Archive for the ‘IGCP’ Category

Entrevista com Cristina Casalinho

Segunda-feira, Maio 23rd, 2016

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RTP com som

Rating
Este ano o nível de rating de Portugal deverá manter-se no “lixo” para a Fitch, a Moody’s e a Standard & Poors. A convicção é da presidente do IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública. Cristina Casalinho não acredita que este ano as agências de rating alterem para investimento o nível de rating português. Refere: “É pouco provável” porque o outlook não se alterou e mantem-se estável. Para a responsável pela gestão da dívida pública, as agências de rating acham que o historial de trajectória descendente da dívida pública portuguesa, ainda não é suficiente para permitir ter decisões sólidas.

Dívida
É também por essa razão que Cristina Casalinho considera que para já não é possível emitir dívida a 50 anos como fez a Espanha. No entanto, não coloca totalmente de parte essa possibilidade no futuro e adianta mesmo que se trata de uma expectativa a “acalentar”.

BANIF
A presidente do IGCP considera que uma boa venda do Novo Banco seria conseguir que a venda fosse executada com o máximo de reembolso possível do empréstimo efectuado pelo Estado ao Fundo de Resolução, para permitir que a execução dos pagamentos antecipados ao FMI se concretize. Se assim não for, a meta prevista de 3,3 mil milhões pode ficar comprometida.

Banco mau
Sobre a constituição de um “banco mau” Cristina Casalinho refere não ter conhecimento suficiente para se pronunciar. Lembra apenas que os investidores não gostam de surpresas e por isso se houver “alterações de rota” sugere que sejam comunicadas com antecedência para permitir um ajustamento.

Investimento
É preciso poupar mais mas continua a ser fundamental atrair os investidores estrangeiros para que haja mais pessoas a transaccionar a dívida publica e a diversificar os investimentos.

BCE
Cristina Casalinho admite que o pós programa BCE vai ter impactos. Considera que “é complicado acreditar que não vai haver qualquer tipo de efeito” mas adianta que “não há a noção do impacto. Sabe-se apenas que será significativo”. No entanto Portugal, segundo a presidente do IGCP, já se está a preparar para essa mudança, diversificando os produtos disponíveis porque “não se pode por os ovos todos num cesto” e criando uma almofada financeira.

 

IGCP anuncia défice de 5,2 mil milhões de euros em 2016

Terça-feira, Janeiro 12th, 2016

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Negócios

Apresentação do instituto que gere a dívida pública confirma abrandamento da consolidação orçamental e concretiza défice que terá de financiar em 2016: 5,2 mil milhões de euros. Dívida baixa em 2015, mas graças a redução abrupta de depósitos.

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) confirma os planos orçamentais anunciados pelo governo: a consolidação orçamental vai continuar em Portugal, mas a um ritmo mais lento. Num documento enviado a investidores em dívida pública, o IGCP anuncia que o défice orçamental subirá para 4,2% do PIB em 2015 devido à recapitalização do Banif (seria de 3% do PIB sem essa operação), e que baixará para 2,8% do PIB este ano, continuando depois a cair até 1,5% do PIB em 2019. Esta é exactamente a trajectória inscrita no programa de Governo, uma vez feito o ajustamento à intervenção no Banif.

Na primeira apresentação aos investidores desde a tomada de posse de António Costa, o IGCP revela ainda que a dívida pública terá baixado o seu peso no PIB em 2015 (de 130,2% do PIB para 128,2% do PIB), apesar da recapitalização do Banif. Tal só é possível porque o Governo optou por usar os depósitos que servem de almofada financeira, que baixam de 12,4 mil milhões de euros em 2014 para 6,6 mil milhões de euros em 2015. O IGCP anuncia no entanto desde já um reforço desta almofada para os 9,5 mil milhões de euros este ano, embora não revele qual será o peso esperado para a dívida pública este ano.

Os planos agora comunicados diferem substancialmente dos apresentados pelo anterior Governo que desde o Programa de Estabilidade, apresentado em Maio do ano passado, apontava para défices orçamentais de 2,7% do PIB em 2015 (um valor inalcançável mesmo sem recapitalização do Banif) e 1,8% este ano. Os planos dos socialistas de registar um défice de 2,8% do PIB concedem ao orçamento um alívio na consolidação de perto de 1,8 mil milhões de euros.

Financiar défice de 5,2 mil milhões de euros

 

O documento da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública faz um resumo dos principais desenvolvimentos macroeconómicos, financeiros e orçamentais em Portugal nos últimos anos e levanta o véu sobre os planos do novo Executivo, seguindo de perto as estimativas inscritas no programa de Governo do PS.
Uma das principais novidades é a concretização, em euros, do défice do subsector Estado de 2016 que atingirá os 5,2 mil milhões de euros. São menos 1,3 mil milhões de euros que o valor em 2015 o que, segundo o IGCP, é compatível com um défice das Administrações Públicas (que incluem o subsector Estado, mas também as regiões e as autarquias) de 2,8% do PIB. Os défices continuarão a cair nos anos seguintes até 3,1 mil milhões de euros em 2019.
Adicionalmente, o IGCP revela que necessitará de 2,1 mil milhões de euros para financiar e recapitalizar empresas públicas, e que conta com 200 milhões de euros de receitas de privatizações. Não estão previstas receitas com a venda do Novo Banco ou com outras amortizações que venham a ser feitas pelo Fundo de Resolução que tem intervido na banca. A concretizarem-se servirão para abater à dívida pública, em particular à dívida do FMI.

Contas feitas, o IGCP apresenta necessidades líquidas de financiamento de 7,2 mil milhões de euros, a que se juntam mais 6,6 mil milhões de euros para amortizar dívida pública que chega à maturidade e 3,3 milhões de pagamentos ao FMI. Ao todo o Estado português terá de emitir 17 mil milhões de euros de dívida pública este ano. Na semana passada o IGCP deu conta do plano de emitir 18 a 20 mil milhões de obrigações do Tesouro.

Banif e Novo Banco agravam défice do IGCP para 4,2%

Terça-feira, Janeiro 12th, 2016

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Público

Agência que gere a dívida pública diz que, excluindo o Novo Banco e o Banif, o défice orçamental seria de 3% em 2015.

O IGCP anunciou um défice de 4,2% em 2015 (incluindo o Banif) e replicou o objectivo orçamental do Governo para 2016, de ter um défice de 2,8%, o equivalente a 5,2 mil milhões de euros.

Na primeira apresentação aos investidores do ano, que data de Janeiro e que está disponível online, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) indica que, “se espera que o défice fique nos 4,2% do PIB [em 2015], em resultado da classificação da capitalização do Banif, que ascende a 1,2 pontos percentuais do PIB [Produto Interno Bruto], como despesa de capital”.

A agência que gere a dívida pública portuguesa acrescenta que, excluindo o Novo Banco e o Banif, o défice orçamental seria de 3% em 2015.
Para os anos seguintes, o IGCP divulga as metas já anunciadas pelo Governo no seu programa eleitoral, de 2,8% este ano, 2,6% em 2017, 1,9% em 2018 e 1,5% em 2019.

Para este ano, o IGCP adianta que o défice orçamental irá equivaler a 5,2 mil milhões de euros e que espera alocar 2,1 mil milhões de euros para a recapitalização de empresas públicas, antecipando também encaixar 200 milhões com as privatizações.

Portugal terá assim, em 2016, necessidades líquidas de financiamento de 7,2 mil milhões de euros de necessidades líquidas, a que se somam 6,6 mil milhões relativos a dívida pública que atinge a maturidade este ano e mais 3,3 milhões para pagamentos ao Fundo Monetário Internacional, num total de 17 mil milhões de euros. A agência que gere a dívida pública portuguesa prevê chegar ao final do ano com uma almofada financeira de 9,5 mil milhões de euros.

Quanto à dívida pública, o IGCP refere que deve “entrar numa tendência de queda”, que terá atingido os 128,2% do PIB no final de 2015, alertando que, “tendo em conta o actual nível elevado da dívida pública, Portugal ainda parece enfrentar riscos de sustentabilidade orçamental altos no médio prazo”.

No entanto, no longo prazo, a instituição liderada por Cristina Casalinho considera que os riscos orçamentais com que Portugal está confrontado são “baixos”, já que os saldos estruturais primários são positivos desde 2012.

Estado tinha 12,8 mil milhões em depósitos no final de setembro

Quinta-feira, Janeiro 7th, 2016

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Expresso

Relatório da UTAO revela que maior parte do dinheiro estava em contas do Banco de Portugal. Nos últimos três meses do ano, a folga financeira encolheu para cerca de 7,5 mil milhões. E ainda falta ‘pagar’ o Banif

O Estado tinha depósitos no valor de 12,8 mil milhões de euros no final do terceiro trimestre, revela a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) do Parlamento na análise aos dados da execução orçamental até novembro.

O total de disponibilidades financeiras do Estado ascendia, em setembro, a 16,4 mil milhões de euros. Mas a este total, para se ter os depósitos líquidos, é necessário retirar as caixas de alguns serviços públicos (como a Autoridade Alfandegária ou os serviços de Finanças), outras aplicações que não são verdadeiros depósitos e também as contas margem (valores por conta de eventuais perdas) nos contratos de derivados para cobertura de risco cambial.

Feitas as contas, sobram 12,8 mil milhões de euros que, entretanto, já diminuíram. A UTAO não avança uma nova estimativa para o final de 2015 e remete para o Orçamento do Estado de 2016 que será conhecido em breve ou para uma nova nota da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP).

Na estimativa anterior, o IGCP apontava para um valor de 8,6 mil milhões no final do ano passado. Mas isso era um número avançado em outubro e, desde então, já houve alterações. A começar com a intervenção no Banif que vai ter consequências no endividamento do Estado. Antes desta operação, cujo impacto não é imediato, os depósitos rondavam 7,5 mil milhões de euros, segundo apurou o Expresso junto de uma fonte governamental.

A intervenção no Banif representa um agravamento da despesa 2255 milhões de euros pelo Estado (parte pelo Fundo de Resolução com empréstimo do Tesouro) que terão que ser financiados. O que significa que será necessário financiamento adicional e/ou que são usados os depósitos que poderiam recuar, num caso limite, para perto de 5000 milhões de euros.

Os 750 milhões de garantia ao Santander pelos ativos problemáticos do Banif são dívida emitida pelo Fundo de Resolução e, por isso, não são divida direta do Tesouro nem afetam os depósitos. Embora representem um agravamento da dívida pública global.

A não concretização da venda do Novo Banco e da correspondente amortização do empréstimo de 3,9 mil milhões de euros ao Fundo de Resolução levou ao adiamento de uma nova tranche de reembolso antecipado ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para 2016. Com o impacto do Banif, o reembolso poderá ser ainda mais adiado.

Portugal já pagou 8,4 mil milhões de euros do empréstimo do FMI para aproveitar as taxas de juro baixas no mercado, e a ideia é reembolsar mais 10 mil milhões de euros este ano, parte dos quais (cerca de 2000 milhões) transitam de 2015.