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Lesados do Banif querem que TVI pague indemnização de 250 milhões de euros

Segunda-feira, Março 30th, 2020

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Observador

Lesados do Banif querem que TVI pague indemnização de 250 milhões de euros

 

Uma “verdadeira class action, à americana”, descreve o presidente da associação dos lesados, que responsabiliza a TVI pelo “princípio do fim” do banco com uma notícia de 2015.

A Associação de Lesados do Banif (ALBOA) vai exigir uma indemnização de 250 milhões de euros à TVI, devido à notícia emitida em dezembro de 2015 sobre os problemas iminentes no banco e que teria contribuído para a perda de liquidez da instituição e para o consequente fecho do banco, noticia esta sexta-feira o Jornal Económico.

Segundo aquele jornal, a ALBOA está a aguardar a conclusão do processo-crime apresentado contra a TVI, prestes a entrar na fase de julgamento, para depois avançar com uma ação de responsabilidade civil efetiva contra o canal de televisão.

Jacinto Silva, presidente da ALBOA, disse ao Jornal Económico que “a notícia da TVI a anunciar o fecho do banco foi o princípio do fim do Banif e acelerou o seu fecho, conduzindo a perto de 5.000 clientes e acionistas lesados“.

Por isso, a associação avançará “com o respetivo pedido de indemnização da ordem dos 250 milhões de euros pelas perdas dos 2.200 lesados em dívida subordinada“. Este é o valor da soma das perdas de todos os associados da ALBOA e, assegura Jacinto Silva, esta é “uma indemnização cível que pode vir a ser considerada pioneira em Portugal”.

“A associação vai tratar este tema como uma verdadeira class action, à americana”, afirmou Jacinto Silva.

Os lesados do Banif consideram que “a notícia da TVI precipitou a onda de levantamentos junto dos balcões” e que se não fosse aquela notícia “as pessoas não correriam para levantar dinheiro nos balcões do banco”.

Este é também o entendimento do Ministério Público, que considera a estação televisiva responsável pela perda de 984 milhões de euros dos cofres do Banif e por, dessa forma, ter precipitado o fecho do banco.

A notícia passou em rodapé no dia 13 de dezembro de 2015 durante a emissão da TVI e dava conta do fecho iminente do Banif, que já estaria a ser preparado. A notícia foi desmentida no próprio dia pelo Ministério das Finanças e pela gestão do Banif. Poucos dias depois, o Banif viria efetivamente a ser alvo de resolução — e a notícia da TVI tem sido apontada como a causadora de uma corrida aos levantamentos que teve um impacto profundo na liquidez do banco, que conduziu à resolução do Banif na semana seguinte.

TVI E SÉRGIO FIGUEIREDO ACUSADOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DE OFENSA À REPUTAÇÃO ECONÓMICA

Quinta-feira, Novembro 7th, 2019

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Meios e publicidade

TVI e Sérgio Figueiredo acusados pelo Ministério Público de ofensa à reputação económica

O Ministério Público responsabiliza a TVI pela perda de 984 milhões de euros e por ter precipitado o encerramento do Banif. Em causa está a notícia emitida pela estação de Queluz no passado dia 13 de Dezembro de 2015, onde avançava que estaria iminente o encerramento do banco, o que acabaria por resultar em perdas na ordem dos 984 milhões de euros em depósitos no espaço de uma semana. De acordo com o despacho de acusação do Ministério Público, divulgado pelo Correio da Manhã, tanto o canal como o director de informação, Sérgio Figueiredo, são acusados do crime de ofensa à reputação económica por se considerar que a notícia, por ter provocado uma corrida ao levantamento dos depósitos, terá contribuído para precipitar o encerramento do Banif. No caso de Sérgio Figueiredo, a acusação estende-se ainda a desobediência qualificada por o director de informação da estação de Queluz se ter recusado a divulgar o nome do jornalista responsável pela notícia.

“Na sequência da notícia, a situação de liquidez do Banif degradou-se pela diminuição dos depósitos dos clientes, que caíram 984 milhões”, refere o despacho de acusação do MP agora divulgado, onde se acrescenta que a divulgação da notícia de que o Governo ia avançar com a resolução do banco foi prejudicial por ter sido feita “sem assegurar ao Banif a possibilidade de se pronunciar em momento prévio” e sem se “asseverar, com segurança, da fiabilidade das informações que possuía”, o que “era o seu dever”. O mesmo despacho declara ainda que Sérgio Figueiredo “não se opôs a que notícia falsa fosse difundida”, apesar de estar ciente de que “sendo verdadeiro ou falso, tal conteúdo era prejudicial e ofensivo da credibilidade, consideração e prestígio, confiança e reputação” do Banif.

Ministério Público acusa TVI e diretor de informação no caso Banif

Quinta-feira, Abril 4th, 2019

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Ministério Público acusa TVI e diretor de informação no caso Banif

Na base do processo está uma queixa do Banif (em liquidação), na sequência da notícia sobre o alegado “fecho” do banco em 2015. O Banif considera que informação provocou enormes prejuízos ao banco.

O Ministério Público acusou a TVI de ofensa à reputação económica do Banif e o diretor de informação da estação de televisão de, nomeadamente, desobediência qualificada e ofensa à reputação, disse esta sexta-feira a Comissão Liquidatária.

Em comunicado, a Comissão Liquidatária refere que o Banif foi notificado do despacho do Ministério Público do encerramento do inquérito, no qual, além do crime de desobediência qualificada e ofensa à reputação económica do Banif, foi ainda deduzida acusação de crime de ofensa a organismo, serviço ou pessoa coletiva sobre o diretor de informação da TVI, Sérgio Figueiredo. A TVI está acusada de ofensa à reputação económica do Banif.

Na base deste processo está uma queixa do Banif (em liquidação), na sequência da notícia sobre o alegado “fecho” do banco, emitida pelo canal TVI 24, no dia 13 de dezembro de 2015, com o banco a considerar que a notícia esteve na “origem de uma enorme perda de liquidez ao longo dos dias” imediatamente a seguir à transmissão e, posteriormente, “da resolução do banco dos danos por ele provocados”.

“De acordo com a acusação do Ministério Público, o arguido Sérgio Figueiredo, previu e quis revelar e divulgar/tornar público tal notícia num meio de comunicação, não obstante saber que o seu teor poderia ser falso e que a mesma seria ofensiva da imagem e competência económica do Banif”, salienta o comunicado da Comissão Liquidatária do banco.

A Lusa tentou obter uma reação da TVI à decisão do Ministério Público, nomeadamente sobre se iria requerer abertura da instrução do processo, mas ainda aguarda resposta. Contactado pela Lusa, o diretor de informação da TVI declinou fazer qualquer comentário. A Lusa contactou também a Procuradoria Geral da República, mas não foi possível obter nenhuma informação.

Após esta notificação do encerramento do inquérito e da dedução de acusação, as partes podem requerer a abertura da instrução, dispondo de um prazo de 30 dias para o fazer. A TVI noticiou em 13 de dezembro de 2015 (um domingo à noite) que o Banif ia ser alvo de uma medida de resolução. A notícia terá, segundo o banco, precipitado a corrida aos depósitos, cuja fuga foi próxima de mil milhões de euros na semana seguinte, segundo revelaram no parlamento vários responsáveis.

Em 20 de dezembro de 2015, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif, com a venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros ativos – incluindo ‘tóxicos’ – para a nova sociedade veículo.

 

Notícia da TVI sobre o Banif. PGR abriu inquérito crime, mas ainda não há arguidos

Quarta-feira, Fevereiro 22nd, 2017

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Notícia da TVI sobre o Banif. PGR abriu inquérito crime, mas ainda não há arguidos

Procuradoria-Geral da República confirma inquérito-crime à notícia da TVI que, no final de 2015, terá provocado a fuga massiva de depósitos que antecedeu a queda do Banif. Não há ainda arguidos.

O Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa confirma a abertura de um inquérito crime sobre a notícia avançada no final de 2015 pela TVI que anunciava uma intervenção iminente no Banif. A notícia, dada a um domingo à noite num rodapé, chegou a anunciar o fecho do banco no dia seguinte, tendo depois sido corrigida. No entanto, tem sido apontada como um dos fatores que desencadeou o processo que viria a culminar com a resolução do banco, sobretudo pela fuga massiva de depósitos que aconteceu nos dias seguintes.

Fonte oficial da Procuradoria Geral da República confirmou ao Observador que está a correr termos um inquérito no DIAP de Lisboa, que se encontra em fase de investigação, mas até à data da resposta, há cerca de uma semana, não havia arguidos constituídos. O inquérito resultará de uma queixa-crime apresentada pela instituição que ficou com alguns ativos do banco após a resolução e venda da “parte boa” ao Santander Totta. Também a associação de defesa dos lesados do Banif terá apresentado queixa contra o diretor da estação.

Em entrevista ao Observador, que será publicada esta segunda-feira, o diretor da TVI, Sérgio Figueiredo, confirma que foi ouvido por um procurador como testemunha, não tendo sido notificado da constituição de arguidos relacionados com a estação de televisão, mas assinala que, mesmo que o Ministério Público não venha a acompanhar a queixa, pode haver sempre um processo cível.

O Observador sabe ainda que o Ministério Público ouviu também o ex-presidente do Banif, Jorge Tomé, e outros antigos e atuais responsáveis do banco, na qualidade de testemunhas.

Em maio de 2016, o Banif, entidade que ficou a gerir ativos problemáticos do banco, anunciou a intenção de avançar com uma queixa-crime contra a TVI. O objetivo desta ação, segundo disse o presidente Miguel Alçada ao Económico, era o de responsabilizar criminalmente a estação por ter noticiado no dia 13 de dezembro de 2015 que o banco seria intervencionado no dia seguinte. A primeira versão da notícia dizia que estava tudo pronto para o fecho do Banif e a sua integração na Caixa Geral de Depósitos e que poderia haver perdas para grandes depositantes.

A estação foi corrigindo a informação nas horas seguintes, acabando por noticiar um cenário de possível resolução do banco se falhasse o processo de venda da posição do Estado, que estava numa fase decisiva. Este cenário acabou por realizar-se com elevadas perdas para o Estado, num quadro de fuga massiva de depósitos que se seguiu à divulgação da notícia da TVI. De acordo com dados avançados na comissão de inquérito ao Banif, saíram do banco, nos dias que se seguiram, cerca de 1.000 milhões de euros. Citado pelo Económico, Miguel Alçada adiantava: “A interposição desta ação judicial crime contra a TVI é crucial para a defesa dos interesses de todos aqueles que sofreram danos materiais com a resolução”.

Jornalismo a mais ou a menos

Um dos argumentos invocados pelo gestor foram as sessões da comissão de inquérito em que vários responsáveis, desde o ministro das Finanças ao governador do Banco de Portugal, apontaram para o impacto que a notícia teve no processo de venda do banco e na perda de depósitos, o que obrigou o Banif a recorrer à liquidez de emergência do Eurosistema.

O diretor da TVI, também ouvido, admitiu que houve um erro, uma imprecisão na primeira informação passada em rodapé, o que aliás foi reconhecido em comunicado da direção, um dia depois, mas realçou que essa informação foi atualizada para chegar a uma forma mais correta.

Uma das matérias que os deputados procuraram esclarecer foi a de saber se os responsáveis da estação ouviram previamente os principais envolvidos antes de a notícia ser divulgada. A notícia em causa valeu uma condenação pela entidade reguladora da comunicação, a ERC, à TVI.

O diretor da estação assinalou que a saída de depósitos do Banif não começou com a notícia da TVI. E questiona porque é que as autoridades, nomeadamente o Banco de Portugal, não desmentiram logo a informação (apenas a administração do banco fez um desmentido), antes da abertura dos balcões na segunda-feira. “É um pouco abusivo atribuir em exclusivo à TVI tudo o que aconteceu até ao fim de semana. E porque não houve desmentido? Porque, na minha modesta opinião, a notícia estava certa e os governantes não quiseram repetir os erros cometidos antes da resolução do BES. Não há factos que consigam provar que foi a notícia que mudou o curso da história”.

Na entrevista ao Observador que será publicada ainda esta segunda-feira, Sérgio Figueiredo comentou ainda: “Fala-se sobre o Banif, se houve jornalismo a mais, eu acho que o que houve foi jornalismo a menos com o BES (Banco Espírito Santo). Porque se tivéssemos feito todos o nosso trabalho provavelmente o aumento de capital não tinha sido feito. Se alguém tivesse alertado que o banco estava como estava…”

Lesados do Banif processam TVI e querem demissão de Sérgio Figueiredo

Quinta-feira, Setembro 8th, 2016

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Negócios

A associação dos lesados do banco recorreu às conclusões da Entidade Reguladora para a Comunicação Social para avançar com uma acção de responsabilidade civil efectiva contra a TVI, pedindo ainda a demissão do director da estação de televisão.

A Associação dos Lesados do Banif (ALBOA) anunciou esta quinta-feira, 8 de Setembro, que vai avançar com uma acção judicial contra a TVI e defendeu a demissão do director daquela estação de televisão, Sérgio Figueiredo.

“Com as conclusões da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) apresentadas publicamente, julgamos estarem reunidas as condições para avançar com uma acção de responsabilidade civil efectiva contra a TVI em nome de todos os lesados inscritos na ALBOA e daqueles que se vierem a inscrever”, afirmou o presidente da ALBOA, Jacinto Silva, em conferência de imprensa, em Lisboa.

De acordo com uma notícia avançada pelo Jornal de Negócios na passada segunda-feira, o regulador da comunicação social condenou a TVI pela actuação em torno do Banif e concluiu que a estação de televisão não contactou as partes interessadas antes de avançar com a notícia do encerramento do banco.

Perante estas conclusões da ERC, o presidente da associação que representa os clientes lesados do Banif questionou: “Será possível o senhor jornalista Sérgio Figueiredo não se ter demitido ainda?”.

Em Junho, a ALBOA apresentou uma queixa-crime junto do Ministério Público, cujo inquérito está a decorrer, por considerar que foi a notícia da TVI que conduziu ao levantamento dos depósitos no dia seguinte à sua divulgação e que precipitou a resolução que levou à venda do Banif.

Conforme a Lusa noticiou no início desta semana, os clientes lesados do Banif vão realizar uma manifestação nacional em Lisboa, no dia 16 de Setembro, pela salvaguarda dos seus direitos depois da falência do banco.

Trata-se da primeira manifestação a nível nacional, uma vez que as anteriores ocorreram nas ilhas dos Açores e da Madeira.

A concentração está prevista para as 10:30 do dia 16 de Setembro, na Praça do Comércio, em Lisboa, ponto a partir do qual os associados se vão deslocar para a sede do Santander Totta, seguindo depois para o Banco de Portugal (BdP).

A ALBOA foi criada há seis meses na sequência de manifestações espontâneas dos lesados do Banif, levadas a cabo sobretudo nas regiões autónomas da Madeira e Açores, onde o banco detinha uma quota de mercado significativa, antes de ser vendido ao Santander Totta por 150 milhões de euros.

A associação representa 3.500 obrigacionistas subordinados que perderam 263 milhões de euros no processo de venda do banco, bem como 4.000 obrigacionistas Rentipar (‘holding’ através da qual as filhas do fundador do Banif, Horácio Roque, detinham a sua participação), que investiram 65 milhões de euros, e ainda 40 mil accionistas, dos quais cerca de 25 mil são oriundos da Madeira.

ERC condena TVI por rodapé sobre Banif

Terça-feira, Setembro 6th, 2016

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TVI

O regulador da comunicação social concluiu que a TVI não contactou as partes interessadas antes de avançar com a notícia do fecho – e resolução – do Banif. A decisão final mantém a posição preliminar em que obriga a estação a exibir em antena as conclusões da ERC.

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) condenou a TVI pela actuação em torno do Banif. Ao que o Negócios apurou, a decisão foi unânime dentro do conselho regulador e obriga a estação de Queluz de Baixo a transmitir, em antena, as conclusões da ERC sobre o rodapé que saiu a 13 de Dezembro e que, por meia hora, anunciou que o fecho do banco estava a ser preparado.

“A deliberação final relativa a informações veiculadas pelo serviço de programas TVI24 sobre o Banco Internacional do Funchal (Banif)” é uma das decisões adoptadas pelo conselho regulador na reunião de 31 de Agosto, segundo publicado no site oficial da entidade presidida por Carlos Magno. Aí, nada é indicado sobre o sentido da deliberação, mas o Negócios sabe que em causa está uma decisão condenatória, mantendo o sentido já inscrito na deliberação preliminar: a TVI vai ter de exibir as conclusões que a ERC retirou.

Contactado, Sérgio Figueiredo não quis fazer comentários por não ter sido ainda informado sobre a decisão do regulador, que é passível de recurso. No Parlamento, o director de informação da TVI (antigo director do Negócios) defendeu a actuação da estação, assegurando que a “informação era suficiente, credível e verdadeira” e que as “partes interessadas” foram contactadas “antes, durante e depois”, ainda que sem especificar quais e em que momentos.

Aliás, o Negócios apurou que um dos aspectos que mereceu reparos por parte da ERC é o facto de a TVI não ter contactado as partes interessadas, nomeadamente o Banif, antes de avançar com os rodapés de 13 de Dezembro.

Nesse domingo, a notícia da TVI que falava no fecho do Banif foi sendo corrigida ao longo de 30 minutos, passando depois a falar em resolução. Apesar de desmentida, a fuga de depósitos que se seguiu, em torno de mil milhões de euros, foi atribuída à notícia pelo Banco de Portugal. A 20 de Dezembro, o Banif foi alvo de uma resolução com venda ao Santander Totta.

A notícia foi um dos temas na comissão de inquérito ao Banif, sendo que o relatório final, elaborado por Eurico Brilhante Dias, deixou a ideia de que a notícia não determinou a resolução do Banif, ainda que tenha remetido para a ERC e para o M

Carlos Costa nega fuga de informação do Banco de Portugal para a TVI

Quarta-feira, Junho 15th, 2016

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Observador

Carlos Costa tem “plena confiança” nos seus colaboradores e afasta a possibilidade de uma fuga de informação do Banco de Portugal para a TVI sobre o processo do Banif. Em vários anos, nunca aconteceu.

O governador do Banco de Portugal afasta a possibilidade de ter havido uma fuga de informação da instituição sobre o que estava a ser preparado para o Banif, uma semana antes de ser decidida a resolução.

Na sua terceira intervenção na comissão parlamentar de inquérito ao Banif, Carlos Costa foi categórico quando questionado sobre a origem da fuga da carta que escreveu a Mário Centeno. Segundo o diretor da TVI, Sérgio Figueiredo, esta foi a prova documental que serviu, entre outras, para a notícia divulgada no domingo à noite que, na sua versão inicial, dizia que estava tudo preparado para o fecho do banco e que haveria perdas para os grandes depositantes.

Em resposta ao deputado do PSD, Luís Marques Guedes, o governador foi claro: “Tenho plena confiança nos colaboradores do Banco de Portugal. Nunca houve uma fuga ao longo de vários anos” de correspondência sensível. A carta em que o governador admite que a resolução do Banif será a melhor alternativa caso falhe a venda voluntária foi enviada por mail a Mário Centeno antes da notícia ter sido divulgada pela TVI.

Quanto à possibilidade desta carta ter dado origem à notícia da TVI, o governador aponta para a dessintonia total entre o conteúdo da missiva e a informação avançada pela estação em nota de rodapé. “Não há nenhuma correspondência”. Carlos Costa assegura ainda que o Banco de Portugal não foi contactado antes, nem durante a divulgação da notícia pela TVI, que foi corrigindo a informação inicialmente avançada em rodapé.

Recusa de banco de transição foi convincente, mas não formal

Na sua terceira intervenção, o governador assegurou ainda que o Banco de Portugal fez uma proposta para criar um banco de transição, mas que foi rejeitada de “forma vinculativa e convincente” ainda que não formal.

O Banco de Portugal fez uma proposta de banco de transição que não foi acolhida, como está documentado nesta comissão, disse. O pedido foi feito ao Mecanismo Único de Supervisão. “A resposta chegou de várias ocasiões e formas, nunca de forma formal, mas de forma vinculativa e convincente. Carlos Costa recorda que pediu autorização para divulgar informação e que não foi autorizado. E avisa: teria sido o caminho direto para a liquidação do Banif se tivéssemos pensado fazer um banco de transição sem a licença bancária”.

Na última intervenção na comissão de inquérito ao Banif, Carlos Costa voltou a ser confrontado com o parecer que deu ao governo PSD/CDS em defesa da recapitalização pública em 2013 em que defendia viabilidade do banco.

“Não podemos garantir os resultados”

“Acha que alguém vai seguir o caminho da saída incerta e cara?” O governador lembra, em resposta ao deputado do CDS, João Almeida, que a resolução três anos depois acabou por ter um custo inferior ao que teria a opção de não recapitalizar o Banif em 2013. Segundo Carlos Costa, essa opção (presume-se que seria uma resolução ou liquidação) custaria 4.000 milhões de euros. O governador recorda ainda o impacto negativo de deixar cair o Banif na altura teria na estabilidade financeira.

Carlos Costa explicou que os pressupostos assumidos no estudo do Citigroup que serviu de fundamento ao parecer do Banco de Portugal no sentido de que o Banif era viável mudaram. Refere a degradação do contexto económico, mas também a não aprovação do plano de reestruturação pelas autoridades europeias e aponta ainda o dedo à gestão do banco. “Não podemos garantir os resultados”, isso depende da gestão e dos acionistas.

O governador assinala ainda que o parecer sobre a viabilidade do banco só poderia ser revisto depois de conhecidas as condições do plano de reestruturação que nunca chegou a ser aprovado.

Confrontado com a carta da comissária europeia da Concorrência, de dezembro de 2014, que impõe o prazo de março seguinte para a apresentação de um plano de reestruturação para o Banif, Carlos Costa diz que a carta não era uma “injunção” (imposição), mas sim uma sugestão ou proposta para a reestruturação que já na altura se estudava a possibilidade de dividir os ativos e destacar a parte má, ocarve-out.

O deputado do PS, João Galamba, insistiu: Não era um facto relevante que deveria ter sido comunicado ao mercado antes do Banif vender obrigações? Carlos Costa acha que não, o prospeto dessa emissão, mencionava todas as possibilidades, incluindo a não aprovação de reestruturação.

Reestruturação foi sempre o Plano A

O governador desmente ainda a tese defendida pelo antigo presidente do Banif.“O Banco de Portugal nunca mudou de posição em relação ao Banif. O plano de reestruturação, diz, foi sempre o Plano A, mas o Banco de Portugal não é dono do processo, não pode garantir o resultado, mas é parte interessada e tem de pensar em soluções alternativas, não porque sejam a sua preferência, mas porque deve ser prudente e acautelar a estabilidade financeira”. Carlos Costa realça que havia necessidade de ter um plano de contingência, um Plano B, para o risco de o Plano A falhar.

E a proposta de recapitalização pública obrigatória feita pelo Banco de Portugal fazia parte dos cenários de contingência em relação ao Plano A. Não tendo conseguido concretizar esse plano, passou para a resolução.

Carlos Costa admitiu ainda que a imposição de que o comprador do Banif fosse umainstituição bancária com dimensão em Portugal foi comunicada pela Comissão Europeia no dia 14 de dezembro, quando ainda estava a decorrer o processo de venda voluntário com interessados que não correspondiam a este perfil, como o fundo de investimento Apollo,

O PSD anunciou um requerimento a pedir a carta de compromissos assumida pelo governo socialista em relação ao Banif em que a condição do comprador ser um banco com dimensão em Portugal estava expressa.

 

O Northern Rock e o Banif

Domingo, Junho 12th, 2016

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Dinheiro Vivo Ricardo Reis Banif

Só em Portugal é que cresceu tanto a tese de que a TVI devia ser condenada. Inglaterra tem maior tradição de respeito pela liberdade de imprensa

As comissões de inquérito na Assembleia da República têm um papel na construção da história. O relatório sobre o Banif, por exemplo, será o ponto de partida quando no futuro se estudar o que aconteceu. Pode por isso ser útil lembrar uma história recente: o colapso do Northern Rock no Reino Unido em 2007. Tal como Banif, o Northern Rock não era um dos maiores bancos do seu país.

Tal como o Banif, ele tinha crescido rapidamente, assente numa estratégia com dois pilares. Do lado dos créditos, o Northern Rock especializava-se em hipotecas, em grande expansão no início do século. Do lado dos débitos, tinha uma forte presença online e a maioria dos seus depositantes usava o website para fazer as suas operações bancárias. Já o Banif cresceu à conta do sector da construção civil e dos depósitos dos emigrantes açorianos.

Tal como no Banif, os problemas do Northern Rock começaram com uma crise externa – o subprime americano no caso do banco britânico, a crise da dívida pública no caso do banco madeirense. Tal como o Banif, o Northern Rock foi primeiro gerido pelo Estado durante uns anos e por fim vendido a outro banco em 2012. Os antigos gestores, quer do Northern Rock quer do Banif, ainda hoje acham que com mais algum tempo e uma pontinha de sorte teria acabado tudo bem. No entanto, o Northern Rock precisou de ajuda.

A 14 de setembro de 2007, o Banco de Inglaterra comunicou aos media que tinha aberto uma linha de crédito ao banco. As autoridades concluíram que, com esta ajuda para resolver problemas de curto prazo, o Northern Rock estaria sólido. Só que, nas redações, os jornalistas receberam a novidade de outra forma. Nas notícias dessa noite, a ajuda do Banco de Inglaterra foi descrita não como uma solução, mas antes como um diagnóstico de que se confirmavam problemas. Tal como nos rodapés da TVI sobre o Banif, o tom e a forma como saiu a notícia fez muita diferença. Assustados, alguns depositantes ligaram-se à internet para transferir o seu dinheiro.

Só que quem desenhou o website do Northern Rock não acautelou ter tantas pessoas num curto de espaço de tempo a fazer transferências. O website entrou em crash e não funcionou durante a noite. Milhares de pessoas, incertas com a notícia dos media britânicos, foram à internet verificar e viram o website em baixo. Convenceram-se de que havia mesmo problema, ao contrário do que diziam as autoridades. Na manhã seguinte, estava uma fila à porta da agência do Northern Rock. Num espaço de horas, o website voltou a estar online, as portas do banco abriram, e saíram tantos milhares de milhões que o banco não sobreviveu.

Tal como no Banif, oito anos depois. Os responsáveis do Northern Rock culparam os media e os informáticos pela sua miséria, tal como os responsáveis do Banif culparam a TVI e os reguladores. Mas só em Portugal é que cresceu tanto a tese de que a TVI devia ser condenada pela comissão de inquérito, violentamente censurada na opinião pública, e multada pelo regulador. A Inglaterra tem uma tradição de respeito pela liberdade de imprensa e de combate à censura que nós ainda não temos.

Professor de Economia na Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque

Banif. “Foi como comentador que tive participação” na notícia da TVI

Quarta-feira, Maio 25th, 2016

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Dinheiro Vivo

jornalista e comentador da TVI António Costa está a ser ouvido na comissão parlamentar de Inquérito ao Banif a propósito da notícia da TVI que dava conta do fecho do banco.

O jornalista e comentador da TVI António Costa esclareceu hoje que a sua intervenção na TVI no dia em que a estação de televisão noticiou em rodapé o fecho do Banif, foi apenas como comentador.

Questionado na comissão de inquérito do Banif sobre qual o seu papel na redação na noite da notícia António Costa explicou que estava na TVI para um evento particular e que os editores e o próprio diretor de informação da TVI, Sérgio Figueiredo, lhe pediram para comentar essa informação.

“Foi como comentador da notícia. Sou comentador regular da TVI e foi na qualidade de comentador da TVI que tive essa participação”, explicou aos deputados, questionado pelo deputado do CDS João Almeida. João Almeida, frisando que essa informação não tinha ficado clara da audição de Sérgio Figueiredo, que falou aos deputados na passada semana e onde tinha ficado a ideia de que tinha participado numa ‘task force’ e “papel ativo nalguns passos fundamentais”. “De facto não fui o coordenador da notícia mas entendo que a situação faça alguma confusão a quem não está numa redação”, referindo-se ao telefonema a Jorge Tomé, ex-presidente do Banif. “E depois partilhei com os meus colegas o comentário que ia fazer”, não tendo partilhado informação noticiosa, especificou. “Não telefonei a Jorge Tomé a pedir confirmação, seria até ofensivo para a área editorial da TVI fazer essa pergunta. Não era esse o meu papel.

” António Costa frisou que a informação que teve para preparar o seu comentário foi “a nota de rodapé e o que me foi passado verbalmente, que era a nota de rodapé. Não tive acesso a nenhum documento nem nenhuma fonte. E do ponto de vista dos meus contactos para lá do conhecimento pessoal do tema o único que fiz, como disse, foi com o Dr. Jorge Tomé.” O ex-presidente do Banif também disse na sua audição que tinha recebido um telefonema de António Costa nessa noite. O deputado do PSD Carlos Silva inquiriu se “não é verdade o que disse o diretor de informação da TVI de que terá pedido ajuda a António Costa no sentido de ajudar os jornalistas e que estariam na TVI?”

António Costa frisou que o pedido foi “para comentar e foi o que fiz na 25ª Hora”. Aquilo que “era falso” foi a questão dos 100 mil euros dos depósitos “e ainda bem que isso foi corrigido”. Foi também neste ponto que Sérgio Figueiredo, diretor de informação da TVI, admitiu o erro da TVI, dizendo que houve um erro de interpretação. António Costa considerou que a notícia da passagem para a Caixa não era falsa, poderia era estar desatualizada.

António Costa está a ser ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito ao Banif pela sua ligação à TVI e à notícia em rodapé que dava conta de que estava tudo preparado para “o fecho” do Banif e que os depósitos acima de 100 mil euros não seriam assegurados. A notícia, divulgada no domingo, 13 de dezembro, às 22h18, foi corrigida durante a noite em rodapé e chegou a ter sete versões. Foi desenvolvida no programa 25ª Hora à meia-noite, com mais detalhes e algumas retificações. A informação levou a uma fuga de depósitos na semana seguinte, de quase mil milhões de euros, precipitando a resolução do banco. O diretor de informação da TVI, Sérgio Figueiredo, foi ouvido pelos deputados na passada semana e assumiu parte do erro mas não a responsabilidade total pela fuga de depósitos.

Vídeo em direto/ Veja aqui a audição de Sérgio Figueiredo

Quinta-feira, Maio 19th, 2016

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Observador com som Comissão de Inquérito Sérgio Figueiredo