Archive for the ‘Obrigações subordinadas’ Category

Só houve procura para 4% das obrigações do Totta para lesados do Banif

Terça-feira, Outubro 4th, 2016

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Negócios

Os clientes do ex-Banif não quiseram investir mais dinheiro para receberem 75% do investimento que tinham feito em obrigações subordinadas do banco madeirense. A solução do Santander para os chamados lesados teve poucos interessados.

Só houve interessados em 7,599 milhões de euros em obrigações subordinadas doSantander Totta. O banco estava disponível para emitir obrigações até 205 milhões de euros como forma de compensar os clientes que tinham ficado com títulos de dívida sem valor do antigo Banif. Mas só houve procura para menos de 4% do total.

1.000 euros era o valor mínimo a aplicar por cada investidor neste título que dá um juro anual de 7,5%. Na prática, neste cenário, cada investidor receberá 75 euros por ano, 750 euros ao final do período de vida das obrigações, cuja maturidade é atingida a 6 de Outubro de 2026.

Segundo o comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), foram dadas 114 ordens para subscrever 7.599 obrigações, o que totaliza os cerca de 7,6 milhões de euros em obrigações.

Quando lançou a oferta reservada a clientes do antigo Banif, o banco liderado por António Vieira Monteiro pretendia usar as receitas conseguidas com esta emissão de dívida na cobertura de necessidades gerais da empresa, “o que inclui a obtenção de lucros”.

Alboa sempre foi contra

A associação que reúne os autodenominados lesados do Banif, a Alboa, sempre foi contra a proposta do Totta já que obrigava a um investimento de um mínimo de mil euros que muitos investidores poderiam não ter, por terem perdido a poupança nas obrigações subordinadas do banco fundado por Horácio Roque.

Com as regras da resolução, a dívida subordinada emitida por um banco intervencionado, como o Banif, não transita para o banco comprador (Totta) ou de transição, como acontece também com as acções. A instituição financeira liderada por António Vieira Monteiro quis avançar com uma proposta de solução mas, no entanto, não assegurava o reembolso total. Quem subscreveu estas obrigações poderá, no máximo, recuperar 75% do seu investimento ou seja, admite perder 25% do capital investido (sem contabilizar os juros não pagos).

Assim, a operação em causa consistiu na oferta de obrigações subordinadas que o Santander Totta reservou aos titulares, “não qualificados”, de obrigações subordinadas do antigo Banif que, na resolução, não foram adquiridas pelo banco de capitais espanhóis.

Enquanto decorreu esta oferta, que entrou em vigor a 1 de Julho e estendeu-se até 30 de Setembro, o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, trouxe para cima da mesa uma nova solução para estes investidores, que passava por obrigações seniores do Totta, mas que não teve, oficialmente, uma resposta, concordância ou discordância por parte do banco de capitais espanhóis.

Embora tenha feito uma oferta de obrigações subordinadas Totta, os títulos de dívida do Banif vão permanecer nos clientes, mesmo aqueles que aceitaram: “O Banco Santander Totta não apresentou qualquer proposta sobre as obrigações subordinadas Banif, que se manterão na titularidade dos investidores que as subscreveram, representando um crédito sobre o Banif S.A”, disse na altura a instituição financeira.

Totta dá por “encerrado” assunto das obrigações subordinadas do Banif

Terça-feira, Outubro 4th, 2016

Citamos

Sábado

O Santander Totta continua a defender que não tinha de desenvolver qualquer proposta para os obrigacionistas subordinados. A operação foi um insucesso: só 4% do montante disponibilizado foi subscrito. “Não há muito mais a acrescentar”, diz o banco.

“É a adesão que os destinatários entenderam ter”. Esta é a posição do Santander Totta depois do fracasso da oferta de obrigações subordinadas para os clientes do antigo Banif que tinham títulos de dívida do banco alvo de resolução no final do ano passado.

Questionada sobre se o fim da operação, onde apenas houve procura por 4% do total de obrigações que poderiam ser emitidas, põe termo à solução a encontrar para estes clientes, a assessoria de imprensa do banco de capitais espanhóis sublinha que “não há muito mais a acrescentar”.

“É um assunto que, a partir do momento em que foi aprovado pelas entidades competentes, ficou encerrado”, indica a mesma fonte ao Negócios, sublinhando que houve aprovação das autoridades nacionais para que a oferta avançasse.

Como tem sido dito até aqui pelo banco, a lei da resolução implica perdas aos accionistas e aos detentores de obrigações subordinadas: “O Santander não estava obrigado a nada. Percebeu que havia uma situação que causava problemas aos clientes”, refere a mesmo fonte.

Na oferta que decorreu entre o início de Julho até ao final de Setembro, foram dadas 114 ordens para subscrever 7.599 obrigações, o que totaliza os cerca de 7,6 milhões de euros em obrigações. O universo total era de 205 milhões de euros, logo o sucesso foi de 4%.

Por comentar ficou a solução proposta pelo presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, que quer juntar o Governo e o Santander Totta à mesa das negociações para uma solução que não implique perdas para os investidores. “Não nos cabe produzir comentários”.

Jorge Tomé diz que obrigações do Banif eram vendidas como investimentos de risco

Sexta-feira, Julho 8th, 2016

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Público

Ex-CEO do banco respondeu no parlamento madeirense às declarações da associação de lesados.

O ex-presidente da Comissão Executiva do Banif, Jorge Tomé, disse esta quinta-feira no parlamento madeirense que as acções e as obrigações subordinadas do banco foram sempre vendidas como “investimento de risco”, contrariando assim os lesados, que afirmam ter sido enganados.

Falando na Comissão Eventual de Inquérito ao Banif, o responsável assegurou que “não aconteceram procedimentos menos próprios” na venda destes produtos, pelo menos no período entre 2012 e 2015, ao contrário do que relatam muitos dos ex-clientes. “O cliente tinha de saber o risco que corria, porque tinha de assinar uma declaração nesse sentido”, explicou, sublinhando que a rede do Banif “nunca incentivou ninguém a comprar acções e obrigações sem alertar para o risco do investimento”.

Jorge Tomé disse, também, que havia uma regra interna que não permitia a venda de obrigações em valor superior a 20% do património do cliente no Banif, vincando que todo o processo era acompanhado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). “O que mais nos chocou neste processo foi o não-pagamento das obrigações subordinadas. Não passou pela cabeça de ninguém não pagar as obrigações subordinadas”, afirmou. Em causa estão 263 milhões de euros e 3500 ex-clientes detentores de obrigações subordinadas.

Em Dezembro de 2015, o Banif foi vendido por 150 milhões de euros ao Santander Totta, mas a instituição não assumiu todos os activos, o que gerou três tipos de lesados: accionistas, obrigacionistas subordinados e obrigacionistas Rentipar (‘holding’ através da qual as filhas do fundador do banco, Horácio Roque, detinham a sua participação).

Jorge Tomé esclareceu, por outro lado, que o número total de accionistas do Banif era de 27 mil, representando 350 milhões de euros, dos quais 30% eram originários da Madeira. “Na Madeira, o Banif era o banco mais representativo e era claramente o banco líder, com 32% de quota de mercado”, disse, sublinhando que a instituição estava “muito entrosada” com as comunidades de emigrantes e com várias entidades socais, pelo que prestava um “serviço universal”.

Jorge Tomé admitiu que em 2012 o Banif era um banco “desalinhado” e com “muitos desequilíbrios”. Contudo, atribuiu à Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia (DG Comp) grandes responsabilidades na aceleração do colapso da instituição, por não aprovar os planos de reestruturação e impor limitações operacionais.

A Comissão Eventual de Inquérito ao Banif da Assembleia Legislativa da Madeira é liderada pelo social-democrata Carlos Rodrigues e composta por deputados do PSD, CDS-PP, PS, JPP e BE.

Lesados do Banif da África do Sul podem ter que pagar impostos

Quarta-feira, Junho 8th, 2016

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Diário de Notícias da Madeira

Direcção da associação foi à Quinta Vigia receber apoio do presidente do Governo Regional

Os emigrantes da África do Sul que eram clientes do Banif e que terão aplicado dinheiro nas obrigações subordinadas do ex-banco, poderão ter de vir a pagar os impostos e possíveis multas pelo Estado sul-africano, se ficar concluído que saíram com dinheiro do país sem o declarar.

A confirmação desta situação foi dada pelo presidente da Associação dos Lesados do Banif (Alboa), que liderou uma comitiva que esteve ao final da manhã reunida com o presidente do Governo Regional da Madeira. Segundo Jacinto Silva isso é um problema que, não tendo a ver directamente com a associação e os seus propósitos, foi conhecido agora.

Segundo o jornalista da TVI, que questionou o responsável sobre o tema haverá já um pedido feito pelo Estado sul-africano no sentido de o Estado português disponibilizar a lista de lesados do Banif que declararam ter residência naquele país, com vista a confrontar com os factos. No entanto, oficialmente, ainda não há nada de concreto.

Actualmente serão cerca de 3.500 lesados do Banif com obrigações subordinadas ‘presas’ no processo, ascendendo a 263 milhões de euros. No caso dos lesados das obrigações subordinadas da Rentipar (sociedade criada para gerir a participação das filhas de Horácio Roque no Banif) serão mais 65 milhões de euros, sem esquecer os cerca de 40 mil detentores de acções do Banif, cerca de 25 mil da Madeira.

Da reunião com Miguel Albuquerque, em que esteve presente o secretário regional das Finanças e da Administração Pública, Rui Gonçalves, os membros da Alboa receberem todo o apoio no sentido de ser encetada conversa com o Santander, pressionar o Governo da República, para que a situação possa ser desbloqueada o mais rapidamente possível, dada a situação de desespero de muitas das pessoas.

Miguel Albuquerque salientou que em Fevereiro transmitiu a ideia de criação de uma associação que representasse os lesados institucionalmente, frisando que há a “possibilidade de haver uma aproximação entre a salvaguarda dos intereses do banco (Santander) e os dos detentores de obrigações subordinadas”, tendo informação que a situação das IPSS já foi resolvida a bem.

O governante espera que antes do verão seja resolvida a situação, já que muitos emigrantes virão nesta altura de férias, alguns “em situação periclitante do ponto de vista económico e social”, inclusive há quem, na Madeira, já esteja a receber apoio financeiro da Segurança Social porque ficou sem qualquer rendimento.

 

“Perdemos um banco que resolvia problemas às empresas e aos madeirenses”

Domingo, Fevereiro 28th, 2016

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Notícias Funchal

“Perdemos um banco que resolvia problemas às empresas e aos madeirenses”

Funchal Notícias – Pediu para ser ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito ao Banif na Assembleia da República. O que é que pretende transmitir às entidades que estão a investigar este caso?

Miguel de Sousa – Pretendo dar a minha opinião relativamente à forma como este tema está sendo tratado. Toda a gente quer investigar o Banif, e eu não tenho nada a opor, até pelo contrário. Acho que devia haver uma investigação rigorosa do Banif, mas feita por uma entidade externa, uma entidade credível do ponto de vista técnico. Eu não vejo deputados a investigar a gestão de um banco, as operações bancárias, a forma como elas foram desenvolvidas. Como também não veria deputados a fazerem a avaliação da gestão de um hospital, a saberem se as operações são bem ou mal feitas, se por custos superiores ou custos inferiores… Têm de ser técnicos especializados, peritos independentes, a fazer uma avaliação rigorosa da gestão do Banif nos últimos anos. E isso, a maioria de esquerda recusou. Acho mal. Por isso vamos ficar com uma discussão leve, política, de maledicência, de tentar ganhar a opinião pública através dumas tiradas mais ou menos jeitosas, quando o que interessava era avaliar se o Banif teve um problema interno. Se não teve um problema interno, há uma decisão exclusivamente política, e não se pode fechar um banco, vender uma parte de um banco, apenas por decisão política. Há que haver uma avaliação técnica. Ora, a mim parece-me que isto de fechar um banco e vender um banco num domingo à noite, sem que até agora tenha sido mencionado um único prejuízo, uma imparidade, um acto de gestão danosa, um crime, ou qualquer outra matéria prejudicial à vida do banco… ainda não foi identificado, nem mencionado, qualquer aspecto que nos fizesse perceber da justeza da liquidação do Banif. Enquanto assim for, há que reagir, falar, protestar e exigir que quem tomou essas deliberações também sejam investigados no modo como tomaram decisões tão importantes e tão danosas para muita gente, que reuniu poupanças de uma vida junto a um banco do Estado. É preciso perceber que quando o aumento de capital se fez, em 2013, o banco era 99,2% do Estado. A Caixa Geral de Depósitos é só mais 0,8%. Insignificante. O banco era do Estado. A administração do Estado propôs a empresas, empresários, aforradores, emigrantes, depositantes das suas poupanças de uma vida de trabalho… e enganou as pessoas. Porque mesmo em 2015, o Banif emitiu, com a aprovação do Banco de Portugal, e da CMVM, obrigações subordinadas, que ainda em 2015, num acto do Governo da República, o primeiro-ministro tão pomposamente apresentou na televisão… Essas pessoas perderam tudo. Tudo aquilo que tinha sido feito num banco maioritariamente do Estado. Quase tudo do Estado. E com administração que estava lá à responsabilidade do Estado. Por isso, isto é tudo muito grave, e se não for resolvido internamente, tem de ser resolvido nas instituições europeias, porque já se percebeu que há aqui decisões que estão mal explicadas, e devem sê-lo.

FN – Em entrevista recente ao FN, o dr. José Prada criticou o Banco de Portugal e os poderes políticos e de supervisão. Também acha que houve responsabilidade do Banco de Portugal nesta situação?

MS – Não sei. Como lhe estou a dizer, não se consegue perceber agora se houve situações graves dentro do Banif, ou se houve apenas uma decisão política grave. Eu não conheço nada de grave feito por ninguém. Se for ouvir a declaração do primeiro-ministro quando resolveu vender uma parte do banco ao Santander, e liquidar tudo o demais, se forem ouvir essa declaração, aquilo é conversa! E conversa da carochinha! Não tem um único acto condenável ali descrito! Mas mesmo assim, o senhor primeiro-ministro resolveu liquidar o banco. Ora, não tendo sido dito naquele dia, ficou-se à espera que, nos dias seguintes, aparecessem as situações concretas que tinham levado a esta decisão. Ora o facto é que não apareceu nenhuma situação, pelo menos que eu conheça, nenhuma situação concreta que tenha justificado aquela decisão. Por isso, há que investigar.

FN – O senhor foi presidente da Assembleia Geral do Banif. Nunca teve conhecimento de qualquer mau acto de gestão que justificasse uma situação destas?

MS – O presidente da Assembleia Geral sabe tanto como os outros accionistas. Apenas lhe cabe dirigir a Assembleia que reúne todos os accionistas. Não sabe mais que os outros. De qualquer forma, não tenho, porque se eu tivesse conhecimento de algum acto de gestão danosa, algum crime, alguma situação grave, tinha participado a quem de direito. O que é facto é que eu não soube, mas o que parece é que ninguém sabe. Porque até agora, não apareceu ninguém, a não ser o primeiro-ministro anterior, a dizer que até ao dia que ele deixou o cargo, o Banif deu lucro… Ora, isso parece indicar que as coisas são bem diferentes do que aquelas que tentaram pintar, no dia em que o primeiro-ministro, à noite, resolveu dar conhecimento público daquela decisão extraordinariamente gravosa, para quem confiou no Estado, para quem se associou ao Estado, não para especular, porque num banco do Estado não se especula… ninguém está à espera de ter valores especulativos num banco em que a maioria é do Estado. Quem quer fazer especulação, não entra na Caixa Geral de Depósitos, e não entraria no Banif, em que 99% era do Estado. Há muito mais instituições onde ir procurar ter lucros grandes, fáceis e especulativos. Por isso mesmo, as pessoas foram de boa fé, e foram “assaltadas” pelo Estado, na medida em que este pediu confiança às pessoas de se lhe associarem para salvarem o Banif. E os madeirenses, e açorianos, muitos dos quais emigrantes, residentes na Madeira outros tantos, empresas e empresários associaram-se como medida de solidariedade para com o Estado na salvação do Banif.

FN – O senhor diz que o dr. Pedro Passos Coelho disse que o Banif dava lucro até ao dia em que saiu, mas a esquerda, nomeadamente através de Catarina Martins, do Bloco, contestou essas declarações dizendo que o Banif tinha milhares de milhões de euros públicos injectados, mas o PSD e o CDS acharam que não era preciso nenhum administrador público…

MS – Eu acho que essa Catarina Martins tem muita piada, é capaz de ficar bem com muita gente, mas eu não lhe reconheço qualquer capacidade técnica para falar de banca, nem de situações financeiras a este nível. A senhora não tem, de forma nenhuma, credibilidade para falar nessas coisas. Faz política, diz umas coisas, tem piada noutras, mas não tem qualquer acerto que se lhe reconheça, para discutir estas matérias.

FN – De que forma é que acha que esta situação vai agora prejudicar a economia madeirense? Acredita que poderá prejudicá-la ainda mais na actual conjuntura de crise?

MS – Vai prejudicar bastante, porque perdemos um banco próximo, um banco que resolvia problemas às empresas e aos madeirenses de forma imediata, muito rápida, sobre a hora, pelo conhecimento pessoal das pessoas, pelo conhecimento das empresas, e portanto era fácil ajudar a economia da Madeira com essa proximidade que havia. Não conheço proximidade em mais qualquer banco… Têm aí umas agenciazinhas na Madeira, têm umas pessoas à frente delas, muitos dos quais madeirenses, mas até muitos nem são de cá, têm pouco conhecimento da nossa realidade, dos empresários, das empresas e das pessoas, muito menos dos emigrantes que estão distantes, e isto não se substitui. Por isso será uma perda quanto à agilidade financeira de apoio bancário que as empresas, os empresários e os depositantes madeirenses precisam e tinham. E agora vão deixar de ter.

FN – Pelos contactos que temos feito e pelas pessoas que têm entrado em contacto connosco, passa a ideia de que muitos obrigacionistas não sabiam de facto o risco associado às obrigações subordinadas. Estranhamos isto, o desconhecimento de que se trata de um produto que em caso de crise bancária poria efectivamente as suas poupanças em risco. Acha que isto são apenas alegações de quem se viu afectado e está desesperado, ou acha que pode ter havido de facto uma pressão do banco no sentido de fazer as pessoas adquirirem esse tipo de obrigações, mas sem lhes prestarem os esclarecimentos convenientes?

MS – Quero acreditar na última parte… que pessoas de bom juízo, sem que lhes tenham garantido segurança, num banco que tinha acabado de ser injectado pelo Estado em 1100 milhões de euros, não fariam aplicações que acabaram por fazer, e que os levaram à ruína e à perda total desses investimentos de solidariedade. Conheço muitas histórias. Não posso garantir que todas sejam verdade, mas muitas delas quero crer que correspondem exactamente a terem sido solicitados por intervenientes nas operações, em confiarem nelas. Ora, penso que as pessoas têm sempre responsabilidade, mas é preciso perceber que estavam a juntar-se ao Estado, que estavam a confiar no Estado, e como tal tiveram uma maior ligeireza de avaliação da situação. Passa pela cabeça de alguém que a Caixa Geral de Depósitos vai fechar? Então poderia passar pela cabeça de alguém que o Banif, depois de o Estado ficar com 99,2%, iria fechar? Todas as situações eram admissíveis, esperadas, menos essa! Ninguém quereria acreditar. Houve confiança no Estado, e um Governo que acabou de entrar, uns dias depois, para se livrar de um problema – porque já se percebeu que este governo não quer problemas – tomou uma deliberação perfeitamente anormal na falta de justificação que existe. Ninguém conhece a verdadeira justificação, e isso tem de ser explicado às pessoas.

FN – Foi constituída também uma Comissão de Inquérito ao Banif na Assembleia Legislativa da Madeira. O que espera desta Comissão?

MS – Espero que faça um trabalho rápido e eficiente… mas da mesma maneira que eu deixei no ar a minha impressão relativamente à Comissão da Assembleia da República, deixo também aqui… que há uma certa dificuldade de acreditar que haja capacidade técnica bancária para poderem fazer o inquérito que desejam. Penso que o Partido Socialista, que anda muito nervoso com esta situação, e porque tem responsabilidades na decisão, porque a mesma foi tomada pelo primeiro-ministro do PS, como forma de fazer afastar esta responsabilidade, quer fazer um inquérito por forma a apagá-la e a fazer chicana política, trazer a conversa para o nível baixo com que sempre sabe discutir os temas, mesmo quando são de uma elevada importância, como este.

 

Santander Totta estuda situação para lesados do Banif com obrigações subordinadas

Quarta-feira, Fevereiro 17th, 2016

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Negócios

A situação dos clientes do ex-Banif que subscreveram obrigações subordinadas, no total 3.500 em todo o país com valores de 263 milhões, está a ser estudada. Uma garantia deixada pelo presidente executivo do Santander Totta.

O presidente da comissão executiva do Santander Totta disse hoje, 17 de Fevereiro, que está a ser estudada a situação dos clientes do ex-Banif que subscreveram obrigações subordinadas, que totalizam 3.500 em todo o país com valores de 263 milhões de euros.

“O banco Santander Totta não tem nenhuma obrigação relativamente a essas obrigações subordinadas. De acordo com a resolução, de acordo com tudo aquilo que ficou estipulado, o banco Santander Totta não é o titular dessas obrigações e por força de não ser o titular dessas obrigações também não é responsável por elas”, começou por dizer António Vieira Monteiro, no final de uma audiência com o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, em Ponta Delgada, Açores.

António Vieira Monteiro frisou que “o banco é responsável, sim, pelos depósitos, pelas obrigações seniores e pelas obrigações hipotecárias”, mas “não quer dizer, tendo em atenção esta realidade, que para defesa da sua franquia comercial, o banco não esteja a estudar e a ver alguma coisa sobre essa matéria”.

“Significa isto mesmo, o banco não tem nenhuma obrigação relativamente às obrigações subordinadas, mas tendo em atenção à manutenção da sua franquia comercial está, efetivamente, a olhar para o assunto”, insistiu, referindo não poder dizer, neste momento, mais nada sobre o assunto, mas garantindo que na devida altura o Santander Totta anunciará o que for conseguido.

O presidente da Comissão Executiva do Santander Totta realçou que “se não fosse essa franquia comercial, se não fosse a posição que o banco poderia vir a ter em termos daquilo que é o seu negócio nos Açores”, com certeza que não pensaria numa solução porque a ela não está obrigado.

“Nós não comprámos o ex-Banif, comprámos determinados activos e passivos do ex-Banif e nesses activos e passivos vieram determinado tipo de obrigações, quer dos depositantes, quer de determinados obrigacionistas, os seniores e hipotecários”, referiu, garantindo, que nestes casos, o Santander Totta responderá a “100 por cento”.

Ainda no caso dos antigos clientes do ex-Banif lesados com obrigações subordinadas, António Vieira Monteiro explicou que o Santander Totta tudo está “a fazer para criar as condições para poder resolver alguns dos problemas”, advertindo, contudo, que “os problemas que possam vir a ser resolvidos e a maneira como vão ser resolvidos não quer dizer que seja alguma vez de 100%”.

“Isto é claro que, tratando-se de uma entidade que não está obrigada, e dentro das regras das supervisões bancárias que nos assistem e dentro dos princípios das autorizações que temos que ter para este tipo de produtos, teremos que ter em atenção essas realidades todas”, acrescentou, explicando que no caso das obrigações subordinadas estão, sobretudo, em causa clientes particulares, havendo, por exemplo, 22 fábricas de Igreja (paroquial).

A 20 de Dezembro, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif, com a venda de parte da actividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros activos – incluindo ‘tóxicos’ – para a nova sociedade veículo Oitante.

A resolução foi acompanhada de um apoio público de 2.255 milhões de euros, a que se somam duas garantias bancárias do Estado no total de 746 milhões de euros.

O Banif (em processo de reestruturação desde 2012) era o sétimo maior grupo bancário português e líder de mercado nos Açores e na Madeira.