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O grupo automóvel que chocou de frente com o Banif

Segunda-feira, Janeiro 11th, 2016

Citamos

Público

A Auto-Industrial era o segundo maior accionista privado do Banif, mas o negócio que parecia promissor em 2009 tornou-se um pesadelo para a empresa de comércio automóvel criada em Coimbra em 1920.

Centrada na venda de automóveis, e referenciada como a maior empresa do distrito de Coimbra (cidade onde nasceu) em volume de negócios, a Auto-Industrial começou desde logo a sentir os efeitos da crise financeira que se iniciou em 2008 nos Estados Unidos, e que conduziu a uma retracção na compra de bens de consumo.

A 10 de Julho de 2009, numa das raras aparições públicas, o presidente da empresa, Mário Leite Santos, surgiu ao final do dia ao lado de Horácio Roque para anunciar a incorporação do Banco Mais, detido pela Auto-Industrial, no Banif.

O “namoro” com a instituição financeira especializada no crédito automóvel tinha começado em 2006, e a sua concretização, garantiu Mário Leite Santos, nada tinha a ver com a má conjuntura que o sector já estava a atravessar.

O Banco Mais, disse então o empresário de 61 anos, licenciado em Direito na Universidade de Coimbra e um dos maiores accionista da Auto-Industrial, estava demasiado focado na área automóvel e era mais “vantajoso” ter uma participação, mesmo que menor, numa instituição financeira de maior dimensão. Nesse momento, a empresa deu os primeiros passos em direcção ao que se transformaria numa tempestade perfeita.

Anos negros
O Banco Mais nasceu como uma sociedade financeira de apoio ao crédito, denominada de Tecnicrédito. Em 2000, já depois de a Auto-Industrial garantir os cerca de 50% do capital que estavam nas mãos do BCP/BPA, o Banco de Portugal concedeu-lhe uma licença bancária. Nove anos depois, quando se diluiu no Banif, o Banco Mais tinha também operações em Espanha, Polónia, Hungria, Eslováquia e Brasil (neste caso através de uma parceira com a Société Générale).

A união com o banco liderado por Horácio Roque foi desde logo vista como um movimento de consolidação positivo, a começar pelo então presidente do Banco de Portugal, Vítor Constâncio. A instituição financeira mudou o nome de Banco Mais para Banif Mais, na esfera do Banif SGPS, mas os sinais de que as coisas não corriam de feição começaram a acentuar-se passado pouco tempo.  Em Maio de 2010, morreu Horácio Roque, e o banco fechou o exercício com um lucro de 33 milhões de euros, uma queda de 38% face ao ano anterior.

Mesmo assim, a empresa, uma das maiores do sector do comércio automóvel em Portugal, mostrava-se convicta que os seus negócios acabariam por se “estender a outros domínios”. As vendas de veículos tinham recuperado face a 2009, com o volume de negócios a subir 28% para 340 milhões, e o resultado líquido a crescer 135% para oito milhões de euros.

No entanto, o principal negócio do grupo ia entrar em derrapagem. Em 2011, o ano em que a troika de credores (Comissão Europeia, BCE e FMI) entraram em Portugal, o volume de negócios caiu 27%, para 249,3 milhões (abaixo do mau resultado de 2009), e registou um prejuízo de 17,6 milhões. Quanto ao Banif, fechou o ano com um resultado líquido negativo de 162 milhões de euros. Os anos seguintes iam ser ainda piores. Em 2012, com Portugal a sofrer uma profunda recessão na economia, o grau de autonomia financeira da Auto-Industrial degrada-se, o volume de vendas do grupo desce para 186 milhões de euros, abaixo da fasquia dos 200 milhões, e o resultado líquido é negativo em 56 milhões de euros. No último dia do ano, o Estado anuncia a intervenção no Banif, através da entrada de 700 milhões de euros directamente no capital social e da aplicação de mais 400 milhões em obrigações convertíveis em acções (os denominados CoCo).

Depois desse movimento, os accionistas privados, como a Rentipar (empresa deixada por Horácio Roque, e que passa como herança indivisa para a família, acabando por ser encabeçada por Teresa Roque) e a Auto-Industrial, sem capacidade para responder às necessidades de capital sentidas pelo banco, assistem à diluição das suas posições.

 

AS DATAS MARCANTES NA VIDA DO BANIF

Segunda-feira, Dezembro 21st, 2015

Citamos

JM

O Banif, criado há 28 anos, deixará de existir tal como o conhecemos hoje, na sequência da resolução e venda anunciada no domingo à noite, três anos depois de uma injeção estatal de 1.100 milhões de euros.
O resgate ao Banif terá consequências para os contribuintes, com o ministro das Finanças a já ter admitido hoje um aumento do défice orçamental de um ponto percentual este ano, mas também deverá haver implicações em termos políticos, sendo provável a criação de uma comissão de inquérito parlamentar.

Cronologia dos principais acontecimentos do Banif desde a sua fundação até à atualidade:

1988
15 de janeiro – Fundação do Banif pela incorporação da histórica Caixa Económica do Funchal, sendo o principal rosto dos fundadores o empresário madeirense Horácio Roque.

1992
Novembro – As ações começam a negociar na bolsa de Lisboa

1993
Início da internacionalização do grupo

1996
O Banif compra o Banco Comercial dos Açores, tornando-se líder de mercado naquela região autónoma, e a companhia de seguros Açoreana.

1997
Reforça a aposta nos seguros, adquirindo a maioria do capital da Oceânica.

1999
Para reforçar a sua atividade de banca de investimento e a internacionalização, adquire o banco de investimento brasileiro Banco Primus. Fusão entre as seguradoras Oceânica e a Açoreana.

2000
Criação do Banif – Banco de Investimento.
2002
O Banif – Banco Internacional do Funchal, SA foi transformado em Banif SGPS e foi criado um novo banco com a mesma denominação social Banif – Banco Internacional do Funchal, SA pela transferência de toda a atividade bancária.

2003
Outubro – A ‘holding’ Rentipar, detida maioritariamente por Horácio Roque, passa a deter o controlo direto do capital do Banif, na sequência da oferta pública de aquisição.

2004
O Banco Banif Primus começa a atuar como o banco de retalho no Brasil.

2005
O grupo reorganiza as suas ‘holdings’ e continua a sua expansão, principalmente no continente americano.

2007
Alarga a presença internacional através de parcerias e aquisições. Adquire uma participação de controlo no Banco Caboverdiano de Negócios, cria um banco de retalho em Malta, que arranca em 2008, e entra no mercado Espanhol, através da aquisição de participações significativas na Banca Pueyo e no Bankpyme.

2009

Setembro
– Banif SGPS adquire o Tecnicrédito, especializado em crédito automóvel e ao consumo.
– As relações entre o Banif e Angola, muito noticiadas nos jornais, obrigam o banco a uma reação oficial, sobretudo depois de o jornal i ter avançado que o Governo angolano reclamava mais de 100 milhões de euros, dinheiro que teria sido disponibilizado para a compra de 49% das ações do banco através de intermediários, mas cujo negócio não chegou a ser concretizado.
O Banif nega que o Governo angolano seja seu acionista e diz que nunca teve conhecimento de um negócio conduzido por terceiros em nome do executivo de José Eduardo dos Santos.
O caso remonta ao início dos anos 1990, no auge da guerra civil, com notícias a relatarem que o Estado angolano teria dado dinheiro a testas-de-ferro para comprar participação no Banif, uma vez que suspeitava que o banco financiasse a UNITA.

2010

Janeiro
– As autoridades angolanas consideram “satisfatório” o acordo com os empresários Francisco Cruz Martins e Eduardo Capelo Morais, que permite recuperar 75% da verba reclamada no caso Banif, que totaliza 150 milhões de dólares (cerca de 105 milhões de euros).
O tenente-coronel António Figueiredo, que o Estado angolano também acusava de ser um dos três homens que ficou com o dinheiro que entregou para comprarem as ações do Banif, morreu em 2009, pelo que a responsabilidade civil de fazer reembolso passou para os herdeiros.

Maio
– Morre Horácio Roque, fundador do Banif. Tinha tido um acidente vascular cerebral (AVC) no início de março.
2011

Agosto
– Notícias dão conta de que os bancos BBVA, Santander e Barclays estão a avaliar entrar no capital do Banif, então liderado por Marques dos Santos.

Dezembro
– Inspeção da ‘troika’ às carteiras de crédito dos bancos portugueses deteta a necessidade de cobrir 90 milhões de euros de imparidades nas contas do Banif, a 30 de junho. O montante correspondia a 0,8% do montante global dos créditos analisados e a 15,7% do valor da imparidade da carteira abrangida pela análise.
– O Grupo Banif fecha o ano com prejuízos de 161,6 milhões de euros face ao lucro de 33,4 milhões de euros obtidos em 2010. As contas de 2011 foram prejudicadas pelo forte aumento do valor para provisões e imparidades.

2012

Luta pela herança de Horácio Roque entre a ex-mulher do empresário, Fátima Roque, e as filhas Teresa e Cristina. O caso chega a tribunal.

Fevereiro
– Jorge Tomé, então administrador da CGD, é anunciado com presidente executivo do Banif, para substituir Marques dos Santos. O ex-ministro Luís Amado será o presidente do Conselho de Administração.
– O grupo inicia uma reestruturação do balanço e das suas sociedades, sendo várias fundidas, e avança com uma reestruturação, com fechos futuros de muitas agências e saída de centenas de trabalhadores.

Março
O Banif chumba na avaliação do Banco de Portugal aos métodos utilizados nos testes de ‘stress’, precisando de fazer várias alterações e melhorias às “metodologias e aos parâmetros” que permitem avaliar a solvabilidade futura do banco.
Setembro
Início das negociações para um aumento de capital do Banif, com provável entrada do Estado. O objetivo da injeção de dinheiro é a recapitalização do banco, cumprindo as exigências dos reguladores.

Dezembro
31 de dezembro – O Estado anuncia a injeção de 1.100 milhões de euros no Banif: 700 milhões de euros diretamente em capital e 400 milhões de euros em obrigações convertíveis em ações (as chamadas ‘CoCo bonds’).
O Estado ficou então dono de 99,2% das ações do Banif e de 98,7% dos direitos de voto. Os outros principais acionistas são a Rentipar Financeira (‘holding’ detida pelas filhas do fundador do banco, Horácio Roque) e o grupo Auto-Industrial.
O Banif regista em 2012 prejuízos históricos de 576,4 milhões de euros, o que compara com perdas de 161,6 milhões de euros em 2011.

2013

Janeiro
PCP e Bloco de Esquerda levam a recapitalização do Banif ao plenário da Assembleia da República.
O deputado comunista Paulo Sá condena, nas declarações políticas, a operação para considerar que “o escandaloso negócio que o Governo está a cozinhar com o Banif” corre “o risco de ser um novo BPN”.
Pelo BE, Pedro Filipe Soares, destaca que o “Estado português avança com 1.100 milhões de euros para um banco avaliado em 570 milhões, mas nem assim terá qualquer voz na sua gestão”, acrescentando que “os cidadãos já viram este filme e, infelizmente, sabem que o final está longe de ser feliz”.
No debate, o PS anuncia que vai propor a audição do então ministro das Finanças, Vítor Gaspar, para prestar esclarecimentos sobre esta matéria. O ministro iria ao parlamento em fevereiro numa audição sobre as recapitalizações em geral.
Pela maioria que suporta o governo da altura, o deputado Duarte Pacheco acusa PCP e BE de “demagogia”, sublinhando que a recapitalização da banca não significa “dar dinheiro aos bancos”, mas “emprestar” e com “juros muitíssimos superiores” aos que Portugal paga pelo empréstimo da ‘troika’, e refere que “só uma banca recapitalizada pode verdadeiramente desempenhar o papel de dar crédito e financiamento à economia”.
– O CDS não se manifesta sobre este caso, o que PCP e BE fizeram questão de assinalar.
Fevereiro
– O presidente executivo do Banif, Jorge Tomé, diz numa audição no parlamento que “o Banif vai conseguir pagar ao Estado” o dinheiro investido, ainda que reconhecendo que o investimento “é uma magnitude de capitalização significativa”.

Março
– Estado escolhe os seus representantes no Banif: António Varela fica como administrador não executivo e Rogério Pereira Rodrigues é o representante Conselho Fiscal.

Abril
-Plano de reestruturação do Banif é submetido formalmente à Comissão Europeia. Apesar de as medidas concretas não serem conhecidas, é sabido que o banco tem, até 2017, de reduzir a sua atividade e de vender a maior parte das operações que tem no estrangeiro.

Maio
-O banco abre uma ação de responsabilidade civil contra os ex-diretores da subsidiária Banif Brasil, depois de o banco ter registado imparidades de 171 milhões de euros resultantes de “indícios de irregularidades”.

Junho
– Aumento do capital social em 100 milhões de euros, numa operação subscrita pelos principais acionistas (Açoreana Seguros, detida pela ‘holding’ Rentipar Seguros, e grupo Auto-Industrial), continuando o Estado com controlo do banco, ao reduzir apenas ligeiramente a sua posição para 86,881%.
Quando o Estado injetou capital no Banif, no final de 2012, o banco ficou obrigado a realizar um aumento de capital de 450 milhões de euros até ao final de junho para que o controlo do banco regressasse a mãos de investidores privados, o que não se concretizou.
Agosto
– O Estado passa a deter 73,964% do capital social do Banif, equivalente a 64,368% dos direitos de voto, depois de alguns aumentos de capital.
– O Banif paga ao Estado 150 milhões de euros pelo empréstimo obrigacionista (obrigações ‘CoCo’), que já deveria ter sido reembolsado até final de junho.

Outubro
– Oferta pública de troca de obrigações por ações leva o banco a aumentar capital em cerca de 70,7 milhões de euros. O Estado português reduz sua posição para 68,8% do banco.

18 de outubro
– O semanário Expresso publica que Maria da Conceição Leal, ex-administradora do Banif no Brasil, recebeu em 2012 mais do que qualquer banqueiro em Portugal, tendo auferido de um vencimento superior a 980 mil euros. O Banif reage afirmando que o valor incorporava um prémio de gestão relativo a 2011 e garante que os cortes nos salários dos gestores estão a ser cumpridos.

2014

Fevereiro
– O Banif anuncia acordo com a Guiné Equatorial para entrada no capital do banco, comprando a posição do Estado. Apesar de muito falado e polémico, o negócio nunca vai avante.

Abril
– Banif paga mais 125 milhões de euros ao Estado referente às ‘CoCo bonds’

Junho
– Aumento de capital de 138,5 milhões de euros. Estado fica com a sua participação reduzida a 60,5% do capital e cerca de 49% dos direitos de voto.

Outubro
– Mais uma versão do plano de reestruturação do Banif é apresentada à Comissão Europeia. Desde que recebeu a ajuda pública, o banco apresentou sucessivas versões do seu plano de reestruturação, sem que tenha conseguido a aprovação pelas autoridades comunitárias.

Dezembro
– Banif falha o pagamento dos restantes 125 milhões de euros em obrigações ‘CoC’o’ ao Estado. No total, só devolve 275 dos 400 milhões de euros de dinheiro público emprestado no final de 2012.

2015

Julho
– A Comissão Europeia confirma que abriu uma investigação aprofundada para apurar se o auxílio que o Estado português concedeu ao Banif é compatível com as regras da União Europeia, apontando que, “nesta fase, receia que as medidas não cumpram os requisitos” das regras europeias.

Agosto
– Acionistas do Banif, de que o Estado é o principal, com 60,5%, elegem os órgãos sociais para próximos três anos, reconduzindo Jorge Tomé como presidente executivo e Luís Amado como ‘chairman’.

Novembro
– A Comissão Europeia divulga uma carta, enviada a 24 de julho ao governo liderado por Passos Coelho, na qual considera que existem “riscos substanciais” no plano de reestruturação do banco e que tem “dúvidas” da sua viabilidade.

Dezembro
11 de dezembro
– Depois de várias notícias sobre o assunto, o Banif confirma que está em curso um processo formal de venda da participação do Estado a um investidor.
13 de dezembro
– Notícia da TVI 24 dá conta de intervenção pública iminente no banco.
– O Banif desmente qualquer intervenção ou imposição de medida de resolução, afirmando que “não tem sentido ou fundamento, e anuncia que vai pôr o canal público em tribunal”.

14 de dezembro
– O Ministério das Finanças diz em comunicado que está a acompanhar a situação do Banif e o processo de venda a investidores da posição estatal, acrescentando que tem como objetivo garantir “a plena proteção dos depositantes”.
– Comissão Europeia diz que está em contacto com autoridades portuguesas e que qualquer solução para o banco tem de “assegurar a plena proteção dos depósitos garantidos”.

15 de dezembro
– O Banco de Portugal diz que, em articulação com o Ministério das Finanças, “está a acompanhar a situação do Banif, garantindo, como é da sua competência, a estabilidade do sistema financeiro, bem como a segurança dos depósitos”.
– O presidente do Banif, Jorge Tomé, avança em entrevista à SIC que a sua administração tentou vender a posição do Estado no início do ano, referindo que foi um processo formal adiado pela decisão do executivo de Passos Coelho de dar preferência ao Novo Banco: “Na altura, o Governo, como também tinha o processo do Novo Banco em curso, muito provavelmente não quis misturar os processos e, portanto, o que nos disse foi o seguinte: se aparecerem propostas não solicitadas, olhamos, mas, abrir um concurso de forma estruturada não nos parece melhor solução nesta altura”.
– Reuniões entre o primeiro-ministro, António Costa, e os líderes dos partidos com assento parlamentar sobre a situação do banco.
– António Costa garante a proteção dos depósitos, mas admite que uma solução para o banco pode ter custos para contribuintes.

17 de dezembro
– Pouco depois das 14:00 (hora de Lisboa), as ações do Banif são suspensas da negociação em bolsa por decisão da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), por aguardar a “prestação de informação relevante” sobre a venda do banco. Quando foram suspensos, os títulos valiam 0,002 euros (0,2 cêntimos)
18 de dezembro
– Banif anuncia acordo para a venda do banco que tem em Malta por 18,4 milhões de euros.
– Apresentadas seis ofertas de compra da posição do Estado no Banif, precisamente no último dia para o surgimento de propostas – sexta-feira pelas 20:00. Entre os interessados, divulgados pela imprensa, estão os bancos espanhóis Santander e Popular e fundos de investimento, como o norte-americano Apollo, dono da Tranquilidade e que também tentou comprar o Novo Banco.

20 de dezembro
Banco de Portugal anuncia, ao final da noite de domingo, que Banif será vendido ao Santander por 150 milhões de euros. A operação envolve ainda um apoio público de 2.255 milhões de euros para “cobrir contingências futuras”, sendo destinados provavelmente ao financiamento do banco e cobertura de perdas futuras com a carteira de crédito.
Desse valor, 1.766 milhões virão diretamente do Estado e 489 milhões de euros do Fundo de Resolução bancário, que também conta para o défice.
O regulador e supervisor bancário diz que as consequências “de uma provável declaração de ilegalidade” por parte de Bruxelas ao auxílio do Estado ao Banif foi um dos principais fatores para se decidir por uma “medida de resolução” que incluiu a venda do banco – em vez da venda voluntária -, acrescentando que nos últimos dias a situação de liquidez do banco “sofreu uma degradação muito acelerada”.
O Banco de Portugal refere ainda que, no sábado 19 de dezembro, o Ministério das Finanças o informou de “que não tinha sido possível concretizar a venda de ativos e passivos do Banif no âmbito do processo de alienação voluntária, porque as propostas apresentadas pelos principais compradores implicavam auxílio do Estado adicional”.
Numa declaração ao país, o primeiro-ministro diz que esta solução tem um “custo muito elevado”, mas que é a que “melhor defende o interesse nacional”. Costa acusou ainda o anterior governo, de Passos Coelho, de nada ter feito quanto ao Banif, apesar de saber “há mais de um ano” que tinha até março de 2015 para apresentar um “plano credível de reestruturação” para o banco, depois de várias versões do plano terem sido recusadas.

21 de dezembro
– TSF divulga uma carta, datada de 10 de dezembro de 2014 e da comissária europeia Margrethe Vestagen, já sequência de uma reunião com a então ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, em que diz que o problema do Banif vinha sendo adiado “devido à estabilidade financeira” e, mais recentemente, “para não colocar em causa a saída de Portugal do Programa de Assistência Económica e Financeira”.
– A carta diz que “uma ação rápida é agora – em dezembro de 2014 – mais premente” e que o Governo se comprometeu a apresentar um plano de reestruturação credível até março de 2015.
– PS, PCP e Bloco de Esquerda exigem comissão de inquérito parlamentar. PSD e CDS-PP dizem estar disponíveis para aprovar essa comissão.
– Governo aprova em Conselho de Ministros orçamento retificativo.
– Ministro das Finanças, Mário Centeno, diz em conferência de imprensa que o resgate ao Banif terá um impacto nas contas públicas deste ano de 2,2 mil milhões de euros, devendo aumentar o défice em mais de um ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB).
– Quanto aos trabalhadores do Banif, cerca de 1700 em Portugal, o governante afirmou que os direitos laborais “serão respeitados” e que uma parte dos empregados passará para o Santander Totta e outra para a sociedade veículo criada para absorver os ativos tóxicos.
– A Euronext informa que o Banif vai deixar de integrar o principal índice da bolsa portuguesa (PSI20).

 

Horácio Roque: as aventuras do fundador do Banif

Terça-feira, Dezembro 15th, 2015

Citamos

Sábado

Antes de ser presidente do Banif foi marçano, teve restaurantes de luxo, fundou colégios, vendeu perucas, albergou João Soares em Joanesburgo e ajudou a libertar presos políticos. Um livro de Alexandra Ferreira conta como fez fortuna e se tornou num dos homens mais ricos de Portugal

Em 1964, seis anos depois de partir para Angola com 14 anos, Horácio Roque voltou ao Mogadouro, para pagar os três contos e seiscentos (hoje 1.268 euros) que o pai lhe tinha dado para pagar o bilhete para Luanda e os 520 escudos (206 euros) que a mãe lhe tinha posto na algibeira. O jovem, que tinha começado como marçano na charcutaria Pérola de S. Paulo, estava agora bem na vida.

Aos 16 anos trocara a charcutaria pelo café Palladium e dois anos mais tarde, dois fazendeiros portugueses de café propuseram-lhe sociedade na cervejaria Munique.

Enquanto geria a Munique, o jovem contratou um professor para ter aulas particulares de forma a prosseguir os estudos. Chamava-se Viriato e, para ganhar mais dinheiro, improvisara um colégio em casa. Horácio Roque propôs-lhe abrir um colégio a sério. O negócio revelou-se de tal forma rentável que dois anos depois abriu o colégio Universal, dois institutos e um outro com cursos práticos. Arranjou mais sócios e lançou também o colégio Verney, em Moçambique.
O já empresário expandiu-se para outras áreas. Vendia de tudo: produtos de beleza alemães, vinho, medicamentos e perucas de Hong Kong.

Dez anos depois de chegar a Angola deparou-se porém com os primeiros problemas. Ao abrir o terceiro colégio, as inscrições de alunos ficaram aquém do esperado e acabou por se endividar junto dos bancos e de amigos. Mas em 1967 deu a volta, fazendo um levantamento dos alunos com dificuldades. Contactou-os um a um e eles apareceram às centenas. Foi o suficiente para pagar as dívidas e regressar aos negócios, expandindo-se para o imobiliário e comprando o seu primeiro restaurante de luxo, o Farol Velho, na Ilha de Luanda.

Horácio Roque acreditava que Angola ia continuar a desenvolver-se sem parar. “Foi o maior erro da minha vida”, confessou mais tarde. Em 1975, a mulher partiu com a filha para Joanesburgo. O empresário ficou até 1976. Os colégios acabaram por fechar, restou o restaurante, o preferido dos generais do MPLA e do governo, com quem mantinha boas relações. Mas não era aquela Angola que queria. Partiu para a África do Sul a jurar que não voltaria nos 10 anos seguintes. (Não foram 10, mas 17. Só regressou para resgatar a mulher, partidária da UNITA, presa pelas forças do MPLA.)

Durante um ano, o empresário viajou pelo mundo à procura do próximo negócio e sem saber exactamente o que ia fazer. Por fim, instalou-se na África do Sul, onde viviam perto de um milhão de portugueses. Com os contactos certos, começou a investir em múltiplas áreas: seguros, imobiliário, análises clínicas. Adquiriu o jornal O Século de Joanesburgo e uma gráfica. Esses negócios funcionam quase todos ainda hoje, sob a liderança da sua segunda mulher, Paula Caetano.

Aproveitou também a escassez de produtos em Moçambique e começou a exportar bens de primeira necessidade para a antiga Lourenço Marques. Entretanto, conheceu Joe Berardo, um madeirense que tinha emigrado para África do Sul com 19 anos e que fez fortuna com minas de ouro, entre outros negócios. Tornaram-se inseparáveis.

Renascer na África do Sul
Todas as quintas-feiras se encontravam na Academia do Bacalhau, um clube restrito criado por Durval Marques, presidente do Bank of Lisbon and South Africa, que queria fidelizar empresários que estavam a enriquecer na África do Sul.
Com a ajuda de Joe Berardo e Durval Marques, Horácio Roque financiou uma rede de laboratórios clínicos que mais tarde vendeu a uma farmacêutica multinacional. Abriu uma corretora de seguros, uma agência de viagem para os portugueses que viajavam frequentemente para Portugal e para a América Latina, e uma imobiliária que vendia casas em Lisboa e no Algarve a imigrantes.

Bem relacionado, em 1982 Horácio Roque tornou-se uma figura crucial na libertação dos presos políticos portugueses da UNITA na Jamba.
No dia 5 de Abril, uma comitiva de 22 pessoas embarcou num avião militar rumo à fronteira junto à Jamba. Apesar de nunca se ter envolvido na política, Horácio Roque sempre foi um negociador hábil, com boas relações com o poder, nomeadamente com Jonas Savimbi, graças à mulher Fátima Roque, muito próxima da UNITA, com o próprio regime do apartheid e o governo português.

Quando chegaram ao local combinado, o empresário português foi recebido com um cumprimento afectuoso. Percebeu-se que não era um estranho para Savimbi. Os presos foram libertados.

 

Acções do Banif passaram por seis offshores

Quinta-feira, Setembro 3rd, 2009

Citamos

Expresso

Estado angolano quer €100 milhões, sem contar com dividendos.

Os cerca de 8,58 milhões de acções do Banif que foram compradas entre 1994 e 2000, alegadamente a mando do Estado angolano, passaram por seis sociedades sediadas em paraísos fiscais (offshore).

A identificação dos proprietários das offshores, assim como a determinação do percurso dessas sociedades, têm-se revelado um dos maiores constrangimentos da denúncia que está pendente na Procuradoria-Geral da República (PGR) e por via da qual o Governo angolano pretende recuperar um montante superior a €100 milhões, ao mesmo tempo que exige a punição das pessoas responsáveis pela burla qualificada de que diz ter sido alvo.

Angola diz, na denúncia apresentada à PGR, e que ainda está a ser analisada, que entregou aquele dinheiro a três testas-de-ferro em Portugal para comprarem uma participação significativa de até 49% do Banif, na década de 90.

As acções foram sendo compradas ao longo dos anos mas nunca lhe foram entregues. E o dinheiro que transferiu desapareceu. Inicialmente o negócio terá sido combinado entre o Estado angolano e um dos denunciados, o advogado Francisco Cruz Martins, a quem posteriormente se juntaram os empresários António Figueiredo e Eduardo Capelo Morais.

O Expresso noticiou na sua última edição que Angola transferiu pelo menos €67 milhões para tomar uma “participação relevante” no Banif. Este foi o valor entregue, numa primeira fase, através de várias transferências em dólares feitas para sociedades offshore e de direito português. Contudo, numa segunda fase foram feitas novas transferências, perfazendo cerca de €100 milhões. A este valor poderá ainda ser acrescentado, para a determinação do dinheiro a exigir por Angola, o montante dos dividendos que deviam ter sido distribuídos ao longo dos anos, correspondentes às acções compradas.

O escritório que tem neste momento em mãos o processo – a sociedade de advogados Amaral Blanco, Portela Duarte & Associados -, através dos advogados José Ramada Curto e Paulo Amaral Blanco, confirma que está a trabalhar no assunto mas recusa fazer comentários.

Já a PGR refere que “o processo está em investigação e corre termos com diligências a realizar”, acrescentando que “está em segredo de justiça, pelo que não é possível prestar mais esclarecimentos”. Segundo avançou a “Sábado”, já terão sido ouvidos pela PGR seis representantes do Estado angolano.

A perplexidade em torno deste tema é grande. Como foi possível que só há um ano o Governo angolano se tenha apercebido de que afinal não tinha as acções para cuja compra mandatara três portugueses? E só se apercebeu disso quando alegadamente Cruz Martins lhe apresentou uma conta de €19,5 milhões por serviços prestados? E se Cruz Martins desviou o dinheiro, por que ia a seguir ‘levantar a lebre’, pedindo honorários por um crime que quereria naturalmente esconder?

A explicação para que só agora o Estado angolano tivesse percebido o que aconteceu é dada por fontes angolanas – a desestruturação que o país sofreu enquanto esteve em guerra civil, conflito que terminou há sete anos.

Sobre a sua actuação, Cruz Martins deixou no ar, em declarações ao Expresso na semana passada, a ideia de que se poderia estar a querer atirar as culpas para a pessoa errada, “desviando as atenções de outras coisas”.

Outra questão que está em aberto diz respeito a quem, em Angola, ficou com a responsabilidade de controlar este negócio. O Expresso sabe que foram três as pessoas que inicialmente terão sido mandatadas em 1994 para representar o Estado angolano no acordo de compra das acções. São elas Generoso de Almeida, à data governador do Banco Nacional de Angola, António Van Dunen, à data secretário do Conselho de Ministros de Angola, e Paixão Franco, que foi assessor de José Eduardo dos Santos para os Assuntos Económicos e Sociais.

Angola já terá feito saber que irá até às últimas consequências neste caso, que pretende que seja “exemplar”.

PROTAGONISTAS

Francisco Cruz Martins

O advogado da Legalworks que terá sido mandatado pelo Estado angolano em 1994 para comprar até 49% do Banif representou duas sociedades accionistas do banco (Rentigest e Invesras) e fez parte dos órgãos sociais do banco até 2000. Ao Expresso não confirmou nem desmentiu qualquer contrato com Angola.

António Figueiredo

O tenente-coronel também figura como representante de uma das sociedades que detinham acções do Banif, a Sopar, e nesse contexto também fez parte de órgãos sociais do Banif até 2000. Foi impossível contactá-lo, por motivos de saúde.

Eduardo Capelo Morais

Foi representante da Invesras e fez parte dos órgãos sociais do Banif até 2000. O empresário não quer comentar o assunto.

Horácio Roque

O maior accionista do Banif terá vendido algumas acções às sociedades que os três accionistas representavam. Ao Expresso disse que só há um ano soube que estes accionistas representavam o Estado angolano.

Generoso de Almeida

Era em 1994 governador do Banco Nacional de Angola e terá sido um dos representantes do Estado angolano no negócio para a compra das acções do Banif. Esteve no Banco de Comércio e Indústria, foi deputado e hoje gere as suas empresas.

Paixão Franco

Outro dos representantes do negócio do lado do Estado angolano, foi assessor do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, há cerca de 10 anos. Hoje é presidente do Banco de Desenvolvimentode Angola.

António Van-Dunem

Era secretário do Conselhode Ministros do Governo de Angola, cargo que ocupou durante vários anos e de que foi afastado há dois anos. Em causa terá estado, segundo a imprensa angolana, uma zanga com o chefe da Casa Civil do Presidente e problemas com créditos chineses.

 

Fortuna de Horácio Roque cresce 180 milhões este ano

Quarta-feira, Outubro 19th, 2005

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Magnólia Pura

O empresário detém uma participação de 67% na ‘holding’ que gere os vários negócios do grupo. A participação accionista de Horácio Roque na ‘holding’ Banif-SGPS registou ao longo do corrente ano uma valorização superior a 180 milhões de euros. O empresário detém 67% daquela ‘holding’ que gere, actualmente, os vários negócios do grupo, como a banca de retalho e de investimento e os seguros. A capitalização bolsista aumentou praticamente para o dobro em 2005, atingindo os 544 milhões e avaliando a posição do empresário em 365 milhões.Por outro lado, a fortuna de Álvaro Costa Leite, que detém uma posição directa e indirecta superior a 74% no Finibanco, cresceu no mesmo período 56 milhões de euros. O valor de mercado desta instituição aumentou ao longo de 2005 cerca de 65% para quase 200 milhões e a participação de Costa Leite atingiu 144 milhões.Apesar destes fortes aumentos os dois bancos continuam a ser o mais pequenos do sector, face aos outros três – BCP, BES e BPI – admitidos à cotação na Euronext Lisboa.O forte incremento do valor das acções da Banif-SGPS ficou a dever-se, em grande parte, a uma análise favorável por parte do banco de investimento internacional UBS. Uns dias depois de conhecido o ‘research’ as acções da instituição atingiram o valor mais alto de sempre, tocando nos 16,75 euros a 10 de Outubro. Entretanto, a Banif-SGPS já está a negociar abaixo dos 14 euros e ontem terminou o dia a valer 13,59 euros.Em 2005, os títulos da Banif-SGPS acumulam ganhos de quase 100%, pois no final de 2004 estavam a negociar nos 6,85 euros.Entre a divulgação da análise da UBS (5 de Outubro) e ontem, as acções ganharam 25%.O ‘research’ da UBS realçava o facto do banco liderado por Horácio Roque – o sétimo do sistema financeiro nacional – estar posicionado de forma estratégica para continuar a crescer. O maior crescimento da economia nas ilhas (6% em 2004) e o facto do banco poder utilizar a sua rede de balcões no continente deverá permitir que a instituição supere o resto do sector em termos de crédito concedido. A taxa de crescimento composta média entre 2004 e 2007 deverá atingir os 14,6% para aquela rubrica, diz a nota de análise do banco suíço.O Banif detém 50% da quota de mercado nas ilhas portuguesas (Madeira e Açores) e apenas 3% do mercado como um todo.Os especialistas também apontam como pontos positivos o crescimento sustentado da rentabilidade dos capitais próprios (ROE), que melhorou fortemente ao passar de 8% em 2002 para 17,9% no primeiro semestre de 2005. Em termos médios, a UBS espera que este rácio se situe nos 16% entre 2005 e 2007, em linha com o que é praticado pelo sector. O forte desconto da acção face à banca europeia também conta como ponto positivo.A UBS diz que o lucro por acção pode crescer 30% nos próximos dois anos. O mesmo documento atribui um preço-alvo de 18,4 euros a cada acção do Banif-SGPS e uma recomendação de compra. Num cenário de compra, a acção pode valer 21,7 euros.A ‘performance’ do Banif acabou por contagiar o Finibanco de Costa Leite que também atingiu máximos históricos a 10 de Outubro. O banco subiu até aos 2,24 euros e, entretanto, deslizou para os 1,94, uma subida de 64,4% em 2005. O presidente da instituição acredita que a subida da cotação está directamente relacionada com os bons fundamentais do banco (Diário Económico)

 

Rentipar passa a deter directamente 66,67% do capital do Banif

Terça-feira, Outubro 14th, 2003

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TVI

A Rentipar adquiriu 6.362.186 acções do Banif, passando a deter directamente 66,67% do capital da instituição financeira, anunciou a empresa em comunicado.

Banif pretende vender parte do capital a parceiro internacional em 2002

Segunda-feira, Abril 9th, 2001

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Negócios

O Banif tenciona alienar entre 10% a 15% do seu capital a um parceiro internacional em 2002, como forma de garantir a expansão internacional da instituição liderada por Horácio Roque (na foto), revelou hoje o «Diário de Notícias».

O Banif tenciona alienar entre 10% a 15% do seu capital a um parceiro internacional em 2002, como forma de garantir a expansão internacional da instituição liderada por Horácio Roque (na foto), revelou hoje o «Diário de Notícias» em entrevista àquele banqueiro.Apesar do parceiro ainda não estar escolhido, Horácio Roque avança que a instituição financeira deverá ter interesse no mercado português e que permita ao Grupo Banif entrar noutros mercados.

«A nível internacional gostaríamos de ter alguém com interesse no mercado português, mas que também nos abra as portas ao estrangeiro», afirmou Roque.

Entre outros objectivos, o Banif pretende duplicar a sua actual quota no mercado nacional para os 5% dentro de quatro anos, revela o responsável na mesma entrevista.

As acções do Banif encerraram na sexta-feira nos 6,52 euros (1.307 escudos), a perder 3,12%.

Banif “experimenta” lojas financeiras

Sábado, Abril 7th, 2001

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Público

O grupo Banif acaba de se lançar no projecto das lojas financeiras, com a abertura de um destes espaços nos Açores, sob a marca BCA – Banco Comercial dos Açores, controlado em 68,79 por cento pelo Banif. O objectivo destas novas lojas é disponibilizar todos os serviços relacionados com o mercado de capitais, mediante o acesso a informações de bolsa e controlo de execução das operações desenvolvidas por uma equipa especializada em mercados financeiros. Longe de constituir a primeira de uma série de aberturas de lojas noutros pontos do país, a loja açoriana vai funcionar como uma experiência para o grupo, a partir da qual, caso os resultados sejam positivos, se poderá estender à Madeira e ao Continente.Horácio Roque, presidente do Banif, disse ao PÚBLICO que este é um dos projectos que o grupo tem neste momento em marcha, na sequência da criação do Banif Banco de Investimento (BBI). Este novo banco, que já está a funcionar nas áreas do “corporate finance”, mercado de capitais, “private banking”, corretagem e gestão de activos, foi formalmente apresentado na passada segunda-feira em Ponta Delgada. Idênticas apresentações já foram feitas em Lisboa e no Funchal.Neste encontro, Horácio Roque referiu que a constituição do BBI representa “mais um passo no seguimento da estratégia que o Grupo Banif tem vindo a adoptar ao longo dos últimos dez anos”, nomeadamente na “criação de uma rede de infra-estruturas sob a forma de empresas especializadas em diversos ramos de actividade financeira”. “Vamos entrar num mercado-alvo que é o das pequenas e médias empresas e esperamos também funcionar como intercâmbio entre Portugal e o Brasil. Penso que vamos ter um crescimento razoável”, disse ao PÚBLICO.O Banif considera também necessárias alianças a nível internacional, sobretudo na área da gestão de activos, à semelhança da associação que já tem com a italiana Cisalpina, para os fundos de investimento.Para este ano, está prevista a abertura de 22 novas agências em Portugal, o que aumentará o número total de balcões para 138. O BCA fez recentemente um aumento de capital, através do qual o Banif aumentou a sua participação de 64,79 para 68,79 por cento. O restante capital encontra-se nas mãos do Governo Regional dos Açores, prevendo-se, no entanto, que o Banif adquira esta participação, ou que ela seja vendida a um parceiro estratégico.Na área seguradora, o grupo tem a decorrer estudos de mercado para avaliar se se irão manter as duas marcas de seguros, a Açoreana e a O Trabalho. À partida, a O Trabalho deverá manter-se no continente, mantendo-se a Açoreana nos Açores. A O Trabalho já se encontra totalmente integrada no grupo, tendo as duas seguradoras o mesmo conselho de administração.Horácio Roque, que considera o Banif “uma noiva apetecível”, sempre adianta que, como em qualquer relação, só há noivado e casamento se a potencial noiva assim entender. Mas a quem considera que só as grandes instituições terão espaço para sobreviver responde que a ideia do grupo é alargar os serviços que já presta actualmente aos seus clientes, tendo em conta a sua actuação nos nichos de mercado que são as regiões autónomas da Madeira e dos Açores e numa lógica de especialização.O grupo lançou-se na banca de investimento em 1999, com a aquisição do Banco Primus, no Brasil, e a constituição do BBI em 2000, tendo passado pela criação da Banif Finantial Services, em Miami, e da Finab -International Corporate Management Services, nas ilhas Caimãs. No horizonte está, também, a criação da Banif Securities, em Nova Iorque, em princípio até ao final do primeiro semestre. Além do Brasil, o Banif “tem uma grande influência na Venezuela” e a sociedade em Miami pretende servir os clientes da América Latina, uma vez que nesta zona se concentram muitas pessoas oriundas dessa região.

Grupo Banif aposta na banca de investimento

Quinta-feira, Março 15th, 2001

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TSF

O Banif Banco de Investimento, S.A. é uma das mais recentes apostas do Grupo Banif nas áreas do «Corporate Finance», Mercado de Capitais, «Private Banking», Corretagem e Gestão de Activos.

O Banif Banco de Investimento é uma das mais recentes apostas do Grupo Banif nas áreas do «Corporate Finance», Mercado de Capitais, «Private Banking», Corretagem e Gestão de Activos.

Para Horácio da Silva Roque, presidente do Conselho de Administração do Banif Banco de Investimento, «a constituição do Banco de Investimento representa mais um passo no seguimento da estratégia que o Grupo Banif tem vindo a adoptar ao longo dos últimos 10 anos».

O Grupo Banif lançou-se no projecto de banca de investimento em 1999 com a aquisição do Banco Primus (no Brasil) e a constituição do Banif Banco de Investimento, em 2000, tendo passado pela criação da Banif Financial Services Inc (em Miami) e da FINAB – International Corporate Management Services, Ltd (nas Ilhas Cayman).

A aposta no processo de banca de investimento do Grupo Banif abrange áreas de negócios tão diversas como a de «Corporate e Project Finance», Mercado de Capitais, «Trading» e Corretagem, «Personal Finance», «Private Equity e Venture Capital», Gestão de Carteiras, Fundos de Investimento Mobiliário e Imobiliário, Fundos de Pensões e «Private Banking».

Os serviços de «Investment Banking» oferecidos aos clientes englobam uma variedade de actividades que vão desde a prestação de serviços financeiros inovadores, de qualidade e valor acrescentado para as diferentes áreas até ao desenvolvimento de soluções e produtos de mercado de capitais.

A estratégia delineada pelo Banif Banco de Investimento assenta em três vectores essenciais: segmentação dos clientes, desintermediação do crédito a empresas e das aplicações de particulares e prestação de serviços complementares à actividade do Banif.

O Grupo Banif destaca-se no mercado pela sua actuação no sector da banca comercial e de negócios, apostando na oferta de um conjunto de produtos e serviços especializados nas áreas do «leasing», seguros, corretagem, gestão de patrimónios e gestão de fundos que potenciem e maximizem o valor do cliente.