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As 14 dúvidas dos partidos sobre o Banif

Sexta-feira, Janeiro 22nd, 2016

Citamos

Observador

Parlamento discute esta sexta-feira a criação da comissão de inquérito ao Banif. Todos os partidos apoiam, mas perguntas que querem ver respondidas não são exatamente as mesmas.

O PSD antecipou-se, mas a esquerda uniu-se. Na sequência do colapso do Banif, que resultou, no passado mês de dezembro, no anúncio da resolução bancária e da venda ao Santander Totta, os vários partidos apressaram-se a dizer que queriam apurar os contornos do caso numa comissão de inquérito. Todos querem apurar responsabilidades e esclarecer que papel tiveram as várias administrações do banco, os supervisores financeiros, as instituições europeias, assim como os vários Governos, mas os argumentos que invocam e as dúvidas que partilham não são exatamente os mesmos. Parlamento discute o tema esta sexta-feira.

Foram os sociais-democratas, já sem o CDS pela mão, que se anteciparam, tendo sido os primeiros a apresentar uma proposta não só para a constituição dessa comissão parlamentar, como também para a realização de uma auditoria externa. Este pedido já tinha sido feito pelo antigo presidente executivo, Jorge Tomé.

Seguiram-se os partidos da esquerda (PS, PCP, BE e PEV), que, apesar de terem entendimentos diferentes sobre a solução encontrada por António Costa para resolver o problema, quiseram aparecer unidos na great picture e apresentaram um requerimento conjunto, com dúvidas partilhadas, sobre o caso Banif.  Também o CDS apresentou um texto autónomo sobre o tema, que apenas difere do PSD em duas questões.

O que querem afinal saber os partidos na comissão de inquérito ao Banif?

PS, BE, PCP e PEV:

Primeiro, o passado. Os partidos da esquerda querem ir à raiz do problema e pôr a tónica nas boas ou más práticas de gestão do banco e na atuação (ou falta de ação) do Governo anterior que levou, em 2013, à necessidade de recapitalizar o banco com dinheiros públicos. E lembrando que, para Bruxelas dar luz verde a essa recapitalização, o Governo PSD/CDS foi obrigado a apresentar um plano de reestruturação do Banif, a esquerda quer perceber porque é que o anterior Governo apresentou não um, mas sim “oito planos de reestruturação”, todos rejeitados.

  • “Avaliar as condições, nomeadamente as modalidades e práticas de gestão, e fundamentos que justificaram e conduziram à recapitalização do Banif, em janeiro de 2013, através de financiamento público, no montante de 1.100 milhões de euros;
  • Escrutinar as diligências tomadas pela administração desta entidade bancária e por todas as entidades envolvidas, nacionais e comunitárias, para a concretização de um plano de reestruturação e viabilização do Banif depois da sua recapitalização em janeiro de 2013, avaliando o impacto financeiro das respetivas ações e omissões”;

E a decisão do Governo de António Costa de resolver o banco numa solução que custa 2.250 milhões de euros contribuintes? Partidos da esquerda querem perceber se havia outras alternativas, que não a venda ao Santander Totta e a medida de resolução aplicada, bem como perceber quais eram os riscos dessas alternativas.

  • “Indagar os termos da decisão de venda do Banif e aplicação de medida de resolução, tomada no passado dia 20 de dezembro, incluindo a avaliação de riscos e alternativas, no interesse dos seus trabalhadores, dos depositantes, dos contribuintes e da estabilidade do sistema financeiro;”

Como prevenir? Esquerda quer repensar funções e competências do Banco de Portugal enquanto supervisor do sistema financeiro. Já quando se discutiu o Orçamento Retificativo, na sequência do buraco causado pelo Banif, o BE foi muito claro nas exigências que apresentou, sendo que uma delas passava precisamente por mudar a lei de resolução bancária de forma a reduzir os poderes do Banco de Portugal, reforçando a intervenção do Governo.

  • “Avaliar o quadro legislativo e regulamentar, nacional e comunitário, aplicável ao setor financeiro e sua adequação aos objetivos de prevenir, fiscalizar e combater práticas e procedimentos detetados no Banif;
  • Avaliar a ligação entre o estatuto patrimonial e o funcionamento do sistema financeiro e os problemas verificados no sistema financeiro nacional e respetivos impactos na economia e contas públicas;
  • Avaliar o comportamento de supervisão e as condições de exercício das suas competências no acompanhamento da situação do Banif e aferir a adequação e eficácia do atual regime jurídico de supervisão bancária e financeira.”

Como prevenir? Esquerda quer repensar funções e competências do Banco de Portugal enquanto supervisor do sistema financeiro. Já quando se discutiu o Orçamento Retificativo, na sequência do buraco causado pelo Banif, o BE foi muito claro nas exigências que apresentou, sendo que uma delas passava precisamente por mudar a lei de resolução bancária de forma a reduzir os poderes do Banco de Portugal, reforçando a intervenção do Governo.

  • “Avaliar o quadro legislativo e regulamentar, nacional e comunitário, aplicável ao setor financeiro e sua adequação aos objetivos de prevenir, fiscalizar e combater práticas e procedimentos detetados no Banif;
  • Avaliar a ligação entre o estatuto patrimonial e o funcionamento do sistema financeiro e os problemas verificados no sistema financeiro nacional e respetivos impactos na economia e contas públicas;
  • Avaliar o comportamento de supervisão e as condições de exercício das suas competências no acompanhamento da situação do Banif e aferir a adequação e eficácia do atual regime jurídico de supervisão bancária e financeira.”

PSD e CDS:

Os dois partidos decidiram apresentar propostas separadas, com argumentos diferentes, mas as dúvidas que enumeram parecem copy/paste de um e do outro documento, à exceção de duas questões que o CDS acrescenta (e que mostramos mais à frente).

Os dois partidos decidiram apresentar propostas separadas, com argumentos diferentes, mas as dúvidas que enumeram parecem copy/paste de um e do outro documento, à exceção de duas questões que o CDS acrescenta (e que mostramos mais à frente).

Assim sendo, os dois partidos da direita querem recuar até 2008 (altura em que era o Governo socialista de José Sócrates que estava no poder, passando depois pelo Governo de Passos e Portas e finalmente pelo atual Governo de António Costa) para perceber como tudo se passou. E querem perceber que alternativas havia em cima da mesa antes da decisão e por que razão essas alternativas se afunilaram na venda do banco ao Santander Totta. Para isso querem avaliar as práticas de todas as instituições ao longo do processo – desde o supervisor aos accionistas, passando pelos auditores externos, os Governos, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu:

  • “Apurar as práticas da gestão do Banif que conduziram à necessidade de recapitalização pelo Estado em janeiro de 2013, bem como as práticas de gestão desde então, o papel desempenhado pelo supervisor, acionistas e pelos auditores externos e outros factos relevantes para a análise da situação de desequilíbrio financeiro da instituição e da aplicação a esta instituição de crédito de uma medida de resolução e venda da sua atividade;
  • Apreciar os processos, as alternativas e ações dirigidas à recapitalização do Banif pelo Estado (2013), às iniciativas de reestruturação do banco e de venda voluntária da participação do Estado e de ativos do banco, à medida de resolução e à venda da atividade ao Banco Santander Totta;
  • Avaliar as condições e o modo de exercício das atribuições próprias das entidades públicas nacionais e europeias competentes nesta matéria, desde 2008, e, em especial, a atuação de Governos, supervisores financeiros, Comissão Europeia e Banco Central Europeu, tendo em conta as específicas atribuições e competências de cada um dos intervenientes, no que respeita à defesa do interesse dos contribuintes, da estabilidade do sistema financeiro e dos interesses dos depositantes, demais credores e trabalhadores da instituição ou de outros interesses relevantes que tenham dever de salvaguardar;”

Sobre a decisão tomada agora em dezembro pelo Governo de António Costa, PSD e CDS querem também ver esclarecidos todos os passos dados nos dias anteriores que aceleraram a tomada de uma decisão. E todos os contornos que envolvem a medida de resolução, nomeadamente o funcionamento do veículo detido pelo Fundo de Resolução para onde foram transferidos os ativos imobiliários e algumas participações e créditos de má qualidade.

  • “Apurar os factos relevantes para a degradação da situação do Banco ou desvalorização dos seus ativos, quer no período prévio à aplicação da medida de resolução, quer no âmbito desta;
  • Avaliar o processo e decisão de venda da atividade do Banif ao Santander Totta, alternativas, as condições financeiras e garantias futuras, designadamente para os contribuintes, para os trabalhadores e quanto à atividade serviço nas regiões autónomas e na diáspora;
  • Apreciar os termos da transição de ativos e responsabilidadespara o veículo de gestão de ativos Naviget, respetivo funcionamento e garantias futuras de defesa do interesse público.”

Por fim, a prevenção. É possível mudar a lei, nacional e comunitária, para impedir situações como esta?

  • “Avaliar o quadro legislativo e regulamentar, nacional e comunitário, aplicável ao setor financeiro e a sua adequação aos objetivos de prevenir, controlar e fiscalizar as práticas conducentes à situação em que se encontrou o Banif.”

CDS:

As dúvidas do CDS não diferem muito das do PSD, mas há um argumento que os centristas têm na manga e que não querem largar: a notícia (desmentida) que foi divulgada pela TVI dias antes da decisão e que levou a uma corrida em massa aos depósitos do banco. Quem foi a fonte dessa informação?

Outra questão que o CDS quer levantar é perceber o que teria acontecido se o Governo tivesse esperado até 2016 para tomar uma decisão sobre o Banif – isto porque a 1 de janeiro de 2016 entrou em vigor nova legislação europeia sobre o sistema financeiro. Informação recentemente divulgada, e atribuída a “fontes europeias” estima que o bail-in (o envolvimento de mais credores) poderia ter poupado ao Estado entre 500 a mil milhões de euros. Números que as Finanças desmentem.

  • “Apurar quais teriam sido os encargos para os contribuintes portugueses decorrentes de uma resolução adoptada à luz da nova legislação europeia e compará-los com o montante global que os mesmos suportarão.

Por fim, a última questão levantada pelos centristas tem a ver com o financiamento da banca portuguesa, que está atualmente dominada por investimento estrangeiro.

  • Avaliar a presença e persistência de capacidades nacionais no sector financeiro português.

Garantia do Estado ao Totta e ao veículo herdeiro do Banif tem 10 anos de vida

Quarta-feira, Janeiro 20th, 2016

Citamos

Negócios

Já foram oficializadas as garantias estatais de 746 milhões de euros mobilizadas na intervenção ao Banif. São elas que, caso não sejam recuperadas, podem elevar a factura pública com a resolução a 3.000 milhões de euros.

A garantia que o Estado concedeu ao Banif – que serve de suporte ao Santander Totta, por um lado, e ao veículo Oitante, por outro – estende-se por 10 anos, segundo o diploma que a oficializa.

O Despacho n.º 867/2016, datado de 31 de Dezembro de 2015 mas só publicado em Diário da República a 19 de Janeiro, dá as condições para que, além da injecção imediata de 2.255 milhões de euros no Banif, haja ainda uma garantia pública de 746 milhões de euros.

A Naviget (cujo nome entretanto foi já alterado para Oitante, ainda que seja a designação original a constar do diploma) emitiu obrigações no valor de 746 milhões de euros que foram garantidas pelo Fundo de Resolução (o seu principal accionista). O Fundo de Resolução tem, por sua vez, a sua garantia “garantida” pelo Estado. É essa concessão de “contragarantia” que foi oficializada em Diário da República esta terça-feira.

São estas garantias que poderão fazer com que a factura da intervenção do Banif, no final de 2015, possa ascender a mais de 3 mil milhões de euros – foi, aliás, este o montante de despesas autorizadas pela Comissão Europeia. Isto porque são garantias de 746 milhões que se somam aos 2.255 milhões injectados.

As obrigações emitidas (e asseguradas, primeiro, pelo Fundo de Resolução e, depois, pelo Tesouro português) foram subscritas pelo Banif, “tendo entretanto as obrigações e a posição contratual de subscritor sido transferidas para o Banco Santander Totta, S. A. em virtude da medida de resolução de alienação parcial de actividade”.

Ou seja, na prática, é o Totta que beneficia das garantias, ainda que estas possam ser divididas em dois ramos: 323 milhões de euros são relativos aos activos que transitaram para o banco na operação, eventualmente para compensar um maior incumprimento do crédito transferido do que o previsto; 422 milhões de euros são para cobrir os activos que foram transferidos para a Naviget (agora Oitante) – que transitaram apenas a 25% do seu valor.

As obrigações emitidas pela Naviget têm uma maturidade de 10 anos a contar da data da emissão, 22 de Dezembro de 2015, ou seja, prolongam-se até 22 de Dezembro de 2025. Até essa altura, beneficiam da garantia. “A emissão deverá ser reembolsada, pela totalidade, na data de maturidade. A emissão poderá, no entanto, ser reembolsada antecipadamente, por vontade do emitente, na totalidade ou em parte, em qualquer data”, assinala ainda o despacho.

Com a possibilidade de a ajuda estatal de 1,1 mil milhões de euros vir a ser declarada ilegal, obrigando o Estado a recuperar o valor ainda não devolvido (825 milhões de euros), o Banif foi intervencionado a 20 de Dezembro. O banco então liderado por Jorge Tomé foi dividido em três, mobilizando directamente 2.255 milhões de euros.

Se as garantias concedidas forem recuperadas, o custo fica-se pelo dinheiro já gasto; se tal não acontecer, pode chegar aos 3.000 milhões (sendo que há ainda a contar os 825 milhões de euros estatais emprestados em 2011 e não devolvidos que estão no Banif, agora um veículo a caminho da liquidação e que dificilmente serão recuperados. Ao todo, são custos para a economia pode ir a 4.400 milhões, já que incluem as perdas para os accionistas e para quem tem dívida subordinada que não foi transferida para o Totta.

Constituição da Oitante publicada no Portal da Justiça

Quarta-feira, Janeiro 20th, 2016

Citamos

Observador

A constituição da Oitante, sociedade veículo que ficou com ativos do Banif no âmbito da sua resolução, foi publicada hoje no Portal da Justiça, tendo Miguel Barbosa como presidente do Conselho de Administração.

A constituição da Oitante, sociedade veículo que ficou com ativos do Banif no âmbito da sua resolução, foi publicada no Portal da Justiça, tendo Miguel Barbosa como presidente do Conselho de Administração.

Segundo a informação publicada na Internet, a Oitante foi constituída sociedade anónima e tem como objeto “a administração dos direitos e obrigações que constituam ativos do Banif — Banco Internacional do Funchal que lhe foram transferidos em cada momento, por decisão do Banco de Portugal”.

Na nota de constituição da sociedade, Miguel Barbosa, que era o representante do Estado no Banif, é designado presidente do Conselho de Administração, e Paulo Boaventura e Sérgio Baptista são designados vice-presidentes.

O fiscal único da Oitante será a consultora Deloitte & Associados. A sociedade anónima tem 50.000 euros de capital, 50.000 ações a um euro cada, e data de encerramento do exercício a 31 de dezembro.

A sociedade veículo que ficou com ativos do Banif começou por ser denominada inicialmente Naviget, mas passou a chamar-se Oitante depois de o pedido de denominação ter sido indeferido.

“Apesar de a firma Naviget, S.A. se apresentar disponível na base de dados ‘online’, conforme pesquisa realizada em momento oportuno, o Registo Nacional de Pessoas Coletivas veio a indeferir o pedido de certificado de admissibilidade da firma Naviget, S.A. por entender que a mesma é confundível com Navigeste – Sociedade Gestora de Participações Sociais SGPS, S.A., sociedade já constituída”, explicou o Banco de Portugal.

Segundo a entidade liderada por Carlos Costa, “uma vez que a mudança de firma não coloca nenhum constrangimento relevante optou-se por não recorrer daquele indeferimento e proceder à alteração da denominação social do veículo. O nome Oitante, S.A. foi proposto pelo CA [Conselho de Administração] do veículo e está aprovado”.

Várias fontes do setor financeiro já tinham dito à Lusa que esta sociedade veículo podia ter de mudar de nome, uma vez que o mesmo podia ser confundido com o nome de outra entidade já existente, como agora veio a verificar-se.

 Foi o supervisor e regulador bancário que, no âmbito da resolução do Banif, constituiu a então designada Naviget, elaborou os seus estatutos e transferiu para essa sociedade veículo ativos, passivos e outros elementos do Banif.

A 20 de dezembro, domingo ao final da noite, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif, com a venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros ativos — incluindo ‘tóxicos’ — para a nova sociedade veículo que foi denominada Naviget.

A resolução foi acompanhada de um apoio público de 2.255 milhões de euros, sendo que 1.766 milhões de euros saem diretamente do Estado e 489 milhões do Fundo de Resolução bancário, que consolida nas contas públicas.

A este valor somam-se as duas garantias bancárias que o Estado presta, no total de 746 milhões de euros, e ainda os 825 milhões de euros da injeção de capital que o Estado fez em 2012 no banco (700 milhões em ações e 125 milhões de dívida híbrida — ‘CoCo bonds’ – que o Banif ainda não tinha pago) e que foram dados como perdidos no âmbito do resgate.

No total, e tendo em conta os valores até agora conhecidos e retirando o valor pago pelo Santander Totta, o resgate ao Banif pode custar ao Estado – e, logo, aos contribuintes – até 3.700 milhões de euros.

Estado dá garantia a empresa que não existe

Terça-feira, Janeiro 19th, 2016

O Díário da República de 19 de janeiro publica um estranho despacho do Ministro das Finanças, que autoriza a prestação de uma garantia de 746 milhões de euros a favor da Naviget S.A.

A Naviget S.A. não existe, segundo informação dos serviços do IRN.

Terá sido subsistida pela Oitante SA , que tem o NIPC 513807640.

Pedimos certidão e responderam-nos  que “os serviços irão proceder à recuperação dos registos da entidade OITANTE, S.A. com o NIPC 513807640 para o sistema informático.”

A propósito da Oitante S.A. recebemos uma nova mensagem, no dia 18 dizendo o seguinte:”

“Informa-se que a entidade com o NIPC indicado não se encontra ainda constituída.

O registo de constituição da referida entidade encontra-se “Pendente de confirmação” na Conservatória do Registo Comercial de Lisboa”.

Assim sendo só após confirmação do registo será a certidão permanente de registo e documentos disponibilizada para consulta.”

Muito estranho.

Sociedade-veículo negoceia prestação de serviços ao Santander Totta

Quarta-feira, Janeiro 13th, 2016

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Diario de Notícias da Madeira

A sociedade-veículo que ficou com ativos do Banif no âmbito da sua resolução está a negociar com o Santander Totta um contrato de prestação de serviços para assegurar a continuidade do negócio no período de transição.

A informação foi avançada à Lusa por fontes do setor financeiro e confirmada por fonte oficial do Santander Totta, adiantando que o contrato “ainda não está fechado”.

De momento, acrescentou, está ainda a ser identificado o âmbito desses serviços, assim como o prazo do contrato e o montante a pagar pelo Santander Totta.

De acordo com fontes do setor financeiro, o esboço do contrato tem cerca de dez páginas e o objetivo é assegurar a continuidade de operações do Banif que passaram para o Santander Totta, caso do apoio aos cerca de 150 balcões que agora são propriedade do banco espanhol.

O contrato, estimam, poderá prolongar-se entre seis meses a um ano, enquanto decorre a integração total das operações bancárias do Banif no Santander Totta, caso da compatibilidade do sistema informático, migração de dados e mesmo fusões de métodos de trabalho.

A 20 de dezembro, domingo ao final da noite, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif, com a venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros ativos — incluindo ‘tóxicos’ — para uma nova sociedade-veículo que fica na alçada do Fundo de Resolução e, logo, do Banco de Portugal.

Este processo poderá implicar custos para os contribuintes superiores a 3.000 milhões de euros.

Quanto aos trabalhadores do Banif, cerca de 1.100 que estavam na rede comercial passaram para o Santander Totta, enquanto cerca de 500 dos serviços centrais foram integrados na sociedade-veículo pública.

Essa empresa tem como presidente Miguel Barbosa, que era o representante do Estado no Banif, e como vice-presidentes Paulo Boaventura e Sérgio Baptista.

O que é o veículo Naviget?

Sábado, Janeiro 9th, 2016

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Económico

A empresa gestora de activos tóxicos do Banif foi criado pelo BdP com um capital social de 50 mil euros integralmente subscrito pelo Fundo de resolução.

O veículo, designado por Naviget, irá receber e gerir os direitos e obrigações transferidos, com vista à sua posterior venda ou liquidação. A venda dos activos que irão transitar para este veículo irá servir para cobrir as perdas dos accionistas e credores.

Ou seja, o Santander ficará com os activos não problemáticos, tendo adquirido os activos “saudáveis” do Banif por 150 milhões de euros, e será criado um veículo com os activos problemáticos do banco. Entretanto, o Estado fica com o banco mau e garante auxílios públicos de 2,3 mil milhões de euros para contingências futuras. O Fundo de Resolução entra com 489 milhões e o Tesouro português injecta 1,766 mil milhões.

 

Banca – Aumento de capital no Banif

Sexta-feira, Janeiro 8th, 2016

Citamos

Negócios

O Banif Investimento, que era detido a 100% pelo Banif e passou para a sociedade-veículo Naviget no âmbito da resolução, realizou um aumento de capital 29,4 milhões de euros já depois da decisão do Banco de Portugal. Esta informação foi publicada anteontem no portal da Justiça.

Já não há Naviget. Agora o veículo com activos do Banif chama-se Oitante

Sexta-feira, Janeiro 8th, 2016

Citamos

Negócios

O nome escolhido pelo Banco de Portugal para o veículo de gestão de activos do Banif teve de ser alterado. Naviget era demasiado parecido com Navigeste. Ficou Oitante, um instrumento de navegação e orientação.

Navegação. É este o tema que dá nome ao veículo de gestão dos activos do Banifque o Santander Totta não adquiriu. Só que a designação já não é Naviget, como inicialmente avançado. É Oitante, um instrumento de navegação, confirmou oficialmente o Banco de Portugal depois de o Negócios ter já avançado a informação.

Apesar de a firma Naviget, SA se apresentar disponível na base de dados online, conforme pesquisa realizada em momento oportuno, o Registo Nacional de Pessoas Colectivas veio a indeferir o pedido de certificado de admissibilidade da firma Naviget, SA por entender que a mesma é confundível com Navigeste – Sociedade Gestora de Participações Sociais SGPS, SA, sociedade já constituída”, assinala o Banco de Portugal em resposta a perguntas do Negócios.

 

Esta quarta-feira, já tinha sido noticiado que a designação Naviget era demasiado parecida com uma insígnia já existente, pelo que o regulador liderado por Carlos Costa poderia ser obrigado a alterar a denominação. Efectivamente, essa obrigação veio. E o Banco de Portugal não recorreu da decisão.

 

“Uma vez que a mudança de firma não coloca nenhum constrangimento relevante, optou-se por não recorrer daquele indeferimento e proceder à alteração da denominação social do veículo”, indica a resposta do regulador do sector financeiro.

 

Entretanto, o Negócios já tinha avançado qual o nome escolhido. “O nome Oitante, S.A. foi proposto pelo conselho de administração do veículo e está aprovado”, indica a nota do Banco de Portugal. A sociedade é liderada por Miguel Artiaga Barbosa, que foi o administrador não executivo do Banif no último ano em representação do Estado.

 

O veículo, com sede social em Lisboa, detém activos imobiliários no Banif, participações nos bancos em Malta e Espanha, na unidade de investimento, na seguradora Açoreana e em valores mobiliários como acções do SC Braga e da Inapa. Em termos de acções, a Naviget (agora Oitante) já aumentou o capital do Banif Banco de Investimento em 29,44 milhões de euros, fazendo-o através da conversão de dívida e de depósitos em capital.

O que aconteceu ao Banif

O Banif foi intervencionado a 20 de Dezembro de 2015. O Estado não conseguiu vender a sua participação de 60,5% sem que o Orçamento do Estado fosse chamado a participar nos encargos. Daí que o Banco de Portugal tenha avançado para uma resolução, envolvendo accionistas e detentores de dívida subordinada nas perdas.

 

Nesta resolução, a parte bancária foi vendida ao Santander Totta por 150 milhões de euros, que, em troca, recebeu 2.255 milhões de euros para desequilíbrios na instituição adquirida (a que acresce ainda uma garantia de 323 milhões do Estado para possíveis perdas inesperadas). Os activos que não configuravam o negócio bancário, como a participação na Açoreana, foram transferidos no veículo de gestão de activos Naviget, que recebeu uma garantia de mais de 422 milhões de euros. O Banif, entidade onde permanecem os accionistas e detentores de dívida subordinada, ficou esvaziado de activos.

Naviget rescinde sem despedimento colectivo

Quinta-feira, Janeiro 7th, 2016

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Negócios

A liderança do veículo que herdou 501 trabalhadores do Banif lança um programa de rescisões por mútuo acordo, querendo evitar o despedimento colectivo. Uma intenção que partilha com o Governo, segundo os sindicatos.
O veículo de gestão de activos herdeiro do Banif, cujo nome inicial é Naviget (mas que poderá ter de ser rebaptizado), vai recomeçar o programa de rescisões por mútuo acordo, segundo estão a garantir …

Cerca de 60% dos activos do Banif que passaram para o Naviget são imóveis

Quarta-feira, Janeiro 6th, 2016

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Público

Veículo criado na esfera do Fundo de Resolução tem também participações em empresas como a Ascendi.

Cerca de 60% dos activos do Banif que passaram para o veículo criado na esfera do Fundo de Resolução  são imóveis, de acordo com informações recolhidas pelo PÚBLICO.

A exposição do Naviget ao sector imobiliário é feita directamente, através da detenção de casas ou prédios, por exemplo,  como também através de fundos de investimento. De acordo com dados do Banco de Portugal, entre os activos rejeitados pelo Santander Totta, e que foram transmitidos para este veículo, estão o Banif Imopredial, um fundo de investimento imobiliário aberto, e o Citation, fundo de investimento imobiliário aberto.

A criação do Naviget implicou um esforço financeiro de 746 milhões de euros, pago ao Banif (no processo de compra do Santander Totta) em troca desses activos. De acordo com o Governo, o valor inicial desses activos era 2170 milhões de euros, mas Bruxelas impôs desde logo um corte de 66% ao valor de balanço.

Neste momento, o cenário desenhado por Bruxelas pressupõe uma perda estimada de 422 milhões de euros na venda por parte do veículo, ou seja, que o encaixe global na alienação destes activos será apenas de 324 milhões de euros.  OS 422 milhões já estão imputados como responsabilidade do Fundo de Resolução, mas ainda como perda potencial. E, caso não se consiga  chegar aos 324 milhões, mais perdas haverá, a somar ao valor global.

O Naviget, além dos imóveis, tem ainda parte da Açoreana Seguros, uma participação no Vallis (fundo dedicado à recuperação de empresas de construção, com o apoio da banca), bem como acções da Fomentinvest ou da Ascendi.

Depois, há o Banif Bank, de Malta, cuja venda já estava em curso antes da resolução e que deverá render a primeira quantia ao Naviget, valendo 18 milhões. De acordo com a Lusa, a Naviget abriu um programa de rescisões a que podem concorrer os 500 trabalhadores do Banif que foram transferidos.