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PSD promete relatório do inquérito ao Banif que “impeça que a situação se repita”

Quinta-feira, Janeiro 25th, 2018

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Diário de Notícias da Madeira

O grupo parlamentar do PSD-M recebeu, na Assembleia Legislativa da Madeira, uma delegação da Associação de Lesados do Banif (ALBOA) para analisar os últimos desenvolvimentos do processo, nomeadamente a aprovação, na Assembleia da República, de resolução que pedem ao governo que tome medidas para resolver o problema. Medidas que deverão passar para constituição de uma comissão e um tratamento semelhante aos dos lesados do BES.

Jacinto Silva, da ALBOA, não tem dúvidas de que os lesados do Banif, um banco de capitais maioritariamente públicos, foram tratados de maneira diferente em relação aos do BES, um banco privado.

João Paulo Marques, deputado do PSD, lembra as sucessivas promessas do primeiro-ministro, António Costa, de que seria encontrada uma solução para os clientes do Banif que no entanto, passados dois anos, ainda não apareceu.

“O PSD continua empenhado, na comissão de inquérito ao Banif (na ALM), em produzir um relatório final que impeça que situações destas se repitam”, promete.

Deputado do PSD lamenta demora na resolução dos problemas dos lesados do Banif

Quarta-feira, Janeiro 17th, 2018

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Diário de Notícias

O deputado do PSD na Madeira José Prada lamenta que 3.500 obrigacionistas do Banif continuem à espera de justiça, dois anos após o Governo da República e o Banco de Portugal terem decidido a resolução do banco.

Ao intervir hoje na sessão plenária no período antes da ordem do dia na Assembleia Legislativa da Madeira (ALM), José Prada, também representante dos lesados na ALBOA – Associação dos Lesados do Banif, Obrigacionistas e Acionistas, criticou a “inação de um Estado autista, desonesto e desleal” para com os depositantes que disse terem sido “aldrabados” por produtos bancários de um banco cujo capital social, na altura, era 61% detido pelo Estado, onde tinha dois administradores.

“Não foi apenas o sistema que aldrabou os milhares de portugueses, foi o Banco de Portugal, a Comissão do Mercado de Valores Imobiliários, o Governo Central, o Santander e a Oitante”, disse, salientando que “até à data, nada foi feito” e reivindicando “uma intervenção célere do Estado”, salvaguardando os interesses dos depositantes, tal como o fez em relação ao Banco Espírito Santo (BES).

José Prada lembrou que o primeiro-ministro, António Costa, “já prometeu resolver a situação, mas não passa de intenções e, até hoje, nada fez”.

Devido ao colapso da instituição bancária, o Banif foi adquirido pelo Santander Totta em dezembro de 2015 por 150 milhões de euros, na sequência de uma resolução do Governo da República e do Banco de Portugal, através da qual foi criada a sociedade-veículo Oitante, para onde foi transferida a atividade bancária que o comprador não quis.

Neste processo há cerca de 3.500 obrigacionistas subordinados, na maioria madeirenses, muitos dos quais emigrantes, que perderam 263 milhões de euros. Além destes, há ainda a considerar 4.000 obrigacionistas Rentipar (‘holding’ através da qual as filhas do fundador do Banif, Horácio Roque, detinham a sua participação), que investiram 65 milhões de euros, e ainda 40 mil acionistas, dos quais cerca de 25 mil são também oriundos da Madeira.

No sábado, a deputada Rubina Berardo, eleita pelo círculo da Madeira, anunciou que o grupo parlamentar do PSD na Assembleia da República vai viabilizar uma proposta de resolução sobre os lesados do Banif e do BES-GES que será discutida na sexta-feira na Assembleia da República.

A este propósito, José Prada apelou aos deputados na Assembleia Legislativa da Madeira do PS, BE e do PCP para que intercedam junto dos respetivos diretórios nacionais para que apoiem, no parlamento nacional, a resolução social-democrata.

O deputado do CDS/PP a esta assembleia Rui Barreto revelou também que o partido vai igualmente apresentar no parlamento nacional uma proposta de resolução para a criação de uma Comissão Arbitral sobre esta matéria.

PSD apoia proposta sobre lesados do Banif e do BES apresentada por deputados madeirenses

Domingo, Janeiro 14th, 2018

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Diário de Notícias

O grupo parlamentar do PSD na Assembleia da República vai viabilizar uma proposta de resolução sobre os lesados do Banif e do BES-GES, apresentada na sexta-feira pelos três representantes social-democratas madeirenses, disse hoje a deputada Rubina Berardo.

“O grupo parlamentar do PSD irá viabilizar a nossa proposta e, realmente, no nosso partido, temos a pluralidade também na iniciativa legislativa e esse é um fator positivo em democracia”, afirmou Rubina Berardo, em conferência de imprensa na sede do PSD, no Funchal.

A deputada madeirense explicou que a proposta de resolução visa encontrar uma solução para cerca de 1.000 lesados do Banif e do Banco Espírito Santo (BES)-Grupo Espírito Santo (GES) que não foram abrangidos pela Lei n.º 69 de 2017, que regula os fundos de recuperação de crédito.

“O PSD/Madeira sublinhou, desde o primeiro dia, muita preocupação pelos lesados que ficavam excluídos no âmbito dessa lei e este projeto de resolução, que demos entrada ontem [sexta-feira], vai ao encontro dessa necessidade”, disse.

Por outro lado, sustentam que o executivo deve “investir na utilização do mecanismo das comissões arbitrais”, como meio “viável e célere” para ver até que ponto é possível enquadrar os lesados não qualificados na Lei n.º 69 de 2017.

“Já é o terceiro ano de governo do PS e o Governo já não se pode escudar como se fosse o primeiro dia de mandato. Já está no terceiro ano, já está na hora de resolver esta matéria, porque há um sentimento profundo de injustiça perante aqueles lesados”, disse Rubina Berardo.

A deputada vincou, ainda, que a proposta de resolução visa sobretudo lesados que são emigrantes, nomeadamente na África do Sul, Venezuela e França.

“Se queremos restabelecer a confiança no setor bancário, temos também de restabelecer a confiança junto daqueles que sofreram muito com a resolução dos bancos em Portugal, especialmente no caso do Banif, onde há fortes indícios de más práticas de comercialização de produtos financeiros”, disse.

Banif: PSD/Madeira diz que PS dá “pancadinhas nas costas” depois de chumbar alterações à lei

Sábado, Julho 29th, 2017

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Diário de Notícias

A deputada do PSD/Madeira à Assembleia da República Rubina Berardo acusou hoje o PS de dar “pancadinhas nas costas dos lesados do Banif” depois de os socialistas terem chumbado na especialidade as alterações à lei de recuperação de créditos.

Numa iniciativa política junto à ex-sede do Banif, hoje Santander, no Funchal, a deputada recordou que as propostas de alteração que os parlamentares do PSD da região apresentaram, no sentido no sentido de abranger não só os lesados do BES — Banco Espírito Santo, mas também os do Banif — Banco Internacional do Funchal, “foram todas chumbadas”.

“Carlos Pereira [presidente do PS/Madeira] também recebeu a associação [ALBOA – Associação dos Lesados do Banif], mas depois, na votação, perdeu a oportunidade de estar ao lado de uma solução para os lesados do Banif”, afirmou.

Na quinta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, disse, no Funchal, que os lesados do Banif fizeram confiança num sistema que os aldrabou e reafirmou que há vontade política do Governo em resolver a situação.

A criação dos fundos de recuperação de crédito, veículo essencial para avançar com a indemnização aos mais 2.000 clientes do BES que perderam 400 milhões de euros com a compra de papel comercial, foi aprovada, na especialidade, no parlamento, no dia 14 de julho.

O Santander Totta adquiriu o Banif por 150 milhões de euros em dezembro de 2015, na sequência de uma resolução do Governo da República e do Banco de Portugal, através da qual foi criada a sociedade-veículo Oitante, para onde foi transferida a atividade bancária que o comprador não adquiriu.

Neste processo, cerca de 3.500 obrigacionistas subordinados, em grande parte oriundos da Região Autónoma da Madeira, perderam 263 milhões de euros.

Declaração de voto do PSD no relatório final da Comissão de Inquérito ao Banif

Sexta-feira, Outubro 14th, 2016

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Declaração de voto do PSD

PSD vota contra relatório Banif e critica “rolo compressor da maioria”

Sexta-feira, Julho 29th, 2016

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Público

Carlos Abreu Amorim defendeu a inclusão de cinco pontos nas conclusões da comissão de inquérito. Três deles são acusações ao actual Governo.

Os três deputados do PSD que integraram a comissão de inquérito ao Banif sentaram-se à frente dos jornalistas, na quente sala de imprensa do Parlamento, pouco mais de três horas antes de se iniciar a discussão, e votação, do relatório final, da autoria de Eurico Brilhante Dias, do PS. Nesta quinta-feira, Carlos Abreu Amorim, ao centro, ladeado por Miguel Morgado e Marques Guedes, começou por comparar as duas últimas comissões de inquérito a bancos.

Enquanto o inquérito parlamentar ao BES “correu bem”, na opinião do deputado do PSD, porque havia então “uma maioria que soube ser maioria”, e que “respeitou os direitos da minoria parlamentar”, desta vez tudo foi diferente. Na comissão Banif, acusa Abreu Amorim, “desde o início até ao fim”, os deputados do PSD queixam-se de um “rolo compressor da maioria”. Uma espécie de “bloco de esquerda alargado”, prosseguiu o coordenador do PSD, na sua linguagem povoada de imagens e adjectivos, que lhe provocou esta impressão desfavorável na comparação com o passado do BES.

Os deputados do PSD reuniram-se na quarta-feira, à tarde, com o relator e apresentaram as suas sugestões de alteração. “Julgamos que com algumas alterações seria possível conquistar a abstenção do PSD”, adiantou Amorim aos jornalistas. Mas, na opinião do PSD, houve uma “abertura muito limitada” para alterar o documento no sentido pretendido. E, por isso, o voto do PSD “não podia ser outro”.

Bloco e CDS sugerem alterações a relatório Banif

O PSD queria incluir cinco conclusões diferentes no relatório. Em primeiro lugar, queria que o texto sublinhasse as “melhorias significativas no banco, desde a recapitalização de 2012 até Dezembro de 2015”, precisamente o tempo em que o assunto foi gerido politicamente pelo Governo de que o PSD fez parte. O deputado queixou-se, com razão, da falta de elementos contabilísticos sobre este período que permitissem aos deputados avaliar em toda a sua extensão os registos fundamentais do Banif. Mas essa informação completa acabou por não chegar ao Parlamento. Abreu Amorim atribui esta lacuna à recusa de PS, BE e PCP em aprovar uma “auditoria externa”.

O segundo dos “pontos fundamentais” a incluir no relatório, para o PSD, é o do  “papel da crise política” no desfecho do banco. Abreu Amorim garante que existia, com o Governo anterior, uma “linha de rumo estratégica” e que esta terá sido “abandonada” pelo actual Executivo. E que o período de incerteza a seguir às eleições de Outubro fez com que as instituições europeias endurecessem a sua posição.

A terceira exigência do PSD era uma nota que registasse a “capitulação do Governo” de António Costa face às exigências de Bruxelas.  A quarta responsabiliza a célebre notícia da TVI, a que o PSD atribui um papel fulcral na liquidez do Banif. “Como é possível que um relatório que se pretende sério passe uma esponja sobre esta matéria? A notícia da TVI foi um instrumento fundamental para a fonte e para as suas intenções: servir de base justificativa à resolução”, acusou o coordenador do PSD. Para Abreu Amorim, o que o relatório diz sobre este assunto é “extraordinário”. O “relator negou-se a colocar o que nós gostaríamos que fosse colocado”. “É como se António envenenasse Bernardo. Ficou provado tudo, mas o tribunal não conclui que houve homicídio porque Bernardo ia morrer à mesma”, ilustrou o deputado.

O quinto e último ponto diz respeito à “atitude do Governo” ao longo dos trabalhos da comissão, e mais especificamente a um dos seus membros: Mário Centeno, que para o PSD, “sonegou documentos e entrou em contradições e inverdades”. O ministro teve ainda, segundo esta opinião, uma “atitude totalmente irresponsável”, sobre o Banif e sobre outros bancos, como a CGD e o Novo Banco. “É impressionante que um ministro das Finanças seja um elemento perturbador do sistema financeiro do país. Teve uma prestação enganosa e desastrosa em todo este processo.”

Sem querer pedir a demissão de Centeno, que o PSD diz ser um “risco”, “enquanto se mantiver em funções”, Abreu Amorim, e Marques Guedes, lembraram que a escolha de ministros é uma competência não só do primeiro-ministro, António Costa, mas também do Presidente da República.

PS “branqueia a incapacidade” de Costa face a Bruxelas

Quarta-feira, Julho 27th, 2016

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Diário de Notícias

PSD não poupa críticas ao relatório preliminar do Banif feito pelo socialista Brilhante Dias. Esquerda aceita conclusões

O tom beligerante das críticas feitas ontem pelo PSD ao relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito ao Banif indicia a dificuldade do esforço do Presidente em fazer baixar a temperatura política no país.

No dia em que Marcelo Rebelo de Sousa recebia os partidos com o objetivo assumido de deitar água na fervura do combate político (ver páginas 10 e 11), o deputado social-democrata Carlos Abreu Amorim manteve a intensidade dos ataques: o relatório do socialista Eurico Brilhante Dias revela “o pecado capital de uma parcialidade política evidente”.

“É inaceitável uma omissão de críticas ao atual governo”, além de que o texto “passa em branco a prestação enganosa” do ministro das Finanças na comissão de inquérito, “branqueia a incapacidade, talvez a capitulação, do atual governo face à escalada das exigências” de Bruxelas, “ignora que existia uma linha de rumo” para o Banif definida pelo anterior executivo e que “foi abandonada pura e simplesmente”, declarou Carlos Abreu Amorim, antecipando o teor da declaração de voto que o PSD apresenta na quinta-feira se as suas propostas de alteração forem rejeitadas, adiantou o deputado ao DN. Com todos os partidos a anunciarem a apresentação de alterações ao relatório preliminar que serão votadas na quinta-feira, o texto foi bem recebido à esquerda.

Mariana Mortágua (Bloco de Esquerda) elogiou em particular as referências ao papel do Banco de Portugal, que “não foi claro nas posições que foi tomando ao longo do tempo, não foi claro nas ações que tomou para defender o interesse nacional junto das instituições europeias na altura da resolução” do Banif.

Miguel Tiago (PCP) subscreveu o relatório preliminar “no essencial” porque “faz uma boa descrição dos factos e destaca aspetos” que o partido “também destacaria”. O deputado comunista assinalou, contudo, ser “praticamente impossível conciliar a visão dos diferentes partidos sobre a origem dos problemas identificados” no Banif.

À direita, João Almeida (CDS) identificou “uma diferença de tratamento nos diferentes períodos” analisados da vida do Banif, “não só exclusivamente face às tutelas políticas mas também às instituições europeias” – as quais justificariam críticas “mais profundas” do Parlamento.

Quanto ao protesto do PSD contra a falta de documentos requeridos pela comissão de inquérito às Finanças, só o PS se demarcou com o argumento de que esse partido tenta “criar incidentes desde o dia zero”. João Galamba, além de garantir que o ministério de Mário Centeno “não se recusou a enviar” os papéis requeridos, instou os sociais-democratas a “estenderem [o protesto] aos demais” destinatários internacionais que deixaram o Parlamento sem resposta. Outro ponto quente da reunião de ontem assentou nas críticas do PSD e do CDS ao facto de o relator ter apresentado publicamente – e antes de o fazer aos deputados – a versão preliminar no relatório na sexta-feira. Se Abreu Amorim considerou que a decisão do relator “esvaziou” a reunião de ontem, o centrista João Almeida qualificou-a como “absolutamente dispensável”.

João Galamba (PS) reagiu, lembrando que a deputada do PSD Clara Marques Mendes, enquanto relatora da comissão de inquérito aos swaps, também apresentou a versão preliminar do relatório aos jornalistas antes de o fazer aos deputados. “O PSD tem de ver se é consequente ao longo do tempo”, considerou o deputado socialista.

Eurico Dias Brilhante também reagiu, lembrando haver precedentes e explicando por que o fez: evitar uma “fuga selecionada” da informação por parte de um dos mais de 50 destinatários a quem enviara o relatório na véspera. “Entendi que não dizer nada tinha tanto risco como dizer alguma coisa”, observou.

Segundo o autor do relatório da comissão de inquérito ao Banif, os “primeiros responsáveis” pelo sucedido foram os administradores que o geriram de forma “insustentável” até 2012. No entanto, Eurico Dias Figueiredo também responsabilizou o poder político, o supervisor e as entidades internacionais.

A resolução do Banif foi anunciada na noite de 20 de dezembro de 2015, um domingo. O Banco de Portugal e o governo anunciaram também a venda de alguns ativos ao Santander Totta e a transferência de outros (muitos tóxicos) para a sociedade-veículo Oitante, numa operação em que estão envolvidos cerca de quatro mil milhões de euros de ajudas públicas.

DEZ CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

1. As culpas distribuídas por (quase) todos

O relatório preliminar preparado pelo relator socialista Eurico Brilhante Dias começa por distribuir culpas pelos acionistas e pelos gestores do banco até à intervenção. Depois, critica a supervisão portuguesa e europeia, a Direção-Geral da Concorrência e o anterior governo. “Quando temos quatro mil milhões de euros de ajuda é porque quase tudo falhou.”

2. As culpas da gestão e dos acionistas do Banif

Nas suas conclusões preliminares, Eurico Brilhante Dias aponta desde logo o dedo à gestão e aos donos do banco: “Os primeiros responsáveis são os acionistas e aqueles que foram responsáveis pela administração, que conduziram o banco até 2012 para um negócio insustentável, com vários problemas procedimentais que não foram capazes de superar o embate.”

3. Os problemas do banco antes da injeção

Segundo o relator, o Banif apresentava “uma estratégia errada e a contraciclo”, tinha “fragilidades organizacionais e procedimentais”, com um “sistema de informação débil” e “más práticas na gestão do risco”. A isto juntava-se uma “exposição setorial excessiva” e a cada vez mais difícil “captação de recursos”, com prémios cada vez mais elevados.

4. A supervisão do Banco de Portugal

O relatório aponta também o dedo ao Banco de Portugal, não fechando as responsabilidades ao atual governador Carlos Costa, já que lembra que “a supervisão prudencial em particular até 2010 foi ineficaz”. Além disso, o BdP assegurou que o Banif era viável e defendeu a solução que foi seguida pelo então ministro das Finanças, Vítor Gaspar. O recurso à supervisão intrusiva “foi tardia”.

5. A tutela do anterior Ministério das Finanças

Eurico Brilhante Dias lembra no relatório que “o Estado era acionista do Banif desde 2013” e que, mesmo assim, conduziu o banco a um colapso que custou três mil milhões de euros aos contribuintes. “O governo não era apenas o governo, era o acionista, e os acionistas têm a responsabilidade de zelar pelo património, e este é responsável pelo nosso património.”

6. Banco de Portugal não quis banco de transição

O relatório aborda também a questão da criação de um banco de transição extraído do Banif. Esta solução chegou a estar em cima da mesa de Passos Coelho em 2012 mas foi vetada pelo Banco de Portugal. “No seu entender, existia um sério risco material de ocorrerem perturbações suscetíveis de colocar em risco a estabilidade do sistema”, diz o relatório. Em 2014, acabou por ser a opção no BES.

7. A notícia da TVI: criou stress mas não matou

O relatório preliminar refere a polémica sobre a notícia da TVI24 que, em rodapé, garantia que iria ser aplicada uma medida de resolução ao banco, com custos para os depositantes. Ora, segundo as conclusões, a notícia “não era verdadeira, criou um stress na liquidez do banco” mas, porém, não leva a concluir que a “TVI24, por alguma razão, tenha determinado a resolução do Banif”.

8. O Banco Central Europeu e as opções riscadas

Para o deputado socialista, também o BCE partilha responsabilidades no colapso do Banif. “Na forma como o BCE afastou um banco de transição também foi responsável.” Brilhante Dias revelou, aliás, que vai enviar o relatório “para o Parlamento Europeu”, já que “é preciso que as instituições sejam escrutinadas sobre a arbitrariedade que parece transparecer nalgumas decisões”.

9. As propostas finais que nunca o foram

Analisada toda a documentação entregue aos deputados, o relatório preliminar conclui que as quatro propostas pelo Banif que surgiram nas semanas finais apresentavam todas “valor líquido negativo”, pelo que o banco acabou por avançar para a resolução. Nessa altura, o Santander, e dada a urgência em fechar o dossiê, ficou sozinho na “corrida” e tomou o banco.

10. Recomendações feitas pelo relatório

São 16 as recomendações avançadas nas conclusões preliminares, a começar pelo aumento da transparência nas instituições europeias. A alteração de rácios, a clarificação dos modos de funcionamento dos mecanismos europeus de resolução e supervisão ou a separação de poderes do Banco de Portugal, que tanto é supervisor como autoridade de resolução, são algumas das sugestões.

As conclusões alternativas do PSD no inquérito ao Banif: Centeno mentiu e o Governo PS foi incompetente

Domingo, Julho 24th, 2016

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Expresso

PSD vai apresentar um documento com as suas “conclusões gerais” sobre a comissão de inquérito ao Banif. Social-democratas criticam a linha de atuação seguida pelos deputados da esquerda na comissão, apontam baterias a Mário Centeno e acusam o Governo de ter sido incompetente no processo de resolução

O debate promete ser aceso na reunião de segunda-feira. A agenda da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao processo que conduziu à resolução do Banif tem como ponto de ordem a discussão do esboço de relatório final produzido pelo deputado socialista Eurico Brilhante Dias, mas o PSD vai apresentar-se munido de um documento alternativo, com as suas conclusões gerais. E o tom do texto – a que o Expresso teve acesso – tem conclusões diametralmente opostas das que constam na primeira versão do relatório ‘oficial’: para o PSD ficou provado que o Governo liderado por António Costa “não demonstrou sentido de Estado nem competência” no processo de resolução do Banif e que o ministro Mário Centeno “prestou declarações falsas”, “sonegou informações relevantes” e “induziu em erro os deputados” durante os trabalhos da Comissão.

O documento com as conclusões gerais do PSD começa por defender que “o trabalho da CPI ficou, desde o seu início, prejudicado pela posição concertada dos deputados da maioria de apoio ao atual Governo” na inviabilização de “uma auditoria independente ao Banif e às condições da sua resolução”. E aponta baterias sobretudo aos deputados socialistas, a quem acusa de se terem preocupado apenas em “encontrar um bode expiatório” para “desviar atenções” sobre a “justeza e inevitabilidade, ou não, da resolução”. Primeiro na figura do Governador do Banco de Portugal, depois através da ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque.

Além disso, o PSD acusa ainda os deputados do PS, do BE e do PCP de terem optado por “desvalorizar e passar ao lado do apuramento dos factos sobre a criminosa manipulação mediática em que consistiu a notícia da TVI”, a 13 de dezembro de 2015, sobre o alegado fecho iminente do banco.

Um dos únicos pontos em que as conclusões do PSD coincidem com as do esboço de relatório de Eurico Brilhante Dias é na atribuição de culpas às “práticas de gestão negligente no Banif antes da recapitalização” de 2013. Mas a partir daí surgem as divergências. Porque onde o relatório do deputado socialista vê o adiamento da resolução dos problemas do Banif – durante o Governo PSD-CDS – as conclusões do PSD apontam para o sentido contrário. “A situação do Banif melhorou de forma significativa a partir de 2013”, fruto de uma estratégia que “o novo executivo não foi capaz de prosseguir”, refere o documento dos social-democratas.

Acresce a isso, na visão o PSD, o facto de as autoridades europeias terem aproveitado “a instabilidade política resultante do derrube do Governo a 10 de novembro” para forçarem “por ação e omissão, decisões fundamentais para o desfecho do caso Banif”.

“A CPI do Banif demonstrou que o atual Governo não pensou prioritariamente nos interesses dos contribuintes portugueses”, conclui o documento.

O esboço de relatório final de Eurico Brilhante Dias – escolhido para relator desta CPI – foi enviado para os grupos parlamentares na noite de quinta-feira e apresentado pelo deputado socialista no parlamento na sexta-feira de manhã. Nessa apresentação, a má organização estrutural do banco, os erros estratégicos de acionistas e administradores, as falhas na supervisão do Banco de Portugal e os adiamentos e decisões questionáveis do Governo PSD-CDS foram apontadas como bases para a “situação de urgência” que se verificou no final de 2015. E que originou a resolução anunciada pelo atual Governo, a 20 de dezembro de 2015.

PSD acusa PS de leitura “falaciosa”, “lamentável” e “seletiva” no caso Banif

Sexta-feira, Julho 22nd, 2016

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Observador

Carlos Abreu Amorim até achou que o relatório da CPI ao Banif tinha pernas para andar, mas depois de ouvir o relator do PS, afirmou: “As suas palavras deixam-no para além da redenção”.

Poucas horas depois de o socialista Eurico Brilhante Dias ter apresentado as conclusões do relatório preliminar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao Banif, do qual foi relator, o PSD reagiu de forma muito crítica, acusando o socialista de “leitura política seletiva” e “falaciosa”. O deputado Carlos Abreu Amorim classificou as declarações políticas do deputado do PS como “lamentáveis” e disse — em conferência de imprensa realizada esta sexta-feira –, que chegou “a considerar o relatório numa primeira leitura, como tendo uma possível redenção”, mas que depois de ouvir o socialista, “as suas palavras deixam-no para além da redenção”.

Carlos Abreu Amorim, coordenador dos sociais-democratas na CPI ao Banif, admitiu que o relatório — que será discutido na segunda-feira –, “poderia ter pernas para andar, com algumas correções e sobretudo corrigindo lacunas que pareceram prementes numa primeira leitura”. O PSD distingue, assim, o resultado final do relatório de Brilhante Dias, da declaração política do relator. “Julgamos que o senhor deputado deu um passo em falso nesta conferência de imprensa”, afirmou Abreu Amorim, por considerar que um “esforço meritório” ficou “maculado” pela leitura política que estaria nas intenções do relatório preliminar. “Parece que este Governo foi simplesmente vítima de acontecimentos que não controlava”, afirmou, referindo que Brilhante Dias teve“lacunas intencionais”, por exemplo, ao não referir a notícia da TVI que levou à fuga em massa dos depósitos do banco.

A partir daqui, Carlos Abreu Amorim passou também ao ataque e à responsabilização do Governo socialista pelo resultado final do caso Banif. “O deputado Eurico Brilhante Dias esqueceu-se de dois aspetos essenciais:esqueceu-se que o Governo anterior deixou em cima da mesa para o Banif uma linha de rumo, uma estratégia, um plano de reestruturação conhecido como o plano N+1, que estava a ser negociado com as entidades europeias”. Disse até, que esse plano tinha sido acolhido “com entusiasmo, num primeiro momento, pelo ministro das Finanças, Mário Centeno”.

A seguir, questionou o “abandono desse plano, sem que nunca ninguém tivesse percebido porquê”. O social-democrata acusou o Governo de ter ficado “sem linha de rumo”, como “uma barata tonta”:

Vários foram os depoimentos, vários foram os documentos que recebemos e nunca percebemos porque é que o Governo desistiu dessa estratégia e dessa linha de rumo. Ao desistir dessa estratégia, ficou sem nenhuma. O Governo ficou como uma barata tonta, à mercê do que veio a suceder, que foi ceder desistir e ajoelhar-se perante quaisquer imposições que lhes fossem colocadas, no curto espaço de tempo, no prazo que lhe também foi imposto.”

No mesmo registo, Carlos Abreu Amorim disse que Brilhante Dias se esqueceu “de forma extraordinária”, que a resolução do Banco foi “corporizada” por António Costa e por Mário Centeno. E recordou que o primeiro-ministro fez “uma alocução ao país, em que assumiu com grade ênfase, esta resolução”, responsabilizando António Costa pelo desenho da solução, pelo seu “conteúdo e perímetro”. Ou seja, o deputado do PSD quis responsabilizar o Governo do PS pelos “vários milhares de milhões de euros que os contribuintes portugueses ficaram a perder na resolução” do Banif, recordando que em casos como o BES houve outro tipo de “preocupação para os salvaguardar”.

Centeno esconde anexos sobre a resolução do Banif

Terça-feira, Julho 19th, 2016

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Expresso

PSD acusa Ministério das Finanças de ocultar documentos trocados com Bruxelas

O email foi enviado no dia 11 de dezembro de 2015, às 18h24. Remetente: o secretário de Estado-adjunto, do Tesouro e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix. Destinatário: o diretor da Comissão Europeia para as ajudas de Estado, Gert-Jan Koopman. Assunto: “Banif Commitments Letter and Annexes”. E é nos anexos — três — que reside o problema. Porque a comissão parlamentar de inquérito (CPI) ao processo de venda do Banif quis aceder aos documentos enviados nesse e-mail, mas o ministro das Finanças, Mário Centeno, recusou-se a entregá-los.

A resposta do Ministério das Finanças ao requerimento da CPI chegou aos deputados na passada sexta-feira, 8 de julho. E o documento, a que o Expresso teve acesso, fundamenta a recusa em dois pontos: a alegação de que os documentos — nomeadamente “a carta de compromissos e o monitoring trustee template agreement” — eram o “mero resultado das negociações em curso, à data, e que foram sofrendo alterações nos dias seguintes”; e o facto de os documentos “Comission Methodology Assessment New Aid” e “Outline by BoP”, serem, respetivamente, da autoria da DGComp (a Direção-Geral da Concorrência da CE) e do Banco de Portugal. Por isso a sua entrega deveria ser requerida a — e autorizada por — estas entidades.

A posição do ministro das Finanças leva o PSD a acusar Mário Centeno de estar a perturbar “de forma deliberada” os trabalhos da CPI. Porque, queixam-se, as razões invocadas para recusar o acesso aos anexos são anuladas pelos poderes da comissão. “O Ministério das Finanças diz que não nos dá os documentos porque são preparatórios, e não finais, e porque são de natureza confidencial. Ora nenhuma destas razões é oponível à CPI”, diz ao Expresso o social-democrata Carlos Abreu Amorim.

CRIME, DIZEM ELES

O deputado que assumiu a coordenação do PSD na CPI do Banif recorda que em anteriores comissões de inquérito — como as do BPN e do BES — nunca foi limitado o acesso a documentos preparatórios de decisões e que mesmo as fronteiras da confidencialidade de documentos já foram esclarecidas por um parecer da Procuradoria-Geral da República que “contraria a argumentação” de Centeno. Por isso, diz Amorim, “a falta de colaboração e o não cumprimento de uma ordem legítima da CPI” colocam o ministro “em vias de poder ser acionado pela CPI pela prática de um crime de desobediência qualificada”.

“A PGR disse que os poderes das CPI são parajudiciais, o que quer dizer que os sigilos não funcionam à partida”, defende, convicto de que os anexos enviados pelo secretário de Estado do Tesouro para Bruxelas “são fundamentais para perceber o que se passou na resolução”.

Até porque, recorda, esta troca de e-mails ocorreu dois dias antes da notícia da TVI sobre a iminente resolução do Banif, que acabaria por constituir-se como uma peça-chave no desfecho do banco. “A documentação que circulou entre o Ministério das Finanças e as entidades europeias pode ter sido dada à TVI. Temos essa convicção”, assume o deputado social-democrata.

Mais do que “condicionar as conclusões” do relatório final da CPI ao Banif — que será apresentado até ao final do mês pelo deputado do PS Eurico Brilhante Dias —, Carlos Abreu Amorim entende que esta resposta coloca em causa a eficácia de futuras comissões. “Se vingar a doutrina expressa nesta recusa do ministro, fica em causa a viabilidade e utilidade política de qualquer outra comissão de inquérito”.

Contactado pelo Expresso, o Ministério das Finanças defendeu que “sempre se manifestou disponível para colaborar” com a CPI e reiterou as explicações dadas na resposta à AR.