Archive for Junho, 2017

Lesados do Banif entregam hoje “protesto formal” ao Governo, BdP e Santander Totta

Terça-feira, Junho 20th, 2017

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Público

Associação diz que Santander “tem dois pesos e duas medidas” em Portugal e em Espanha.

De acordo com o vice-presidente da ALBOA, José Prada, o Banco Santander (em Portugal Santander Totta) “apresenta-se com dois pesos e duas medidas conforme atua em Portugal ou em Espanha”. “Enquanto em Espanha está a estudar a forma de indemnizar os pequenos accionistas do Banco Popular incorporado pelo Santander através de uma venda simbólica de um euro, em Portugal o banco espanhol ignora as vítimas que foi fazendo através dos sucessivos negócios, sempre altamente vantajosos, relacionados com o Banif e sucedâneos”, disse José Prada, em declarações à Lusa.

Segundo a ALBOA, é público que a venda do Banif ao Santander “foi mais uma oferta, com presente incorporado de muitos milhões de euros, do que uma venda real” e que “tudo isto ocorreu com prejuízo dos pequenos aforradores, accionistas e obrigacionistas do Banif”.

A associação recorda também, a propósito, a recente a alienação de um activo do Banif Finance ao Santander Totta pela quantia de 90 mil euros (99% do seu valor formal) um importante activo do Banif Finance, “prejudicando mais uma vez os lesados de um valor que fundamentadamente esperariam poder vir a responder pelas responsabilidades desta entidade”.
“Isto passa-se em Portugal: o Santander sempre a beneficiar em várias frentes, o Estado português a não defender os direitos dos portugueses e dos cidadãos lesados Banif em particular”, lamenta a ALBOA.

A ALBOA representa 3.500 obrigacionistas subordinados que perderam 263 milhões de euros no processo de venda do banco ao Santander, bem como 4.000 obrigacionistas da Rentipar (‘holding’ através da qual as filhas do fundador do Banif, Horácio Roque, detinham a sua participação), que investiram 65 milhões de euros, e ainda 40 mil acionistas, dos quais cerca de 25 mil são oriundos da Madeira.

O Santander Totta adquiriu o Banif por 150 milhões de euros em Dezembro de 2015, na sequência de uma resolução do Governo da República e do Banco de Portugal, através da qual foi criada a sociedade-veículo Oitante, para onde foi transferida a actividade bancária que o comprador não adquiriu.

Lesados do Banif angariam reclamações de emigrantes na África do Sul

Quinta-feira, Junho 15th, 2017

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RTP

A angariação de mais reclamações de lesados do Banif emigrantes na África do Sul é o motivo da deslocação ao país, entre 20 e 27 deste mês, de representantes da Associação dos Lesados do Banif – ALBOA, anunciou a associação.

Em comunicado, a associação explica que “uma parte muito significativa” dos lesados do Banif se situa nas comunidades portuguesas da África do Sul, Venezuela e Costa Leste dos EUA.

A delegação da ALBOA vai ainda promover na África do Sul sessões de esclarecimento sobre vendas fraudulentas (“misselling”), e recolher reclamações a fim de serem entregues na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A ALBOA já entregou na CMVM cerca de mil reclamações, mas acredita existirem “muitos outros casos” por denunciar.

As sessões de esclarecimento na África do Sul estão marcadas para 21 de junho na Casa Social da Madeira em Pretória e a 26 na Associação Portuguesa da Cidade do Cabo.

Há uma semana, a presidente da CMVM, Gabriela Figueiredo Dias, disse no parlamento que “não tem evidência de que tenha havido más práticas que pudessem violar o enquadramento legal da comercialização de instrumentos”, nem “nenhum elemento que recaia no `misselling` ou informação falsa”.

Ainda assim, a responsável ressalvou que poderá haver “novos elementos” que alterem essa conclusão, nomeadamente das mais de 1.000 queixas enviadas por clientes do Banif que se consideram lesados.

Em 15 de fevereiro, a associação que representa os lesados do Banif (ALBOA) começou a organizar sessões públicas pelo país para sensibilizar os clientes que se sentem lesados a enviarem para a CMVM reclamações que provem terem sido enganados pelo banco.

A ALBOA representa 3.500 obrigacionistas subordinados que perderam 263 milhões de euros no processo de venda do banco ao Santander, bem como 4.000 obrigacionistas da Rentipar (`holding` através da qual as filhas do fundador do Banif, Horácio Roque, detinham a sua participação), que investiram 65 milhões de euros, e ainda 40 mil acionistas, dos quais cerca de 25 mil são oriundos da Madeira.

O Santander Totta adquiriu o Banif por 150 milhões de euros em dezembro de 2015, na sequência de uma resolução do Governo da República e do Banco de Portugal, através da qual foi criada a sociedade-veículo Oitante, para onde foi transferida a atividade bancária que o comprador não adquiriu.

Associação quer que Santander Totta reembolse lesados do Banif Finance

Sábado, Junho 10th, 2017

Citamos

Diário de Notícias da Madeira

A Associação dos Lesados do Banif (ALBOA) considera que o Santander Totta, após ter adquirido o Banif Finance, tem uma “oportunidade única” para repor justiça, reembolsando à massa insolvente o valor justo pelo ativo comprado.

“A ALBOA está convicta de que os responsáveis pela liquidação do Banif Finance darão oportunidade ao Santander Totta de repor justiça: reembolsar à massa insolvente o devido valor pelo ativo adquirido”, lê-se num comunicado hoje divulgado pela associação.

“É o próprio Santander Totta que reconhece publicamente que a compra ocorreu por um valor simbólico, confirmando assim que o negócio com um desconto de 99% prejudicou gravemente a situação patrimonial do Banif Finance e, por essa via, a capacidade deste pagar a dívida que tem para com os seus credores (obrigacionistas)”, realçou a ALBOA.

E acrescentou: “É ainda o próprio Santander Totta que em posições públicas reconhece a necessidade de deter o controlo da totalidade dos instrumentos de capital do Banif International Bank (objetivo que o levou à compra destas ações que lhe não pertenciam), facto que evidencia a grande importância e valor das mesmas”.

Por tudo isto, a ALBOA considera “haver uma oportunidade única de o Santander Totta repor justiça na situação por si criada e indemnizar o Banif Finance de acordo com o valor patrimonial das referidas ações”.

Na nota de imprensa da ALBOA é salientado que o Santander Totta comprou os ativos do Banif Finance por 90 mil euros, ou seja, “um desconto de 99% face aos valores reportados em balanço”.

A associação reforçou que, “pelo facto do Banco Santander Totta ter a necessidade de deter o controlo da totalidade dos instrumentos de capital do Banif International Bank, devia pagar o devido valor por este ativo e não um ‘valor simbólico’, como aliás o exigia a imperatividade de não prejudicar os ativos do Banif Finance e os seus credores”.

Mais, segundo a ALBOA, “se o Banco Santander Totta, para proceder com a sua vontade de liquidar o Banif International Bank, entende ser necessária a aquisição deste ativo, deveria ter incorporado o próprio Banif Finance nas entidades que adquiriu no cenário de resolução, em dezembro de 2015”.

A entidade que representa os lesados do Banif disse acreditar que “os responsáveis pela liquidação do Banif Finance atualmente em curso assegurarão sempre a necessária oportunidade do Banco Santander Totta repor esta situação e proceder em tempo ao reembolso do valor pago por estas ações, que o Santander Totta diz ter comprado por um ‘valor simbólico’”.

Na terça-feira, o Santander Totta disse que apenas comprou ações preferenciais ao Banif Finance por 90 mil euros para poder concluir a liquidação do Banif Bahamas.

A explicação foi dada à Lusa por fonte oficial do Santander Totta depois de a ALBOA ter lamentado o negócio, criticando a “ridícula quantia” pela qual foi feito e exigindo acesso aos documentos da venda.

Segundo fonte oficial do banco, o que está em causa são ações preferenciais emitidas pelo Banif Bahamas (entidade do Banif que passou para o Santander Totta, aquando da resolução do banco, e no qual foram encontradas operações irregulares) e cujo subscritor foi o Banif Finance (entidade que, na resolução, ficou no Banif ‘mau’).

“O Banif Bahamas está em processo de liquidação há mais de um ano. Para facilitar toda a operação do processo de liquidação chegou-se a acordo para comprar por um valor simbólico essas ações preferenciais”, explicou o Santander Totta, considerando que foi feito então negócio por um “valor simbólico”.

Na altura, em reação, o presidente da ALBOA, Jacinto Silva, considerou que a compra deste ativo do Banif Finance pelo Santander Totta prejudicou “mais uma vez os obrigacionistas do Banif Finance” e disse que ia tomar medidas para consultar os documentos do negócio.

A ALBOA estima que há 3.500 clientes lesados pelo Banif que perderam 265 milhões de euros em investimentos de produtos no banco.

A associação considera que os produtos foram vendidos usando argumentos enganosos, como o de que o Banif era do Estado (quando este tinha, de facto, a maioria do capital), o que dava garantia extra sobre os produtos, existindo também situações em que era dito aos clientes que havia uma garantia da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ou que eram como depósitos a prazo, mas com juros mais altos.

O Banif foi alvo de resolução em dezembro de 2015 por decisão do Governo e do Banco de Portugal, com a venda da atividade bancária ao Santander Totta por 150 milhões de euros e a criação da sociedade-veículo Oitante para a qual foram transferidos os ativos que o Totta não comprou.

Continua a existir ainda o Banif, agora ‘banco mau’, no qual ficaram os acionistas e os obrigacionistas subordinados, que provavelmente nunca receberão o dinheiro investido.

Quinta-feira, Junho 8th, 2017

Citamos

ECO

Resolução do BES, Banif e Popular. Descubra as diferenças

 

Os três bancos foram alvo de medidas de resolução. Mas os processos têm diferenças. A principal está nos custos para os contribuintes portugueses que não existem no caso espanhol.

O Banco Popular foi vendido ao Santander. Foram necessários apenas sete dias em queda na bolsa e um ultimato de Bruxelas para que o banco liderado por Ana Botín se chegasse à frente e pagasse o valor simbólico de um euro. Cerca das 7h00 desta quarta-feira, a operação foi comunicada ao mercado pelo Banco Santander. Foi uma medida de resolução imposta pela primeira vez pelas autoridades europeias, nomeadamente pelo Mecanismo Único de Resolução (MUR).

Esta solução não é estranha aos portugueses depois de terem assistido aos casos Banif e Banco Espírito Santo (BES). Se o Banif foi alvo de uma medida de resolução, que acabou na sua compra também pelo Santander, o BES tinha passado por um processo semelhante no ano anterior. Foi há três anos que foi anunciada a resolução do banco liderado por Ricardo Salgado. Nasceu assim o Novo Banco, um problema que ainda não foi totalmente resolvido.

No Banif, a decisão do Governo e do Banco de Portugal de aplicar uma medida que resultou na venda ao Santander também foi precipitada pela pressão de Bruxelas. O caso do Popular é um pouco diferente, seja pelo tempo que o processo demorou, pelas características do setor nacional e do país vizinho, pelo impacto que teve nos contribuintes. Conheça as diferenças.

Venda relâmpago do Popular

Estávamos no verão de 2014 quando o BES entrou em colapso. Quedas expressivas em bolsas que acabaram com a resolução. Com esta medida, o banco foi dividido em dois: um banco “mau” e um banco “bom”, ou o que conhecemos hoje como Novo Banco. Foi a primeira vez que o portugueses assistiram à resolução de um banco. E por decisão das autoridades nacionais.

Depois do BES, também o Banif foi alvo de uma medida de resolução. Mas a operação foi mais rápida. Foi vendido ao Santander, num negócio que acabou por se precipitar perante rumores de que o Banif poderia ser intervencionado em breve.

O caso Popular também ficou resolvido rapidamente. Mas António Nogueira Leite relembra ao ECO que a venda do banco espanhol acabou por ser apressada pela fuga de depósitos. Em Portugal, os depositantes não se apressam a ir buscar o seu dinheiro quando se deparam com notícias sobre a banca, afirma o economista. O contrário do que acontece em Espanha, explica. No país vizinho, “houve uma fuga de 18 mil milhões de euros de depósitos em poucas semanas”.

BES e Banif pesam nos contribuintes. Popular, não

Tanto o BES com o Banif tiveram impacto nos contribuintes… e no défice. As medidas de apoio do Estado português aos bancos em dificuldades levaram a um agravamento do défice público. No Popular, o custo é zero.

Na resolução do BES, o Estado teve de entrar com 3,9 mil milhões na resolução do banco liderado por Ricardo Salgado. Um montante que deveria ser coberto pela venda do Novo Banco, o que não vai acontecer. O banco vai ser vendido por um valor simbólico ao Lone Star, numa operação em que o Fundo de Resolução mantém uma participação de 25%. O fundo norte-americano terá depois de injetar mil milhões de euros.

No Banif, a fatura foi de cerca de três mil milhões. No final de 2012, o Estado avançou com uma ajuda de mais de mil milhões de euros para capitalizar o banco. Depois avançou com um aumento de capital de 700 milhões e injetou mais 400 milhões através da compra de obrigações convertíveis, ou CoCos. Mas o banco nunca foi capaz de devolver este dinheiro.

Falta de capital… e de interessados

Em Espanha, há muito capital no setor bancário e grandes bancos capazes de absorver outros. Isto depois de o setor ter sido obrigado a fazer ajustamentos e recebido uma injeção de quase 40 mil milhões para reforçar o capital durante a crise financeira. Foi esta solidez que permitiu ao Santander comprar o Popular recorrendo aos seus acionistas para obter sete mil milhões de euros — uma posição que podia ter sido tomada por outras instituições como é o caso do BBVA ou o La Caixa.

Por cá, a crise arrasou com o setor. Os bancos tiveram de recorrer à ajuda estatal. Passada a crise, vieram as soluções privadas. O BCP realizou há pouco tempo um reforço de capital e o BPI foi comprado pelo CaixaBank, isto ao mesmo tempo em que a Caixa Geral de Depósitos entrou num processo de reestruturação que ditou uma injeção de cerca de cinco mil milhões de euros. O setor só agora está estabilizado, apesar de o malparado continuar a pesar, pelo que dificilmente conseguiria absorver o banco que resultou da resolução do BES.

“O Popular é um banco muito apetecível no mercado espanhol”

António Nogueira Leite

Economista

O interesse que o Novo Banco atraiu também não foi o mesmo verificado no caso do Popular. Ao fim de duas tentativa de venda, o Novo Banco acabou por ter uma oferta válida aos olhos das autoridades nacionais, a do Lone Star. O Popular é um “banco muito apetecível” no mercado espanhol, afirma Nogueira Leite.

Três resoluções, métodos diferentes

O método utilizado nos três casos também foi diferente. O BES foi dividido em dois por exigência do Banco de Portugal. Todos os ativos relacionados com a área não financeira ficaram no “banco mau”. Os restantes foram para o Novo Banco, o chamado “banco bom” — que ainda assim conta com uma carteira de ativos considerados tóxicos. O banco de transição foi depois colocado à venda, mas só à segunda tentativa é que foi possível encontrar uma proposta válida. A venda tem de ser feita até 3 de agosto.

No caso do Banif não foi vendido um banco, mas os ativos e os passivos da instituição financeira — o Santander apenas quis ficar com partes do negócio. O Popular foi vendido por inteiro e não por decisão das autoridades nacionais, mas das europeias, nomeadamente do Mecanismo Único de Resolução (MUR). Recorde-se que este mecanismo de resolução está em vigor desde 2015, mas nunca tinha sido utilizado. O economista João Duque refere ao ECO que as autoridades podem “estar a aprender com os erros do passado”.

O Popular acabou por ser uma cobaia por ser a primeira experiência de resolução europeia. Como é que funciona uma resolução na União Europeia? Os bancos têm de preparar planos de recuperação para ultrapassarem problemas financeiros. Isto ao mesmo tempo que as autoridades de resolução nacionais têm de preparar planos de resolução para os bancos assim que percebam que não há medidas alternativas que impeçam a falência. As autoridades ganham, por isso, poderes para reestruturem os bancos, através da venda da totalidade ou parte dos ativos a quem estiver interessado.

“A decisão tomada esta quarta-feira salvaguarda os depositantes e as funções cruciais do Banco Popular. Isto mostra que as ferramentas concedidas às autoridades de resolução após a crise protegem o dinheiro dos contribuintes da falência dos bancos.”

Elke König

Presidente do Mecanismo Único de Resolução

“A decisão tomada esta quarta-feira salvaguarda os depositantes e as funções cruciais do Banco Popular. Isto mostra que as ferramentas concedidas às autoridades de resolução após a crise protegem o dinheiro dos contribuintes da falência dos bancos”, afirma a presidente do MUR, Elke König.

Esta resolução, ao contrário do que aconteceu no BES e no Banif, não teve percalços. Os balcões abriram sem problemas, com os 77 mil milhões de euros em depósitos. Não houve uma corrida às caixas automáticas, nem pânico no mercado — as quedas da banca na bolsa foram ligeiras –, e muito menos acusações no círculo político. “Os supervisores agiram rapidamente”, afirmou Ana Botín, presidente do Santander, citada pela Bloomberg. “Quero salientar que este é o primeiro caso em que o Conselho Único de Resolução agiu. São ótimas notícias para a Europa”, nota.

CMVM admite que desconhece onde estão documentos do Banif que poderiam provar vendas fraudulentas

Quinta-feira, Junho 8th, 2017

Citamos

RTP

A presidente da CMVM admitiu hoje, no Parlamento, que desconhece onde está o acervo do ex-Banif relativo a vendas de determinados produtos, documentos que seriam fundamentais para apurar se houve práticas fraudulentas na comercialização a clientes.

A informação foi dada pela responsável pelo regulador dos mercados financeiros, Gabriela Dias, na Comissão de Orçamento e Finanças, na qual foi ouvida a propósito de vendas de produtos financeiros pelo Banif, que a associação de lesados ALBOA considera ter sido fraudulenta e baseada em informações falsas.

Em causa está o acervo com os documentos que os clientes do Banif tiveram de assinar para lhes serem vendidas as aplicações financeira, nomeadamente obrigações, como boletins de inscrição ou fichas de adequação do produto ao perfil do cliente.

Contudo, segundo a presidente da CMVM, para já não se sabe onde está esse acervo, que incluirá milhares de documentos em papel, mas também informação digital e até registos fonográficos (de gravações de conversas sobre a venda de produtos).

O regulador pediu inicialmente esses documentos ao `Banif mau` (entidade que continua a persistir após a resolução do banco, à espera de entrar em liquidação), que deu indicação que não os tinha.

Neste momento, disse Gabriela Dias Figueiredo, foram enviadas questões para o Fundo de Resolução (entidade gerida pelo Banco de Portugal, que determinou a resolução do Banif) para que este clarifique em que entidade está essa documentação.

“A CMVM tem em mãos 1.000 e poucas reclamações [de clientes do Banif] e a apreciação é decisiva para se perceber o que se passou, mas terrivelmente complexa pela dificuldade para aceder à documentação. Aceder à documentação é decisivo, mas não sei como vai ser feita”, admitiu Gabriela Dias.

Segundo a presidente da CMVM o próprio regime de resolução “não resolve quem tem custódia dos documentos” e seria preciso que isso fosse alterado de futuro “para a documentação não ficar em terra de ninguém e colocar o supervisor na impossibilidade de acesso à documentação”.

Segundo informações recolhidas pela Lusa, a CMVM também já contactou o Santander Totta por causa dessa documentação, uma vez que esse comprou parte da atividade bancária do Banif, mas a indicação que deu é que tem documentação relativa a ex-clientes do Banif mas não a que está em causa.

No caso da resolução do Banco Espírito Santo (BES), a informação detida pela Lusa indica que essa custódia dos documentos ficou com o Novo Banco (entidade que ficou com ativos e passivos do BES).

Também hoje, no Parlamento, a presidente da CMVM disse hoje que não foram detetadas até ao momento situações de prática de `misselling` (vendas fraudulentas) ou informação falsa na comercialização de produtos do Banif, mas admitiu que poderá haver “novos elementos” que alterem essa conclusão.

Contudo, reiterou, até agora não pode ser tirada uma conclusão até porque para isso era necessário aceder a esta documentação.

Os clientes que se consideram lesados do Banif, que estão unidos na associação ALBOA, têm tomado iniciativas com vista a que a CMVM considere que houve vendas fraudulentas (`misseling`), uma vez que desse modo poderiam ser considerados credores comuns em vez de subordinados, já que desse modo o Santander Totta seria responsabilizado pelos pagamentos desses produtos, segundo disse à Lusa fonte da Alboa.

A declaração pela CMVM de que houve `misseling` também é importante por razões políticas, para uma eventual solução negociada com o Governo,

Em 28 de março, numa visita que efetuou à Madeira, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que ainda não havia nenhuma solução para resolver o problema dos lesados do Banif, visto que a CMVM não reconheceu a existência de “práticas indevidas” na venda de produtos do banco.

“Esta é uma situação em que, ao contrário do que aconteceu na situação do BES, ainda não houve por parte da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários um reconhecimento de práticas indevidas na venda dos produtos, o que limita muito, da parte do Estado, a possibilidade de encontrar mecanismos como aqueles que temos relativamente aos lesados do BES”, afirmou então António Costa, considerando que se trata de uma “matéria muito difícil”, em relação à qual há registo de “situações verdadeiramente dramáticas” e casos de pessoas que “manifestamente foram enganadas”.

A ALBOA estima que há 3.500 clientes lesados pelo Banif que perderam 265 milhões de euros em investimentos de produtos no banco.

A associação considera que os produtos foram vendidos usando argumentos enganosos, como o de que o Banif era do Estado (quando este tinha, de facto, a maioria do capital), o que dava garantia extra sobre os produtos, existindo também situações em que era dito aos clientes que havia uma garantia da CMVM ou que eram como depósitos a prazo, mas com juros mais altos.

O Banif foi alvo de resolução em dezembro de 2015 por decisão do Governo e Do Banco de Portugal, com a venda da atividade bancária ao Santander Totta por 150 milhões de euros e a criação da sociedade-veículo Oitante para a qual foram transferidos os ativos que o Totta não comprou.

Continua a existir ainda o Banif, agora `banco mau`, no qual ficaram os acionistas e os obrigacionistas subordinados, que provavelmente nunca receberão o dinheiro investido.

Lesados Banif e Santander Totta acusam: houve 99% de desconto na aquisição do Banif Bahamas

Quinta-feira, Junho 8th, 2017

Citamos

 

A Associação diz que “dada a relevância e gravidade da questão em causa, vai pedir uma audiência ao Banco de Portugal assim como ao Ministério das Finanças  tendo em vista também ter acesso ao documento de formalização da venda da participação acionista do Banif International Bank,

A Associação de Lesados Banif e Santander Totta acusa de ter havido um desconto de 99% na compra da participação acionista do Banif International Bank, a entidade bancária sediada nas Bahamas que foi vendida ao Santander à data da resolução do ex-Banif.

A Associação diz que este ativo do Banif Finance comprado pelo Santander Totta, “valia 18,3 milhões de euros, de acordo com o último Relatório Financeiro de Junho 2015. Ou seja, a compra daquele ativo do Banif Finance pelo Santander-Totta fez-se por menos de 1% do seu valor real! Ou seja, um desconto de 99%!”, acusa a associação.  Pois a venda daquele ativo “foi feita pela ridícula quantia de 90 mil euros”.

“O surpreendente negócio que agora vem a público surge na sequência da operação altamente proveitosa para aquele banco de capital espanhol: a compra (cedência) da parte saudável do ex-Banif pelo Santander-Totta em Dezembro de 2015. Escassos meses depois, aparentemente no segundo semestre de 2016, eis um novo, discreto e excelente negócio para o Santander à custa dos credores, isso quando já se agravava cada vez mais o cenário de incumprimento para com os obrigacionistas Banif Finance (entre os quais muitos associados da ALBOA). Com esta venda ao Santander-Totta os Lesados Banif perdem efetivamente, mais uma vez, uma parte importante dos ativos que poderiam responder pelos seus créditos”, diz a associação em comunicado.

“Dada a relevância e gravidade da questão em causa, a ALBOA vai pedir uma audiência ao Banco de Portugal assim como ao Ministério das Finanças  tendo em vista também ter acesso ao documento de formalização da venda em causa”, conclui a associação dos lesados.

 

Alboa lamenta venda de ativo do Banif Finance ao Santander Totta

Terça-feira, Junho 6th, 2017

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Dinheiro Vivo

O presidente da Alboa, Jacinto Silva, lamentou a alienação do ativo pela “ridícula quantia” de 90 mil euros e exige acesso ao documento da venda

O presidente da Alboa, Jacinto Silva, lamentou hoje a alienação de um ativo do Banif Finance ao Santander Totta pela “ridícula quantia” de 90 mil euros e exige acesso ao documento da venda.

“Isto foi tudo feito nas costas das pessoas, em ‘timings’ acertados, e mais uma vez vêm os obrigacionistas do Banif Finance a saber que foram prejudicados com todas estas negociatas”, disse Jacinto Silva em declarações à Lusa, que exige saber quem foi responsável por este negócio.

De acordo com o responsável, o Santander Totta adquiriu este ativo importante do Banif Finance, já pós resolução e poucos meses antes deste último entrar em liquidação pela quantia de 90 mil euros, num negócio que apenas foi conhecido a 18 de maio, com a publicação do Relatório e Contas consolidado de 2016 do banco, onde a instituição financeira indica ser dona da totalidade daquele ativo. O ativo em questão (participação acionista privilegiada no Banif International Bank, a entidade bancária sediada nas Bahamas que foi vendida ao Santander à data da resolução do ex-Banif) valia 18,3 milhões de euros, de acordo com o último Relatório Financeiro de junho 2015, disse Jacinto Silva.

“Ou seja, a compra daquele ativo do Banif Finance pelo Santander Totta fez-se por menos de 1% do seu valor real”, disse. Depois de ter já solicitado à bolsa de Luxemburgo uma explicação sobre este negócio e “dada a relevância e gravidade da questão em causa”, a Alboa vai pedir uma audiência ao Banco de Portugal, assim como ao Ministério das Finanças, tendo em vista também ter acesso ao documento de formalização da venda em causa.

“Com esta venda ao Santander Totta os lesados do Banif perdem efetivamente, mais uma vez, uma parte importante dos ativos que poderiam responder pelos seus créditos”, lamentou ainda Jacinto Silva. A Alboa representa 3.500 obrigacionistas subordinados que perderam 263 milhões de euros no processo de venda do banco ao Santander, bem como 4.000 obrigacionistas da Rentipar (‘holding’ através da qual as filhas do fundador do Banif, Horácio Roque, detinham a sua participação), que investiram 65 milhões de euros, e ainda 40 mil acionistas, dos quais cerca de 25 mil são oriundos da Madeira.

O Santander Totta adquiriu o Banif por 150 milhões de euros em dezembro de 2015, na sequência de uma resolução do Governo da República e do Banco de Portugal, através da qual foi criada a sociedade-veículo Oitante, para onde foi transferida a atividade bancária que o comprador não adquiriu. No passado dia 28 de março, no decorrer de uma visita que efetuou à Madeira, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que ainda não havia nenhuma solução para resolver o problema dos lesados do Banif, visto que a CMVM não reconheceu a existência de “práticas indevidas” na venda de produtos do banco.

“Esta é uma situação em que, ao contrário do que aconteceu na situação do BES, ainda não houve por parte da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários um reconhecimento de práticas indevidas na venda dos produtos, o que limita muito, da parte do Estado, a possibilidade de encontrar mecanismos como aqueles que temos relativamente aos lesados do BES”, afirmou então António Costa.

O governante fez estas declarações após uma reunião com os dirigentes da Alboa, que decorreu na Quinta Vigia, sede da presidência do Governo Regional da Madeira. “A solução ainda não existe. Temos de continuar a trabalhar para que ela possa existir”, disse António Costa, vincando que se trata de uma “matéria muito difícil”, em relação à qual há registo de “situações verdadeiramente dramáticas” e casos de pessoas que “manifestamente foram enganadas”.