Muitos portugueses estão em estado de choque, em razão dos discursos políticos pessimistas e do pedido de esforço fiscal feito pelo governo e pelo principal partido da oposição nas últimas duas semanas.
Em nossa opinião registaram-se mudanças no discurso político que o aproximam mais da realidade mas que, todavia, continuam a encobrir uma boa parte desta. A crise financeira, ao contrário do que vem sendo referido pela imprensa da situação, não se agravou desde 2007 e até se registaram progressos na evolução da economia portuguesa, que o governo, aliás, nãos e esqueceu de salientar.
Portugal tem, este ano, um défice público correspondente a 9,4% do PIB, no que é superado por 14,3% da Irlanda, 11,1% do Reino Unido, 11,2% da Espanha e 13,6% da Grécia. O governo português estabeleceu a meta de 4,6% para o próximo ano.
Numa entrevista ao Der Spiegel, a 15 de Maio, Jean-Claude Trichet disse, de forma clara, que o euro não está a ser alvo de qualquer movimento especulativo mas, decorrendo a sua queda do clássico mecanismo de correção dos câmbios em função da posição das balanças de pagamentos e, no quadro destas, das balanças de capitais.
Trichet disse uma outra coisa muito importante: que o Banco Central Europeu tinha decidido que iria passar a comprar dívida pública dos paises da zona euro, de forma a reduzir a especulação sobre a dívida.
Tudo o que está a acontecer era previsível, pelo menos desde 2007. Que a generalidade das políticas públicas dos países da União Europeia é insustentável resulta de uma mera análise dos números.
O grande desafio que a atual situação apresenta aos países da União Europeia é o do aumento da produção em condições competitivas, que permitam relançar as exportações e induzir um efeito de crescimento do produto interno bruto.
Cremos que esta crise vai implicar mudanças muito profundas na sociedade portuguesa.
Para muitos empresários portugueses, mesmo com a queda do euro, não será viável a recuperação das empresas e será preferível deixá-las falir do que continuar negócios sem nenhuma expectativa de geração de proveitos para além dos necessários ao suporte do serviço da dívida.
Acreditamos que é isso que vai acontecer e que vão sair do país vagas de portugueses para os destinos tradicionais da nossa emigração, onde encontram não só o conforto como o apoio de amigos e familiares.
Mas haverá, também, um movimento inverso. A queda do euro e a existência de apoios à instalação de novas empresas em Portugal torna especialmente interessantes os investimentos no nosso pais por parte de empresas de outros países que queiram entrar no mercado europeu e que tenham condições para adicionar aos seus produtos um toque de «aperfeiçoamento» em Portugal.
Essa lógica de europeização (a que antes já se chamou aperfeiçoamento ativo) permite juntar o que de melhor tenham duas economias para consolidar produtos europeus – com marcas portuguesas – construídos sobre produtos manufaturados ou fabricados nas fases que exijam mão de obra intensiva noutros paises com melhores condições económicas.
A grande preocupação dos governos portugueses, nos próximos anos, vai ser a de aumentar o produto interno bruto, preferencialmente com a produção de bens destinados à exportação. Tal objetivo, para além de facilitar a gestão da crise (pois que a meta da redução do défice público é estabelecida por via de um percentual do PIB) permitirá manter o emprego.
Em matéria de emprego são especialmente atrativas as condições de contratação de desempregados, atualmente existentes em Portugal, o que facilita o setup de novas empresas ou a re-estruturação de empresas existentes que, em muitos casos, podem ser adquiridas em condições muito favoráveis.
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