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As vendas de imóveis “limparam” toda a dívida do fundo Imopredial, gerido pelo ex-Banif Gestão de Ativos e que conta com a Oitante como participante. A partir de agora, a liquidez gerada será usada para amortizar o empréstimo garantido pelo Fundo de Resolução.
A Oitante, o veículo que herdou os ativos tóxicos do Banif, vai começar a ver os frutos das vendas de imóveis do Imopredial, dono do Retail Park do Carregado e do Centro Empresarial de Alverca. Depois de ter conseguido “limpar” toda a dívida, o fundo imobiliário passa a ficar com todo o capital gerado com a alienação de ativos, entregando-o na totalidade à entidade liderada por Miguel Artiaga Barbosa e aos restantes participantes. Dinheiro esse que vai ser usado para continuar a amortizar o empréstimo obrigacionista, subscrito pelo Santander Totta e garantido pelo Fundo de Resolução, e aliviar o risco da banca.
“Deliberar sobre a proposta de redução do capital do fundo, e sobre as consequentes alterações ao regulamento de gestão do fundo.” Este é o único ponto que vai ser analisado, no final do mês, na assembleia de participantes do Imopredial, um fundo de investimento imobiliário fechado gerido pela Profile (ex-Banif Gestão de Ativos). A sociedade gestora tem no seu portefólio o Banif Property, em liquidação, mas também o Banif Renda Habitação, dedicado ao investimento em imóveis para arrendamento habitacional.
Capital para amortizar empréstimo obrigacionista
Esta distribuição só é possível depois de a Oitante ter conseguido chegar a este ano sem registar qualquer dívida nas contas do fundo. Em 2017, este montante era ainda de 25 milhões, recuando depois para 12,6 milhões no ano passado. Uma evolução para a qual contribuíram as vendas de imóveis, nomeadamente do Retail Park da Guarda, em 2018, por perto de 9 milhões de euros, num momento em que o mercado imobiliário nacional está a beneficiar da forte procura por parte de entidades internacionais.
Agora que “limpou” a dívida, o montante a receber por cada venda irá ser usado para ajudar a Oitante a cumprir o seu objetivo: amortizar o empréstimo obrigacionista emitido em 2015 e subscrito pelo Santander Totta. A Oitante ficou com créditos problemáticos, imóveis e participações financeiras que pertenciam ao Banif e que o banco liderado à data por António Vieira Monteiro não quis. Para compensar, a entidade teve de emitir 746 milhões de euros em obrigações. Um empréstimo que foi garantido, na sua totalidade, pelo Fundo de Resolução que, por sua vez, foi contragarantido pelo Estado.
Até agora, metade dos 746 milhões de euros emitidos já foi saldada. E o objetivo é amortizar na totalidade até 2021.
Mais vendas na calha
Para isso, as operações de venda vão continuar. De acordo com o relatório e contas de 2018 do fundo imobiliário, “ao longo do exercício de 2019, o Imopredial prosseguirá uma estratégia de desinvestimento em imóveis e sociedades imobiliárias”. Esta será implementada “de forma seletiva”, de maneira a “permitir, entre outros, reduzir o passivo bancário”. Nesse sentido, “serão lançados alguns processos competitivos na venda de alguns ativos imobiliários”.
Até dezembro do ano passado, o fundo tinha vários ativos em carteira, nomeadamente o Retail Park do Carregado, mas também o edifício Malhoa, que prestava apoio à sede do Banif, vendida no final do ano passado. Contava ainda com o Centro Empresarial de Alverca, avaliado no balanço em quase 23 milhões de euros, e com o Arquiparque 7, edifício onde se situa a sede da Parvalorem.
Outros imóveis em carteira
O Imopredial inclui na sua carteira o Centro Empresarial de Alfragide I e II, avaliados, no total, em mais de 5 milhões de euros.
O City Park de Penafiel e o Guimarães Retail Park, com um valor no balanço de quase 6 milhões, também se incluem no portefólio do fundo gerido pelo ex-Banif Gestão de Ativos.
Entre os ativos com uma avaliação mais elevada (mais de 8 milhões de euros) encontra-se ainda o edifício Minerva, no Porto.
O Imopredial também é dono de vários centros empresariais e armazéns e parques de estacionamento, incluindo dois edifícios comerciais em São João da Madeira e Santarém, um centro empresarial na Madeira e um parqueamento no edifício Visconde da Luz, em Cascais.