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Herdeira do Banif vende dívida da Rioforte por 8% do seu valor

Sexta-feira, Julho 27th, 2018

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Negócios

A Oitante vendeu papel comercial da Rioforte que recebeu do Banif. A transacção foi a 8% do valor dos créditos. A “complexidade” e a “degradação” da empresa, bem como a ausência de garantias, justificam o nível de perda. O desconto é ligeiramente superior ao antecipado pela Pharol.

A Rioforte deu o maior contributo para a redução da carteira de crédito da Oitante. O veículo herdeiro do Banif vendeu os créditos sobre a antiga sociedade do Grupo Espírito Santo. Alienou-os a 8% do seu valor. Uma recuperação acima do que apontam os números da liquidação da sociedade, mas pouco abaixo da expectativa de recuperação da antiga Portugal Telecom.

“De todas as operações realizadas, a que foi responsável pela maior redução da carteira nominal (valores de contrato e objecto de recuperação) foi a venda dos créditos detidos sobre a Rioforte Investments SA”, revela o relatório e contas relativo a 2017 da Oitante, detida pelo Fundo de Resolução.

A importância recebida “correspondeu a cerca de 8% do valor dos créditos”. O nível de recuperação é justificado, no documento relativo às contas do ano passado, pela “complexidade e degradação da situação da empresa” e pelo “facto de os créditos não beneficiarem de qualquer tipo de garantia”. A Rioforte segue em liquidação no Luxemburgo.

O nível de perda relativamente à exposição à antiga “holding” de topo do Grupo Espírito Santo é, portanto, de 92%,  e é bastante superior à assumida na restante carteira de crédito da Oitante. Aí, a perda foi, em 2017, de cerca de 18% face ao valor nominal, ou seja, assegurando 82% do valor inicial.

De qualquer forma, pese embora ser apenas 8% do valor nominal, tendo em conta que o valor de venda é comparável com o valor a que estava registado no balanço (depois de imparidades), a Oitante ainda registou mais-valias de 181%. Nas contas, está inscrita uma mais-valia de 6,21 milhões de euros “pela cessão do papel comercial que a Oitante detinha da Rioforte”. Segundo cálculos do Negócios, o valor deste papel comercial após imparidades, no balanço da Oitante, seria de cerca de 3,4 milhões, tendo sido vendido a 9,6 milhões. Ou seja, o valor do crédito era em torno de 120 milhões.

O Banif e o GES tinham empréstimos cruzados, que acabaram por penalizar o banco do Funchal aquando da queda do banco liderado por Ricardo Salgado.

A percentagem de recuperação da Oitante é superior à que, neste momento, é passível de ser recuperada, à luz dos relatórios dos responsáveis pela insolvência da Rioforte. Em Abril, os bens depositados pela entidade do GES alcançavam os 138 milhões de euros, face a reclamações de crédito que ascendiam a 4,5 mil milhões. É 3% do total, ainda que este valor não esteja fechado, porque pode haver vendas adicionais de activos da Rioforte (apesar dos arrestos) e porque há reclamações que podem ser retiradas ou anuladas.

Já outra credora, a Pharol, a antiga PT que tinha 897 milhões de euros em papel comercial da Rioforte, tem uma expectativa de recuperação de 8,32% do valor investido.

Lixo do BES saca 119 milhões ao Banif

Terça-feira, Abril 12th, 2016

Citamos

Correio da Manhã

Riofeorte motivou perda de 59 milhões à data da resolução.

O Banif foi fonte de financiamento para várias empresas do Grupo Espírito Santo (GES). O banco multiplicou por seis a exposição à família Espírito Santo, passando o total dos créditos concedidos de 24,1 milhões em 2008 para 142,7 milhões em 2012, altura em que atingiu o pico máximo. O valor começou depois a descer, mas à data da resolução do BES, em agosto de 2014, o montante disponibilizado ao grupo de Ricardo Salgado ainda ascendia a 119,2 milhões de euros.

Segundo um documento que retrata a evolução da exposição do Banif ao GES, entregue na comissão de inquérito e a que o CM teve acesso, os financiamentos do banco fundado por Horácio Roque eram dirigidos às empresas Rioforte, ES Property, ES Irmãos, ES Resources, Opway, Promorail e Construtora do Tâmega Madeira.

Os primeiros financiamentos, em 2008, foram sobretudo dirigidos à ES Irmãos, ES Resources e Opway. A ES Irmãos – holding da família onde estava concentrada a participação de controlo de cada um dos cinco ramos da família no Espírito Santo Financial Group (ESFG) – recebeu um crédito de 7,4 milhões de euros que foi sendo renovado até ao final de 2013. Em 2014, ano da falência do grupo, o montante foi liquidado sem imparidades.

O mesmo aconteceu com a ES Resources. Já a Rioforte – empresa do ramo não financeiro do GES – começou a ser financiada em 2010, no montante de 50 milhões. O valor foi renovado até 2012, ano em que o Banif registou imparidades de 564 mil euros. Mas em 2013, já o GES estava a braços com dificuldades e em que foram detetados 1,3 mil milhões de dívida não contabilizada, o Banif voltou a conceder um crédito de 69 milhões à Rioforte. Resultado: a 3 de agosto de 2014, o Banif tinha uma exposição de 119 milhões à Rioforte, assumindo uma perda de 59 milhões.