Não é claro o futuro de Portugal, neste reajustamento da União Europeia em que é cada vez mais clara a intenção de pôr a Europa a funcionar a duas velocidades, com os países ricos do norte a explorar os do sul.
Um influente comentador político português, Miguel Sousa Tavares, escreve na última edição do “Expresso” que já estamos “velando um cadáver”, o cadáver da própria Europa, com o Reino Unido a assumir uma função de cavalo de Troia da desagregação Europeia e os demais países a assumir-se, cada vez mais como negociantes num “bazar de vendedores de tapetes, em que cada um trata de si e olha dos demais como aldrabões”.
Já não é apenas a zona euro que está em crise. É a própria União Europeia, que corre o risco de perder a sua identidade, mergulhada na sua maior crise de sempre.
Os grandes vultos da vultos da política europeia, que dominaram a fase do alargamento, deram lugar a uns badamecos sem estrutura e sem ousadia política para continuar o projeto europeu.
Em Portugal são membros do próprio governo que afirmam que o país está falido que perdeu a soberania, perante a intervenção de uma troika constituída por funcionários da União Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional, de quem nem sequer se conhecem os curricula.
Nunca se viu uma situação destas desde 1580, chegando a humilhação ao ponto de ver um etíope a dizer, numa entrevista a um jornal, como deve conduzida a política portuguesa.
A economia parou e um ministro das Finanças com perfil de louco insiste em procurar aumentar a pobreza, com medidas tributárias duríssimas que, em vez de resolver problemas os têm agravado.
Os limites da dívida pública, estabelecidos em percentual do PIB, foram, naturalmente ultrapassados porque é da natureza da aritmética que o percentual aumenta, mesmo que não cresça a despesa, se se reduzir o produto.
Desesperado, o Presidente da República, Cavaco Silva, que é o principal responsável pela destruição da agricultura, das pescas e da industria, tem a desvergonha de afirmar que “é necessário olhar para o que esquecemos nas últimas décadas e ultrapassarmos os estigmas que nos afastaram do mar, da agricultura e até da indústria.”
Os prejuízos escondidos pelo BPN terão custado ao Estado Português perto de 10.000 milhões de euros (10 biliões para os brasileiros), num conjunto dos operações obscuras que vão desde o não pagamento ou o financiamento gratuito da aquisição de uma partida de ações por um dos homens mais ricos de Portugal à venda estratégica de ações da SLN pelo próprio Presidente da República, antes que elas atingissem o valor de zero.
Claro que o Presidente da República deveria ser investigado pelo Ministério Público e que, perante as dúvidas que se suscitam, deveria tomar a iniciativa de se demitir.
Chegam a Lisboa as notícias do julgamento do Mensalão e os portugueses suam de inveja, pela superioridade que atingiu a justiça brasileira. O Mensalão são amendoins comparado com o escândalo do Banco Português de Negócios.
Trinta e cinco anos depois do 25 de novembro de 1975, data que marca a contenção do avanço dos comunistas na tomada do poder e na expropriação da propriedade privada, vivem os portugueses uma situação muito semelhante, com o papel do partido comunista representado pelo sistema financeiro, posto à rédea solta por um governo sem poder e pelas máfias internacionais que o controlam.
Não será por acaso que um dos responsáveis pelo desastre grego, enquanto representante da Goldman Sachs, o português António Borges, foi contratado para assessorar o governo num conjunto de privatizações, desenvolvidas por negociação particular, sem a mínima transparência.
Os bancos não estão bem; e por isso mesmo a própria troika, ou seja a União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional, obrigaram o Estado a emprestar à banca privada 12.000 milhões (12 biliões) dos 78.000 milhões (78 biliões) que lhe foram emprestados em tranches e que custarão mais de 45.000 milhões de euros em juros.
Para agravar todo o quadro um ministro da Defesa, sem a mínima noção dos interesses estratégicos de Portugal – e talvez sem conhecimento de que o exército espanhol esteve preparado para invadir o território português há precisamente 35 anos, negociou com Espanha um modelo de cooperação militar que não é compatível com uma história de 800 anos de guerra e de ambição espanhola relativamente a Portugal.
Sem prejuízo das vantagens mútuas do espaço aberto que constitui o espaço económico europeu, Portugal e os portugueses estariam muito melhor se a República Portuguesa se integrasse na Federação Brasileia e Portugal fosse o 28º estado do Brasil.
Parece-nos que vale a pena pensar nessa perspetiva, na hipótese de a Europa se desintegrar, quadro em que se torna indispensável construir alianças que inviabilizem a conquista e ocupação do território português pelos espanhóis.
O antigo ministro Silva Peneda afirmou, em declarações ao jornal “i”, neste fim de semana que “Lisboa começa a assemelhar-se a uma metrópole do terceiro mundo”.
Apesar de ser uma cidade calma, com um nível de segurança superior ao de qualquer das grandes cidades europeias, a capital portuguesa está cheia de casas abandonadas, de estabelecimentos fechados, de varandas ocupadas com anúncios de imóveis.
O mesmo se vê em todas as cidades do interior e até nas pequenas aldeias, onde se pode dizer que tudo está à venda.
Há prédios que se vendem mesmo sem a intervenção dos donos, de forma fraudulenta.
Não nos parece minimamente seguro ter depósitos de dinheiro em Portugal – e, por isso, aqui fica o aviso a todos os nossos clientes a quem aconselhamos a abertura de contas no país. De outro lado, não é minimamente interessante fazer depósitos ou aplicações financeiras nos bancos portugueses, porque os impostos serão pesadíssimos no próximo ano e os riscos emergentes da crise do euro são enormes.
Interessante, muito interessante, é comprar bens imóveis em Portugal, porque os preços estão de rastos e é inevitável a sua forte valorização logo que seja ultrapassada a crise.
De qualquer modo, importa salientar que a crise não tem apenas aspetos negativos.
Para quem vive no estrangeiro e tenha rendimentos que sejam tributados no estrangeiro, Portugal é um país maravilhoso e muito barato para viver, com uma qualidade de vida incomparável.
Embora tenham subido as taxas moderadoras, os serviços públicos de saúde são quase gratuitos . O ensino público é de boa qualidade em todos os níveis e os preços são muito baratos.
Viver um Portugal, começando neste tempo de crise, pode ser uma aposta muito interessante.
A MRA pode dar-lhe apoio na procura de casa e na sua legalização.