Archive for the ‘Família Roque’ Category

Fundação Horácio Roque declarada insolvente

Quarta-feira, Janeiro 17th, 2018

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Negócios

O Tribunal Judicial da Comarca da Madeira decretou a insolvência da IPSS Fundação Horácio Roque. Foi a própria que se declarou incapaz de fazer face às suas responsabilidades. A CGD reclama 10 milhões à entidade.

A Fundação Horácio Roque, uma instituição particular de solidariedade social que funcionava na Madeira, está em insolvência. Depois de apresentar-se ao tribunal, a decisão judicial considerou que a insolvência era mesmo o caminho a seguir.

“No Tribunal Judicial da Comarca da Madeira, Juízo de Comércio do Funchal – Juiz 2 de Funchal, no dia 12-01-2018, às 15:23 horas, foi proferida sentença de declaração de insolvência do(s) devedor(es): Fundação Horácio Roque – Instituição Particular de Solidariedade Social (Ipss)”, assinala a decisão publicada no portal Citius esta segunda-feira, 15 de Janeiro.

A sentença teve lugar depois de a administração da fundação ter-se declarado insolvente ao tribunal, como relatou, na semana passada, o Diário de Notícias da Madeira. Os administradores são Humberto Paixão e Teresa Roque, filha do comendador que dá nome à IPSS, mas a decisão judicial determina a nomeação de um administrador judicial que, no caso, é Pedro Pidwell.

Segundo a publicação da região, a instituição prosseguia actividades na área educativa, social e cultural, tendo sido mecenas do Centro Social e Paroquial de Santa Cecília. O Diário de Notícias da Madeira menciona, também, que os únicos bens da IPSS eram acções do Banif, da “holding” Rentipar” e de fundos detidos pelo banco, todos eles com um valor nulo. A Rentipar Financeira, sociedade da família, detinha 10,78% da fundação em 2014, segundo publicação em Diário da República.

As dificuldades da fundação eram já conhecidas, tendo em conta toda a derrocada que causou a resolução aplicada ao Banif a 20 de Dezembro de 2015 – além de perderem a instituição bancária, os accionistas, como a Rentipar, ficaram com os bens congelados. Contudo, segundo o Diário de Notícias da Madeira, esta fundação está com actividade inexistente praticamente desde 2010, o ano da morte de Horácio Roque. É reduzida a informação pública sobre esta instituição, elencada como fundação.

Para 28 de Fevereiro deste ano está agendada a assembleia de credores para apreciar o relatório de insolvência.

Um dos credores conhecidos da fundação é a Caixa Geral de Depósitos. Também numa notícia do Diário de Notícias da Madeira, publicada em Novembro, ficou a saber-se que o banco público tinha colocado uma acção de execução de 10 milhões de euros.

Os milhões pe(r)didos do Banif

Quinta-feira, Junho 2nd, 2016

Citamos

Expresso

Das guerras familiares às complexas engenharias financeiras, dos processos judiciais aos milhões que se evaporaram, o colapso do Banif foi investigado durante vários meses pela SIC, que transmite esta quarta-feira o segundo dos três episódios desta reportagem

O altar das Sete Cidades, nos Açores, é quase sempre lugar de bruma. ‘Bruma’, ‘nevoeiro espesso’. Poderia ser este o subtítulo da tormenta que aí vem.

O Hotel Monte Palace é hoje propriedade da Oitante, o veículo público que ficou com os ativos não financeiros do Banif. Bons e maus.

O empresário que o comprou financiou-se no Banif. Custou – já muito rasgado por dentro e por fora – 2 milhões de euros.

Um grupo árabe esteve quase a comprá-lo ao Banif por 380 mil euros, um sexto do valor do crédito. Ainda o Banif era Banif.

Os árabes não compraram. O imóvel repousa agora numa imobiliária local. À venda por 1 milhão, 550 mil euros. Não saiu por 380 mil euros. Sairá por 1 milhão, 550 mil?

O visionário promotor imobiliário que adquirira o hotel recorrera ao crédito fácil do banco de Horácio Roque, de onde, no calor dos anos noventa, jorravam milhões para imobiliário. O empresário não pagou os dois milhões e devolveu o imóvel. A dívida foi extinta.

Sílvio Santos é hoje um viajante. Está momentaneamente em Portugal a organizar a semana cultural da Rússia. Percorre parcelas significativas do globo, da Rússia ao mundo lusófono, com largas paragens no novo membro da CPLP, a Guiné Equatorial.

A entrada do país na Comunidade de Países de Língua Portuguesa, formalizada em 2014, coincide no tempo com o anúncio de que duas empresas públicas do país, liderado há mais de três décadas pelo ditador Teodoro Obiang, se preparavam para investir no Banif. A Guiné Equatorial aderiu à comunidade, mas o dinheiro de Obiang nunca chegou ao banco português.

Quando Luís Amado, ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros, utilizou todo o seu poder diplomático para fazer a ponte entre os cofres vazios do banco e o dinheiro de Obiang, sabia ao que ia. Era uma solução de “emergência”, admite.

A adesão da ditadura de Teodoro Obiang à Comunidade de Países de Língua Portuguesa forçou a integração do português na lista de línguas oficiais.

Como ninguém fala português no território, gerido há três décadas pelo mesmo homem, o novo negócio do empresário Sílvio Santos tem tudo para prosperar.

O Monte Palace é apenas uma pequena parcela do sonho de Sílvio Santos.
Tudo somado, o empresário foi à banca buscar 130 milhões de euros. 100 milhões vieram diretamente do Banif.

Ponta Delgada está carregada de sonhos de Sílvio Santos, que se tornaram pesadelo para o banco de Horácio Roque.

Os esqueletos de betão do promotor imobiliário passaram para o banco quando o crédito que os alimentava deixou de ser pago. A entrega extinguiu a dívida.

Hoje são ativos não financeiros a cargo do veículo público Oitante, e à espera de quem os compre por valores muito abaixo do montante emprestado.

Sílvio Santos prefere, contudo, acreditar no poder da multiplicação para rejeitar a ideia de que os 130 milhões de euros cairão, um dia, no bolso dos contribuintes. “Hoje não valem 130, valem 80 ou 30 ou 50. Talvez daqui a dez anos valham 150”, arrisca.

Contas visionárias. Se daqui a dez anos as ideias de Sílvio Santos derem fruto, será um outro visionário a lucrar.

Com a resolução do Banif, o país assumiu de rajada os prejuízos. O património não financeiro do banco, que o Santander não quis, entrou nas contas da Oitante com um corte de 66% face ao valor da ultima avaliação que, por sua vez, já refletia as desvalorizações de um mercado imobiliário em queda.

Ou seja, quem comprar os esqueletos de Sílvio Santos e de todos os visionários que se financiaram no Banif, irá comprá-los, na melhor das hipóteses, por um terço do valor do crédito. Bom negócio, de facto, só se for para quem compra.

A empresa que contratou Maria Luís Albuquerque como administradora não executiva é, entre muitas outras, especialista nestas lucrativas compras em pacote.

Nos anos de ouro do dinheiro fácil, os bancos financiavam as ideias dos promotores imobiliários, sem cuidarem se as mesmas seriam, ou não, concretizadas. A esse respeito, o Banif era especialmente flexível.

Na Comissão Parlamentar de Inquérito ao Banif, António Varela – que deixou a administração do banco de Horácio Roque para integrar a supervisão do Banco de Portugal – cargo que viria também a abandonar, declarou que o a instituição tinha “uma elevadíssima exposição ao imobiliário com critérios muito duvidosos de afirmação dessa mesma concessão de crédito”.

Declaração que o antigo número dois de Horácio Roque, Joaquim Marques dos Santos, contrapõe. “Toda a concessão de crédito se baseia num regulamento que é um regulamento bem rígido.”
Menos transparente é a prática revelada à investigação da SIC por um antigo funcionário do banco que admite que o Banif procedia à manipulação de contas.

Para o comando executivo do Banif é escolhido Jorge Tomé, que transita da Caixa Geral de Depósitos.

Em 2012 a banca portuguesa estava descapitalizada. O Banco Central Europeu era a boia de salvação da maioria. Mas a dependência que o Banif tinha do BCE era estratosférica. “2,8 mil milhões de euros” avançou Jorge Tomé à Comissão de Inquérito.

Mesmo dando lucros o Banif afundava-se numa tragédia em cadeia que ninguém detetou a tempo.

As necessidades de liquidez assumidas pelo, à época, Presidente do banco têm três razões:

1) A operação da marca no Brasil que correu inicialmente bem mas que conduziria a perdas de 267 milhões de euros nas contas consolidadas do grupo;

2) O ardiloso esquema dos empréstimos cruzados, que serviu para iludir o regulador e para abrir a torneira do crédito às empresas do grupo.

António Varela chegou a sugerir à Comissão Parlamentar de Inquérito que “havia uma coisa que podia ser feita que era o Banco Espírito Santo emprestar dinheiro à família Roque e, em contrapartida, o Banif emprestar dinheiro à família Espírito Santo”.

No Banif, a abertura da torneira do crédito às empresas do grupo atingiu um caudal de 195 milhões de euros, sem que as empresas ajudadas tivessem de dar fosse o que fosse como garantia;

3) A obsessão do banco pelo imobiliário. Em 2012, o crédito em incumprimento no Banif rondava os 1400 milhões de euros. A maior parcela estava relacionada com a aposta no imobiliário. Entre 2012 e 2015 o imobiliário deixou rasto nas contas do banco. “360 milhões de euros de perdas, entre desvalorizações e ajustamentos de valor e vendas”, calcula Jorge Tomé.

‘Ajustamentos’, ‘desvalorizações’, eufemismos que entraram no léxico do empresário Sílvio Santos. Financiou 100 milhões de ideias e de projetos no Banif. Ruíram. O banco ficou sem o dinheiro, mas recebeu em troca as ideias e os projetos.

Sílvio Santos acreditou que o turismo residencial seria o futuro dos Açores. Comprou solares, que haveriam de ser centros de atração de segundas, terceiras habitações destinadas, sobretudo, a ingleses e irlandeses.

Associou à maquete o golfe. Em 2006, chegou a acordo com o Governo Regional e tomou conta da empresa “Verde Golf”, a entidade pública criada para explorar as diversas dimensões deste desporto. É o único dos negócios de Sílvio Santos com o Banif que ainda resiste.

O financiamento, hoje já em 20 milhões de euros, está, todavia, em incumprimento. A conta é gerida pela Oitante, que ficou com tudo o que o Santander não quis.
Nesta fase, Sílvio Santos, prepara um plano de recuperação do projeto, para apresentar aos credores.

O maior investimento do grupo SIRAM foi, todavia, na ilha de Porto Santo, o “Colombos Resort”.

A frente de mar, em estado selvagem, conquistou Sílvio Santos, Góis Ferreira e Joaquim Coimbra. Os três sócios, através das ‘holdings’ que lideravam, adquiriram 140 mil metros quadrados de terrenos privados, numa linha de terra de 500 metros, paralela à costa. Conseguiram fazer aprovar na autarquia um plano de urbanização que abriu a porta à construção de hotéis, apartamentos turísticos, vilas de luxo, áreas de lazer e um casino. Financiaram-se no BCP – 35 milhões; no Banif – 35 milhões; e no BPN – 30 milhões.

O projeto parou em 2009. A sociedade faliu. Os créditos não foram pagos. Os bancos ficaram com o património. Uma parte foi construída, outra ficou a meio, o resto é terreno em bruto.

Mas também aqui o empresário Sílvio Santos garante que nada se perde. Ainda que o investimento inicial se possa vir a transformar numa ínfima parte daquilo que foi. “Se de 2006 para 2016 a propriedade tem outro valor isso resulta da lei da oferta e da procura”, esclarece.

DO FUNCHAL AO ‘AFANISTÃO’

Pedro Calado fora vereador durante o período em que Miguel Albuquerque liderara a Câmara Municipal do Funchal.

Até à véspera da posse do Governo Regional, que Albuquerque hoje lidera, Calado era o número dois.

À última hora saiu de cena e fixou-se no Grupo AFA, o maior grupo de construção civil da Madeira e um dos maiores do país.

O crescimento rápido da ilha dependeu, em grande medida, da vontade do Governo Regional em fazer obra, da ampla liquidez do Banif e da capacidade de resposta do grupo AFA, que fazia a obra e a cobrava. “Foi um triângulo positivo que fez com que tivéssemos chegado onde chegámos”, admite o ex-vereador.

“Uma das arestas do triângulo não teve tanta sorte, o Banif”, Pedro Calado Deixou o cargo de vereador da Câmara do Funchal para integrar a direção do grupo de construção ‘AFA’.

Piloto, Carlos Saraiva vivia nas nuvens. Projetava, construía e geria os hotéis que inaugurava país fora, Continente e Madeira.

Pequeno pormenor. O dinheiro que investia não era dele mas de centenas de fornecedores e dos depositantes dos bancos: BES, BCP, Banco Popular e Banif. Saraiva soube distribuir o risco. No total, foi buscar mais de 1000 milhões de euros.

Carlos Saraiva na Grande Reportagem "Ensaio sobre o luxo" exibida na SIC FOTO CARLOS SANTOS

Carlos Saraiva na Grande Reportagem “Ensaio sobre o luxo” exibida na SIC FOTO CARLOS SANTOS

DR

Só um ano depois deste ensaio sobre o luxo, é que os bancos e os fornecedores que financiaram Carlos Saraiva percebem que tinham sido protagonistas de um ensaio sobre a cegueira.

Em 2012, os bancos assumem o controlo e a gestão dos ativos do império CS.
Em 2013 as empresas de Carlos Saraiva submetem-se a um plano especial de revitalização.

E eis chegado o momento dos fundos de recuperação. Para se libertarem de um negócio que não lhes pertence, os bancos venderam o património de Carlos Saraiva à ECS Capital.

No final de 2014, a ECS criou uma marca chapéu para dez hotéis que eram de Carlos Saraiva, a ‘Nau, Hotels & Resorts’. O negócio, comprado em saldo e libertado do peso das dívidas, voltou a gerar receita.

Carlos Saraiva, que abrira as portas da SIC ao ensaio sobre o luxo, fechou-as a este ensaio sobre a cegueira.

Saraiva deixou apeados fornecedores e carregou negativamente no balanço dos bancos.

A queda do BES e do Banif, que direta ou indiretamente o país tem de pagar, foi feita destes empreendedores visionários.

Um aeródromo de 30 milhões em Ponte de Sor

Nos 1850 metros de pista do aeródromo de Ponte Sor podem aterrar e levantar os Air Bus A320 ou os Boeing 737. Podem, mas não aterram, nem levantam.

O projeto custou cerca de 30 milhões a uma autarquia com cerca de 17 milhões de orçamento anual.

Hugo Hilário, Presidente da Câmara de Ponte de Sor, dispara o argumento dos postos de trabalho para explicar a aposta milionária. “Até ao momento já aqui trabalham 200 pessoas e ate ao verão mais 100”, justifica. Ou seja, no aeródromo de Ponte de Sor cada posto de trabalho efetivo custou 150 mil euros.

A maior empresa do aeródromo é a escola de pilotos, propriedade do grupo ‘G AIR’. O cérebro chama-se Carlos Saraiva.

Depois do ‘percalço’ de 1000 milhões de euros nos hotéis, o empresário regressou às nuvens.

Lá, onde viaja Sílvio Santos – 130 milhões de euros depois, Joaquim Coimbra, Emídio Catum, Aprígio Santos, o irmão Cavaco, e todos os que abriram buracos nos bancos que perderam o norte, nunca evidenciaram sinais exteriores de pobreza.

 

Apollo oferece 10 milhões à família Roque pela Açoreana

Terça-feira, Janeiro 26th, 2016

Citamos

Económico

Apollo negoceia compra de 52% do capital. Supervisor e Governo preferem solução que mantenha empresa e postos de trabalho.

A Apollo foi seleccionada para entrar em negociações exclusivas para a compra da Açoreana, com o prazo negocial a decorrer até à próxima sexta-feira. A gestora de fundos americana apresentou uma proposta de cerca de 10 milhões de euros pela maioria do capital da Açoreana, propondo assumir também parte dos custos com rescisões de funcionários, apurou o Diário Económico.

A oferta da Apollo, avançada através da subsidiária luxemburguesa Calm Eagle, diz respeito apenas aos 52% detidos pela SOIL, da Rentipar, a holding da família de Horácio Roque. Os outros 48% pertencem ao Oitante, um veículo detido pelo Fundo de Resolução, não estando abrangidos por esta proposta.

“A Apollo não faz comentários, para já, sobre essa informação”, respondeu fonte oficial da gestora de fundos americana, quando questionada se ofereceu 10 milhões de euros pela participação de controlo da seguradora portuguesa.

O processo de venda em curso – que decorre sob a alçada da autoridade reguladora dos seguros e fundos de pensões (ASF) – está a ser assessorado pelo Citi. Mas o Governo também terá uma palavra decisiva no processo de venda, dado que o Fundo de Resolução é tutelado pelas Finanças. Tanto o Governo como o supervisor dos seguros não vêem com bons olhos a eventual venda da seguradora em “fatias”, pelo que as propostas que assegurem a continuidade da empresa e a manutenção dos postos de trabalho terão vantagem.

Os dois outros candidatos à compra da Açoreana – Allianz e Caravela – foram notificados na sexta-feira, pelo assessor financeiro da venda, o Citi, sobre a entrada em negociações em exclusivo com a Apollo. Mas aqueles interessados poderão ser chamados novamente às negociações, se não for possível chegar a um acordo com a Apollo, no prazo previsto.

A Açoreana é uma das principais seguradoras portuguesas. Tem cerca de 700 funcionários e uma rede de 42 balcões, com um activo total superior a 1,2 mil milhões de euros. A Açoreana necessita de um aumento de capital para cumprir as novas metas de Solvência II, que entraram em vigor este mês. Segundo noticiou recentemente o “Negócios”, as necessidades de capital da seguradora ascendem a 50 milhões de euros. Parte destas necessidades dever-se-á a perdas registadas com a participação que a seguradora detinha no seu accionista Banif, que em Dezembro foi alvo de uma medida de resolução.

Sindicato pede ao Governo para travar venda às “fatias”
Segundo um email ontem enviado aos trabalhadores da Açoreana, o Sindicato dos Trabalhadores da Actividade Seguradora (STAS) está preocupado com as notícias sobre a eventual venda da Açoreana às “fatias”, no âmbito do processo de venda em curso.

“Tendo em conta algumas notícias veiculadas pela comunicação social, não podemos deixar de expressar junto de V. Exas, a nossa preocupação por uma eventual opção que não assegure a aquisição total da seguradora e bem assim a garantia da universalidade dos seus trabalhadores que deverão passar para a entidade que venha a ser a escolhida”, adiantou a missiva enviada aos ministros do Trabalho e das Finanças, que foi ontem divulgada num email enviado aos trabalhadores da Açoreana.

Na carta enviada ao Executivo, o STAS recorda que numa reunião a 28 de Dezembro, o Governo lhe transmitiu que partilhava da preocupação com os postos de trabalho.

Obrigacionistas da ex-dona do Banif abdicam para já de actuar judicialmente

Terça-feira, Janeiro 26th, 2016

Citamos

Negócios

A assembleia-geral que juntou os titulares de dívida da Rentipar acordou a tentativa para a recuperação dos 60 milhões de euros investidos. De fora ficou, por enquanto, uma actuação judicial colectiva para lá da insolvência.

Os obrigacionistas da Rentipar, antiga accionista do Banif liderada por Teresa Roque (na foto), não vão para tribunal para tentar recuperar o investimento feito nestes títulos. Pelo menos, para já. No futuro, a actuação judicial poderá ser uma realidade. No imediato, a única acção que vão seguir é a participação na insolvência da empresa.
“Nenhuma outra estratégia ou acção foi aprovada no sentido de recuperação dos créditos dos obrigacionistas”, é a indicação que consta da acta da assembleia de obrigacionistas da Rentipar, que teve lugar na sexta-feira passada, 22 de Janeiro, que foi liderada pelo seu representante comum, o advogado José Horta Osório.

Em 2011, quando a Rentipar deixou de receber dividendos do Banif, foram emitidas 1.200 obrigações – que deveriam ter sido pagas em 2013, altura em que a maturidade foi estendida depois até 2016 –, avaliadas em 60 milhões de euros (50 mil euros por cada uma). Segundo foi noticiado pelo Económico, houve títulos deste género vendidos aos balcões do Banif. De acordo com a lógica utilizada pelo Banco de Portugal para a transferência de dívida sénior do Novo Banco, só as emissões acima de 100 mil euros por título são destinadas a investidores qualificados. Ou seja, apesar de poderem haver particulares com estas obrigações da Rentipar nas mãos, os investidores não quiseram avançar com qualquer acção judicial para reclamação do crédito, segundo ficou decidido na assembleia.

Nesse encontro, onde estiveram presentes representantes de 74,91% dos 60 milhões de euros em obrigações emitidas em 2011, foi deliberado, “por unanimidade”, reclamar os créditos no processo de insolvência da Rentipar “e executar o penhor civil sobre 11.000 acções da Rentipar Financeira”, segundo a acta a que o Negócios teve acesso. Também foi autorizada a criação de um fundo comum, para o qual cada obrigação deverá contribuir com 75 euros, para pagar os honorários do escritório de advogados que será escolhido.

A Rentipar Financeira era a “holding” através da qual a Rentipar detinha a participação no Banif. O grupo viu-se sem o seu principal activo, a actividade do Banif, que foi vendida ao Santander (a “última machadada”, como classificou a empresa), e ficou como accionista do Banif, que é agora um veículo esvaziado de bens. Foi para insolvência, num processo que foi precipitado por uma reclamação por parte do Novo Banco. Ao contrário dos obrigacionistas, a sociedade detida por Teresa Roque, filha do herdeiro do Banif Horácio Roque, pondera actuar contra o Banco de Portugal devido à intervenção no banco.

Filhas de Roque admitem processar o Estado

Quarta-feira, Janeiro 13th, 2016

Citamos

Diário de Notícias

Teresa Roque, filha mais velha do banqueiro, reclama perdas de 555 milhões. Holding assume que obrigacionistas não vão recuperar dinheiro

A família de Horácio Roque admite contestar judicialmente a medida de resolução aplicada ao Banif no dia 20 de dezembro. A Rentipar, que passou como herança indivisa para a família do banqueiro fundador do Banco Internacional do Funchal, avança que “a propositura de uma ação contra o Estado Português está no campo das possibilidades”. Em declarações ao DN/Dinheiro Vivo, fonte oficial da empresa liderada por Teresa Roque, filha do banqueiro, diz que “irá solicitar ao Banco de Portugal o acesso a toda a documentação relacionada com a medida de resolução, a qual será cuidadosamente estudada”. E sublinha que um processo judicial será “analisado com extremo rigor, atenta a sua dimensão e relevância”.

Acionista histórica do Banif, a Rentipar assume-se como “a maior lesada do Banif, juntamente com os contribuintes”. Para já, a filha de Horácio Roque estima em 555 milhões a perda só com os investimentos globais realizados no Banif. “Enquanto foi acionista dominante do Banif, até ao final de 2012, a Rentipar foi obrigada a garantir os rácios de capital impostos por lei e exigidos pelo Banco de Portugal, o que implicou um investimento global de 480 milhões euros.” No final de 2012, com a entrada do Estado no Banif – injeção de 700 milhões de euros no capital social e de mais 400 milhões em obrigações convertíveis em ações -, as posições dos acionistas privados foram diluídas. “Como condição prévia à recapitalização do Banif, a Rentipar foi ainda obrigada a investir mais 75 milhões, com a agravante de ser reduzida à posição de acionista minoritária”, explica a empresa de Teresa Roque. De acordo com a informação disponível, à data da resolução, o Estado era acionista maioritário com mais de 60% do capital do Banif, seguido dos herdeiros de Horácio Roque que detinham menos de 7%. O grupo Auto-Industrial era o terceiro maior acionista com 1,8%, enquanto o restante capital estava na mão de pequenos investidores.

Tal como o Jornal de Negócios já tinha avançado, a “insolvência do ramo financeiro da Rentipar – a Investimentos – acaba por ser inevitável”, refere a mesma fonte. O Banif sempre foi o principal ativo da holding. “Quando o Banif caiu acentuadamente em Bolsa, a Rentipar deixou de se conseguir refinanciar ou de reestruturar a sua dívida. Agora, a resolução do Banif foi a machadada final.” A interrupção do processo de recapitalização do Banif, provocada pela resolução, “colocam a Rentipar e os seus credores na mesma fila: a dos lesados”.

Obrigacionistas perdem

Há clientes do Banif que investiram em obrigações emitidas pela Rentipar Investimentos em 2011, que não transitaram para o Santander Totta. Fonte oficial explica que “ninguém vislumbrava” que a resolução seria o destino do Banif. “Em 2011, houve o cuidado de garantir os obrigacionistas através de um penhor sobre ações da sociedade que, à época, controlava o Banif. Em 2013, quando o empréstimo obrigacionista foi prorrogado, a recapitalização do Banif tinha acabado de arrancar. E, na altura, todos os envolvidos, em especial, a troika, o Banco de Portugal e as Finanças acreditavam no sucesso da recapitalização.”

Hoje, com a medida de resolução do Banif, “a sorte dos obrigacionistas é similar à da Rentipar”, diz a empresa de Teresa Roque, assumindo que os investidores não irão ser reembolsados e irão perder todo o dinheiro. “Como o Banif em liquidação ficou com os piores ativos, tornou-se impossível assegurar a recuperação do investimento.”

O valor da emissão ascendeu a 60 milhões de euros. Depois de estender a data de vencimento dos títulos, a maturidade é agora dezembro de 2016. Sem quantificar o número de obrigacionistas lesados, a Rentipar sublinha que “o Banif prestou assessoria financeira à emissão obrigacionista e foi a entidade colocadora” dos títulos.

“Precipitada e infundada.” É desta forma que a família Roque entende a resolução do Banif, considerando ainda que traz “avultados encargos para o erário público, ou seja, para todos nós, mas também para os acionistas”. Para a empresa, que diz só ter tido conhecido da resolução através da comunicação social, deveria ter-se prosseguido a venda da participação do Estado no Banif. “Seria uma via menos destruidora de valor”, defende, acrescentando que “a Rentipar não foi ouvida no processo” e tomou conhecimento da resolução “ao mesmo tempo que o público em geral”.