Comemoram-se hoje os 100 anos da República Portuguesa.
A República nasceu sob o signo da instabilidade, que marcou os seus primeiros dezasseis anos com 29 governos.
João Chagas (4 de Setembro de 1911–13 de Novembro de 1911) – 70 dias
Augusto Vasconcelos (13 de Novembro de 1911–16 de Junho de 1912)- 217 dias
Duarte Leite (16 de Junho de 1912–9 de Janeiro de 1913) – 198 dias
Afonso Costa (9 de Janeiro de 1913–9 de Fevereiro de 1914) – 396 dias
Bernardino Machado (9 de Fevereiro de 1914–12 de Dezembro de 1914) – 307 dias
Vítor Hugo de Azevedo Coutinho (12 de Dezembro de 1914–28 de Janeiro de 1915) – 45 dias
Joaquim Pimenta de Castro (28 de Janeiro de 1915–14 de Maio de 1915) – 112 dias
Junta Constitucional (14 de Maio de 1915–17 de Maio de 1915)
José Ribeiro de Castro (17 de Maio de 1915–29 de Novembro de 1915) – 199 dias
Afonso Costa (29 de Novembro de 1915–16 de Março de 1916) – 107 dias
António José de Almeida (16 de Março de 1916–25 de Abril de 1917) – 406 dias – Ministério da União Sagrada
Afonso Costa (25 de Abril de 1917–8 de Dezembro de 1917) – 229 dias
Sidónio Pais (8 de Dezembro de 1917–23 de Dezembro de 1918) – 376 dias
João Tamagnini de Sousa Barbosa (23 de Dezembro de 1918–27 de Janeiro de 1919) – 35 dias
José Relvas (27 de Janeiro de 1919–30 de Março de 1919) – 62 dias
Domingos Leite (30 de Março d e1919–30 de Junho de 1919) – 92 dias
Alfredo de Sá Cardoso (30 de Junho de 1919–21 de Janeiro de 1920) – 205 dias
Domingos Leite (21 de Janeiro de 1920–8 de Março de 1920) – 47 dias
António Maria Baptista (8 de Março de 1920–6 de Junho 1920) – 90 dias
José Ramos Preto (6 de Junho de 1920–26 de Junho de 1920) – 20 dias
António Maria da Silva (26 de Junho 1920–19 de Julho de 1920) – 23 dias
António Granjo (19 de Julho de 1920–20 de Novembro de 1920) – 124 dias
Álvaro de Castro (20 de Novembro de 1920–30 de Novembro de 1920) – 10 dias
Liberato Pinto (30 de Novembro de 1920–2 de Março de 1921) – 92 dias
Bernardino Machado (2 de Março de 1921–23 de Maio de 1921) – 82 dias
Tomé de Barros Queirós (23 de Maio de 1921–30 de Agosto de 1921) – 99 dias
António Granjo (30 de Agosto de 1921–19 de Outubro de 1921) – 50 dias
Manuel Maria Coelho (19 de Outubro 1921–5 de Novembro de 1921) – 17 dias
Carlos Maia Pinto (5 de Novembro de 1921–16 de Dezembro de 1921) – 41 dias
Francisco da Cunha Leal (16 de Dezembro de 1921–7 de Fevereiro de 1922) – 53 dias
António Maria da Silva (7 de Fevereiro de 1922–15 de Novembro de 1923) – 646 dias
António Ginestal Machado (15 de Novembro de 1923–18 de Dezembro de 1923) – 32 dias
Álvaro de Castro (18 de Dezembro de 1923–7 de Julho de 1924) – 203 dias
Alfredo Rodrigues Gaspar (7 de Julho de 1924–22 de Novembro de 1924) – 139 dias
José Domingues dos Santos (22 de Novembro de 1924–15 de Fevereiro de 1925) – 84 dias
Vitorino de Carvalho Guimarães (15 de Fevereiro de 1925–1 de Julho de 1925) – 136 dias
António Maria da Silva (1 de Julho de 1925–1 de Agosto de 1925) – 31 dias
Duarte Leite (1 de Agosto de 1925–18 de Dezembro de 1925) – 138 dias
António Maria da Silva (18 de Dezembro de 1925–30 de Maio de 1926) – 164 dias
Depois foram 48 anos de ditadura (1926-1974) e dois anos de instabilidade política (1974-1976).
A estabilidade política só se afirmou em 1976 e soma apenas 34 anos nos 100 anos da vida da República.
Liberto do Império, Portugal voltou-se para a Europa, onde, antes de 1974, era um país isolado, fornecedor de mão de obra barata para os países mais desenvolvidos.
Graças a integração da União Europeia, Portugal é hoje um país moderno, porém de viabilidade duvidosa, em razão de uma dívida pública absolutamente descontrolada. Os números podem consultar-se, minuto a minuto, no portal PORDATA…
Uma classe política parasitária anulou completamente os mais elementares princípios da ética republicana. O próprio Presidente da República que está em funções acumula duas reformas, embora se mantenha no ativo.
Mais de 300 políticos, alegadamente inativos, entre os quais se conta um candidato à Presidência da República, são eles próprios reformados, com retribuições de valor muito elevado, enquanto a multidão de velhos que constitui boa parte da população, vê reduzidas pela crise as suas pensões de miséria.
A agricultura e um setor pesqueiro foram completamente destruídos; o país é absolutamente dependente do exterior em matéria alimentar. Só a título de exemplo, consome anualmente cerca de 4 milhões de toneladas de alimentos, não produzindo mais de 800 mil.
Com uma população envelhecida e uma taxa de natalidade baixíssima (1,32 filhos por mulher fértil) tem, naturalmente, uma das mais baixas taxas de mortalidade infantil do Mundo.
O facto de o país se encontrar a beira da insolvência – com um desequilíbrio das contas públicas que, na proporção, é muito mais grave do que o foi no fim da I República, quando foi instaurada a ditadura (1926) – não implica necessariamente a instauração de um regime autoritário, que mancharia a imagem da Europa comunitária. Mas exigirá, necessariamente, mudanças muito profundas.
Portugal tem hoje, no centenário da República, uma enorme dificuldade de obter crédito externo, pela simples razão de que ninguém empresta dinheiro a quem não tem condições para pagar.
A muito breve prazo, com a evolução natural dos números da sua economia, torna-se inevitável a insolvência efetiva, o que obrigará o país a encontrar caminhos consistentes para o seu futuro, na lógica do velho princípio que diz que «quem não tem dinheiro não tem vícios».
Embora falido, Portugal é um Estado-Membro da União Europeia, que continua a ser, apesar da crise, o maior mercado do Mundo.
A inevitável recessão, o desemprego e a também inevitável baixa dos salários, perspetivam excelentes oportunidades de investimento em Portugal nos próximos dez anos.
Entretanto, seguindo a tradição, os portugueses continuam a emigrar, procurando novas oportunidades no estrangeiro.
Ao invés, portugueses e luso-descendentes, espalhados pelas sete partidas do Mundo, que acumularam capitais na emigração, têm excelentes condições para realizar o sonho de regressar às origens.
Pode estar aí, ao menos em parte, a salvação da Pátria.