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Bruxelas ataca Banco de Portugal: supervisor foi pouco exigente durante a troika

Terça-feira, Novembro 22nd, 2016

Citamos

Eco

Relatório de um grupo de economistas da Comissão Europeia sobre o programa da troika em Portugal defende que o problema da banca foi bem identificado, mas reconhece que foi subestimado.

Banco de Portugal foi pouco exigente durante a aplicação do programa de ajustamento da troika e daí resultaram insuficiências que continuam a travar a recuperação da economia portuguesa. A conclusão é de um grupo de economistas da Comissão Europeia e consta de um relatório de avaliação ao programa português, publicado esta segunda-feira.

Tal como já aconteceu com o FMI, também Bruxelas realizou uma avaliação ao programa de resgate português aplicado entre 2011 e 2014. O estudo foi liderado pelo economista Daniel Daco e beneficiou do apoio de um grupo de trabalho conduzido por Matthias Mors, da direção-geral dos Assuntos Económicos e Financeiros (DG ECFIN). O objetivo foi verificar o que correu bem e o que poderia ter corrido melhor, tendo em conta os resultados alcançados e daí retirar conclusões que sejam úteis para futuros programas de ajustamento.

As ações de supervisão da banca também deveriam ter sido mais exigentes no que diz respeito ao provisionamento das imparidades, nomeadamente quando os problemas relacionados com o abrandamento da atividade económica se tornaram mais evidentes.

Ex Post Evaluation of the Economic Adjustment Programme

Grupo de economistas da Comissão Europeia

No documento, são reconhecidas algumas falhas e retiradas lições, mas a crítica mais dura vai direta para a instituição liderada por Carlos Costa: “Com o Banco de Portugal responsável pelo desenho e implementação da recapitalização dos bancos, o programa poderia ter enfatizado melhor a importância das diferentes estratégias, promovendo orientações mais detalhadas e colocando mais pressão na sua implementação”, lê-se no relatório.

Mas não é tudo. “A autoridade de superv

Privatização da Caixa podia ter evitado custos para o Estado

Especificamente sobre o dossiê da Caixa, o relatório dos economistas da Comissão nota que uma reestruturação mais profunda do banco, “provavelmente acompanhada de passos concretos para a sua privatização completa, poderia ter ajudado a reduzir os riscos contingentes para o Estado, bem como a promover a concorrência entre os bancos”.

Neste momento, o Governo prepara-se para injetar até 2,7 mil milhões de euros na CGD, no âmbito de uma recapitalização. Esta operação, que chegou a estar planeada para 2016, mas que entretanto foi adiada para o próximo ano, apresenta riscos para o défice orçamental que só poderão ser dissipados depois de uma análise do Eurostat.

Governo relativiza críticas ao banco central

Na resposta à avaliação dos economistas de Bruxelas, as autoridades portuguesas relativizam as críticas. Lembram que não é justo que a avaliação seja feita à luz do que já se sabe hoje, nomeadamente tendo em conta que a crise de dívidas soberanas atingiu níveis inesperados.

Além disso, notam que a supervisão e a regulação evoluíram muito nos últimos anos e que “a ação de supervisão durante o programa refletiu corretamente estes desenvolvimentos a nível global, tornando-se mais intrusiva, proativa e antecipando melhor tendo em conta o perfil de risco dos bancos”, lê-se na resposta portuguesa.

Até ao momento ainda não foi possível obter uma reação do Banco de Portugal.

isão não exigiu uma recapitalização/reestruturação dos bancos mais robusta“, frisa o relatório. “As ações de supervisão da banca também deveriam ter sido mais exigentes no que diz respeito ao provisionamento das imparidades, nomeadamente quando os problemas relacionados com o abrandamento da atividade económica se tornaram mais evidentes”, continuam os peritos. “Teria ajudado” a implementar políticas mais efetivas se tivesse sido feita uma análise pública sobre as diferentes abordagens possíveis ao problema do malparado, acrescentam.

Os economistas da Comissão Europeia avaliam ainda o que aconteceu com o Banif, com BES e a necessidade de recapitalizar a Caixa Geral de Depósitos para concluir que uma “supervisão mais robusta” poderia ter ajudado, sobretudo no caso do Banif. Quanto ao BES, reconhecem que os sinais de dificuldades emergiram apenas lentamente. E sobre a Caixa a crítica pode ser entendida como dirigida também ao Governo, já que se não foram dados os passos necessários para a sua privatização. Seja como for, havia margem para uma supervisão mais robusta ou para a resolução (também no caso da CGD) porque o envelope financeiro para apoiar a banca não foi todo utilizado – sobraram 6,4 mil milhões de euros, lembram.

Esta não é a primeira vez que a atuação do Banco de Portugal durante os anos mais duros do ajustamento é colocada em causa. Num exercício semelhante a este, feito por um grupo de economistas para o FMI, a avaliação resultou também em duras críticas à atuação de Carlos Costa.

Bruxelas já aceitou, mas não carimbou plano de recapitalização da CGD

Segunda-feira, Junho 6th, 2016

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Público 

Linhas gerais da solução de recapitalização da Caixa estão fechadas mas falta a formalização.

As próximas duas semanas vão ajudar a clarificar em que termos e com que figuras e meios financeiros, a nova administração liderada por António Domingues vai gerir a Caixa Geral de Depósitos (CGD) durante o triénio 2016/2018. A expectativa é que o accionista, o Estado, anuncie não só a lista completa dos membros dos órgãos sociais, mas também o plano de recapitalização da instituição, alvo de negociação com as autoridades europeias, que ainda não o validaram formalmente.

O PÚBLICO sabe que a solução final de recapitalização da Caixa está praticamente fechada com o Banco Central Europeu (BCE) e a Direcção-Geral da Concorrência da União Europeia (DGComp) a terem dado luz verde às linhas gerais. Mas contínua a faltar o essencial: que as autorizações sejam carimbadas. E esta é uma condição que António Domingues quer ver preenchida antes de avançar para a liderança do maior bancário grupo português. A negociação para a recapitalização do grupo envolveu o Governo, o Banco de Portugal (BdP), o BCE e a DGCOmp, para além de Domingues. Um processo complexo pois qualquer injecção de verbas púbicas na CGD, como noutra empresa privada, é considerada por Bruxelas um auxílio do Estado.

Hoje, as regras europeias de resgate à banca, o bail-in, impõem que em primeiro lugar o banco seja salvo por via interna, com recurso aos obrigacionistas e aos grandes depositantes. Um esquema que o Governo recusou pois implicaria, desde logo, uma privatização encapuçada da instituição. E sendo a Caixa 100% do Estado, defende-se, entre outros pontos, que é ao seu único accionista que cabe preencher as suas necessidades de capital.

As indefinições que têm persistido à volta da injecção de fundos públicos na Caixa, estão relacionadas ainda com o modo como a operação se vai repercutir nas contas públicas, se aumenta a dívida ou agrava o défice. E não se sabe se o processo será feito de uma só vez, ou de modo faseado. E se implica uma operação harmónio (redução do capital). Apenas que o objectivo é aproveitar para cobrir imparidades e permitir à CGD ficar com os rácios de solidez dos mais fortes do sector.

No mínimo o banco público vai necessitar de 2500 milhões de euros de capital adicional. É expectável que António Domingues procure devolver ao Estado o empréstimo de 900 milhões de CoCos, que nos últimos três anos já custaram à instituição 250 milhões de euros em juros. E por força de uma decisão do BdP de antecipar para 1 de Janeiro de 2017 a criação de uma reserva de fundos próprios aos bancos considerados de risco sistémico na zona euro, a CGD terá de constituir uma almofada de quase 600 milhões. Uma medida polémica por duas vias: no sistema não há folga de capital; e penaliza mais o banco estatal.

Dos seis grupos visados, foi sobre a Caixa que o BdP mais “carregou” ao exigir uma reserva de fundos próprios de 1% do total das posições em risco. No caso do BCP e do Novo Banco esta percentagem é de 0,75% do total, enquanto no BPI e no Santander Totta se ficou por 0,50% e no Montepio apenas 0,25%.

Aos 1500 milhões (de CoCos e da almofada de fundos próprios) podem ainda juntar-se entre 1000 e 1500 milhões, para garantir uma margem de segurança, meios destinados ao crescimento orgânico e para ajustar a plataforma comercial às condições de mercado. Ou seja: diminuir o quadro de pessoal. Assim, as necessidades perfazem entre 2500 milhões e 3000 milhões.

Mas se houver intenção de aproveitar as negociações com o BCE e a DGComp para reduzir o rácio de crédito em risco na CGD que, em Março de 2016, se cifrava em 11,9%, os contribuintes podem ter de avançar com uma quantia extra. Isto, porque o grau de cobertura por provisões e imparidades é de 62,8%, sendo o do crédito a particulares de 46,8% (abaixo da média do mercado) e o do crédito a empresas de 70,3%. Nos primeiros três meses, o total do crédito a clientes bruto (incluindo créditos com acordo de recompra) situou-se em 70,6 mil milhões.

Fala-se ainda noutro cenário: se o Novo Banco não for vendido, ou exigir nova injecção de fundos, o Governo pode voltar a tentar negociar a sua integração na CGD. Mas só se o activo passar com o balanço limpo é que terá um impacto positivo no capital do banco estatal. A exemplo do que aconteceu, aliás, com o Banif onde o Estado injectou 3000 milhões. Contudo, neste caso, parte do dinheiro dos contribuintes portugueses acabou por ir beneficiar as contas do grupo espanhol Santander.

 

Bruxelas. Estado pode meter dinheiro na Caixa se o fizer como um investidor privado

Segunda-feira, Junho 6th, 2016

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Observador

Comissária europeia da Concorrência diz que Estado pode investir num banco banco público se o fizer como um investidor privado. Decisão sobre aumento de capital da Caixa não será política, diz à TSF.

O Estado português pode ou não realizar mais um aumento de capital na Caixa Geral de Depósitos? O banco público precisa de mais uma recapitalização — o valor pode chegar aos 4.000 milhões de euros — mas há dúvidas sobre se a Comissão Europeia deixará passar a operação, caso considere que se trate de uma ajuda de Estado.

Esta segunda-feira, em declarações à TSF, a comissária europeia da Concorrência, Margrethe Vestager explica em que condições uma operação de recapitalização da Caixa poderia ser aprovada à luz das regras europeias.

Como uma questão de princípio, um Estado pode investir. Não tem de ser necessariamente ajuda de Estado. Se o Estado investir como um investidor privado o faria, bem isso é excelente para nós e, claro, não é ajuda de Estado”.

Nestas declarações, em que não se refere ao caso concreto da Caixa Geral de Depósitos, a responsável assegura ainda que não há um preconceito quanto ao investimento público, “somos neutros em termos de propriedade” e afasta qualquer decisão de natureza política em relação à apreciação deste tipo de operações. A única análise que é feita, acrescenta, prende-se com critérios legais.

Um investimento com critérios privados significa para Bruxelas que terá de ser um investimento rentável, ou seja remunerado a prazo. Mas não basta a Caixa apresentar lucros — o banco do Estado tem tido prejuízos nos últimos anos com a exceção do resultados que beneficiaram da mais-valia com a venda da Fidelidade. É preciso remunerar de forma adequada o capital investido pelo Estado — entre 8% a 10% ao ano é um indicador de referência para a Comissão Europeia.

E para convencer Bruxelas de que o investimento será feito numa ótica de investidor privado, sobretudo quando a operação exclui capital privado e conta apenas com dinheiros públicos, será provavelmente necessário acelerar na redução de custos, o que significa mais uma reestruturação no banco do Estado que nos últimos anos já reduziu a sua dimensão, em particular na área internacional (Espanha) e nos negócios não bancários, com a venda de participações e das operações de saúde e seguros.

“Os únicos casos em que temos um papel a desempenhar são, obviamente, quando o dinheiro dos contribuintes é usado de uma forma que não similar à forma como um investidor privado usaria o dinheiro”, sublinha ainda a comissária da concorrência.

O Estado português pode ou não realizar mais um aumento de capital na Caixa Geral de Depósitos? O banco público precisa de mais uma recapitalização — o valor pode chegar aos 4.000 milhões de euros — mas há dúvidas sobre se a Comissão Europeia deixará passar a operação, caso considere que se trate de uma ajuda de Estado.

Esta segunda-feira, em declarações à TSF, a comissária europeia da Concorrência, Margrethe Vestager explica em que condições uma operação de recapitalização da Caixa poderia ser aprovada à luz das regras europeias.

Como uma questão de princípio, um Estado pode investir. Não tem de ser necessariamente ajuda de Estado. Se o Estado investir como um investidor privado o faria, bem isso é excelente para nós e, claro, não é ajuda de Estado”.

Nestas declarações, em que não se refere ao caso concreto da Caixa Geral de Depósitos, a responsável assegura ainda que não há um preconceito quanto ao investimento público, “somos neutros em termos de propriedade” e afasta qualquer decisão de natureza política em relação à apreciação deste tipo de operações. A única análise que é feita, acrescenta, prende-se com critérios legais.

Um investimento com critérios privados significa para Bruxelas que terá de ser um investimento rentável, ou seja remunerado a prazo. Mas não basta a Caixa apresentar lucros — o banco do Estado tem tido prejuízos nos últimos anos com a exceção do resultados que beneficiaram da mais-valia com a venda da Fidelidade. É preciso remunerar de forma adequada o capital investido pelo Estado — entre 8% a 10% ao ano é um indicador de referência para a Comissão Europeia.

E para convencer Bruxelas de que o investimento será feito numa ótica de investidor privado, sobretudo quando a operação exclui capital privado e conta apenas com dinheiros públicos, será provavelmente necessário acelerar na redução de custos, o que significa mais uma reestruturação no banco do Estado que nos últimos anos já reduziu a sua dimensão, em particular na área internacional (Espanha) e nos negócios não bancários, com a venda de participações e das operações de saúde e seguros.

“Os únicos casos em que temos um papel a desempenhar são, obviamente, quando o dinheiro dos contribuintes é usado de uma forma que não similar à forma como um investidor privado usaria o dinheiro”, sublinha ainda a comissária da concorrência.

Esta necessidade, combinada com rácio de capital mais exigentes e a incapacidade demonstrada em regressar aos lucros — ainda no primeiro trimestre, o banco perdeu 74 milhões de euros, empurram para a CGD para um novo aumento de capital, como aliás avisou já o auditor da instituição.

Fonte oficial da DG Comp contactada pelo Observador na sexta-feira sobre o processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e a a sua apresentação e avaliação por parte da Comissão Europeia, não fez comentários.

Outra matéria que Portugal está a discutir com a União Europeia é a forma de contabilizar a recapitalização da Caixa Geral Geral de Depósitos que o governo de Mário Centeno quer que seja classificada como uma operação financeira, que iria à dívida, mas não ao défice público de 2015.

Vitorino defende capitalização pública da Caixa no quadro de um plano de reestruturação

Segunda-feira, Junho 6th, 2016

Citamos

Radio Renascença

Os comentadores do programa “Fora da Caixa” comentam o caso Banif à luz da falta de explicações de Bruxelas e Frankfurt perante os deputados da comissão de inquérito em curso na Assembleia da República.

As ajudas de estado são licitas e legitimas se um investidor privado, colocado perante condições de reestruturação da instituição que vai beneficiar dessa ajuda de estado, teria feito esse investimento”, explica o jurista, especializado em questões europeias.

No caso da Caixa Geral de Depósitos, não está em causa uma discriminação por se tratar de um banco público, diz Vitorino.

“O Estado deve poder capitalizá-lo na medida em que perante o seu plano de reestruturação – e haverá um plano de reestruturação, sobre isso não vale a pena ter grandes dúvidas – um investidor privado teria lá posto o seu dinheirinho para viabilizar o negócio se a Caixa fosse privada”, argumenta o recém-nomeado administrador do Santander Totta.

Em defesa dos pequenos países

O antigo comissário europeu defende que as actuais regras europeias das ‘ajudas de Estado’ servem para proteger os pequenos países.

“Os grandes países têm uma enorme capacidade financeira para fazer ajudas de estado. Se não houvesse regras comuns sobre ajudas de estado, obviamente França ou Alemanha teriam um músculo financeiro muito superior ao de Portugal para intervirem no mercado e criarem artificialmente uma rede de protecção das suas empresas. Outra história é saber se estas regras que estão em vigor sobre ajudas de estado para o sector financeiro são suficientemente flexíveis e adaptáveis a uma situação de crise como a que vivemos. Sobretudo quando a crise é assimétrica “, complementa António Vitorino na Renascença.

Espargatas na União Bancária

Discutindo as lições do caso BANIF, com forte intervenção da Comissão e do Banco Central Europeu, Pedro Santana Lopes observa que “o BCE decidiu o que decidiu e agora quem tem que ir negociar em Bruxelas em Frankfurt e a resolver cá dentro é o Governo. É difícil conceber essa falta de articulação”.

O antigo primeiro-ministro considera que as regras em vigor na União Bancária ficam a meio caminho. “Ou tudo estava mutualizado ou não estava nada”. Numa imagem desportiva, Santana Lopes fala numa “espargata praticamente impossível” de consequências muito dolorosas “e que rasgam vários tecidos pelo meio”.

António Vitorino concorda que o “caso Banif” coloca em evidência que “no limite” estas são decisões europeias com consequências nacionais. “É um absurdo”, conclui o antigo comissário europeu. “A decisão é tomada centralmente, seja Bruxelas ou Frankfurt, mas depois é fácil tomar decisões quando é no corpo de outro”.

Mesmo com o fundo de resolução em criação, o sistema não responde ainda à realidade do sistema financeiro. “Infelizmente fomos os pioneiros também nesta matéria”, acrescenta Vitorino.

Portugal deve lutar por outras soluções

O comentador da Renascença considera que a decisão de resolução de um banco é “extremamente drástica” e revela “falta de estádios intermédios” para garantir uma solução com menores custos para contribuintes, depositantes e accionistas dos bancos.

“Há três modelos: liquidação, resolução e banco sólido. Entre resolução e o banco sólido não há nada, há um vazio. Isso é um problema europeu, não é só português. Um banco ou é sólido ou vai para resolução. Não pode ser. Deveria haver uma margem de intervenção das autoridades públicas para permitirem que um banco que esteja numa situação vulnerável não tenha que ser forçosamente empurrado para a solução de resolução”, argumenta António Vitorino para quem a solução pode passar por um “plano de reestruturação com sustentação pública durante um período de transição”.

A solução intermédia deve ser conquistada no plano europeu por estados-membros e “desejavelmente Portugal pela sua amarga experiência”, sugere António Vitorino.

“Se chegar à conclusão que as soluções são demasiado maniqueístas deve ser o estado português a tomar a iniciativa de levantar o problema”, reforça o antigo comissário europeu.

Catroga ficou com sensação que Banif teve solução pré-configurada

Sábado, Maio 7th, 2016

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Negócios

É um dos signatários do manifesto para a reconfiguração da banca. Em entrevista à TSF, Eduardo Catroga, ex-ministro das Finanças, deixa dúvidas sobre os processos de venda do Banif e Novo Banco.

O ex-ministro das Finanças e actual presidente do Conselho Geral e Supervisão daEDP foi um dos signatários do manifesto para a reconfiguração da banca. Diz que só assinou depois do ajustamento que pediu em relação à capitalização da Caixa Geral de Depósitos.

Admite e diz que mantém que a Caixa devia abrir uma parte do seu capital, à pequena poupança individual e em bolsa. “Mantenho essa posição a prazo, agora não estão criadas condições”. E mantém esta posição por acreditar que a disciplina e as regras dos mercados de capitais poderiam impedir o poder político de interferir no banco público como diz ter acontecido em alguns momentos. Mas nesta fase, em que isso não é possível e em que a Caixa é 100% pública, Catroga assume a defesa do Governo, ao dizer que o Estado português devia poder capitalizar o banco tal como os privados o fazem nos seus bancos. O mesmo já disse António Costa, primeiro-ministro. Afirmações que têm como alvo a Direcção-Geral de Concorrência da Comissão Europeia, muito restritiva na aceitação de entrada de dinheiro dos estados nas empresas, nomeadamente na banca.

“O estado não pode ter essa restrição”, declarou em entrevista transmitida este sábado, 7 de Maio, na TSF.

Ainda sobre a banca, Catroga mostrou-se “como português revoltado com os trâmites e metodologia no caso Banif”. E vai mais longe, tendo como preocupação a transparência, assume que a solução de venda “seja aberta, dentro das regras europeias, do sistema bancário, mas não seja uma solução com desenho pré-configurado, construído na secretaria”, que, acrescentou, “foi a sensação que ficou em relação ao Banif”.

E é por isso que teme que aconteça o mesmo em relação ao Novo Banco. “O banco não deve ser vendido a trouxe-mouxe” e por isso sustenta que a sua venda não pode ser precipitada “É preciso dar tempo ao tempo. A pressa é má conselheira”.

Afinal porque pagámos 3.000 milhões?

Sexta-feira, Janeiro 29th, 2016

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Negócios Opinião André Veríssimo

Quando os contribuintes são chamados a entrar com 3.000 milhões de euros num banco, manda a probidade que exista total transparência sobre o que se passou e sejam apuradas todas as responsabilidades.

E há muitas questões por responder. Porque se precipitou a resolução do Banif naquele domingo? Não é indiferente. Isso serviu os interesses de alguém. E por alguém se ter servido disso podem …

Estado gastou 6,8 mil milhões com empresas públicas e Banif

Terça-feira, Janeiro 26th, 2016

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Negócios

Entre empréstimos e dotações de capital, o Estado aplicou 6,8 mil milhões de euros em empresas públicas e bancos. Banif e Infraestruturas de Portugal em destaque no balanço revelado pela Direcção-geral do Orçamento.

Banif Infraestruturas de Portugal, CP, Metropolitano de Lisboa, Metro do Porto: são várias e conhecidas as empresas e instituições financeiras que, entre empréstimos e injecções no capital, necessitaram de dinheiro público para funcionarem em 2015.

Ao todo, o Estado teve de mobilizar 6,8 mil milhões de euros (cerca de 2,1% do PIB) para financiar despesas com activos financeiros, revelou a Direcção-Geral do Orçamento (DGO), no boletim de execução orçamental de Dezembro, publicado a 25 de Janeiro.

“No conjunto do ano, as dotações de capital ascenderam a 4.844,5 milhões de euros” contabiliza a DGO, que destaca como “principais beneficiárias as instituições financeiras (1.768 milhões de euros) e as empresas públicas [com 2.907 milhões de euros]”. Em 2015, o Banif recebeu 1.766 milhões de euros de fundos do Tesouro antes de ser vendido ao Santander, a que se juntam as dotações para “a Infraestruturas de Portugal, S.A, (1.617,2 milhões de euros), a CP – Comboios de Portugal, E.P.E. (683,5 milhões de euros), a Parpública S.G.P.S., S.A. (295 milhões de euros), o Metropolitano de Lisboa, E.P.E. (189,3 milhões de euros) e a Companhia Carris de Ferro de Lisboa, S.A. (116 milhões de euros)”.

Este não foi o único dinheiro injectado no Banif. Antes de ser vendido, o banco recebeu ainda 489 milhões de euros do Fundo de Resolução, o qual teve de pedir esse dinheiro emprestado ao Tesouro, uma operação que justifica mais de um quarto dos quase 1,9 mil milhões de euros que o Ministério das Finanças teve de mobilizar para empréstimos de médio e longo prazo as empresas em 2015.

“Os empréstimos de médio e longo prazo totalizaram 1.874,7 milhões de euros, sendo os principais destinatários o Fundo de Resolução (489 milhões de euros), o Metro do Porto, S.A. (549 milhões de euros), a PARVALOREM, S.A. (285,3 milhões de euros), a PARUPS, S.A. (83,7 milhões de euros), a Parparticipadas, SGPS, S.A. (39,5 milhões de euros), a Região Autónoma da Madeira, no âmbito do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro, (319,3 milhões de euros) e os municípios”, explicita a DGO

Santander pagou 1.000 milhões de apoio de liquidez ao Banif

Terça-feira, Janeiro 19th, 2016

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Negócios

Menos de 10 horas após ter adquirido o Banif, o Santander Totta pagou os mais de 1.000 milhões de apoios de liquidez de emergência que o banco tinha usado para compensar a fuga de depósitos. Reembolso teve de ser feito na manhã em que o Santander tomou conta do Banif.

Menos de 10 horas depois de o Banco de Portugal ter decidido vender o Banif aoSantander Totta, o banco liderado por António Vieira Monteiro teve de devolver os mais de 1.000 milhões de euros de apoios de liquidez de emergência que …

Estado podia ter poupado até mil milhões no Banif

Sábado, Janeiro 16th, 2016

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Jornal de Notícias

O Estado podia ter poupado até mil milhões de euros no montante que injetou no Banif, caso tivesse optado por imputar perdas aos investidores com obrigações seniores, segundo disse à Lusa fonte europeia.

A resolução aplicada ao Banif em dezembro custou aos cofres do Estado 2,2 mil milhões de euros (além da prestação de garantias que poderão ser acionadas e custar até 746 milhões de euros), mas esta fatura poderia ter sido inferior entre 500 e mil milhões de euros, caso o Governo tivesse “imputado perdas aos credores seniores”, que pela lei são mais protegidos.

Na resolução decidida em dezembro, as autoridades portuguesas – Governo e Banco de Portugal – decidiram aplicar “um resgate interno mínimo” (o chamado “bail-in”), imputando perdas aos acionistas e obrigacionistas subordinados (menos protegidos) que ficaram no “banco mau” do Banif.

No entanto, de acordo com as regras portuguesas, era possível que esse resgate interno tivesse chegado também aos obrigacionistas seniores, disse a mesma fonte europeia. Essa possibilidade já está prevista no regime geral de instituições de crédito português, mas foi reforçada com a entrada em vigor do Mecanismo Único de Resolução Bancária, a 1 de janeiro, que define que antes da entrada de capital público tem de haver um resgate interno (acionistas, obrigacionistas e depositantes acima de 100 mil euros), até perfazer 8% do passivo.

Aquando do resgate do Banif, a 20 de dezembro, o contrarrelógio para encontrar uma solução antes do fim de 2015 foi referido como tendo precisamente que ver com a entrada em vigor desta nova legislação europeia, para evitar que obrigacionistas seniores fossem chamados a pagar parte de uma eventual resolução.

O tema das obrigações seniores tem estado na ordem do dia, depois de o Banco de Portugal ter decidido, a 29 de dezembro, passar para o BES a responsabilidade pelas obrigações não subordinadas ou seniores por este emitidas, destinadas a investidores institucionais e que, na resolução do banco da família Espírito Santo, a 3 de agosto de 2014, tinham ficado sob a responsabilidade do Novo Banco.

Com esta medida – que reverteu a que tinha sido inicialmente tomada -, a instituição liderada por Carlos Costa imputa potencialmente perdas aos credores seniores, uma vez que é provável que o “banco mau” (BES) não tenha capacidade financeira para assegurar o pagamento de capital e juros. No final de 2014, o BES registou prejuízos de nove mil milhões de euros.

A medida tem sido criticada pelos obrigacionistas (que prometem contestá-la nos tribunais), mas também pelo próprio Governo, que se afastou da decisão do Banco de Portugal, assim como pelo Banco Central Europeu (BCE), que atribuiu a responsabilidade “em exclusivo” à entidade liderada por Carlos Costa. No caso do Banif, de acordo com a medida de resolução, o Santander Totta ficou com a responsabilidade de pagamento de emissões de obrigações seniores e de obrigações hipotecárias. v

O custo externo de duas decisões internas

Terça-feira, Janeiro 12th, 2016

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Exxpresso Opinião Nicolau Santos

Uma gestora de ativos norte-americana e um grupo espanhol não gostaram de uma decisão do Banco de Portugal e outra do Governo. Para lá das razões que invocam, o que importa é se esta contestação pode beliscar a imagem do país e afastar potenciais investidores estrangeiros.

No primeiro caso está em causa a decisão do Banco de Portugal de transferir cinco emissões de obrigações seniores do Novo Banco para o BES “mau”, quando existiam 54 nestas condições. O banco central justifica-se dizendo que a seleção resultou do facto de tais emissões serem dirigidas diretamente a investidores qualificados e não a investidores do retalho.

Atingida por esta situação no montante de €228,6 milhões, a Pimco, uma das maiores gestoras de ativos do mundo, é dura nas palavras (“Nunca vimos nada como isto. Nem na Grécia.”), na avaliação (“Parece haver uma discriminação contra os investidores internacionais face aos investidores domésticos”) e no recurso aos tribunais (“Vamos ser altamente reativos. Vamos tentar rever a decisão ou obter uma compensação”). Também a Black Rock, a maior gestora de ativos do mundo, regista perdas potenciais de €254,1 milhões.

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