Archive for the ‘Reestruturação’ Category

Oitante escapa a reestruturação da Oi

Terça-feira, Abril 10th, 2018

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Negócios

A Oitante conseguiu 471 mil euros pela venda de obrigações da Portugal Telecom International Finance, que está integrada na Oi. A alienação ocorreu antes de a empresa entrar em reestruturação, processo que trouxe pressão para o preço dos títulos.

A Oitante escapou à reestruturação da brasileira Oi. O veículo de gestão de activos, que herdou obrigações da Portugal Telecom International Finance (PTIF) do Banif, alienou os títulos em 2016, ainda antes do pedido de recuperação feito pela empresa de telecomunicações.

De acordo com o relatório e contas relativo a 2016, divulgado no mês passado, a Oitante revela que alienou as 3,9 milhões de obrigações da PTIF, empresa que pertencia à Portugal Telecom e integrada na Oi, por 1,121 milhões de euros. Ficou sem títulos de dívida da empresa nas contas.
No balanço do veículo que ficou com activos do antigo Banif que o Santander Totta não quis no âmbito da resolução determinada pelo Banco de Portugal a 20 de Dezembro de 2015, estes títulos estavam avaliados em 650 mil euros.

Quer isto dizer que a venda destas obrigações, que tinham maturidade em 2019, rendeu 471 mil euros, dando um contributo positivo às contas da Oitante em 2016. Nesse ano, o lucro do veículo detido na sua totalidade pelo Fundo de Resolução, cujo financiamento é assegurado pelas contribuições de bancos, foi de 11,5 milhões de euros.

Contudo, nos balanços do Banif, pelo menos a partir de 2009 e até 2014, estas obrigações estavam avaliadas em 3,9 milhões de euros, o que significa que na transferência do banco para o veículo incorporava-se já uma perda de valor. Estes títulos surgiram sempre na rubrica de activos financeiros detidos à maturidade até 2014, o que indica que o banco detinha os títulos para permanecerem no balanço até 2019 e não para negociação quotidiana.

Na Oitante, e tendo em conta que o objectivo do veículo é vender ou liquidar os activos que recebeu em 2015, os títulos passaram a estar disponíveis para venda. Foi o que aconteceu.

Ao Negócios, a Oitante diz desconhecer quem adquiriu os títulos: “As obrigações foram vendidas em mercado, pelo que desconhecemos o comprador.”

Certo é que a venda dos títulos deu ganhos à Oitante face aos resultados do ano anterior. E, por outro lado, impediu perdas futuras.

A alienação das obrigações da PTIF ocorreu a 6 de Abril de 2016, antes de a Oi, que absorveu aquela empresa da Portugal Telecom e que não foi adquirida pela Altice, requerer o pedido de recuperação judicial, o que aconteceu a 20 de Junho desse ano. A PTIF, empresa sediada na Holanda que pertencia à Portugal Telecom e que era responsável por assegurar o seu financiamento, foi arrastada no processo, já que se encontra na estrutura da operadora brasileira.

O plano de reestruturação da Oi esteve em negociação desde aí: o acordo de credores avançou apenas em Junho de 2017, mas o plano de reestruturação apenas viu a luz do dia no final do ano passado, prevendo que os credores passam, se assim for a escolha, a accionistas.

Estes não eram os únicos títulos da PT no balanço do antigo Banif, já que, ao longo dos tempos, foi dispondo de diferentes obrigações da operadora portuguesa (e de outros emitentes, como é normal) para o seu negócio. Contudo, foram estes que, estando na rubrica de investimentos detidos até à maturidade, transitaram para a Oitante em 2015, ainda que o Banco de Portugal não justifique qual o motivo para que não tenham sido adquiridos pelo Santander Totta. O banco também não respondeu.

Bruxelas temia colapso do Banif desde 2013. E avisou Maria Luís

Domingo, Abril 10th, 2016

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Diário de Notícias

Comissão Europeia duvidava daviabilidade do banco e disse-o à ministra.

Nem a capitalização pública do Banif, feita em janeiro de 2013, serenou Bruxelas quanto ao futuro do Banif. Em julho do mesmo ano, a Comissão Europeia levantou sérias dúvidas sobre o plano de recuperação do banco e disse-o, preto no branco, ao anterior governo.
No chamado “verão quente” de 2013 – Maria Luís Albuquerque tinha tomado posse como ministra das Finanças há duas semanas -, o vice-presidente da Comissão Europeia e também comissário para a Concorrência, Joaquín Almunia, escreveu à governante para expressar as suas “preocupações com o Banif”. “Tanto no que respeita ao incumprimento da decisão de resgate [por parte das autoridades portuguesas] como à avaliação acerca da viabilidade do banco”, pode ler-se na missiva que chegou à comissão parlamentar de inquérito.

Na carta, de 16 de julho, o espanhol aludia ao “compromisso” assumido pelo Estado português de que o Banif iria proceder a um aumento privado de capital e de que a ajuda pública seria restituída – condições que Bruxelas, de resto, estabelecera para viabilizar a injeção 1100 milhões de euros (700 milhões em ações especiais e 400 milhões de capital contingente, os chamados CoCos) na instituição fundada por Horácio Roque.

Mas ia mais longe ao frisar que, “ao contrário das expectativas” da Comissão Europeia, o plano de reestruturação enviado para Bruxelas a 29 de junho não “preenchia os requisitos” previamente definidos. Notava Almunia que lhe faltava “credibilidade” e “coerência” e ainda que alguns “elementos-chave” não estavam contidos no documento ou que se encontravam “devidamente substanciados”.
E os recados não ficavam por aí. “A Comissão não pode tomar uma decisão final sobre o plano de reestruturação sem um adequado teste de stress, certificado pelo supervisor [o Banco de Portugal (BdP)], que demonstre que o banco não necessita de capital adicional mesmo sob um cenário de esforço financeiro”, observava Almunia – que um dia depois via a tese reforçada pelo diretor adjunto da Direção-Geral da Concorrência (DG Comp), Gert Jan Koopman, também numa missiva endereçada ao Ministério das Finanças.

PS quer lista de assessores financeiros com acesso a documentos

Sexta-feira, Fevereiro 26th, 2016

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Notícias ao Minuto

O PS requereu hoje nova documentação em torno do Banif e da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o banco, pedindo, por exemplo, uma lista de consultores e assessores financeiros com acesso aos documentos da entidade entre 2012 e 2015.

Os socialistas pedem nova documentação ao Banif, ao Ministério das Finanças e ao Banco de Portugal, e pretendem também ter acesso ao primeiro plano de reestruturação, datado de novembro de 2012, preparado pelo consultor financeiro do Banif.

Da Comissão Europeia, os deputados do PS reclamam “todas as propostas de reestruturação e respetivas respostas” da direção-geral da Concorrência (DG Com).

“Toda a correspondência entre os vários intervenientes no processo do Banif, nomeadamente, Banco de Portugal, Governo, DG Com, BCE, comissários europeus e Conselho de Administração, inclusivamente e-mails e ofícios, no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2015”, é também pedida pelo PS.

No total, são 16 as alíneas com vários pedidos que se juntam a uma série de documentos já requisitados há duas semanas em sede de comissão parlamentar.

As duas primeiras audições na Comissão Parlamentar de Inquérito à venda do Banif devem realizar-se a 22 de março, terça-feira, já depois de concluídos os trabalhos dos deputados em torno do Orçamento do Estado (OE) para 2016.

O “avaliar” do “comportamento da autoridade de supervisão financeira, o Banco de Portugal, sobre o caso Banif, é um dos objetivos da comissão parlamentar de inquérito, que hoje se reúne para definir calendários de audições e metodologias de trabalho.

O processo de venda, em dezembro de 2015, irá dominar os trabalhos para se proceder à “avaliação de riscos e alternativas” da decisão, “no interesse dos seus trabalhadores, dos depositantes, dos contribuintes e da estabilidade do sistema financeiro”.

A 20 de dezembro o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif, com a venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros ativos – incluindo ‘tóxicos’ – para a nova sociedade veículo.

A resolução foi acompanhada de um apoio público de 2.255 milhões de euros, sendo que 1.766 milhões de euros saem diretamente do Estado e 489 milhões do Fundo de Resolução bancário, que consolida nas contas públicas.

Banif: os seis pontos que a comissão de inquérito quer tirar a limpo

Quinta-feira, Janeiro 28th, 2016

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Negócios

A comissão parlamentar de inquérito ao caso Banif toma posse no próximo dia 3 e tem 120 dias para chegar a conclusões. Conheça aqui os pontos que os deputados querem ver esclarecidos.

A comissão parlamentar de inquérito ao caso Banif foi formalizada esta quinta-feira com a publicação do diploma em Diário da República. Tem até 120 dias, a contar da data da tomada de posse (3 de Fevereiro), para chegar a conclusões sobre o que levou à medida de resolução e à venda do banco ao Santander Totta.

Os temas sob os quais a comissão se vai debruçar são aqueles que eram os propostos pelo texto conjunto do Partido Socialista, Bloco de Esquerda e Partido Comunista Português (o PSD e o CDS tinham outras duas sugestões de texto conjunto mas a esquerda rejeitou-as para aprovar a sua iniciativa).
São seis os pontos que a comissão quer analisar:

1. O que é que justificou e levou à recapitalização do banco em Janeiro de 2013?

A 16 de Janeiro de 2013, os accionistas do Banif aprovaram o plano de recapitalização do banco depois de apreciado pelo Banco de Portugal. Essa injecção de capital, no total de 1.400 milhões de euros, passou pela entrada do Estado com 1.100 milhões de euros – recorrendo às verbas do programa da troika para esse efeito -, montante que depois deveria ser reduzido para 950 milhões com a entrada de privados prevista até Junho desse ano. Na altura, o Governo, em comunicado, referia que “o juízo formulado pelo Banco de Portugal foi decisivo para considerar que a operação aprovada salvaguarda o interesse dos contribuintes” e depois de aprovação de Bruxelas. Do total injectado, ficaram por devolver 825 milhões da ajuda pública. Os deputados querem agora saber as razões que sustentaram esta entrada do Estado.

2. O que fez a administração do Banif e todas as entidades nacionais e comunitárias para concretizar o plano de reestruturação e viabilização do Banif e que “impacto financeiro” tiveram as suas “acções e omissões”?

Em causa está o escrutínio da actuação das várias entidades envolvidas no processo pelo menos desde 2013 até ao momento da decisão de resolução do banco. Nas últimas semanas foi tornado público que por várias vezes desde a injecção inicial de dinheiro público no banco Bruxelas teria demonstrado a preocupação com a situação do Banif, desembocando numa investigação formal em Julho passado. Foram feitos oito planos de reestruturação que saíram da gestão de Jorge Tomé para o Ministério das Finanças e daí para Bruxelas. Nunca nenhum foi aceite.

3. Que riscos e alternativas foram ponderados na decisão de vender o Banif e aplicar a medida de resolução em Dezembro?

A comissão quer saber que cenários estavam em cima da mesa das entidades que definiram a solução para o Banif – nomeadamente a venda por 150 milhões ao Santander Totta (havia mais cinco concorrentes no processo de venda que foi cancelado a dois dias da resolução), a mobilização dos activos para o veículo financeiro Oitante, soluções que implicaram a injecção de 2.255 milhões de euros via Tesouro e Fundo de Resolução -, e se as medidas foram tomadas “no interesse dos seus trabalhadores, dos depositantes, dos contribuintes e da estabilidade do sistema financeiro”.

4. O quadro legislativo e regulamentar era o adequado?

Os deputados vão procurar saber se o enquadramento legal e as regras que existiam, tanto em Portugal como a nível comunitário, eram as adequadas. E se teriam bastado para “prevenir, fiscalizar e combater as práticas e os procedimentos detectados no Banif”. Isto tendo em conta o peso que a intervenção do BCE e da Comissão Europeia, duas autoridades internacionais, teve na resolução do Banif.

5. De que forma o estatuto patrimonial e o funcionamento do sistema financeiro criaram os problemas na banca e que impacto tiveram esses problemas na economia e nas contas públicas?

Em causa está a tentativa de identificação de motivos endógenos do próprio sistema bancário (como regras específicas de funcionamento que possam ter precipitado os vários episódios de crise na banca – BPN, BPP, BES, Banif ), bem como as consequências desses casos na economia (até pelo risco “sistémico” que foi avançado muitas vezes como motivo para a intervenção) e na confiança no sistema. Até aqui, houve uma injecção imediata de 2.255 milhões de euros na intervenção estatal no Banif. Mas há garantias que foram concedidas e que, a serem utilizadas, sobem a factura até 3.000 milhões. Contudo, o Estado já tinha colocado 1.100 milhões de euros no banco em 2013 dos quais não recebeu 825 milhões. Há ainda a acrescentar o efeito na economia – nos accionistas e nos detentores de dívida pública, que viram o seu investimento ficar no Banif, que vai entrar em liquidação.

6. Como se comportou o supervisor na situação do Banif? Tinha todas as condições para exercer as suas competências? O actual regime jurídico da supervisão é o adequado?

Apesar de ter dedicado um ponto a avaliar a actuação de todas as entidades envolvidas, a comissão reservou uma alínea para apreciar apenas a acção do Banco de Portugal no caso. Os deputados querem ainda saber se as ferramentas ao dispor do supervisor eram suficientes, numa altura em que o Governo já abriu a porta para tirar ao BdP as competências de resolução bancária. Os partidos de esquerda têm dito que é necessário alterar a supervisão – o PCP tem sido bastante acérrimo nessa defesa, acreditando que é todo o sistema que tem de mudar e não apenas modificar políticas de supervisão. O próprio primeiro-ministro já afirmou que se tem de assegurar a separação entre o regulador do sector financeiro e a autoridade de resolução: neste momento, o Banco de Portugal cumpre as duas funções mas António Costa acredita que há conflito de interesses (algo que o próprio governador Carlos Costa também já defendeu). Num debate no Parlamento em Dezembro, António Costa considerava “duvidoso que o Banco de Portugal esteja devidamente apetrechado com capacidade e o ‘know-how’ necessários para proceder à gestão e intervenção na banca comercial”.

Bruxelas propôs a Maria Luís Albuquerque solução para vender Banif até 2017

Segunda-feira, Janeiro 18th, 2016

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Económico

Um ano antes da resolução, a Comissão Europeia propôs a Maria Luís Albuquerque uma solução que, em seu entender, permitiria recuperar o capital injectado pelo Estado no Banif.

A Comissão Europeia propôs ao anterior Governo uma solução para o Banif, em Dezembro de 2014, que, em seu entender, permitiria resolver rapidamente o problema do banco, com os activos “tóxicos” a serem colocados num veículo especial e o negócio saudável a ser vendido de forma gradual, até ao final de 2017, revela uma carta a que o Económico teve acesso. A proposta de Bruxelas implicaria uma resolução, mas alegadamente poderia ter custos inferiores aos 2,2 mil milhões de euros registados um ano depois.

A missiva da comissária da Concorrência (disponível para consulta no site do Económico), foi enviada a Maria Luís Albuquerque a 12 de Dezembro de 2014, após o chumbo de seis planos de reestruturação apresentados pela gestão do Banif e pelo Governo português, seguindo-se a uma carta anterior, remetida em 31 de Março do mesmo ano, pelo comissário Almunia.

Já a perder a paciência, Bruxelas dizia a Lisboa o que teria de ser feito para desbloquear o impasse: o Banif teria de se focar nos Açores, na Madeira, em Lisboa e num reduzido número de distritos do continente. As operações internacionais teriam de ser vendidas ou encerradas. Deveria ainda ser criado um banco “mau” ou um veículo específico para ficar com os activos “tóxicos”, com uma separação efectiva entre ambos. E o banco “bom” seria vendido até ao final de 2017.

A comissária pedia ao Governo português que apresentasse um plano de reestruturação “credível”, o mais tardar até Março de 2015, nos termos deste esboço. Caso contrário, abriria uma investigação aprofundada ao Banif.

Mas o plano entregue não foi ao encontro destas linhas orientadoras definidas pela Comissão e esta abriu, de facto, uma investigação, em Julho de 2015, que só foi encerrada em Dezembro, com a resolução do Banif, que custou 2,2 mil milhões de euros aos contribuintes portugueses.

Esta elevada factura tem causado polémica e vai levar à abertura de uma comissão parlamentar de inquérito, servindo de arma de arremesso entre o Governo socialista e o PSD. Na sexta-feira, no Parlamento, o primeiro-ministro António Costa criticou a actuação do Executivo anterior e referiu a existência da carta enviada a Maria Luís Albuquerque, argumentando que a Comissão Europeia abria a porta a uma solução que tornaria desnecessária a recente resolução do Banif e o elevado custo que a mesma poderá ter para os contribuintes (no pior cenário, 3,6 mil milhões de euros).

Por sua vez, a ex-ministra das Finanças concedeu uma entrevista à TVI, a 21 de Dezembro, onde defendeu que haverá “claramente um problema de supervisão”. Disse ainda que o Banif nunca conseguiu convencer Bruxelas. “A situação do Banif era difícil porque a sua viabilidade era sempre questionada pela Comissão Europeia”, salientou a ex-ministra.

Resolução já era inevitável mas poderia ter um custo menor
Embora a carta enviada pela comissária da Concorrência não faça referência a uma medida de resolução, a mesma seria inevitável, dado que a criação de um banco “mau” implicaria, em qualquer caso, a prestação de garantias estatais e a aplicação de um ‘haircut’ nos activos “tóxicos”.

Os contribuintes teriam em qualquer caso de assumir custos com o processo de reestruturação do Banif, no que seria considerada uma nova ajuda de Estado. E as regras europeias são claras: salvo algumas excepções, se existir auxílio estatal, a resolução é obrigatória.

A diferença face à medida aplicada em Dezembro de 2015 poderia residir no valor das perdas que os contribuintes teriam de assumir, dado que a Comissão Europeia considera que, durante este intervalo de doze meses, a situação do Banif degradou-se. Logo, se a resolução tivesse lugar nos termos propostos por Bruxelas, os custos para os contribuintes poderiam ter sido menores.
Bruxelas argumentou ainda que o Estado português poderia ter recuperado “totalmente” os 825 milhões de euros que tinha a recuperar no Banif, relativos aos ‘CoCo bonds’ e acções especiais. “Um plano de reestruturação feito nestas linhas asseguraria a viabilidade (de partes) do banco e a sua capacidade de implementar de forma adequada as medidas de reestruturação, bem como de pagar a totalidade da ajuda de Estado recebida [825 milhões de euros] ou de, pelo menos, remunerar essa ajuda de forma adequada”, refere a missiva enviada mais de um ano antes da resolução do Banif.

“Se for apresentado um plano de reestruturação baseado nestas linhas, e partindo do princípio de que todas as informações, modelos e metodologias são consideradas válidas pelos meus serviços, estou convencida de que a Comissão Europeia poderia chegar rapidamente a uma decisão final, que daria ao banco a necessária previsibilidade”, refere a carta da comissária europeia da Concorrência, Margrethe Vestager.

A comissária lembrava ainda que Bruxelas estava a ser paciente com o Governo português, no que toca ao Banif, devido à necessidade de não pôr em risco a saída limpa do Programa de Assistência a Portugal. Margrethe Vestager salientava, no entanto, que era difícil sustentar que o Banif deveria ter um tratamento diferente do que foi aplicado ao BES, “ainda para mais quando tem muito menor dimensão”. “Por isso, a necessidade de actuação é ainda mais premente”, concluía.

As cartas enviadas pela comissão europeia à ex-ministra das finanças

 

António Costa diz que Banif foi um processo “envenenado”

Sábado, Janeiro 9th, 2016

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TSF com som

António Costa afirma que o executivo de Passos Coelho ignorou todas as exigências da Comissão Europeia quanto à reestruturação do Banif e diz que este “foi um processo envenenado”, que recebeu assim que tomou posse.

Em relação ao Banif, o chefe do Governo do PS adiantou que as únicas duas propostas vinculativas apresentadas foram as do Santander e do Banco Popular, “que era pior”, justificando assim a alienação ao banco espanhol. Declarações de António Costa, numa participação especial no programa da SIC-Notícias Quadratura do Círculo, do qual foi comentador antes de liderar o PS.

Costa revelou que o Governo esperou “até ao último minuto” que uma das propostas, que era apenas indicativa, se transformasse em vinculativa, mas isso acabou por não acontecer. Além disso, as regras da regulação bancária foram alteradas a 1 de janeiro de 2016, e as perdas poderiam ser imputadas não só aos acionistas, mas também aos depositantes, pelo que havia urgência na resolução da situação.

O chefe do Governo disse ainda ter recebido uma carta do Banco de Portugal dando contra de que “o Fundo de Resolução estava esgotado” com o caso BES e que os bancos não estavam em condições de acorrer a situações de resolução de problemas bancários. António Costa afirma que o Banif foi um processo “envenenado” que recebeu, assim que tomou posse.

Quanto à TAP, o primeiro-ministro mostrou-se convicto de que o Governo chegará a “um bom entendimento” com os novos donos da Transportadora aérea, para que o controlo da companhia aérea regresse ao Estado.

“No caso da TAP, acho que as coisas estão a correr muito bem. Não vai haver dificuldades nenhuma. Acho que vamos chegar a um bom entendimento”, declarou António Costa.

No caso da transportadora área portuguesa, o Governo reuniu-se na quinta-feira, pela segunda vez, com os novos donos da TAP, os empresários David Neeleman e Humberto Pedrosa, para discutir controlo da companhia aérea, disse à Lusa fonte oficial do Ministério do Planeamento e das Infraestruturas.

A reunião decorreu de forma muito positiva e as negociações vão continuar”, disse a mesma fonte, sem adiantar mais pormenores.

O acordo de conclusão da venda direta de 61% do capital da TAP foi assinado no dia 12 de novembro entre a Parpública, empresa gestora das participações públicas, e o agrupamento Gateway, na presença da então secretária de Estado do Tesouro, Isabel Castelo Branco, do então secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, Miguel Pinto Luz.

António Costa reiterou a intenção do executivo de anular as subconcessões das empresas de transportes Metropolitano de Lisboa e Carris ao consórcio mexicano ADO-Avanza, bem como da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP).

O chefe do Governo defendeu que os contratos de concessão dos transportes de Lisboa “têm várias ilegalidades” e foram assinados numa altura em que se sabia que todas as autarquias envolvidas eram “contra a solução” adotada pelo anterior executivo, além de que existia um contencioso judicial instaurado pela Câmara de Lisboa.

Costa sustentou que as subconcessões de Lisboa são “de duvidosa legalidade”. “Os contratos têm várias ilegalidades”, argumentou, apontando que, desde logo, “não foram visados pelo Tribunal de Contas”.

Face às circunstâncias, “ninguém de bom senso viria a fazer essa aquisição”, sublinhou. Quanto aos STCP, António Costa recordou que os contratos foram assinados durante a campanha eleitoral, o que “do ponto de vista da ética democrática é absolutamente inaceitável”.

 

Auxílio estatal: Comissão dá início a investigação aprofundada à reestruturação do Banif

Sexta-feira, Julho 24th, 2015

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Comunicado da Comissão Europeia

Bruxelas, 24 Julho 2015

A Comissão Europeia deu início a uma investigação aprofundada para apurar se o auxílio que o Estado português concedeu ao Banco Internacional do Funchal S.A (Banif) é compatível com as regras da UE em matéria de auxílios estatais. A versão final do plano de reestruturação do Banif deve garantir a viabilidade do banco a longo prazo e limitar as distorções de concorrência que o auxílio estatal gerou. A abertura de uma investigação aprofundada dá às partes interessadas, incluindo terceiros, a oportunidade de se pronunciarem sobre as medidas em questão, ao mesmo tempo que confere maior segurança jurídica ao beneficiário do auxílio, sem prejudicar o resultado da investigação.

Em janeiro de 2013, a Comissão aprovou temporariamente um auxílio estatal de 1 100 mil milhões de euros para permitir que o Banif cumprisse os requisitos de fundos próprios impostos pela autoridade reguladora do setor bancário português. A decisão final sobre a compatibilidade das medidas de auxílio exige que as autoridades portuguesas submetam à aprovação da Comissão um conjunto adequado de medidas de reestruturação do Banif.

Portugal apresentou um plano de reestruturação do Banif. Este plano foi várias vezes alterado, a última das quais em outubro de 2014. A Comissão está atualmente a avaliar as medidas propostas à luz das disposições da UE aplicáveis aos auxílios estatais à reestruturação dos bancos em período de crise. Na fase atual, a Comissão receia que as medidas não cumpram os requisitos de tais disposições que preconizam o restabelecimento da viabilidade a longo prazo do banco e a garantia de que o dinheiro do contribuinte que foi mobilizado para o efeito se limita ao mínimo necessário para conseguir esse resultado. Exigem ainda que o Banif e os seus proprietários contribuam de forma suficiente para os custos da reestruturação e que as distorções de concorrência que o auxílio gera sejam limitadas.

A Comissão vai agora aprofundar o seu trabalho de investigação, a fim de apurar o fundamento das suas dúvidas, tendo em conta as observações apresentadas pelas partes interessadas, e trabalhará em colaboração com as autoridades portuguesas a fim de garantir o cumprimento das disposições da UE em matéria de auxílios estatais.

Contexto

O Banif é atualmente o oitavo banco comercial em Portugal, pelo valor dos seus ativos, com uma presença marcante nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira. Está cotado na Bolsa de Lisboa. Em finais de 2014, detinha 13,1 mil milhões de euros de ativos.

Em janeiro de 2013 beneficiou de uma recapitalização do Estado no montante de 1 100 mil milhões de euros, afim de poder cumprir os requisitos mínimos de fundos próprios. O Estado português subscreveu 700 milhões de euros de ações emitidas pelo Banif e 400 milhões de euros de títulos híbridos.

Ver Policy Brief “State aid to European banks: returning to viability” sobre a aplicação das regras da UE em matéria de auxílios estatais no setor bancário.

A versão não confidencial da decisão estará disponível com o número SA.36123 no Registo dos auxílios estatais no sítio Web da DG Concorrência, assim que estiveram esclarecidas as questões relacionadas com a confidencialidade de certas informações. As novas publicações de decisões sobre auxílios estatais na Internet e no Jornal Oficial estão disponíveis em State Aid Weekly e-News.

Banif fecha venda do Banif Mais por 400 milhões

Quinta-feira, Junho 4th, 2015

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Económico

O comunicado do banco foi enviado à CMVM e revela um impacto no rácio de capital de 100 pontos base.

Está concluída a primeira operação de venda de activos do ano por parte do banco liderado por Jorge Tomé.

O Banif acaba de anunciar que concluiu hoje a venda da sua participação de 85,92% no capital social da Banif Mais SGPS, entidade que detém 100% do capital do Banco Banif Mais, à Cofidis Participations, sociedade com sede em França. O valor do negócio confirma o já anunciado, preço (para a totalidade do capital social da Banif Mais SGPS) de 400 milhões de Euros.

“Esta transacção está alinhada com o plano estratégico do Banif e é expectável que tenha um impacto positivo estimado nos rácios de capital consolidado do Banif, em particular um aumento no rácio Common Equity Tier 1 (CET1) de 100 pontos base (pb) com os critérios phased-in e de 126 pontes base em base fully implemented”, refere o banco em comunicado.

Esta é apenas uma das várias aquisições que o Banif prevê fazer ao longo do ano. Terá ainda de vender o Banif Malta, o Banif em Cabo Verde (BCN) e a Açoreana.

O banco precisa de capital para pagar a ultima tranche dos CoCo´s ao Estado de 125 milhões.

O Banif irá manter com o Banco Banif Mais, a parceria estratégica de distribuição e crosselling para a área do crédito especializado ao financiamento de veículos.

 

Banif reduziu quadro de pessoal em 463 trabalhadores e fechou 72 agências em 2014

Sábado, Fevereiro 28th, 2015

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Lusa

O Banif acelerou a execução das medidas previstas no seu plano de reestruturação, tendo reduzido o quadro de pessoal em 463 funcionários e fechado 72 balcões no ano passado, informou hoje o banco.

No âmbito do processo de transformação em curso, o ano de 2014 foi caracterizado pela forte aceleração das medidas previstas no plano de reestruturação, nomeadamente, através da antecipação dos planos de encerramento de agências e de reorganização dos serviços centrais e estruturas intermédias comerciais”, revelou em comunicado a entidade liderada por Jorge Tomé.

O Banif realçou que “apesar do impacto negativo em termos de custos de reestruturação registados em 2014, estas medidas foram consideradas críticas no sentido de possibilitar o reajustamento do modelo de negócio do banco, tendo em conta o atual enquadramento regulamentar e económico, e que se irá consubstanciar no reforço de reduções de custos a partir de 2015, inclusive”.

No que respeita ao número de agências bancárias em Portugal, registou-se uma diminuição de 72 agências entre dezembro de 2013 e dezembro de 2014.

Já no que toca ao seu quadro de pessoal, o número de colaboradores do grupo em dezembro de 2014 situou-se nos 2.733 trabalhadores, número que compara com 3.196 funcionários em dezembro de 2013, ou seja, uma redução homóloga de 14,5%.

Ao nível do Banif S.A., isto é, a atividade doméstica do banco, a redução foi ainda mais significativa, tendo terminado o ano de 2014 com 1.935 colaboradores, face aos 2.328 que apresentava em dezembro de 2013, ou seja, uma redução de 17%.

“Para a concretização deste objectivo foi fundamental a operacionalização de um programa de rescisões voluntárias, pré-reformas e reformas antecipadas que envolveu cerca de 400 colaboradores”, destacou o banco.