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Alboa diz que Banco de Portugal e gestão do Banif se escondem “atrás de uma parede” e omitem informação

Sexta-feira, Setembro 8th, 2017

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Sapo 24

O presidente da associação de lesados do Banif disse hoje que as entidades responsáveis pela resolução do banco e pela gestão dos ativos não podem continuar a esconder-se “atrás de uma parede” e a omitir informação.

“Nós estamos à espera que apareçam contas, que apareçam avaliações, do Banif, da Oitante. Ninguém presta contas. E isto está a chegar a um limite, temos de ser sérios (…), as entidades têm de responder, não se podem refugiar atrás de uma parede e omitir dados importantes”, disse à Lusa Jacinto Silva, presidente da Alboa.

Em causa está, nomeadamente, a obrigação, prevista na legislação, de o Banco de Portugal pedir a uma entidade independente uma auditoria para avaliar que perdas sofreriam os acionistas e credores do Banif se em vez da resolução o banco tivesse sido liquidado. Caso essa auditoria chegue à conclusão que teriam menos perdas numa liquidação, esses credores têm dinheiro a receber do Fundo de Resolução bancário.

Além disso, estão ainda em falta as contas do Banif de 2015 e 2016, tendo dito a equipa de gestão do Banif ‘banco mau’, no início de agosto, que ainda não sabe quando as poderá divulgar, entre outros fatores, por falta de meios técnicos e humanos, assim como pela “complexidade e excecionalidade da medida aplicada” e a necessidade de articulação de informação com o Santander Totta e a Oitante.

O Banif (‘banco mau’) é atualmente presidido por José Manuel Bracinha Vieira, que foi quadro do Banco de Portugal, a quem caberá preparar a liquidação do banco.

“É óbvio que vamos responsabilizar [as entidades responsáveis] no caso de não aparecer” a informação em causa, disse Jacinto Silva.

Contudo, referiu, a associação não ficará satisfeita apenas com o aparecimento da documentação. Nessa altura, disse, irá verificar se a informação contida “é credível ou não”, uma vez que há acervo do Banif de que não se conhece o paradeiro.

Já questionado sobre se a associação pondera avançar para processos criminais, o responsável deixou em aberto essa possibilidade.

“Hoje recebi um email dos Estados Unidos de um investidor [no Banif] que já comunicou com a Assembleia da República e a Polícia Judiciária e que diz que tem muita documentação que será uma boa fonte para uma investigação [do Ministério Público]. Vamos analisar [esse email], mas há muitos responsáveis que ainda não foram ouvidos e se calhar têm muito para dizer”, afirmou.

O presidente da Alboa está hoje a presidir a uma reunião de advogados de lesados do Banif com o objetivo de se entenderem numa estratégia jurídica comum para defenderem os seus clientes, isto quando se aproxima o prazo dos dois anos da resolução do Banif, no mês de dezembro.

“Existem dúvidas [sobre quando termina o prazo para os lesados exercerem os seus direitos judiciais], [é importante que] os próprios advogados cheguem a um entendimento sobre o prazo limite para que não sejamos surpreendidos com prescrições”, afirmou Jacinto Silva.

Em dezembro de 2015, o Banif foi alvo de uma medida de resolução, por decisão do Governo e do Banco de Portugal.

Parte da atividade bancária do Banif foi então vendida ao Santander Totta por 150 milhões de euros, tendo sido ainda criada a sociedade-veículo Oitante para a qual foram transferidos os ativos que o Totta não comprou.

Continua a existir ainda o Banif S.A., o designado ‘banco mau’, no qual ficaram os acionistas e os obrigacionistas subordinados, que provavelmente nunca receberão o dinheiro investido, e ativos como Banif Brasil e Banco Cabo-verdiano de Negócios.

Desde então, sobretudo os obrigacionistas têm andado em ‘luta’ por uma solução. Em causa estão cerca de 3.500 investidores, em grande parte oriundos das regiões autónomas da Madeira e dos Açores e das comunidades portuguesas na África do Sul, Venezuela e Estados Unidos, que perderam 263 milhões de euros.

A Alboa representa 1.500 desses obrigacionistas.

A associação tem vindo a reunir-se com representantes da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) para tentar uma solução pela via negocial, isto depois de, em julho, o primeiro-ministro, António Costa, ter dito que havia “vontade política de responder a uma situação gravíssima”, considerando que é “evidente” que essas pessoas [lesados do Banif] “fizeram confiança num sistema que as aldrabou”.

Os obrigacionistas do Banif queixam-se das vendas destes títulos pelo banco, já quando este era maioritariamente detido pelo Estado, considerando que houve “vendas extremamente agressivas e ardilosas por parte dos comerciais bancários” e que há “documentos internos a provarem estas práticas”.

Os lesados do Banif querem o reconhecimento pela CMVM de que houve vendas fraudulentas (‘misseling’) no Banif, pelo que já chegaram ao regulador dos mercados financeiros mais de 1.000 reclamações nesse sentido.

Contudo, a CMVM continua com dificuldade de encontrar a documentação que os clientes assinaram (boletins de inscrição ou fichas de adequação do produto ao perfil do cliente), para saber se houve ou não vendas fraudulentas.

Deloitte deu prioridade a risco de crédito na auditoria forense ao Banif

Terça-feira, Maio 31st, 2016

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Negócios

O “cumprimento dos procedimentos de análise de risco” e a “monitorização de risco de crédito” do Banif foram prioridades na auditoria entregue ao BdP em 2014 e onde não foram detectados indícios de práticas criminais.

A análise do risco dos créditos concedidos pelo Banif foi uma das prioridades da auditoria forense conduzida pela Deloitte sobre o período entre 2007 e 2012, revelou hoje um responsável da consultora.

O Banco de Portugal pediu à Deloitte uma “análise de conjunto” das “operações de concessão de crédito” do Banif, revelou na comissão parlamentar de inquérito do banco Joaquim Paulo, sócio da consultora.

O “cumprimento dos procedimentos de análise de risco” e a “monitorização de risco de crédito” do Banif foram prioridades da Deloitte na auditoria que o Banco de Portugal recebeu em 2014 e onde não foram detectados indícios de práticas criminais.

A auditoria detectou, contudo, irregularidades ao nível do controlo de créditos concedidos ao Banif e a empresas do grupo, como já havia reconhecido em Abril o governador do Banco de Portugal.

Ouvido então no parlamento, o governador Carlos Costa declarou que a auditoria da Deloitte deu origem a processos de contra-ordenação, mas não foram comunicados “indícios de práticas criminais”.

“Não foram comunicados ao Ministério Público indícios de práticas criminais”, sublinhou, na altura, Carlos Costa, que falava na comissão de inquérito ao Banif.

A auditoria em questão – elaborada pela Deloitte – falava em irregularidades nas operações feitas entre empresas ligadas ao Banif e “deu origem a processos de contra-ordenação”, alguns ainda em curso, mas não houve comunicações ao Ministério Pública sobre eventuais actos criminosos.

Em 20 de Dezembro de 2015, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif, com a venda de parte da actividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros activos – incluindo ‘tóxicos’ – para uma nova sociedade veículo.

Banif: como funcionava um “banco péssimo”?

Quarta-feira, Abril 13th, 2016

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Público

Relatório da auditoria forense de 2014 conta como os créditos eram aprovados, sem garantias, se perdoavam juros a alguns clientes e se alteravam contratos ao arrepio das regras.

Há o caso de um cliente que recebeu um novo crédito, mesmo depois de ter passado por uma “reestruturação financeira”, e ficando a dever 500 mil euros ao Banif, só em juros de mora. Foi-lhe concedido um “perdão de juros”. E um novo crédito.

Outro queria aumentar a sua linha de crédito, que era de 20 milhões de euros. A proposta foi avaliada e aprovada. Poderia agora aceder, através de uma “conta caucionada”, a 40 milhões, desde que reforçasse o valor dos “colaterais”, garantias que o banco pode usar em caso de incumprimento. O Banif, porém, decidiu dar-lhe 50 milhões. E prescindiu de garantias.

A Deloitte, que o Banco de Portugal contratou para fazer uma auditoria forense à gestão do Banif, sublinha estes e outros casos, no seu relatório de Março de 2014 – há mais de dois anos. O Banco de Portugal abriu “processos de contra-ordenação” e expressou aos administradores do Banif a sua preocupação pela “gravidade das situações descritas”.

O relatório, a que o PÚBLICO teve acesso, descreve créditos aprovados e contratados “sem que existisse uma análise de risco”, o que é um evidente “incumprimento formal” das regras bancárias. Mais: “Aprovação de operações de crédito por parte do órgão de gestão, apesar do parecer condicionado, desfavorável ou até mesmo dispensa de emissão de parecer pelo analista de crédito.”

“Foram identificadas operações cuja data de contratação é anterior à aprovação da proposta”, continua o relatório. Em casos limite, o banco chegava a aprovar operações de crédito a clientes para pagarem dívidas ao próprio banco. E a lista continua, com acusações de haver nos registos contabilísticos “provisões mal calculadas” e um deficiente registo de imparidades.

António Varela, o ex-administrador que o Estado nomeou, em 2013, classificou o Banif, numaanimada audição da comissão de inquérito, como “banco péssimo”. E foi esta a situação que encontrou quando assumiu funções. Um banco sem registos sérios, nem sistema informático funcional.

Alguma coisa mudou, com a gestão de Jorge Tomé que Varela viria a integrar. O relatório refere essa mudança. Mas a dúvida permanece: como foi possível que um banco assim funcionasse, no período de mais apertada supervisão “intrusiva” da história da banca portuguesa? Até 2011 o Banif tinha estas insuficiências; no final de 2012 foi-lhe injectada uma ajuda pública de 1,1 mil milhões de euros, no pressuposto de ser um banco “viável”; e em Dezembro de 2015 foi resolvido com um prejuízo público de três mil milhões.

Carlos Costa recusa dar auditoria feita ao Banco de Portugal

Terça-feira, Março 22nd, 2016

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Diário de Notícias

Inquérito. Bloco pediu auditoria que o próprio Banco de Portugal solicitou à sua ação supervisora. Regulador disse que não, argumentando que tem que ver com o caso BES e não com o Banif

O Banco de Portugal (BdP) já enviou à comissão parlamentar de inquérito (CPI) ao caso Banif centenas e centenas de documentos – todos eles classificados com o selo de “confidencial” -, mas nesse vasto lote continua a faltar um relatório a que alguns deputados dão grande importância, o que a Boston Consulting Group (BCG) fez avaliando a atuação do supervisor bancário no caso BES.

Esse relatório, pedido pelo Bloco de Esquerda, foi elaborado a pedido do próprio BdP. Os bloquistas afirmaram no pedido que a BCG terá assinalado uma “falta grave” do BdP na supervisão e isso, confirmando-se, daria pretexto ao governo para poder afastar Carlos Costa do cargo de governador do Banco de Portugal.

No ofício que enviou ao Parlamento a explicar os vários documentos enviados, o BdP diz porque não razão não mandou a auditoria da BCG. Basicamente porque essa auditoria não tem que ver com a atuação do banco face ao Banif, ou seja, está fora do âmbito da própria comissão parlamentar de inquérito (a auditoria tinha apenas que ver com a atuação do BdP face ao BES). Nos documentos “cujo conteúdo não tenha conexão com a medida de resolução […] o Banco de Portugal encontra-se plenamente sujeito às obrigações de segredo profissional” estabelecidas no Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras (RGICSF). Ou, dito de outra forma: “Na perspetiva do Banco de Portugal, a informação a prestar à comissão de inquérito poderá cobrir os períodos e a documentação necessários para avaliar não só a medida de resolução em sim mesma e as circunstâncias em que foi tomada mas também as medidas de supervisão que a antecederam e que com ela podem ter uma conexão relevante, como as medidas relacionadas com os processos de recapitalização e reestruturação.”

Isto explica também que todos os documentos enviados pelo supervisor bancário para o Parlamento tenham o carimbo de “confidencial” – significando isto que só podem ser consultados pelos deputados: “A transmissão à comissão parlamentar de inquérito deve, no entendimento do Banco de Portugal, ser acompanhada de mecanismos adequados de proteção, de modo a evitar a sua divulgação fora do âmbito da comissão e das finalidades do inquérito parlamentar.”

Além do relatório da BCG, o Banco de Portugal recusou enviar aos deputados “informações respeitantes a clientes do Banif, os relatórios de auditores e consultores com cláusula expressa de confidencialidade e a correspondência trocada entre terceiras entidades com eventual cópia ao Banco de Portugal”.

No acervo da CPI também ainda não deverão constar os vários planos de reestruturação do Banif chumbados em Bruxelas. O BdP estará aguardar autorização, neste caso, da Direção-Geral da Concorrência (DGComp) da Comissão Europeia. O que os deputados receberam foi, isso sim, toda a correspondência trocada entre o BdP e o Banif – documentação que terá mais de 800 páginas.

Segurista relator

O deputado Eurico Brilhante Dias foi o escolhido pelo PS para relator da comissão (mais noticiário na página 17).

A candidatura irá hoje a votos numa reunião agendada para as 12.00. O PS conta com o Bloco de Esquerda e o PCP para obter a maioria que elegerá o deputado socialista. A escolha dos relatores faz–se pelas maiorias que se formam e não obedece aos esquemas de rotatividade que definem o partido do qual saem os presidentes das comissões (nesta pertence ao PCP, através de António Filipe).

Eurico Brilhante Dias, licenciado em Gestão e professor no ISCTE, foi eleito deputado, pela primeira vez nas últimas legislativas, pelo círculo de Castelo Branco. De 2011 a 2014, integrou a direção de António José Seguro no PS, sendo o seu principal porta-voz para as questões económicas. Apoiou Seguro contra António Costa nas eleições primárias do PS que levaram Costa à liderança do partido. Já com António Costa à frente do PS, participou nos trabalhos de preparação do programa eleitoral do partido.
As primeiras audições da comissão serão a 29 deste mês. Os ex-administradores do banco Marques dos Santos e Jorge Tomé estão convocados para depor perante os deputados. No dia seguinte, será ouvido Luís Amado, chairman do banco, e só depois serão chamados responsáveis da supervisão e do poder político.

A 20 de dezembro, o governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif, com a venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros ativos – incluindo tóxicos – para a nova sociedade veículo. A resolução foi acompanhada de um apoio público de 2,255 mil milhões de euros, tendo 1,766 mil milhões saído diretamente do Estado e 489 milhões do Fundo de Resolução bancário, que consolida nas contas públicas.

PSD insiste em auditorias específicas ao Banif e esquerda abre margem para aprovar

Quinta-feira, Fevereiro 18th, 2016

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Negócios

A auditoria externa e independente que o PSD queria promover no Banif foi chumbada pela esquerda mas o partido voltou à carga com propostas de auditoria específica. Há possibilidade de aprovação mas ainda é cedo.

A discussão em torno da auditoria externa ao Banif continua na comissão parlamentar de inquérito, mesmo depois de os deputados da esquerda terem já recusado, por duas vezes, aquela iniciativa do PSD.

Esta quarta-feira, 17 de Fevereiro, o PSD voltou à carga e fez um novo requerimento mas diferente do anterior, que foi chumbado. Enquanto inicialmente era uma “auditoria externa e independente” aos últimos anos de vida do Banif, que foi chumbado pelo PS, BE e PCP, agora os deputados social-democratas avançam com três objectos específicos.

No requerimento que deu entrada esta quarta-feira, há três pontos a ser alvo de uma auditoria externa: “as manifestações de interesse de compra do Banif, vinculativas ou não, antes e após a notícia da TVI onde foi abordada a iminente falência do banco”; a “evolução dos depósitos e rácios de capital no mesmo horizonte temporal e o impacto que esta teve sobre as manifestações de interesse de compra do Banif”; “a avaliação contabilística dos activos transferidos para a Oitante, antes e após a sua transmissão e ao racional subjacente à assunção das correspondentes imparidades”.

Na reunião que decorreu aquando da apresentação do documento, esta quarta-feira, o deputado comunista Miguel Tiago ressalvou que a proposta agora apresentada é bastante diferente da anterior, pelo que teria de ser analisada, ainda que tenha reforçado que questiona a entrega de trabalhos a auditoras externas – o partido considera que as auditoras estão envolvidas na origem e na ocultação dos problemas da banca.

Mariana Mortágua, do BE, afirmou que havia “pontos de interesse que podem ser discutidos” com base no ponto de partida do documento, e acrescentou logo a possibilidade de se vir a pedir ajudar no caso dos activos por impostos diferidos (cuja conversão gera descontos nos impostos a pagar no futuro aos bancos).

Já o PS, por Jorge Lacão, defendeu que as entidades a quem foi solicitada informação poderão ajudar a responder aos temas avançados pelo PSD e que, por isso, não se sabe ainda se será efectivamente necessário recorrer à auditoria externa. “Como é que vou decidir se quero uma auditoria externa antes de saber a informação que a autoridade de supervisão e a administração à época podem dar?”, questionou o deputado socialista, rematando para o futuro uma decisão sobre o requerimento.

Carlos Abreu Amorim mostrou-se satisfeito com estas posições (o CDS, por João Almeida, já tinha dito que iria aprovar qualquer auditoria que permitisse apurar os factos), adiantando que “desde o início” que o PSD está disposto a negociar. “Pode ser feito trabalho a partir daqui e debater-se o conteúdo destes três pontos”, disse.

O PS, com a colaboração dos partidos de esquerda, já tinha aberto a possibilidade de, em questões mais técnicas, ser pedida ajuda à UTAO, a unidade independente que funciona junto do Parlamento e que olha para aspectos orçamentais.

A comissão de inquérito ao Banif vai olhar para os últimos anos de vida do Banif, incluindo a recapitalização de 2011, cujo não reembolso do dinheiro emprestado desencadeou a medida de resolução, que passou pela divisão do banco e entrega da principal parte do negócio aoSantander Totta.

PCP chama Passos e Barroso ao inquérito do Banif

Quarta-feira, Fevereiro 17th, 2016

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Económico

O ex-primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão terão de ir ao Parlamento explicar os contornos da recapitalização do banco em 2013. PCP entrega hoje pedido.

O PCP já tem pronto o requerimento das audições para a Comissão de Inquérito ao Banif e é o primeiro partido a incluir o anterior primeiro-ministro na lista das pessoas que quer ouvir no Parlamento. Passos Coelho terá, assim, de se sentar no inquérito ao Banif para explicar o processo de recapitalização e as decisões políticas tomadas em relação ao banco nos anos em que esteve no Governo.

Durão Barroso, enquanto ex-presidente da Comissão Europeia, também é chamado.

Vitor Gaspar, ex-ministro das Finanças de Passos, é outra das personalidades que os comunistas querem ouvir mas neste caso o BE já tinha feito requerimento igual. Também Maria Luís Albuquerque, que lhe sucedeu, e o actual ministro das Finanças, Mário Centeno, estão na lista de audições do PCP.

A Comissão de inquérito parlamentar reúne-se esta tarde para definir a metodologia de trabalho e para que os partidos entreguem os documentos e audições que pretendem. O PCP e o PS vão apresentar as suas propostas, mas o Económico sabe que o CDS só deverá ter a sua lista fechada na sexta-feira. PSD e BE já entregaram.

No total, devem ser mais de 60 as personalidades que passarão pelo Parlamento, desde responsáveis máximos do banco que acabou por cair e ser vendido ao Santander, responsáveis políticos e representantes das instituições europeias.

 

Comunistas exigem actas e toda a troca de correspondência 

Mais de 30 personalidades são chamadas à Comissão de Inquérito ao Banif pelo PCP, com as audições a começarem depois de estar fechado o ‘dossier’ do Orçamento do Estado para este ano.  À semelhança do que já tinha sido requerido pelo BE, os comunistas também querem ouvir todos os administradores entre 2008 e 2012 – Joaquim Filipe Marques dos Santos e Carlos Almeida – e os que lideraram o banco após 2012  e até à decisão de resolução – Luís Amado, Jorge Tomé, Vitor Nunes, António Varela, Miguel Barbosa e Issuf Ahmad.

O presidente da Comissão Executiva Artur Manuel da Silva Fernandes também é chamado, assim como a filha do fundador do banco, Teresa Roque.

Até à data, o PCP foi o único partido a pedir a audição do próprio Durão Barroso, que presidia à Comissão Europeia nos anos em que o banco esteve em dificuldades e sofreu uma recapitalização. Os outros partidos tinham pedido a audição de outros responsáveis com funções intermédias.  Da parte dos reguladores, o PCP quer ouvir Carlos Costa, Governador do Banco de Portugal desde 2010,

José Ramalho e Pedro Duarte Neves, membros do Conselho de Administração do BdP, e António Varela, representante do Estado no Conselho de Administração do Banif de 2013 a 2014 e membro do Conselho de Administração do Banco de Portugal desde 2014. Carlos Tavares é chamado pela CMVM. Querem ainda, tal como o PSD pediu, ouvir Sérgio Figueiredo, Director de Informação da TVI, e António Costa, ex-director do Económico e actual comentador na mesma estação.

No que respeita à documentação que vão exigir ter no inquérito parlamentar, o PCP pede “toda a correspondência, incluindo electrónica, envolvendo a Comissão Europeia, DG Comp [Direcção Geral da Concorrência], Governo de Portugal, Banco de Portugal e Banif relativa ao processo de recapitalização e reestruturação do banco entre Dezembro de 2012 e a resolução”. Exige ainda ter acesso aos planos de reestruturação apresentados pelo Banif, pelo BdP e pelo Governo, nomeadamente os de Agosto de 2013. Quer ainda “toda a documentação relativa ao processo de alienação do Banif resultante do plano de reestruturação apresentado em 18 de Setembro de 2015, incluindo as condições, prazos e especificações sobre o perfil dos potenciais compradores”.

A listagem de créditos sem retorno do Banif desde 2008 com identificação dos beneficiários e respectivos montantes de valor superior a 1 milhão de euros, incluindo os abatidos ao activo e os relatórios e toda a correspondência trocada no âmbito das Auditorias Externas realizadas entre 2008 e a resolução fazem também parte da lista de pedidos, bem como os mapas dos “grandes riscos do Banif” desde 2008  e as propostas de compra relativas ao processo de alienação no quadro do plano de reestruturação de 18 de Setembro de 2015.

PSD quer auditoria ao Banif que recue até governo Sócrates

Quinta-feira, Janeiro 7th, 2016

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Económico

Maior partido da oposição propõe uma avaliação independente, além da comissão de inquérito.

O PSD quer uma auditoria “externa e independente” à gestão do Banif que recue até à primeira década deste século, nomeadamente ao tempo dos governos de José Sócrates e que se estenda até às últimas semanas antes da venda da actividade do banco ao Santander.

Numa proposta de resolução ontem entregue no Parlamento, a par de uma outra para a criação de uma comissão de inquérito parlamentar à crise e venda do Banif, o PSD desafia António Costa a abrir um concurso público para nomear uma entidade que faça uma investigação externa e “transparente” à gestão do banco nos últimos anos, que atravesse vários governos e que analise todos os pontos.

O PSD quer que a auditoria incida sobre as “origens do desequilíbrio financeiro na primeira década deste século”, que apure “imparidades”, actos de gestão penalizadores para o banco e que levaram à “necessidade de recapitalização do Estado em 2013”. E que se debruce, também, sobre a evolução do banco desde essa data e o que “conduziu à degradação nas últimas semanas” antes da alienação da actividade ao Santander, o que já aconteceu durante o Governo de António Costa. Mais: o PSD quer que sejam também auditadas as “diversas alternativas que se colocaram às entidades públicas, nomeadamente as propostas dos vários interessados”.

O PS não deu ainda resposta a este repto, que já tinha sido, aliás, lançado pelo PSD num debate no Parlamento e sugerido pelo ex-líder social-democrata Marques Mendes no seu espaço de comentário semanal. O PSD entende que os três mil milhões de euros, estimados como impacto para as contas públicas, justifica uma auditoria externa.

Ao mesmo tempo, o maior partido da oposição apresentou uma proposta para a criação de uma “comissão eventual de inquérito parlamentar à gestão do Banif, ao processo que conduziu à aplicação da medida de resolução e alienação da sua actividade e às suas consequências. Também no objecto desta comissão, o PSD quer que seja avaliada a actuação “pelos governos ao longo dos anos” e, aqui, concretiza mesmo a data de 2008, era primeiro-ministro José Sócrates.

Para os social-democratas, é preciso “avaliar as condições e o modo de exercício das atribuições próprias das entidades públicas nacionais e europeias competentes desde 2008, em especial a actuação de governos, supervisores, Comissão Europeia e BCE”. As duas propostas vão ser debatidas no próximo dia 22. Sobre a comissão de inquérito, PS, PCE, PEV e BE estão a tentar um texto comum. O CDS articulará o seu texto com o PSD.

Comissão de inquérito e auditoria ao Banif discutidas a 22 de Janeiro no Parlamento

Quarta-feira, Janeiro 6th, 2016

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Negócios

Dentro de duas semanas, será discutida a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito ao Banif. Mas, também a 22 de Janeiro, será debatida a recomendação de uma auditoria externa aos últimos anos de vida do banco.

Os deputados vão mesmo discutir uma auditoria externa e comissão parlamentar de inquérito ao Banif. O Parlamento agendou para sexta-feira, 22 de Janeiro, a discussão da criação da comissão de inquérito ao Banif, anunciou esta quarta-feira, 6 de Janeiro, o líder parlamentar do Partido Social Democrata, que propôs também a realização de uma auditoria externa ao banco.

Em declarações aos jornalistas, Luís Montenegro anunciou que a conferência de líderes parlamentares, que ainda decorre, agendou a discussão das iniciativas para dia 22 e afirmou esperar que “haja condições para que surja um texto final que consagre as propostas de diferentes partidos”.

Luís Montenegro adiantou que o projeto do PSD dará entrada ainda hoje, tal como um projecto de resolução a recomendar uma auditoria “externa e independente” ao Banif.

O deputado social-democrata afirmou que a auditoria deverá incidir sobre o “processo que levou à capitalização em 2012, quer aos actos de gestão e várias tentativas de recuperação quer à depreciação do valor do banco que decorreu de forma repentina e acentuada nas últimas semanas, quer à solução de resolução e de venda de ativos ao Santander”.

A comissão de inquérito ao Banif é um tema de que se fala desde a intervenção no banco sediado no Funchal, a 20 de Dezembro de 2015. Todos os partidos com assento parlamentar se mostraram disponíveis para uma comissão parlamentar de inquérito ao assunto e também já se começaram a delinear argumentos.

Da mesma forma, a auditoria externa e independente tem sido outro assunto recorrentemente comentado.Logo após a resolução, o PSD (do Governo de Passos que ficou debaixo de fogo com as acusações de inacção no Banif, não impedindo o desfecho com perdas para os contribuintes), já tinha anunciado a intenção de avançar com uma “auditoria externa e independente para apurar todas as responsabilidades de todos os envolvidos neste caso”. Fora da política, o banqueiro português António Horta Osório também comentou que deveria avançar-se para uma auditoria externa à instituição financeira. O antigo presidente executivo do banco, Jorge Tomé, disse igualmente que se “devia fazer uma auditoria ao processo de venda e ao resultado de venda e comparar as alternativas que havia”.

O Banif foi intervencionado a 20 de Dezembro. O Estado não conseguiu vender a sua participação de 60,5% sem que o Orçamento do Estado fosse chamado a participar nos encargos. Daí que o Banco de Portugal tenha avançado para uma resolução, envolvendo accionistas e detentores de dívida subordinada nas perdas.

Nesta resolução, a parte bancária foi vendida ao Santander Totta por 150 milhões de euros, que, em troca, recebeu 2.255 milhões de euros para desequilíbrios na instituição adquirida (a que acresce ainda uma garantia de 323 milhões do Estado para possíveis perdas inesperadas). Os activos que não configuravam o negócio bancário, como a participação na Açoreana, foram transferidos para um veículo de gestão de activos, o Naviget, que recebeu uma garantia de 422 milhões de euros. O Banif, entidade onde permanecem os accionistas e detentores de dívida subordinada, ficou esvaziado de activos.

O que é uma comissão de inquérito

O Parlamento português pode constituir comissões permanentes, as que estão especializadas em determinada matéria (como a de Orçamento, Educação ou Ciência e Cultura), mas também comissões eventuais, criadas para cumprir uma função específica.

As comissões de inquérito são comissões eventuais. Têm um prazo específico e, de acordo com o site da Assembleia da República, “têm como missão vigiar pelo cumprimento da Constituição e das leis e apreciar os actos do Governo e da Administração”.

Estas comissões parlamentares distinguem-se pelo facto de gozarem de poderes de investigação idênticos aos das autoridades judiciais.

A gestão do BES e GES, aquisição de material militar e os “swaps” são alguns dos mais recentes objectos de comissões de inquérito no parlamento nacional.

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Comissão de inquérito ao Banif. PSD e CDS apresentam pela primeira vez propostas diferentes

Quarta-feira, Janeiro 6th, 2016

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Observador

PSD antecipa-se à esquerda e avança, sem o CDS, com projeto para criação de comissão de inquérito ao Banif e proposta para auditoria externa. Esquerda pode unir-se em texto comum. Debate é dia 22.

O PSD vai avançar sozinho, sem o seu antigo parceiro de coligação, com uma proposta de recomendação ao Governo para a criação de uma comissão parlamentar de inquérito ao caso Banif, assim como com uma proposta de realização de uma auditoria externa. O CDS terá o seu próprio texto sobre o mesmo tema, sendo esta a primeira vez que os dois ex-parceiros da direita apresentam projetos autónomos sobre a mesma matéria. Já a esquerda pode vir a aparecer unida na fotografia, estando “a trabalhar num texto conjunto” sobre a comissão de inquérito. Debate ficou agendado esta quarta-feira, em conferência de líderes, para o próximo dia 22 de janeiro.

A confirmação foi dada aos jornalistas pelo líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, que justificou o facto de os sociais-democratas avançarem com um projeto próprio sabendo que as restantes bancadas também vão propor algo semelhante. “Desde o início que achamos que era preciso uma comissão de inquérito por isso decidimos avançar”, afirmou, sublinhando que “não ficou claro” na conferência de líderes se os partidos que sustentam o Governo (PS, PCP, PEV e BE) terão um texto conjunto ou se cada um terá um documento próprio.

Certo é que PSD e CDS terão textos separados. No briefing feito aos jornalistas, também o deputado social-democrata e secretário da Mesa da Assembleia, Duarte Pacheco, confirmou que ficou claro na reunião que os dois partidos da direita, PSD e CDS, terão projetos de resoluções autónomos, sendo que houve “a indicação” por parte dos restantes partidos da esquerda que estariam “a trabalhar num documento conjunto”.

No final, avaliados os vários projetos de recomendação que estiverem em cima da mesa, Luís Montenegro admite que, se houver concordância com o “objeto e o tempo” da comissão de inquérito, então poderá haver um texto consensualizado entre todas as bancadas. O debate sobre a constituição da comissão de inquérito ficou já agendado para o próximo dia 22 de janeiro.

PSD quer auditoria externa independente

Além da recomendação ao Governo para a constituição da comissão parlamentar de inquérito, o PSD vai avançar “ainda hoje” com um outro projeto de resolução para pedir uma auditoria externa independente ao caso Banif, para apurar os contornos do processo desde a capitalização em 2012 até à decisão da resolução e venda do banco ao Santander. Aqui o PSD aparece isolado, sendo que nenhum dos outros partidos – nem o CDS – manifestou intenção de avançar com iniciativas nesse sentido.

O repto para a realização desta auditoria foi pela primeira lançado por Luís Montenegro durante o debate sobre o orçamento retificativo no Parlamento, no último dia 23 de dezembro, e foi depois sublinhado por Pedro Passos Coelho em declarações posteriores. Passadas duas semanas, o líder parlamentar do PSD acusa o Governo de “nada ter feito, nem nada ter dito, como resposta a este repto”, e afirma que é por isso que a bancada social-democrata vai traduzir o repto em iniciativa legislativa formal.

Lembrando que no caso BES também houve uma auditoria externa independente, Montenegro sublinha a importância de haver um “aprofundamento independente e técnico” sobre as decisões que levaram ao colapso do banco. “Na comissão parlamentar de inquérito do BES foi útil termos acesso às conclusões da auditoria”, lembra.

 

Banif: PSD quer comissão parlamentar a avaliar supervisores desde 2008

Quarta-feira, Janeiro 6th, 2016

Citamos

TVI

Comissão deverá, desde logo, “apurar as práticas da gestão do Banif que conduziram à necessidade de recapitalização pelo Estado em 2013, bem como as práticas de gestão desde então”

O PSD quer que a comissão parlamentar ao Banif avalie as condições das entidades públicas competentes desde 2008, nomeadamente os governos, supervisores financeiros, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu.

“Avaliar as condições e o modo de exercício das atribuições próprias das entidades públicas nacionais e europeias competentes nesta matéria, desde 2008, e, em especial, a atuação de governos, supervisores financeiros, Comissão Europeia e Banco Central Europeu, tendo em conta as específicas atribuições e competências de cada um dos intervenientes, no que respeita à defesa do interesse dos contribuintes, da estabilidade do sistema financeiro e dos interesses dos depositantes, demais credores e trabalhadores da instituição” é um dos objetivos enunciados.

No texto entregue hoje para a criação de uma comissão parlamentar de inquérito “à gestão do Banif, ao processo que conduziu à aplicação da medida de resolução e alienação da sua atividade e às suas consequências”, o PSD estabelece ainda que o funcionamento não deve ultrapassar os 120 dias.

Para o PSD, a comissão deverá, desde logo, “apurar as práticas da gestão do Banif que conduziram à necessidade de recapitalização pelo Estado em janeiro de 2013, bem como as práticas de gestão desde então, o papel desempenhado pelo supervisor, acionistas e pelos auditores externos e outros fatores relevantes para análise da situação de desequilíbrio financeiro da instituição e da aplicação a esta instituição de crédito de uma medida de resolução e venda da sua atividade”.

“Apreciar os processos, as alternativas e ações dirigidas à recapitalização do Banif pelo Estado, às iniciativas de reestruturação do banco e de venda voluntária da participação do Estado e de ativos do banco, à medida de resolução e à venda da atividade do Banco Santander Totta”, é outro dos objetivos apresentados.

Os sociais-democratas consideram que a comissão deve “apurar os factos relevantes para a degradação da situação do banco ou desvalorização dos seus ativos, quer no período prévio à aplicação da medida de resolução, quer no âmbito desta”.

O objeto da comissão passa também, na proposta do PSD, pela avaliação do processo e decisão de venda ao Santander Totta, as alternativas, as condições financeiras e garantias futuras, nomeadamente para os contribuintes, para os trabalhadores e à atividade nas regiões autónomas e na diáspora.

A comissão deve também “apreciar os termos da transição de ativos e responsabilidades para o veículo de gestão de ativos Naviget, respetivo funcionamento e garantias futuras de defesa do interesse público” e “avaliar o quadro legislativo e regulamentar nacional e comunitário, aplicável ao setor financeiro e a sua adequação aos objetivos de prevenir, controlar e fiscalizar as práticas conducentes à situação em que se encontrou o Banif”.