O processo de venda de 100% da Açoreana está a decorrer sob alçada do supervisor dos seguros.
As três propostas de compra da seguradora Açoreana têm moldes distintos, incidindo sobre diferentes activos. Ao que o Diário Económico apurou, a proposta melhor posicionada é a da Caravela, já que, ao contrário das ofertas da Allianz e da Apollo, prevê a continuidade da empresa e a manutenção dos postos de trabalho.
No entanto, existem outros critérios para além do plano industrial de cada um dos interessados. Tal como o Diário Económico tinha noticiado em Dezembro, a Açoreana está avaliada entre 30 e 60 milhões de euros, mas, segundo fontes do mercado, deverá necessitar de ser recapitalizada num montante superior. Recorde-se que a Açoreana é um dos activos do Banif que o Santander não quis comprar e que ficaram no Oitante, um veículo pertence ao Fundo de Resolução, entidade pública financiada com os impostos especiais cobrados ao sector bancário.
O processo de venda incide não só sobre os 48% que pertenciam ao Banif, antes da resolução do banco, mas também sobre os 52% que estão nas mãos da Rentipar, a holding da família Roque. As três propostas em cima da mesa, que foram entregues no passado dia 8, estão agora a ser avaliadas pelo assessor financeiro da operação, o Citibank, sob alçada do Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões.
O regulador dos seguros, presidido por José Almaça, encara a venda da Açoreana como uma oportunidade para se destacar pela positiva, numa altura em que os supervisores nacionais têm estado debaixo de fogo devido à forma como lidaram com os casos do BES e do Banif.
“José Almaça está a conduzir o processo de venda da Açoreana com pinças. Ao contrário do seu colega do Banco de Portugal [Carlos Costa], tudo deverá ser resolvido sem resolução e com uma solução portuguesa que garanta os postos de trabalho e a continuidade da seguradora”, disse uma das fontes do sector financeiro contactadas pelo Diário Económico.
Na corrida pela compra da Açoreana está a nova companhia de seguros não-vida Caravela, apresentada em Junho de 2015, e que está desde o Verão do ano passado a estudar o crescimento por aquisições para entrar no mercado do ramo vida. O seu enfoque incide nos segmentos de retalho e PME, contando com uma rede de mediadores de 260 agentes.
A Caravela resulta da aquisição por um grupo de investidores portugueses especialistas em seguros, e que estão agrupados na AAA SGPS, da seguradora francesa MACIF Portugal que estava em Portugal desde 1996.
Por sua vez, a Allianz Portugal integra o Grupo Allianz e é um dos maiores grupos financeiros do mundo, presente em mais de 70 países e com cerca de 145 mil colaboradores. Tem como accionista e principal parceiro estratégico o Banco BPI e conta, actualmente, com cerca de 600 colaboradores e mais de 3.500 mediadores em todo o país. A Allianz pretende adquirir os activos da Açoreana, deixando a estrutura da empresa no Oitante.
Já os norte-americanos da Apollo compraram a seguradora Tranquilidade ao Novo Banco em Agosto de 2014 e participaram na fase final da corrida pela compra da instituição financeira liderada por Stock da Cunha. A Apollo fez também parte dos seis interessados que fizeram propostas de compra pelo Banif, mas não terá apresentado uma proposta vinculativa. Ao que o Económico apurou, a Apollo pretende integrar a Açoreana na Tranquilidade, deixando uma parte dos custos com rescisões do lado do vendedor.
Até ao fecho da edição, não foi possível obter esclarecimentos dos interessados na Açoreana.