Archive for the ‘Obrigações’ Category

Veículo de gestão de ativos do Banif triplica lucros. Sobem para 30 milhões

Terça-feira, Julho 10th, 2018

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Eco

A Oitante, o veículo que foi criado para gerir os ativos do Banif no âmbito da sua resolução, registou lucros de 30 milhões de euros no ano passado. Ou seja, conseguiu triplicar os resultados.

A Oitante, o veículo que foi criado para gerir os ativos do Banif no âmbito da sua resolução, triplicou os resultados no ano passado. A sociedade registou lucros de 30,1 milhões de euros, de acordo com um comunicado do seu único acionista, o Fundo de Resolução.

Em “assembleia geral, foram aprovadas as contas da Oitante relativas ao exercício de 2017, que apresentam um resultado positivo de 30,1 milhões de euros“, lê-se no comunicado da entidade liderada por Máximo dos Santos, publicado pelo Fundo de Resolução na sexta-feira. Em 2016, a Oitante registou lucros de 11,5 milhões de euros. Ou seja, triplicou os resultados.

“Foram aprovadas as contas da Oitante relativas ao exercício de 2017, que apresentam um resultado positivo de 30,1 milhões de euros.”

Fundo de Resolução

Além de ter conseguido aumentar os lucros, a Oitante também procedeu a um reembolso antecipado de parte da emissão de obrigações realizada 2015 — quando o Banif foi alvo da resolução — no montante global de 90,4 milhões de euros, lê-se no relatório e contas de 2017 do Fundo de Resolução.

“Este valor acresce aos reembolsos antecipados realizados ainda no exercício de 2016, no valor global de 90 milhões de euros”, refere ainda a entidade. Um valor a que se junta outro reembolso parcial de 10 milhões de euros já este ano, perfazendo um total de 190 milhões.

A emissão destas obrigações teve como objetivo permitir que a Oitante se financiasse em 746 milhões de euros. E foi com este montante que foram pagos os ativos que passaram para o veículo e que o Santander Totta não quis comprar.

Banif não encontra dossiers de investimento de alguns clientes

Segunda-feira, Maio 22nd, 2017

Citamos

Público

Dossiers de investimento dos obrigacionistas são documentos essenciais para a CMVM avaliar as queixas que recebeu até ao momento.

O Banif ainda não conseguiu encontrar parte dos documentos dos clientes do banco que subscreveram obrigações subordinadas da instituição, soube o PÚBLICO junto de fontes do sector financeiro. Um ‘apagão’ que dificulta o trabalho da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) quando tenta averiguar se a venda desses produtos respeitou todas as regras e, assim, responder às queixas dos investidores que se dizem prejudicados.

O PÚBLICO sabe que nos últimos meses o Banif, o ‘banco mau’ que resultou do colapso da instituição fundada por Horácio Roque, recebeu da CMVM dezenas de pedidos de acesso a processos de investidores de obrigações subordinadas que foram emitidas pela instituição antes da recapitalização pública que decorreu a 31 de Dezembro de 2012, mas também nos três anos que se seguiram, antes do colapso do banco.

O PÚBLICO apurou que o Conselho de Administração liderado por Bracinha Vieira continua a desenvolver diligências para tentar recolher toda a documentação confidencial para a poder reencaminhar para a CMVM, para que esta entidade de supervisão possa avaliar o que se passou com a venda da dívida do banco. Ainda que o liquidatário já tenha dado resposta a cerca de metade dos pedidos, continua sem saber onde param muitos dos dossiers.

Uma fonte não oficial do Banco de Portugal refere que, não estando a documentação no Banif, onde devia estar, ou está perdida nas outras entidades envolvidas na resolução [Oitante e Santander] ou, na pior das hipóteses, pura e simplesmente desapareceu.

Ao contrário do BES, em que toda a documentação sensível ficou centralizada, o Banif foi dividido por três: no banco mau; na Oitante; e no Santander. A actividade residual do Banif, que ficou sem activos e passivos, inclui as filiais do Banif Cabo Verde e do Banif Brasil, assim como todas as contingências legais e fiscais. Já a Oitante foi o veículo criado pelo Banco de Portugal para receber os activos supostamente recuperáveis, mas que o grupo espanhol recusou. O Santander ficou com a parte comercial (não tóxica) e, por essa via, tem vindo a recolher toda a informação que, do ponto de vista do negócio lhe interessa.

Um outro responsável observou que as subscrições obrigacionistas do Banif estão a ser avaliadas caso a caso, cliente a cliente. E já foram detectadas situações diferentes. Não só de misselling, mas também há casos em que as regras foram cumpridas e outras, mais raras, em que o cliente foi aconselhado pelo banco por escrito a não investir e, mesmo assim, optou por o fazer.

No Banif estão em causa várias emissões de dívida, que foram colocadas ao longo do tempo, antes e depois de 2012, quando o Estado injectou 1.100 milhões de euros e se tornou o dono de mais de 90% das acções. Uma das condições desta operação era não pagar as que iriam vencer antes de devolver a ajuda pública.

Depois da recapitalização, em 2013, já com Jorge Tomé à frente do banco, houve uma nova emissão de obrigações seniores tendo os investidores sido reembolsados. Em 2014 tiveram lugar mais dois empréstimos, estes subordinados: um em dólares, de 30 milhões, liquidados em Janeiro de 2015, outro em euros, de 80 milhões, que não foi pago. Um responsável do antigo Banif notou que as duas emissões foram auditadas pela CMVM, que acompanhou todo o processo e a venda, e garantiu que há dossiers com o perfil de cada cliente, considerando legítimo admitir que se não foram encontrados é porque desapareceram.

Em Junho de 2016, depois de ter assumido a parte boa do banco fundado por Horácio Roque, o Santander Totta lançou uma emissão de obrigações subordinadas a 10 anos com um juro de 7,5%. E que se destinou aos credores do Banif menos protegidos, os cerca de 3500 clientes com obrigações subordinadas que ficaram no ‘banco mau’, e que procuram reaver o investimento feito, de 263 milhões de euros. A adesão à operação do Santander não implicou perda dos direitos sobre as obrigações subordinadas que subscreveram do Banif.

Face a estas informações, o PÚBLICO tentou obter esclarecimentos junto da CMVM e do Banif. A entidade de supervisão apenas disse que está a tratar as várias reclamações que recebeu. Já o Banif preferiu não comentar, alegando que se trata de informação sigilosa.

Desde o colapso do Banif, entraram na CMVM mais de mil reclamações de clientes: 883 no âmbito da associação de lesados, a ALBOA, e outras 503 desde Dezembro de 2015.

Banif fazia empréstimos aos clientes que queriam resgates antecipados de obrigações do banco

Domingo, Julho 24th, 2016

Citamos

Económico

“Esta foi uma forma de mascarar o capital do Banif, o Core Tier 1, porque, evidentemente, há RWA [Activos Ponderados pelo Risco] a somar, mas há obrigações subordinadas que não saíram do numerador do rácio de Core Tier 1”, diz o relatório da CPI.

Já o Estado era accionista do Banif quando o banco praticava operações comerciais para mascarar o capital. Quem o diz é a Comissão Parlamentar de Inquérito ao Banif.

Trata-se de empréstimos do Banif com Penhor de Obrigações Próprias do banco. “A esta CPI chegou um caso de um cliente do Banif – dos Açores – que quis transformar em liquidez obrigações do Banif. Essas obrigações foram adquiridas entre Fevereiro e Março de 2013″. O Estado entrou no Banif em Janeiro desse ano.

A questão foi apresentada assim: em “(…) síntese um cliente do BANIF detinha obrigações subordinadas e, em determinado momento – e este «em determinado momento» é entre Março e Abril de 2013, já o Banco tinha sido recapitalizado pelo Estado –, procurou vender essas obrigações ao próprio Banco, ou seja, fazer o resgate dessas obrigações. O Banco colocou uma impossibilidade de isso acontecer, mas propôs ao cliente um empréstimo com juros, dando o cliente como garantia as obrigações e, assim, o Banco ficaria com essas obrigações no fim do empréstimo”, diz o relatório.

Isto é, “o cliente tinha o dinheiro, pagava juros e as obrigações subordinadas eram garantia, obrigações essas, que foram todas «bailinadas» para o banco péssimo – não diria mau”, diz o relatório referindo-se ao Banif Mau que ficou com os activos que foram “queimados” na Resolução do banco no  fim do ano passado.

Entretanto, o cliente continua a pagar juros, neste caso ao Santander,  uma vez que o crédito que contraiu passou para o banco que comprou os activos bons.

Ora “esses activos [créditos] já não estão na mão do BANIF”, por sua vez “o Santander dirá que não encontra essa garantia nos activos que recebeu e, evidentemente, este cliente tomou um empréstimo”

“Esta foi uma forma de mascarar o Core Tier 1 porque, evidentemente, há RWA a somar, mas há obrigações subordinadas que não saíram do numerador do rácio de Core Tier 1. Portanto, (…) é uma forma de mascarar o rácio de Core Tier 1 e, evidentemente, neste momento, temos uma pessoa que, eu diria à partida, é lesada, porque fez um contrato, o Santander não tem a garantia, porque estas obrigações foram «bailinadas» no processo de resolução, esta pessoa continua a pagar empréstimos sobre um dinheiro que, no fundo, foi porque se dirigiu ao Banco e o Banco propôs-lhe um empréstimo em vez de lhe fazer o resgate das obrigações. Isto é grave!”, acusa a CPI.

A comissão insta os reguladores a acompanharem de perto estas práticas, que o Económico sabe não serem uma excepção no sector bancário, e avaliar da sua licitude e legalidade.

“Desde o ponto de vista deontológico – porque também há uma deontologia comercial que deve ser objecto de especial cuidado neste sector – uma acção comercial deste cariz, tal como descrito, levanta dúvidas quanto ao cumprimento adequado de todos os procedimentos emanados pelos reguladores, e que merece um acompanhamento muito particular do Banco de Portugal e da CMVM. Estas instituições pelo seu objecto de natureza regulatória e de supervisão não podem deixar de averiguar se todos os procedimentos legalmente exigidos foram cumpridos e reportar às autoridades competentes, ao Ministério Público, todos os aspectos de natureza criminal que possam daí resultar”, diz o relatório.

O relatório preliminar da CPI ao Banif aprofunda este assunto, dizendo que “a contratualização de empréstimos com obrigações como penhor, numa prática que pode constituir não só uma violação do Despacho – documento distribuído a 17 de Maio de 2015, 1527-B/2013 de 23 de Janeiro, mas também uma tentativa, que deve ser averiguada pelo Banco de Portugal, de ocultação da diminuição de fundos próprios ao abrigo da regulamentação em vigor”.

“Essas operações existem não só sobre as obrigações subordinadas, mas também sobre outros instrumentos”, disse o Presidente do Santander Totta, António Vieira Monteiro.

“Esta prática sugere várias questões que devem ser avaliadas: primeiro, foram uma forma de recomprar/resgatar obrigações próprias num quadro em que essa actividade estaria vedada ao abrigo do Despacho 1527-B/2013. Pelo que esta operação pode ser uma violação do referido despacho, e por isso deve ser alvo de análise e procedimentos adequados por parte das autoridades competentes, em particular o Banco de Portugal, devendo também ser acompanhada pela CMVM já que as obrigações foram emitidas ao abrigo de um prospecto aprovado por esta entidade”.

E, segundo, é importante perceber se estas operações foram devidamente deduzidas de fundos próprios, de acordo com as normas em vigor, permitindo uma adequada informação ao mercado sobre a posição de capital do Banif (a cada momento durante os anos de 2013 a 2015).

A CPI quer ainda que seja avaliada pelas autoridades competentes a questão em torno da informação em posse pela Ministra de Estado e das Finanças “a partir de 12 de Dezembro de 2014, e que não foi transmitida em tempo útil ao Conselho de Administração do Banif quando este preparava uma emissão de dívida subordinada”. Jorge Tomé disse, nesta CPI, “que considerava essa informação relevante e que a teria partilhado, se tivesse tido acesso à mesma, com a CMVM, no momento em que preparava toda a informação a prestar ao mercado, em Janeiro de 2015, para a adequada formação de decisão de investimento por parte dos aforradores”.

Santander Totta lança emissão obrigacionista destinada a ‘lesados’ do Banif

Quinta-feira, Junho 30th, 2016

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Observador

O Santander Totta lançou uma emissão de obrigações subordinadas a 10 anos com um juro de 7,5% destinadas aos clientes com obrigações subordinadas do Banif.

Santander Totta lançou esta quinta-feira uma emissão de obrigações subordinadas a 10 anos com um juro de 7,5% destinadas aos clientes com obrigações subordinadas do Banif, que ficaram no ‘banco mau’ e que por isso poderão não reaver o investimento feito.

Em maio, a Lusa tinha escrito que o Santander Totta estava a tentar encontrar uma solução para compensar, pelo menos parcialmente, o investimento feito pelos obrigacionistas subordinados do Banif, que com a falência do banco são dos credores menos protegidos. Em causa estão cerca de 263 milhões de euros.

Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), em que informa sobre esta oferta pública, o Santander Totta explica que os títulos de dívida têm como maturidade outubro de 2026 e pagam uma taxa anual fixa de 7,5%.

O período de subscrição desta oferta começa a 1 de julho e termina a 30 de setembro e o valor nominal global máximo é de 205 milhões de euros, sendo que se o valor ficar abaixo a oferta continua válida.

Os clientes que investiram em obrigações subordinadas do Banif, mesmo que invistam agora nesta emissão do Santander Totta, não perdem direitos sobre as obrigações subordinadas que subscreveram do banco fundado por Horácio Roque.

Por exemplo, um cliente que investiu 100 mil euros em obrigações subordinadas do Banif continua a ter um crédito sobre esta entidade, enquanto não for reembolsado.

Com a proposta agora apresentada, este cliente pode fazer um novo investimento (no montante máximo do que tinha aplicado em obrigações Banif) mas agora em obrigações subordinadas do Santander Totta. Caso decida investir novamente 100 mil euros, deverá ir buscar o total de 175 mil euros no fim dos 10 anos. Ou seja, há sempre uma perda, mas o investimento inicial é parcialmente compensado.

A 20 de dezembro do ano passado, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif com a venda da atividade bancária ao Santander Totta por 150 milhões de euros e a criação da sociedade-veículo Oitante para a qual foram transferidos os ativos que o Totta não quis comprar.

Com a aquisição de parte do Banif, o Totta ficou também com a responsabilidade pelo pagamento de obrigações emitidas por aquele banco, como as hipotecárias ou não subordinadas.

No entanto, as obrigações subordinadas, que estão menos protegidas, continuaram no Banif S.A., pelo que esses investidores deverão ter muita dificuldade em reaver o dinheiro colo tendo em conta a situação financeira desta entidade.

No comunicado divulgado esta quinta-feira, em que dá conta desta emissão de dívida, o Santander Totta diz que é “alheio a qualquer responsabilidade relativa às obrigações subordinadas emitidas pelo Banif, entidade que permanece com a responsabilidade do respetivo pagamento”, mas que desde a medida de resolução aplicada ao Banif vem “analisando potenciais medidas a apresentar aos seus clientes que subscreveram obrigações subordinadas Banif (…) com vista exclusivamente a fomentar a preservação e consolidação da relação bancária com estes clientes, intenção essa que desde logo tornou pública”.

O Santander Totta diz que, com esta emissão, os clientes que invistam nestas obrigações irão ter “um rendimento a prazo equivalente a cerca de 75% do valor investido pelos clientes que subscreveram obrigações subordinadas do Banif”, e que esta emissão representa “um esforço total de 150 milhões de euros” ao banco.

Já não há Banco de Portugal

Domingo, Maio 29th, 2016

Citamos

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A Estátua do Sal Opinião Nicolau Santos in Expresso Diário 27/05/2016

Cada vez é mais evidente que o Banco de Portugal já não é o Banco de Portugal, mas uma agência do Banco Central Europeu, que atua por ordens de Frankfurt e que, quando decide pela sua cabeça, desculpa-se depois com as ordens que supostamente vêm de fora. Os exemplos já são muitos mas hoje surgiu mais um.

Pelo seu estatuto orgânico, o Banco de Portugal apenas obedece ao BCE. O governador é inamovível e não pode ser demitido pelo Governo, a não ser no caso de falha grave (mas até agora nunca tal aconteceu em nenhum país da União Europeia). E quando o país foi obrigado a cortar duramente em salários e reformas, os funcionários do Banco de Portugal mantiveram-se olimpicamente “a latere” desse esforço.

A primeira grande confusão veio, contudo, com a resolução do BES. Supostamente, o BCE decidiu exigir num fim-de-semana uma linha de crédito de três mil milhões concedida ao banco e impedir o seu acesso para se refinanciar junto do Eurosistema. O Governo PSD/CDS não lutou contra esta imposição, o Banco de Portugal também não e o terceiro maior banco do sistema, na altura já liderado por uma pessoa escolhida e convidada pelo próprio governador, Vítor Bento, foi mesmo riscado do mapa, com prejuízos enormes para milhares de depositantes e acionistas e para a economia nacional.

Não contente com isto o Banco de Portugal voltou a ter uma atuação perfeitamente opaca no caso do Banif, cuja resolução impôs em Dezembro de 2015, depois de ter assistido de forma passiva à aparente degradação da situação, tanto mais que tinha um homem nomeado por si na administração do banco, que depois passou a ser o responsável pela supervisão do banco central. Para além do custo para acionistas e clientes, desta vez os contribuintes também receberam uma fatura de três mil milhões para pagar. E o governador atirou responsabilidades para cima de todos (o presidente do Banif, o anterior e o atual Governo, a Comissão e o BCE), menos para si próprio.

Não contente com isso, o Banco de Portugal decidiu de repente passar cinco emissões obrigacionistas que estavam no Novo Banco para o banco mau, o que atraiu as atenções dos investidores internacionais para a situação do país e pressionou as taxas de juro da dívida pública para a alta, além de criar uma desconfiança acrescida na atração de investimento estrangeiro e novas pressões das agências de rating.

Agora, pelos vistos, o Banco de Portugal quebrou uma regra que se repetia anualmente: entregar os seus dividendos ao Estado em Abril, já que fecha as suas contas em Março. Pois bem, este ano passou essa entrega para Maio, o que está a ser um motivo adicional para em Bruxelas se pedir que o país seja alvo de sanções (pelos resultados de 2015) e que ponha em prática novas medidas (porque a evolução orçamental não está em linha com o previsto).

Disse o primeiro-ministro que, se o Banco de Portugal tivesse entregue as verbas em causa em Abril, a evolução orçamental estaria em linha com o previsto e seria mesmo mais favorável. Mais: explicou que bastaria isso para que o défice estivesse com uma evolução melhor, mesmo que o Banco de Portugal, justificando-se com uma alteração de regras, vá entregar este ano ao Estado apenas um terço do que entregou em anos anteriores.

Ora mesmo sem uma pessoa ser adepto das teorias da conspiração, começam a ser casos demais contra os interesses do país. Ou se levarmos a teoria ainda um pouco mais longe, começam a ser casos demais contra o atual Governo, com que obviamente o governador não compartilha as mesmas opções económicas e ideológicas.

Convenhamos, por isso, que Carlos Costa começa a estar a mais na liderança do Banco de Portugal. Mas como manifestamente não se vai demitir, então talvez seja boa ideia começar a chamar-lhe funcionário superior do BCE e não governador do Banco de Portugal – que, como digo, já não existe. O que há é uma casta de funcionários, que não estão sujeitos às leis do país, liderados por um senhor que está sempre do lado de Bruxelas e Frankfurt – e não de Portugal.

Lesados do Banif nos Açores juntam-se a associação nacional para defender interesses

Domingo, Fevereiro 21st, 2016

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Açoreano Oriental

Clientes do antigo Banif nos Açores decidiram hoje integrar a associação nacional que vai defender os interesses dos lesados daquele banco.

“O que decidimos foi não fazer uma associação só nos Açores, mas fazer uma delegação para ser integrada na associação nacional”, afirmou aos jornalistas o porta-voz da reunião, que juntou cerca de 60 lesados do ex-Banif em Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel.

Carlos Presunça adiantou que a associação deverá ter sede no Funchal, Madeira, a sede do Banif, e uma das primeiras ações a programar é uma “grande manifestação” junto à Assembleia da República, em Lisboa.

“Para que toda a gente veja que nós, Banif, acionistas, obrigacionistas, somos lesados e fomos lesados de uma maneira que não há explicação para aquilo que aconteceu”, considerou, garantindo que os lesados irão lutar por tudo a que têm direito.

Confrontado com as declarações do presidente do banco Santander Totta que esta semana disse que está a ser estudada a situação dos clientes do ex-Banif que subscreveram obrigações subordinadas, que totalizam 3.500 em todo o país com valores de 263 milhões de euros, Carlos Presunça expressou o desejo que “as palavras do sr. presidente sejam realmente o sentimento que corra por parte de toda a instituição financeira Santander”.

“Não nos fecha a porta, diz que está a estudar, quando se está a estudar é porque já há qualquer coisa na manga”, adiantou Carlos Presunça, um dos delegados da associação nos Açores.

Na quarta-feira, após uma audiência com o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, em Ponta Delgada, o presidente do Santander Totta, António Vieira Monteiro, disse que o banco não tem nenhuma obrigação relativamente às obrigações subordinadas.

“O banco é responsável, sim, pelos depósitos, pelas obrigações seniores e pelas obrigações hipotecárias”, mas “não quer dizer, tendo em atenção esta realidade, que para defesa da sua franquia comercial, o banco não esteja a estudar e a ver alguma coisa sobre essa matéria”, declarou António Vieira Monteiro, alertando, contudo, que “os problemas que possam vir a ser resolvidos e a maneira como vão ser resolvidos não quer dizer que seja alguma vez de cem por cento”.

A este propósito, Carlos Presunça sustentou que esta “é uma questão que se terá que falar quando as negociações começarem a ser feitas, se houver negociações feitas diretamente com a associação de lesados” que vai representar todos os lesados, independentemente dos produtos subscritos.

A 20 de dezembro, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif, com a venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros ativos – incluindo ‘tóxicos’ – para a nova sociedade veículo Oitante.

A resolução foi acompanhada de um apoio público de 2.255 milhões de euros, a que se somam duas garantias bancárias do Estado no total de 746 milhões de euros.

O Banif (em processo de reestruturação desde 2012) era o sétimo maior grupo bancário português e líder de mercado nos Açores e na Madeira.

Governo avalia aumento dos combustíveis e sensibiliza Santander para o caso dos lesados do Banif

Terça-feira, Fevereiro 16th, 2016

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Diário de Notícias da Madeira

Miguel Albuquerque tomará a decisão na próxima semana sobre o aumento. O governante também afirmou contactos com a administração do Santander Totta sobre a situação dos lesados do BANIF

O presidente do Governo Regional disse há momentos, em São Vicente, que o seu Executivo está “avaliar” o aumento dos combustíveis na Região decorrente do acréscimo do ISP aplicado pelo Governo da República. À margem de uma visita ao Centro de Saúde, Miguel Albuquerque afirmou que na “próxima semana” tomará uma decisão, mas também referiu que “pensa que isso não irá acontecer, antes pelo contrário”.

Um pouco antes, questionado pelos jornalistas que acompanharam esta deslocação ao Norte da ilha, sobre a situação dos lesados do BANIF que investiram capital em obrigações subordinadas, o governante madeirense sublinhou as diligências que tem desencadeado junto da administração do Santander Totta, num papel influenciador e de senbilização junto desta  instituição de crédito: “Temos tentado sensibilizar os responsáveis do Santander e, neste momento, o banco está a tentar encontrar, é a informação que eu tenho, instrumentos que sejam colocados no mercado no sentido de permitir aos lesados, durante x anos, de poderem ser ressarcidos dos investimentos que fizeram (…) não é uma solução que possa ser apresentada de imediato, não é uma solução óptima, ideal, mas, pelo menos, se for encontrada, como eu espero, será uma possibilidade de ressarcir, ainda que não totalmente, as pessoas afectadas”.

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Santander ficou com “excelente ‘filet mignon’” ao comprar Banif – Bagão Félix

Segunda-feira, Fevereiro 1st, 2016

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Lusa

Bagão Félix considera que a venda do Banif foi “uma forma de recapitalizar o Santander”, que comprou “um excelente ‘filet mignon’”, e não compreende que “o problema seja deixado para uma instituição que não é democraticamente escrutinada”.

Em entrevista à agência Lusa, o antigo ministro das Finanças diz ver “com muita preocupação” a solução encontrada para o Banif, que foi comprado pelo Santander Totta por 150 milhões de euros, no âmbito de uma medida de resolução determinada pelo Banco de Portugal (BdP) em dezembro do ano passado.

Bagão Félix entende que “há muito nevoeiro que tem de se dissipar” e lamenta o “jogo do empurra” de culpas e de responsabilidades, considerando que “todos se empurram uns para os outros, o Banco Central Europeu [BCE] para o BdP, o BdP para o BCE, o Governo para o BdP”, o que faz com que seja “uma responsabilidade muito diluída e muito difusa”.

O antigo vice-governador do BdP afirmou que a solução encontrada para o Banif foi “uma coisa feita à pressa porque no dia 01 de janeiro entrava [em vigor] o sistema de resgate interno”.

“Não há nada como sacrificar os que não têm possibilidade de contestar, que são os contribuintes, que são os que não tem qualquer alternativa e acabam por pagar”, disse, reiterando que há ainda muitas questões por responder.

Bagão Félix recorda que, antes da medida de resolução, os rácios de capital, de solvabilidade e de liquidez imediata do Banif eram “satisfatórios e acima dos mínimos”, que o banco “estava num processo de desalavancagem de ativos”, que foram avaliados a preços que considera “muito distantes da realidade, o que levou à deterioração das condições do banco”.

O economista referiu-se a uma carta “escrita pela principal dirigente supervisora do BCE ao BdP”, em que Frankfurt “dizia que não há mais hipótese, que [a venda] tem de ser nestas condições e para o banco Santander”, e afirmou mesmo que “esta também foi uma forma de recapitalizar o Santander, comprando por 150 milhões de euros um excelente ‘filet mignon’ despojado de tudo o que é mau”.

Para Bagão Félix, isto “não se consegue compreender” e “aqui as coisas carecem de esclarecimento e de transparência, porque de facto a fatura vai para os contribuintes [que] têm de perceber porque pagam esta fatura”.

O ex-governante considera que também quanto ao Novo Banco “se exige alguma explicação”, depois de o BdP ter decidido, a 29 de dezembro, passar para o Banco Espírito Santo (BES) a responsabilidade pelas obrigações não subordinadas ou seniores destinadas a investidores institucionais e que, na resolução do BES, a 03 de agosto de 2014, ficaram sob a responsabilidade do Novo Banco.

Bagão Félix afirmou que, nos testes de ‘stress’ feitos pelo BCE aos maiores bancos europeus, “só nas condições devastadoras é que o Novo Banco entrava numa situação de não cumprir os rácios”, mas “nas outras cumpria perfeitamente”.

“A maior parte dos bancos europeus, os ‘too big to fail’ [demasiado grandes para falir], também não resistiriam a esses testes de ‘stress’ nas condições devastadoras, o que me leva a crer que tem de haver uns banquinhos relativamente mais pequenos que servem de cobaia, de teste, de experimentalismo e para robustecer esses mesmos bancos europeus”, lamentou.

O economista referiu ainda que, no caso português, os quatro bancos que tiveram dificuldades acabaram por ter soluções diferentes: “o BPN foi nacionalização, o BPP foi liquidação, o Banif, que não chega a 4% do mercado, é uma mistura de resolução por via de ‘bail-out’ e também de algum ‘bail-in’ [resgate interno], e o Novo Banco é um bail-in”, disse, reiterando que “é demasiado experimentalismo”.

Quanto à prestação do BdP, Bagão Félix começa por dizer que “imputar ao BdP uma cultura de negociação é um erro”.

“Fui vice-governador do BdP há 20 anos e o BdP não tem cultura negocial. Portanto, não é que seja mais ou menos competente, não tem essa cultura”, explicou, lamentando, no entanto, que haja a ideia de que, “quando as coisas correm mal, a culpa nunca é dos governos, é do BdP”.

“Coitado, o BdP tem as costas muito largas. E não estou a desculpar o BdP – acho que o banco não tem cultura para este tipo de coisas – mas não estava preparado, como aliás o BCE também não está preparado”, afirmou.

Bagão Félix disse ainda não compreender que, “havendo custo para os contribuintes, o problema seja deixado para uma instituição que não é democraticamente escrutinada, na Europa, o BCE, em Portugal, o BdP”.

“De repente, o BdP diz que vamos ter de pagar dois mil a três mil milhões de euros por um banco que não chega a 4% do mercado, imputando aos contribuintes… O BdP imputando aos contribuintes? Como é isso? A última palavra tem de ser dos poderes democraticamente eleitos”, defendeu.

O Titanic acabou de chocar contra o Novo Banco

Domingo, Janeiro 24th, 2016

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Público Opinião Ricardo Cabral

Os Estados de Direito Democrático baseiam-se, em não pequena medida, numa conquista civilizacional única: a noção de que a “carne” que ocupa temporariamente o poder é “fraca”. E, consequentemente, o reconhecimento dessa natureza humana obriga à existência de limites e de controlos a esse poder.

Nas instituições de governo da União Europeia, movidos talvez pela noção de que licenciaturas, mestrados, doutoramentos e pós doutoramentos – a um nível de educação sem precedentes na História – tornavam esses controlos civilizacionais artefactos do passado, não se criaram controlos com a robustez e recursos necessários. Consequentemente, impera o poder quase absoluto dos homens, mas não das leis. Haverá talvez menos de 100 homens e mulheres – a maior parte dos quais tecnocratas – que, na prática, influenciam e em grande medida determinam as decisões das instituições de governo da União Europeia.

Vimos esse poder exercido em relação à Grécia, em que a posição das instituições europeias, qual enorme muralha de aço, parecia invencível, colocou a Grécia “de joelhos” sem qualquer esforço. Estamos agora a assistir a algo de similar com Portugal. Apesar do actual governo utilizar uma estratégia negocial de não confrontação, diametralmente diferente da do governo grego (o Primeiro Ministro Português, provavelmente, considera que a relação de forças é tal que um confronto teria um desfecho similar ao caso grego ou pior) as instituições de governo europeias (e também o FMI), na prática e em larga medida, determinam o que deve ocorrer em relação à banca, às empresas nacionais, ao orçamento de Estado, ao salário mínimo, às pensões e ao mercado laboral.

Só que me parece que o excesso de poder tem disto: excesso de confiança (“hubris em inglês”), a ideia do Titanic a navegar a toda a velocidade com a banda a tocar por um mar pejado de icebergs. Acabamos de viver dois momentos desses, primeiro com o Banif e depois com o Novo Banco.

E, tendo o conhecimento e a noção das consequências pessoais e humanas das decisões tomadas pelas “instituições”, é necessário e fundamental conhecer o momento da História em que nos encontramos. Porque creio que é a primeira vez (pelo menos desde a criação do euro) que as instituições de governo europeias, ou melhor, alguns dos homens e mulheres que detêm o poder nessas instituições, estão “em perigo”.

Senão vejamos. Adivinho uma certa preocupação em círculos de Bruxelas, Frankfurt e Madrid com a atenção mediática que estes casos estão a ter. O “passa culpas” e os enredos com histórias alternativas que são apresentados nos média, são disso sinal. Ao pânico reage-se por vezes “criando confusão”; procurando tornar a imagem menos nítida; abandonando o navio que se afunda à sua sorte (neste caso o Conselho de Administração do Banco de Portugal).

Porém, os homens e as mulheres, desconhecidos, que determinaram os contornos destes dois casos cometeram erros:

1. Muito provavelmente violaram leis europeias e regras das suas próprias instituições;

2. Abriram várias frentes de guerra ao mesmo tempo:

– mandando intervencionar dois bancos em meros 10 dias;

– exigindo ajudas públicas de enorme dimensão no caso Banif;

– mandando pagar para “vender” o Banif ao Santander – um banco espanhol – por “dois tostões”;

– impondo perdas de 100% a grandes credores internacionais.

Em consequência, a relação de forças nas negociações entre as instituições de governo europeias e o governo nacional alteraram-se:

– Não obstante a passividade do governo português com o que ocorreu entre 19 e 29 de Dezembro, aguardando tranquilamente os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito;

– As instituições europeias estão a ser atacadas pelos credores internacionais e estão a defender-se mal, jogando à defesa e revelando fragilidades;

– A opinião pública portuguesa parece estar agora muito crítica em relação às intervenções, responsabilizando o Banco de Portugal;

– Alguns dos homens e mulheres que detêm o poder nas instituições europeias,

– Os casos existentes têm o potencial para se tornar escândalos, potenciando alterações no modo de funcionamento e no controlo das instituições.

Resta desejar que o Governo Português seja capaz de saber utilizar a força negocial que ganhou, com os erros desses senhores e senhoras desconhecidos….

Comunicado Santander Totta à CMVM sobre obrigações hipotecárias

Quinta-feira, Janeiro 21st, 2016

Citamos

santander totta comunicado CMVM