Archive for the ‘Insolvência’ Category

Fundação Horácio Roque declarada insolvente

Quarta-feira, Janeiro 17th, 2018

Citamos

Negócios

O Tribunal Judicial da Comarca da Madeira decretou a insolvência da IPSS Fundação Horácio Roque. Foi a própria que se declarou incapaz de fazer face às suas responsabilidades. A CGD reclama 10 milhões à entidade.

A Fundação Horácio Roque, uma instituição particular de solidariedade social que funcionava na Madeira, está em insolvência. Depois de apresentar-se ao tribunal, a decisão judicial considerou que a insolvência era mesmo o caminho a seguir.

“No Tribunal Judicial da Comarca da Madeira, Juízo de Comércio do Funchal – Juiz 2 de Funchal, no dia 12-01-2018, às 15:23 horas, foi proferida sentença de declaração de insolvência do(s) devedor(es): Fundação Horácio Roque – Instituição Particular de Solidariedade Social (Ipss)”, assinala a decisão publicada no portal Citius esta segunda-feira, 15 de Janeiro.

A sentença teve lugar depois de a administração da fundação ter-se declarado insolvente ao tribunal, como relatou, na semana passada, o Diário de Notícias da Madeira. Os administradores são Humberto Paixão e Teresa Roque, filha do comendador que dá nome à IPSS, mas a decisão judicial determina a nomeação de um administrador judicial que, no caso, é Pedro Pidwell.

Segundo a publicação da região, a instituição prosseguia actividades na área educativa, social e cultural, tendo sido mecenas do Centro Social e Paroquial de Santa Cecília. O Diário de Notícias da Madeira menciona, também, que os únicos bens da IPSS eram acções do Banif, da “holding” Rentipar” e de fundos detidos pelo banco, todos eles com um valor nulo. A Rentipar Financeira, sociedade da família, detinha 10,78% da fundação em 2014, segundo publicação em Diário da República.

As dificuldades da fundação eram já conhecidas, tendo em conta toda a derrocada que causou a resolução aplicada ao Banif a 20 de Dezembro de 2015 – além de perderem a instituição bancária, os accionistas, como a Rentipar, ficaram com os bens congelados. Contudo, segundo o Diário de Notícias da Madeira, esta fundação está com actividade inexistente praticamente desde 2010, o ano da morte de Horácio Roque. É reduzida a informação pública sobre esta instituição, elencada como fundação.

Para 28 de Fevereiro deste ano está agendada a assembleia de credores para apreciar o relatório de insolvência.

Um dos credores conhecidos da fundação é a Caixa Geral de Depósitos. Também numa notícia do Diário de Notícias da Madeira, publicada em Novembro, ficou a saber-se que o banco público tinha colocado uma acção de execução de 10 milhões de euros.

Editais insolvência Rentipar Banif

Terça-feira, Janeiro 19th, 2016

Edital Insolvencia Rentipar Banif 1

Edital Insolvencia Rentipar Banif 2

 

Credores do maior accionista do Banif têm até 20 de Fevereiro para reclamar créditos

Terça-feira, Janeiro 19th, 2016

Citamos

Público

Pedido de insolvência da Rentipar Investimentos, detida pelas herdeiras da Horácio Roque, foi aceite pelos tribunais

O pedido de insolvência da Rentipar Investimentos, holding através da qual as descendentes de Horácio Roque detinham a sua participação no Banif, foi aceite pelos tribunais. A sentença de declaração de insolvência foi proferida no dia 12 deste mês, tendo o aviso sido publicado na sexta-feira, dia 15. De acordo com os prazos legais, os credores do segundo maior accionista privado do Banif (e accionista maioritário até à entrada do Estado, no final de Dezembro de 2012) têm, no máximo, até dia 20 de Fevereiro para reclamarem os seus créditos.

Para já, e de acordo com o documento de insolvência, os principais credores são três instituições bancárias: o BCP, o Banif, e o Novo Banco. No segundo caso, e após a medida de resolução aplicada pelo Banco de Portugal em Dezembro, e que desencadeou a insolvência da Rentipar, torna-se difícil perceber com exactidão quem é o credor, já que o Banif foi dividido em três partes. Isto porque o Santander Totta ficou com os bons activos (por 150 milhões), outros activos foram para um veículo criado na esfera do Fundo de Resolução, o Naviget, e, por fim, ficou uma espécie de “activo esvaziado”, o Banif, que será liquidado.

A Rentipar Investimentos era a holding através da qual as duas filhas de Horácio Roque, Teresa Roque e Cristina Roque, detinham a maioria do capital da Rentipar Financeira. Esta, por sua vez, era dona da Renticapital (ligada a investimentos financeiros) e de uma fatia do Banif. Em Junho deste ano, com o Estado ainda a deter a maioria do capital, a Rentipar detinha apenas uma pequena parte do capital social do banco de forma directa (0,266%). A maior fatia do Banif, de 6%, era detida através da Açoreana (onde a Soil, com sede na Zona Franca da Madeira e presidida por Teresa Roque, detinha 52,3%, acompanhados de outros 47,7% do Banif ).

Nas contas de 2014, a Rentipar Financeira já dava nota das dificuldades que estava a sentir, nomeadamente ao nível da tesouraria, bem como o seu principal accionista, a Rentipar Investimentos. Logo em 2011, a Rentipar Financeira teve de realizar um aumento de capital pela sua relação com o Banif, o que requereu um esforço acrescido num contexto de dificuldade de acesso ao crédito. Depois, já com o Estado como accionista maioritário, fez novas aplicações de capital no Banif, tendo a Açoreana entrado com 75 milhões de euros em Junho de 2013. Agora, os investimentos feitos no banco nascido no Funchal estão reduzidos a zero.

Em 2013, a Rentipar Financeira registou uma imparidade de 352 milhões pela exposição ao Banif, cujas acções estavam desvalorizadas. Em 2014, o valor das imparidade com o Banif desceu para 0,5 milhões, mas houve outros “35,5 milhões de euros relativos a imparidades registadas na totalidade dos saldos com a Rentipar Investimentos”. Nesse ano, os prejuízos da Rentipar Financeira foram de 33,3 milhões, afectando os capitais próprios. Entretanto, a Rentipar Investimentos, que já tinha dificuldade em cumprir com os pagamentos aos investidores que compraram dívida da empresa, está agora sem condições para pagar as obrigações emitidas.

Em 2015 houve 7300 empresas insolventes

Por cada uma, abriram 5,1 novas sociedades

O número de empresas em situação de insolvência totalizou 7288 sociedades, mais 515 empresas do que no ano anterior, de acordo com a compilação feita pela empresa de gestão de risco Ignios, com base nas constituições de empresas e acções de insolvência contabilizadas pelo Ministério da Justiça.

As insolvências aumentaram 7,6% em relação a 2014, mas os resultados desse ano “foram enviesados pela quebra processual do Citius em Setembro” e, retirando esse feito, “este indicador ter-seia mantido estável entre 2014 e 2015”, com uma descida de apenas 0,4%. Na primeira metade de 2015, refere a Ignios, “as insolvências apresentaram uma tendência decrescente face ao ano anterior”, mas desde aí “têm vindo a crescer”, tendo estabilizado na recta final do ano.

A construção continua a ser o sector de actividade mais afectado (com 17,5% do total). A seguir está o comércio de retalho (com um peso de 15,8%) e o comércio por grosso (com 11,6%). Lisboa é o distrito com mais insolvências (22,9%), seguindo-se o Porto (20,4%) e Braga (12,4%). Ao mesmo tempo, foram constituídas 37.419 empresas no país, o que corresponde a uma média de 102 novas empresas criadas por dia. O aumento em relação a 2014 é de 6,1%.

Antiga dona do Banif derrubada pelo Novo Banco

Terça-feira, Janeiro 12th, 2016

Citamos

Notícias ao Minuto

Empresa que controlava o banco madeirense foi obrigada a acelerar o processo de falência devido à falta de acordo com a instituição liderada por Stock da Cunha.

A dívida da Rentipar Investimentos ao Novo Banco foi decisiva para a queda da ex-dona do Banif. A garantia é dada pela edição de hoje do Jornal de Negócios, que revela a recusa do banco de transição do antigo BES em renegociar os valores devidos pela holding de Teresa Roque.

Em outubro do ano passado, a Rentipar tentou convencer o Novo Banco a aceitar a renegociação de 54,5 milhões de euros de incumprimentos, uma parte em papel comercial do BES e outra em créditos. A resposta da instituição liderada por Eduardo Stock da Cunha foi um claro ‘não’, que tornou “inegável a incapacidade” da Rentipar “em cumprir as suas obrigações contratuais”.

O Novo Banco garante que a dívida da ex-dona do Banif “não tem garantias especiais associadas” e avisa que não hesitará em recorrer à Justiça: “Não sendo possível, a curto prazo, encontrar uma solução, entregaremos o caso aos nossos advogados”.

Para além do ‘banco bom’ do antigo BES, a empresa de Teresa Roque deve 13,4 milhões de euros ao BCP, 8,9 milhões ao Banif e 60 milhões aos compradores das obrigações do grupo emitidas em 2011.

Rentipar colocou obrigações após perder dividendo do Banif

Segunda-feira, Janeiro 11th, 2016

Citamos

Negócios

A Rentipar caminha para a insolvência. A empresa liderada por Teresa Roque tem uma dívida acima de 50 milhões ao Novo Banco que não pagou. Não há “garantias especiais associadas” a esses créditos concedidos. BCP e Banif são outros credores.

DIOGO CAVALEIRO

O Novo Banco acelerou a insolvência da Rentipar Investimentos, a empresa presidida pela filha de Horácio Roque que exercia, antes da entrada do Estado em 2012, o controlo sobre o Banif.

No documento em que solicita a entrada em insolvência, a que o Negócios teve acesso, a Rentipar explica que o facto de não ter conseguido negociar a dívida que tinha perante a instituição sob o comando de Eduardo Stock da Cunha tornou “inegável a incapacidade da requerente em cumprir as suas obrigações contratuais”.

Em Outubro de 2015, a sociedade liderada por Horácio Roque quis renegociar o passivo que havia entrado em incumprimento meses antes umaparte era em papel comercial, subscrito em 2009 junto do BES, a outra em crédito concedido. Não conseguiu. Ficou com uma divida de 54,5 milhões de euros por reembolsar. E sob ameaças judiciais. “Não podendo este banco manter, por tempo indeterminado, as responsabilidades em causa nesta situação de incumprimento, vimos conceder o prazo de 10 dias para que nos apresentem uma proposta concreta de regularização, por forma a estudarmos em conjunto uma plataforma de solução. Não sendo possível, a curto prazo, encontrar uma solução, entregaremos o caso aos nossos advogados, a fim de sermos reembolsados pela via judicial”, indica a carta do departamento de recuperação de crédito do Novo Banco, citada nos documentos que deram entrada no Tribunal da Comarca de Lisboa.

“Não tem garantias especiais associadas”, é outra informação que consta relativamente tanto ao crédito, como ao papel comercial subscrito pelo Novo Banco.

A instituição herdeira do Banco Espírito Santo é apenas um dos quatro principais credores da Rentipar. Conta-se, nos documentos da Abreu & Marques e Associados, as dívidas de 13,4 milhões de euros perante o BCP e de 8,9 milhões junto do Banif. A maior porção é uma dívida sobre quem adquiriu as obrigações emitidas em 2011, de 60 milhões de euros. Foi a 2 de Novembro que a administração liderada por Teresa Roque percebeu que não tinha “perspectivas de continuidade da sua actividade”. O principal activo da Rentipar Investimentos é a participação na Rentipar Financeira, que era a accionista histórica do Banif. Só que, entre outros, a queda da cotação das acções desde a ajuda estatal de 2012 desequilibrou a situação patrimonial da companhia, já que deixou de dispor de activos para apresentar como colaterais em financiamentos.

Assim, seguiu-se a tentativa de venda de activos, como a participação no Banif. “Foram encetadas várias diligências tendentes à alienação do principal activo da sociedade, com especial enfoque no mercado chinês”, assinala a acta da reunião de 2 de Novembro. Tentativas “infrutíferas”, diz-se no documento. “Consideramos que não é possível assegurar a esta data que a empresa consiga cumprir com as suas responsabilidades de curto prazo e cumprir com o princípio de continuidade das operações”, aponta a certificação de contas de 2014, realizada pela PwC em Setembro de 2015, que se escusou a dar a sua opinião devido à desequilibrada situação da companhia. No final de 2014, com o prejuízo de 49,4 milhões de euros registado, a Rentipar Investimentos passou a apresentar capitais próprios (que, de forma simples, resultam da diferença entre activos e passivos) de 11,9 milhões de euros, “inferior a metade do capital social”, o que, segundo a lei, obriga ou à dissolução ou ao reforço de capital. Até agora, esse reforço não foi possibilitado e a intervenção no Banif agravou ainda mais a situação, dando a “última machadada”, como já havia dito fonte da sociedade ao Negócios.

Venda ao Totta por explicar

Vários partidos consideram que a venda da actividade bancária do Banif ao Santander Totta está por explicar. À direita, o PSD quer esclarecer notícias recentes. À esquerda, o PCP pretende conhecer o papel do Banco Central Europeu na queda do Banco. As forças parlamentares querem respostas imediatas e não esperam pela comissão de inquérito ao Banif, cuja discussão está marcada para 22 de Janeiro. “Confirma que houve ofertas privadas para a compra do Banif que implicariam menos esforço financeiro público do que a venda ao Santander?” é uma pergunta lançada ao ministro pelos comunistas Miguel Tiago e Paulo Sá, depois de o Público ter avançado que a Apollo tinha uma proposta de compra do Banif que implicava um menor esforço financeiro estatal do que a que vingou, do Totta. O crédito fiscal que pode superar os 200 milhões que passou do Banif para o banco de capitais espanhóis é outra preocupação. O PCP, através de João Ferreira, levou também o caso ao Parlamento Europeu para que se questione a Comissão Europeia sobre a sua intervenção na resolução do Banif. Já o PSD quer que Mário Centeno preste declarações, com “urgência”, na comissão parlamentar de Orçamento porque, disse o deputado António Leitão Amaro, as recentes notícias são ” muito preocupantes para os contribuintes”.

NÚMEROS

Os credores da Rentipar Investimentos

A empresa presidida por Teresa Roque tem quatro grandes credores, segundo os papéis da insolvência que deram entrada na Comarca de Lisboa.

60 MILHÕES DE EUROS

Valor da emissão, de 2011, de obrigações da Rentipar Investimentos, cuja maturidade é em Dezembro de 2016.

50 MILHÕES DE EUROS

Papel comercial do Novo Banco em que a Rentipar está em incumprimento. Junta-se mais de 1 milhão em crédito.

13,45 MILHÕES DE EUROS

Dívida da Rentipar Investimentos perante o BCP, em que as acções do Banif foram dadas como garantias.

8,9 MILHÕES DE EUROS

Um financiamento intra-grupo do Banif à Rentipar, cujas garantias prendem-se a participações em outras empresas. Rentipar colocou obrigações após perder dividendo

O Banif deixou de pagar dividendos e, no ano seguinte, a empresa-mãe avançou para uma colocação de obrigações que envolveu clientes do banco. A devolução está em risco.

A Rentipar deixou de receber dividendos do seu principal activo, o Banif, em 2010. Nessa altura, começaram também a agravar-se os problemas naquela instituição financeira, acompanhando todo o sistema financeiro. Mas a empresa da filha de Horácio Roque precisava de se financiar. A opção foi uma emissão de obrigações. Sem dinheiro do banco, a Rentipar acabou por conseguir financiar-se, em parte, com dinheiro dos clientes da instituição financeira.

Em 2011, foram colocados 60 milhões de euros em obrigações. Algumas, não se sabe quantas, foram vendidas aos balcões do banco sediado no Funchal, como adiantou o Económico. A emissão podia ser subscrita por particulares, já que o valor mínimo de subscrição era 50 mil euros por papel. A data original para o vencimento dos títulos era 2013 mas não houve condições para que tal acontecesse na data – a Rentipar teve de assumir um compromisso com o Estado, no âmbito da ajuda estatal de 2012, que implicava um investimento de 75 milhões de euros no Banif. Assim, a maturidade foi estendida até 2016, altura em que o grosso da ajuda estatal do banco já estaria devolvido, e poderia haver já uma situação mais equilibrada na accionista. Não aconteceu. O Banif nunca conseguiu recuperar-se efectivamente e, no final de 2015, acabou por ser intervencionado, com a actividade bancária a ser vendida ao Santander Totta.

Os títulos da Rentipar arriscam a não devolução. Havia uma possibilidade de reembolso antecipado do capital investido nestas obrigações a 30 de Dezembro de 2015, mas a SIC avançou que a empresa não permitiu tal adiantamento. Da mesma forma, também a estação de televisão adiantou que há juros em atraso.

Tal como o Negócios já deu conta, o representante comum dos obrigacionistas agendou já uma reunião para 22 de Janeiro, de forma a obter autorização para reclamar os créditos “na eventualidade de vir a ser declarada a insolvência da Rentipar Investimentos”. Antecipam-se ainda outro tipo de acções que visem a recuperação.

Novo Banco precipita queda da ex-dona do Banif

Segunda-feira, Janeiro 11th, 2016

Citamos

Negócios

A Rentipar caminha para a insolvência. A empresa liderada por Teresa Roque tem uma dívida acima de 50 milhões ao Novo Banco que não pagou. Não há “garantias especiais associadas” a esses créditos concedidos. BCP e Banif são outros credores.
O Novo Banco acelerou a insolvência da Rentipar Investimentos, a empresa presidida pela filha de Horácio Roque que exercia, antes da entrada do Estado em 2012, o controlo sobre o Banif.No documento em que solicita a entrada em insolvência, a que o Negócios teve acesso, a Rentipar explica que o facto de não ter conseguido negociar a dívida que tinha perante a instituição sob o comando de Eduardo Stock da Cunha tornou “inegável a incapacidade da requerente em cumprir as suas obrigações contratuais”.

Em Outubro de 2015, a sociedade liderada por Horácio Roque quis renegociar o passivo que havia entrado em incumprimento meses antes umaparte era em papel comercial, subscrito em 2009 junto do BES, a outra em crédito concedido. Não conseguiu. Ficou com uma divida de 54,5 milhões de euros por reembolsar. E sob ameaças judiciais. “Não podendo este banco manter, por tempo indeterminado, as responsabilidades em causa nesta situação de incumprimento, vimos conceder o prazo de 10 dias para que nos apresentem uma proposta concreta de regularização, por forma a estudarmos em conjunto uma plataforma de solução. Não sendo possível, a curto prazo, encontrar uma solução, entregaremos o caso aos nossos advogados, a fim de sermos reembolsados pela via judicial”, indica a carta do departamento de recuperação de crédito do Novo Banco, citada nos documentos que deram entrada no Tribunal da Comarca de Lisboa.

“Não tem garantias especiais associadas”, é outra informação que consta relativamente tanto ao crédito, como ao papel comercial subscrito pelo Novo Banco.

A instituição herdeira do Banco Espírito Santo é apenas um dos quatro principais credores da Rentipar. Conta-se, nos documentos da Abreu & Marques e Associados, as dívidas de 13,4 milhões de euros perante o BCP e de 8,9 milhões junto do Banif. A maior porção é uma dívida sobre quem adquiriu as obrigações emitidas em 2011, de 60 milhões de euros. Foi a 2 de Novembro que a administração liderada por Teresa Roque percebeu que não tinha “perspectivas de continuidade da sua actividade”. O principal activo da Rentipar Investimentos é a participação na Rentipar Financeira, que era a accionista histórica do Banif. Só que, entre outros, a queda da cotação das acções desde a ajuda estatal de 2012 desequilibrou a situação patrimonial da companhia, já que deixou de dispor de activos para apresentar como colaterais em financiamentos.

Assim, seguiu-se a tentativa de venda de activos, como a participação no Banif. “Foram encetadas várias diligências tendentes à alienação do principal activo da sociedade, com especial enfoque no mercado chinês”, assinala a acta da reunião de 2 de Novembro. Tentativas “infrutíferas”, diz-se no documento. “Consideramos que não é possível assegurar a esta data que a empresa consiga cumprir com as suas responsabilidades de curto prazo e cumprir com o princípio de continuidade das operações”, aponta a certificação de contas de 2014, realizada pela PwC em Setembro de 2015, que se escusou a dar a sua opinião devido à desequilibrada situação da companhia. No final de 2014, com o prejuízo de 49,4 milhões de euros registado, a Rentipar Investimentos passou a apresentar capitais próprios (que, de forma simples, resultam da diferença entre activos e passivos) de 11,9 milhões de euros, “inferior a metade do capital social”, o que, segundo a lei, obriga ou à dissolução ou ao reforço de capital. Até agora, esse reforço não foi possibilitado e a intervenção no Banif agravou ainda mais a situação, dando a “última machadada”, como já havia dito fonte da sociedade ao Negócios.

Venda ao Totta por explicar

Vários partidos consideram que a venda da actividade bancária do Banif ao Santander Totta está por explicar. À direita, o PSD quer esclarecer notícias recentes. À esquerda, o PCP pretende conhecer o papel do Banco Central Europeu na queda do Banco. As forças parlamentares querem respostas imediatas e não esperam pela comissão de inquérito ao Banif, cuja discussão está marcada para 22 de Janeiro. “Confirma que houve ofertas privadas para a compra do Banif que implicariam menos esforço financeiro público do que a venda ao Santander?” é uma pergunta lançada ao ministro pelos comunistas Miguel Tiago e Paulo Sá, depois de o Público ter avançado que a Apollo tinha uma proposta de compra do Banif que implicava um menor esforço financeiro estatal do que a que vingou, do Totta. O crédito fiscal que pode superar os 200 milhões que passou do Banif para o banco de capitais espanhóis é outra preocupação. O PCP, através de João Ferreira, levou também o caso ao Parlamento Europeu para que se questione a Comissão Europeia sobre a sua intervenção na resolução do Banif. Já o PSD quer que Mário Centeno preste declarações, com “urgência”, na comissão parlamentar de Orçamento porque, disse o deputado António Leitão Amaro, as recentes notícias são ” muito preocupantes para os contribuintes”.

NÚMEROS

Os credores da Rentipar Investimentos

A empresa presidida por Teresa Roque tem quatro grandes credores, segundo os papéis da insolvência que deram entrada na Comarca de Lisboa.

60 MILHÕES DE EUROS

Valor da emissão, de 2011, de obrigações da Rentipar Investimentos, cuja maturidade é em Dezembro de 2016.

50 MILHÕES DE EUROS

Papel comercial do Novo Banco em que a Rentipar está em incumprimento. Junta-se mais de 1 milhão em crédito.

13,45 MILHÕES DE EUROS

Dívida da Rentipar Investimentos perante o BCP, em que as acções do Banif foram dadas como garantias.

8,9 MILHÕES DE EUROS

Um financiamento intra-grupo do Banif à Rentipar, cujas garantias prendem-se a participações em outras empresas. Rentipar colocou obrigações após perder dividendo

O Banif deixou de pagar dividendos e, no ano seguinte, a empresa-mãe avançou para uma colocação de obrigações que envolveu clientes do banco. A devolução está em risco.

A Rentipar deixou de receber dividendos do seu principal activo, o Banif, em 2010. Nessa altura, começaram também a agravar-se os problemas naquela instituição financeira, acompanhando todo o sistema financeiro. Mas a empresa da filha de Horácio Roque precisava de se financiar. A opção foi uma emissão de obrigações. Sem dinheiro do banco, a Rentipar acabou por conseguir financiar-se, em parte, com dinheiro dos clientes da instituição financeira.

Em 2011, foram colocados 60 milhões de euros em obrigações. Algumas, não se sabe quantas, foram vendidas aos balcões do banco sediado no Funchal, como adiantou o Económico. A emissão podia ser subscrita por particulares, já que o valor mínimo de subscrição era 50 mil euros por papel. A data original para o vencimento dos títulos era 2013 mas não houve condições para que tal acontecesse na data – a Rentipar teve de assumir um compromisso com o Estado, no âmbito da ajuda estatal de 2012, que implicava um investimento de 75 milhões de euros no Banif. Assim, a maturidade foi estendida até 2016, altura em que o grosso da ajuda estatal do banco já estaria devolvido, e poderia haver já uma situação mais equilibrada na accionista. Não aconteceu. O Banif nunca conseguiu recuperar-se efectivamente e, no final de 2015, acabou por ser intervencionado, com a actividade bancária a ser vendida ao Santander Totta.

Os títulos da Rentipar arriscam a não devolução. Havia uma possibilidade de reembolso antecipado do capital investido nestas obrigações a 30 de Dezembro de 2015, mas a SIC avançou que a empresa não permitiu tal adiantamento. Da mesma forma, também a estação de televisão adiantou que há juros em atraso.

Tal como o Negócios já deu conta, o representante comum dos obrigacionistas agendou já uma reunião para 22 de Janeiro, de forma a obter autorização para reclamar os créditos “na eventualidade de vir a ser declarada a insolvência da Rentipar Investimentos”. Antecipam-se ainda outro tipo de acções que visem a recuperação.

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