu alguns dias depois de ter recebido um oficio ameaçador da mesma Segurança Social que nada faz nem nada diz aos que deviam muito mais do que ele.
Era estrangeiro, é certo. Liquidaram-no – literalmente…
E Ana, com o jovem Jorgen, forçado a deixar de estudar, continua a bulir e a exportar talento.
Orgulhosa, produtiva, solidária… Com um sinal estranho na parte da frente do automóvel, feito por um jipão que bateu e fugiu.
Cuidado Ana… Pense que também pode ser assassinada… Os talentos não abrem falência – mas também se abatem.
Ou ainda não percebeu que a sua fábrica, a fábrica do Jorgen e o vosso talento não podem coexistir com um projecto urbanístico?
Miguel Reis