Archive for Março, 2017

Lesados do Banif: “Situação é dramática, mas solução ainda não existe”

Quarta-feira, Março 29th, 2017

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Notícias ao Minuto

António Costa está de visita ao Funchal, onde se encontrou esta tarde com os lesados do Banif. Tem consciência da “situação dramática de muitas pessoas”, mas “solução ainda não existe”.

O primeiro-ministro, António Costa, disse esta terça-feira no Funchal que a situação dos lesados do Banif está ainda por resolver e que, ao contrário do que aconteceu com os lesados do BES, “ainda não houve por parte da CMVM um reconhecimento de práticas indevidas na venda dos produtos”.

Tal facto, afirmou Costa, “limita muito da parte do Estado de encontrar mecanismos [como] aqueles que temos encontrado relativamente aos lesados do BES e que permitirão, aliás, entre esta semana e a próxima aprovar no Conselho de Ministros um diploma que encerra este processo todo do BES”.

Lembrando que o Governo tem reunido com a comissão do Banif e que neste momento está a ser concluído o levantamento de situações, “não só em Portugal como também no estrangeiro, em particular na Venezuela e na África do Sul”, o primeiro-ministro garantiu que “em função disso” ver-se-á “que evolução o processo pode ter”.

Visto que, sublinhou, “do ponto de vista da negociação direta com o Santander também não houve até agora evoluções positivas”.

“Gostaríamos que muito rapidamente fosse possível estabilizar o quadro da situação, porque temos bem consciência da situação dramática em que muitas pessoas se encontram. [Mas] a solução ainda não existe, temos de continuar a trabalhar para que ela exista”, firmou.

Questionado pelos jornalistas sobre as reuniões com os vários partidos a propósito da venda do Novo Banco, o primeiro-ministro limitou-se a dizer que as reuniões servem para “informar os vários partidos parlamentares em que ponto se encontram as negociações, quer com o potencial comprador, quer com as instituições europeias”.

“Interesse nacional não foi bem acautelado” no Banif, diz Luís Amado

Segunda-feira, Março 27th, 2017

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Observador

 

Luís Amado, último presidente do Conselho de Administração do Banif, diz que houve, “claramente”, um “apoio a uma instituição ibérica” para que comprasse o Banif — numa referência ao Santander.

Luís Amado, último presidente do Conselho de Administração do Banif, diz que houve, “claramente”, um “apoio a uma instituição ibérica” para que esta comprasse o Banif — numa referência ao Santander. Em entrevista ao Jornal de Negócios e Antena 1, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros diz que o interesse nacional “não foi bem acautelado” nesse processo e, também, na resolução do Banco Espírito Santo — Luís Amado fala em “experimentação” para desenhar a União Bancária europeia.

“No contexto da União Bancária, o rolo compressor desta, a partir do momento em que entrou em vigor a parte mais recente da legislação, a pressão das instituições europeias sobre a visão das instituições nacionais foi muitíssimo grande”, diz Luís Amado, defendendo que “a arquitetura do sistema bancário europeu foi desenhada em grande parte à revelia dessa visão do interesse específico nacional.

No caso português pareceu-me evidente, até porque houve situações de experimentação no caso português, em grande parte no BES e mesmo no Banif. Situações que serviram de referência para o próprio processo de avanço da União Bancária”.

No caso do Banif, que Luís Amado viveu de perto, o interesse “não foi bem acautelado, se tivermos em consideração a grande exposição que as duas Regiões Autónomas tinham com o Banif, especificamente a quota de mercado que aí representava e o que representou neste caso a cedência do Banif naquele contexto, aos interesses de uma visão do conjunto europeu. E que prevaleceu, no fim do processo, claramente de apoio a uma instituição ibérica”.

No Banif e no BES, a resolução foi boa opção? Havia alternativa? “Eu não sei se havia alternativa, sinceramente. Porque é preciso estar na posição de negociação que não era a minha, a posição de confronto direto com as instituições europeias. Agora acho que do ponto de vista dos interesses nacionais não foram as boas opções”, defende Luís Amado.

O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros comentou, também, o cumprimento da meta do défice, lembrando que a Comissão Europeia fez pressão, antes do verão, para que o Governo aumentasse a disciplina na execução orçamental. “O défice de 2016 em grande parte foi conseguido com um corte grande no investimento público e por antecipação de dívidas ao Estado”, diz Luís Amado, alertando que “os problemas estruturais continuam lá todos” e uma dia acabará o “efeito anestesiante” dos estímulos do Banco Central Europeu (BCE).

Os problemas estruturais subsistem e subsistirão, até porque é muito difícil numa fórmula de governo minoritário, com os constrangimentos a que este Governo está sujeito, conciliar as expectativas de curto prazo com as exigências estruturais de médio e de longo prazo”.

Lesados do Banif querem fundo a investir em dívida da CGD

Sexta-feira, Março 24th, 2017

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Jornal Económico

Lesados do Banif querem fundo a investir em dívida da CGD

Solução em estudo prevê recuperação de cerca de 70% do capital perdido, mas falta de comprovação de vendas abusivas ainda dificulta o processo.

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Só os juros do BES custaram 310 milhões ao Fundo de Resolução

Sexta-feira, Março 24th, 2017

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Dinheiro Vivo

Resoluções do BES e do Banif custaram 321 milhões de euros em juros e comissões, com o BES a ter o maior peso nos custos do Fundo de Resolução –

O Fundo de Resolução gastou 310 milhões de euros só em juros da resolução ao Banco Espírito Santo. A maior parte dos juros foram pagos em 2015 e entregues ao Estado mas os bancos que contribuíram para o veículo também receberam uma parte deste pagamento. Em 2014, ano da resolução do BES, os juros foram de 29 milhões de euros, entregues ao Estado.

Em 2015 novo pagamento, de 124 milhões de euros, também ao Estado. Em 2016 os juros foram divididos entre 111 milhões pagos ao Estado e 46 milhões pagos aos bancos que também contribuem para o Fundo de Resolução, criado para apoiar o financiamento das resoluções bancárias – primeiro a do BES e depois a do Banif.

Além do BES, também o Banif pesou nos pagamentos realizados. O Estado recebeu, em 2016, 6 milhões de euros em juros e foram pagos cinco milhões em comissões à Oitante, a entidade que ficou com os ativos tóxicos do Banif. Os dados foram divulgados num relatório divulgado pelo Fundo de Resolução a propósito do alargamento do prazo de reembolso do empréstimo do Estado. O Fundo de Resolução tem agora 30 anos, até 2046, para pagar os empréstimos, segundo a informação divulgada pelo ministério das Finanças. Além disso, a tutela também congelou as contribuições dos bancos para o Fundo de Resolução.

Segundo o relatório, estas vão estabilizar nos 250 milhões de euros nos próximos anos. Feitas as contas, o setor bancário já aplicou 967 milhões de euros ao Fundo de Resolução entre 2013 e 2016. A entidade efetuou o pagamento de juros e comissões de 321 milhões de euros, dos quais 275 milhões de euros foram pagos ao Estado. Além de um reembolso antecipado de 136 milhões de euros a propósito do Banif, o Fundo de Resolução utilizou recursos próprios no financiamento da resolução ao BES no valor de 300 milhões de euros, a que se somam 4,6 mil milhões de euros obtidos em empréstimos. O Fundo de Resolução é constituído por um empréstimo de 3,9 mil milhões de euros a propósito da resolução ao BES e mais 700 milhões de euros injetados pelos bancos que contribuem para o fundo: CGD, BCP, BPI, Santander Totta, Montepio, Banco Popular, BIC, Crédito Agrícola.

Além do capital que recebeu por causa do BES, o Fundo de Resolução também foi dotado de 489 milhões de euros por causa do Banif – embora este valor tenha sido alvo de um reembolso antecipado de 136 milhões de euros, segundo o mesmo documento. O Fundo de Resolução prestou ainda uma garantia de 746 milhões de euros relativamente à Oitante, tendo sido já realizado um reembolso antecipado parcial de 90 milhões de euros. Gerido pelo Banco de Portugal – o presidente é Luís Máximo dos Santos, administrador do supervisor e nomeado pela entidade governada por Carlos Costa – o Fundo de Resolução é também responsável pelo processo de venda do Novo Banco, que está em fase de negociações exclusivas com o fundo norte-americano Lone Star.

Além do alargamento do prazo de pagamento dos empréstimos concedidos pelo Estado no âmbito das resoluções também foram alteradas as comissões cobradas, segundo o comunicado das Finanças. A comissão será “periodicamente atualizada de forma compatível com o indexante a considerar e permitindo manter as condições de solvabilidade” da instituição. “A revisão das condições do empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução, embora não altere as responsabilidades do setor bancário face ao Fundo de Resolução, é mais uma medida destinada a assegurar a estabilidade financeira, após um período de profunda recessão, e a favorecer o reforço da capitalização dos bancos portugueses, bem como da competitividade da economia portuguesa”, justificam as Finanças.

Assim, segundo o documento divulgado, o Fundo de Resolução vai pagar 2% de juro anual até 31 de dezembro de 2021. Até ao final de 2020 o montante em dívida vence a juros à taxa fixa de 1,38%. A partir de 2021 a taxa a pagar é fixada tendo em conta a taxa de juro do financiamento da República, durante cinco anos, a que acresce uma comissão base de 0,15%. Esta cobrança terá sempre em vista garantir “a capacidade do Fundo de Resolução para cumprir integralmente as suas obrigações com base nas suas receitas regulares e sem necessidade de recurso a contribuições especiais”.

“As pessoas estão cheias de razão” diz António Costa da Silva sobre lesados do BANIF, no seu comentário semanal (c/som)

Terça-feira, Março 21st, 2017

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Radio Campanário

O deputado António Costa da Silva, eleito pelo círculo de Évora do PSD à Assembleia da República, no seu comentário desta segunda-feira, dia 20 de Março de 2017, começou por falar dos lesados do BANIF, em torno de uma manifestação levada a cabo hoje em frente ao edifício do Santander Totta em Lisboa, dizendo que “tivemos uma situação em que os lesados do BES persistentemente reclamavam por alguma solução, aquilo que se veio a passar mais recentemente no BANIF acaba por ser uma situação idêntica”.

“As pessoas estão cheias de razão porque durante vários anos foram-lhes vendendo um conjunto de produtos financeiros que se vieram a verificar como sem qualidade”, afirmou o Comentador da Rádio Campanário, “agora sentem que têm o direito de recuperar aquilo que ilicitamente lhes foi retirado” e acrescentou, “num pais que funcionasse normalmente, seriam os tribunais a resolver isto, mas infelizmente nós sabemos como é que funciona a nossa justiça”.

Em torno das notícias que dão conta que o PSD, o CDS e o PCP estão a tentar evitar o fecho de balcões da Caixa Geral de Depósitos, o Comentador António Costa da Silva referiu que “ninguém conhece o plano de restruturação da CGD”, sublinhou que “estamos a falar de 200 e tal balcões, estamos a falar de cerca de 2200 pessoas, se é isso, é dramático”.

“O que nós vamos vendo, é uma opacidade enorme, um esconder de verdades que são fundamentais para os portugueses e decisiva para todos os territórios”, afirmou António Costa da Silva e acrescentou, “queremos saber a afetação que tem nos territórios de baixa densidade”.

No final do seu comentário, o Comentador da Rádio Campanário, António Costa da Silva indicou que “temos situações, que ainda vamos verificar o que é que isto vai dar na justiça, altamente lesivos para os nossos bolsos (…) e que ninguém corrigiu”, “se fosse um banco que respeitasse a normalidade dos financiamentos, em que fosse devidamente vigiado pelo sistema político, seria um banco que funcionasse diante da normalidade” e afirmou “Com os empréstimos que foram efetuados, com as aldrabices que ali foram realizadas ao longo dos anos, deu num banco que tem imparidades gigantescas”.

Lesados do Banif protestam em Lisboa Partilhe no FacebookPartilhe no Twitter

Terça-feira, Março 21st, 2017

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Rádio Comercial

Os representantes dos clientes lesados do Banif “acorrentaram-se” esta segunda-feira frente ao Santander Totta, em Lisboa. Um protesto para pedir ao banco uma solução para os lesados, tal como aconteceu com o Novo Banco no caso do BES.

A acção começou na Avenida Calouste Gulbenkian ainda antes das 7h30 e terminou por volta das 9h00.

O presidente da Associação ALBOA, Jacinto Silva, diz que “o Santander tem moralmente a obrigação” de ajudar os lesados a encontrar uma solução, “de forma a minorar os graves prejuízos que as pessoas tiveram com a resolução ao banco Banif”

Jacinto Silva diz que “as pessoas estão desesperadas” e “há situações de associados que nem dinheiro têm para comer, vivem de apoio da segurança social, nomeadamente na Madeira e nos Açores”.

 

Lesados do Banif protestam acorrentados contra tratamento desigual

Segunda-feira, Março 20th, 2017

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Notícias ao Minuto

Manifestantes estarão desagradados com a forma como o seu caso está a ser tratado e protestam acorrentados.

Clientes lesados pelo Banif protestam esta segunda-feira, acorrentados, contra o tratamento desigual em relação aos lesados do BES, na Avenida Calouste Gulbenkian, em Lisboa, frente ao edifício do Santander Totta, avança a RTP3.

Os manifestantes estavam pelas 07:30 a colocar cartazes onde se podem ler frases como “Retirem o vosso dinheiro, o Santander Totta é espanhol”, “A resolução do Banif é igual à segunda invasão espanhola” e “Resolução do Banif foi um circo, nós não somos palhaços”.

Os lesados do Banif consideram que o Santander, com a resolução do Banif e a venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, é também co-responsável pela sua situação.

Em 20 de dezembro de 2015, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif — Banco Internacional do Funchal, com a venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros ativos – incluindo ‘tóxicos’ – para a nova sociedade veículo.

Em declarações á Lusa no local, Jacinto Silva, da associação dos lesados do Banif – Alboa, afirmou: “Estamos aqui para fazer ver o Santander Totta que tem de se sentar à mesa e negociar de uma vez por todas com os lesados”.

“Estamos acorrentados e não vamos parar os protestos até resolvermos os nossos problemas”, acrescentou, referindo-se às 15 pessoas que se prenderam com correntes e algemas aos postes da avenida, frente ao edifício do banco.

Já em fevereiro, o presidente da Comissão Executiva do Santander Totta disse, nos Açores, após uma audiência com o presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, que estava a ser estudada a situação dos clientes do ex-Banif subscritores de obrigações subordinadas, que totalizam 3.500 em todo o país com valores de 263 milhões de euros.

Desde o início de 2017 que o grupo de trabalho dos lesados do papel comercial se reúne regularmente para operacionalizar a solução encontrada no final do ano passado para compensar os mais de 4 mil clientes que investiram, aos balcões do BES, 434 milhões de euros em papel comercial das empresas Espírito Santo Financial e Rio Forte, do Grupo Espírito Santo (GES), poucos meses antes do colapso deste. No mês passado, o grupo começou inclusivamente a recolher várias reclamações para fazer um processo e entregar à CMVM.

Desentendimento com Santander

Também hoje a associação que representa os lesados do Banif (Alboa) anunciou que suspendeu e reformulou os seus suportes de comunicação, depois de o Santander Totta ter considerado abusiva a utilização do nome, marca e imagem do banco.

Numa carta de resposta à missiva que tinha recebido na semana passada dos escritórios de advogados que representam o banco, apesar de considerar “desapropriado e ameaçador” o tom em que a missiva foi feita, a Alboa explica que cumpriu os três dias que o Santander tinha imposto para que as referências ao banco fossem retiradas.

Na carta de resposta, a que a Lusa teve acesso, a Alboa adianta que “os lesados do Banif ou os Antigos Clientes do Banif “viram as suas situações financeiras transitadas para o Banco Santander Totta, de uma forma unilateral, com alteração das cláusulas contratuais das suas contas”.

“O Banco Santander Totta manifestou interesse no Banif, pelo menos desde julho de 2015 e aceitou o negócio em dezembro seguinte, prescindindo da Due Diligence. Correram o risco para ganhar dinheiro. Um desses riscos seria sempre a animosidade e a insatisfação dos ‘Antigos Clientes do Banif'”, explica a Alboa.

Resolução do BES e do Banif engorda offshores

Sábado, Março 18th, 2017

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Diário de Notícias

Corrida a offshores em 2014 e 2015 coincide com resoluções. Portugueses declararam quatro mil milhões no final de junho de 2016

Os portugueses tinham qualquer coisa como quatro mil milhões de euros em contas offshores (paraísos fiscais) no final do primeiro semestre de 2016, mais coisa, menos coisa o mesmo que no final de 2015. Estes são os valores declarados de forma “voluntária” pelos países ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Mas antes do primeiro semestre do ano passado houve dois momentos decisivos em que o envio de capitais portugueses para territórios considerados pouco ou nada cooperantes em matéria fiscal e de partilha de informação deu grandes saltos.

O primeiro momento foi no primeiro semestre de 2014 (aumento de 15% no envio de capitais para offshores), antes da resolução do BES (3 de agosto desse ano); e o segundo salto aconteceu no primeiro semestre de 2015 (aumento de 13%), antes da resolução do Banif (19 de dezembro desse ano), indicam dados novos do Coordinated Portfolio Investment Survey. Além dessas verbas, há muito mais dinheiro a circular e a ser enviado de Portugal para esses territórios de privilégio, mas não cai no radar do FMI porque não é comunicado.

Esta base de dados resulta de “um exercício voluntário de coleção de dados conduzido no âmbito das atividades do Fundo” junto dos vários países sócios, explica o FMI. Nem todos participam, claro.

Na lista relativa a Portugal, compilada pelo Dinheiro Vivo com base na classificação oficial das Finanças de “territórios e regiões com regimes de tributação privilegiada claramente mais favoráveis”, dos 78 offshores possíveis, só foram detetados patrimónios em 12 deles.

Os territórios offshores mais apetecíveis nestes últimos 17 anos (a lista do FMI começa em 2001 e termina no primeiro semestre de 2016) são claramente as ilhas Caimão, a ilha de Jersey (que só deixou de ser offshore neste ano) e as Ilhas Virgens Britânicas.

Panamá quase invisível

Curiosamente, uma das regiões que mais têm dado que falar nos últimos meses, o Panamá, é quase irrisória. As autoridades e entidades nacionais não têm informação para enviar de forma “voluntária” ao FMI. Segundo a instituição de Washington, os portugueses só tinham cinco milhões de euros no Panamá. Antes disso, esse país da América Central só aparece três vezes (2001, 2005 e 2006), com valores parqueados na casa dos dez a 20 milhões de euros.

Números magros que contrastam com informações recentes, que apontam o Panamá como destino preferencial do BES para drenar fundos de Portugal e que acabaram por não ser declarados ao fisco. Em causa estão dez mil milhões de euros não tratados pelas Finanças, dos quais 7,8 mil milhões terão saído do BES para o Panamá “entre 2012 e 2014”, e seria dinheiro das vendas de petróleo da companhia estatal Petróleos de Venezuela. A transferência de valores do BES para offshores acontece “nos dois anos antes da resolução do banco”, escreveu há duas semanas o Jornal Económico.

Em março de 2015, sete meses depois do colapso do BES, Carlos Tavares, na altura presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), foi à comissão parlamentar de inquérito à Gestão do BES e do GES dizer que “foram identificados praticamente todos os comitentes [os que mandaram fazer os negócios] das operações realizadas na última semana antes da resolução”, adiantando que seriam “80 investidores que fizeram vendas expressivas de ações do BES”, onde “predominam os institucionais estrangeiros”. “Os particulares são sobretudo nacionais e há investidores permanentes, ou seja, ligados ao BES, designadamente através de offshores. Muitos tinham adquirido ações após o aumento de capital”, explicou Carlos Tavares, hoje consultor da CGD.

Bomba só rebenta em 2017

Já neste mês, Helena Borges, a diretora-geral dos Impostos, foi ao Parlamento mostrar uma lista de 20 declarações de transferências para offshores com divergências enormes entre o que foi declarado e o que efetivamente foi canalizado para os ditos paraísos. Até abril de 2016, os valores declarados a título de transferências para offshores totalizavam 658 milhões de euros, mas depois de corrigidos os erros (só em janeiro deste ano), o valor real dispara para 10,5 mil milhões de euros. É a tal discrepância de 9,8 mil milhões de euros (quase dez mil milhões) que foram para os paraísos fiscais, mas que ficaram ocultos até agora.

Na lista das 20 declarações submetidas, a maior em discrepância é uma no valor de três mil milhões de euros entregues a 29 de julho de 2014, faltavam cinco dias para o BES implodir. Ao longo de 2015, sucederam-se as declarações de transferências de capitais (subavaliadas) entre 8 de junho e 6 de novembro. O Banif seria resolvido no mês seguinte. O total de erros ocultados em 2015 ascende a 3,4 mil milhões de euros, valores que entretanto foram para offshores.

“Toda a gente sabe que foi muito dinheiro para lá antes da resolução do BES, mas as coisas podem não estar necessariamente ligadas, nem têm de estar. A carga fiscal tem subido muito e nesses anos continuava a haver um sentimento de risco em Portugal, isto é, quem tinha dinheiro podia não estar a querer fugir aos impostos, não queria era perder capital se houvesse um bail in [resgate interno], queria otimizá-lo”, afirma Filipe Garcia, gestor da consultora Informação de Mercados Financeiros.

“Eram os bancos que, em boa medida, estavam a fomentar, a propor essas soluções de investimento aos clientes empresariais e particulares, não o contrário”, acrescenta o economista.

A partir dos dados do FMI, não dá para ver bem o Panamá, mas nota-se um aumento expressivo (17%) nos fundos enviados para as Caimão, no primeiro semestre de 2014, totalizando quase três mil milhões de euros. No segundo semestre de 2014, que apanha todo o mês de julho, antes da resolução do BES, o dinheiro parqueado nas Ilhas Virgens Britânicas quase quintuplicou. Os portugueses tinham lá mais de 600 milhões de euros nessa altura.

A lista negra do fisco que define quais são os paraísos fiscais foi criada apenas em 2004 e atualizada duas vezes: uma no final de 2011, pelo então ministro Vítor Gaspar (quando Luxemburgo e Chipre deixaram de constar da lista do fisco, que transpõe a Convenção da OCDE). E outra, no final do ano passado, já pela mão de Mário Centeno, que fez sair as ilhas de Jersey, de Man e Uruguai da lista.

Onde e quem

Claro que o rol dos paraísos construído a partir dos dados do FMI tem limitações, mas dá para perceber para onde tem ido muito do dinheiro dos portugueses, quais os territórios preferidos e que tipo de entidades detém o capital nesses offshores.

Quando o Luxemburgo ainda estava na lista (antes de 2011), este rivalizava com as Ilhas Caimão. O Luxemburgo, que é da zona euro mas tem um estatuto muito privilegiado, fiscalmente competitivo e central na captação de recursos financeiros (crédito), manteve o seu estatuto, mas as Caimão não perderam gás, mantendo fundos superiores a três mil milhões de euros desde o início de 2015. O segundo lugar pertence agora a Hong Kong (que antes não aparecia), com 181 milhões lá parqueados no final de junho de 2016. Em terceiro está Jersey, com 166 milhões de euros.

Quase 80% do dinheiro português em offshores pertence a bancos, seguradoras e fundos de pensões. Os particulares, que até 2013 não reportavam patrimónios, tinham 234 milhões de euros. As empresas não financeiras só declararam 82 milhões ao FMI.

Santander Totta dá ultimato a lesados do Banif

Sábado, Março 18th, 2017

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Diário de Notícias da Madeira

Banco não quer o seu nome, marca e imagem associados ao diferendo

O Banco Santander Totta deu um ultimato de três dias à Associação de Lesados do Banif (Alboa) para que sejam retiradas todas as referências ao seu nome, marca e imagem nas comunicações referentes ao diferendo. A situação foi tornada pública por aquela associação de lesados e confirmada ao DIÁRIO por uma fonte do Santander Totta.

No comunicado, a Alboa diz ter recebido uma “carta ameaçadora” do Santander Totta, a pedir para que não seja usado o seu “nome, marca e imagem” nas suas comunicações .

Os lesados dizem ter recebido uma missiva de um escritório de advogados em representação do Santander Totta referindo que a Alboa efectua referências, nomeadamente na internet, a ‘Lesados Banif e Santander Totta’, “sem para isso estar autorizada, lesando desta forma os direitos de propriedade industrial” do banco.

“A Alboa esclarece que o uso de tal referência prende-se com o facto de muitos dos seus associados se considerarem também lesados do Santander Totta, visto que a compra da actividade bancária do Banif pelo Santander Totta, em condições extremamente vantajosas, criou um laço indesmentível com os clientes da instituição adquirida”, defende a associação.

Os lesados dizem que na missiva que receberam é dado um prazo de três dias para serem “apagadas todas as referências” ao Santander Totta: “Com esta atitude o Santander Totta tenta assim limpar a sua relação com os lesados Banif e as responsabilidades morais e patrimoniais daí advindas”, advogam estes clientes.

Fonte do Santander Totta, contactada pelo DIÁRIO, confirmou que foi dado aquele prazo para que a Alboa retire todas as referências ao banco. De acordo com a mesma fonte, “as pessoas que subscreveram os produtos de investimento junto do Banif, não sofreram qualquer lesão por parte do Santander Totta”, razão pela qual entende que “não se podem intitular lesados do Banco Santander Totta”. *COM LUSA

Alboa sugere que Santander Totta não mostrou querer participar na solução dos lesados do Banif

Sexta-feira, Março 17th, 2017

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Sapo 24

A associação que representa os lesados do Banif (Alboa), que pediu hoje ao grupo parlamentar do PS regras mais apertadas para os investidores, afirmou não saber se o Santander Totta vai participar numa solução para estes lesados.

“O Santander [o banco que ficou com parte do Banif] ainda não afirmou que quer participar na nossa solução”, afirmou o representante da Alboa, Jacinto Silva, à saída de uma audiência esta manhã no parlamento, no seguimento de auscultações a entidades relacionadas com o setor bancário que contribuam para novas medidas legislativas na área da banca.

Sobre esta reunião, Jacinto Silva disse apenas ter servido para dar a conhecer aos deputados do grupo parlamentar do PS as más experiências de investimento dos lesados do Banif, que dizem ter sido vítimas de “comercialização com erro” de produtos financeiros e que, por isso, fizeram uma avaliação errada dos produtos (misselling’).

Sobre a fase em que estão as negociações para encontrar uma solução para estes lesados, o responsável da Alboa respondeu: “Continuamos na nossa luta”, salientando que a associação tem soluções e que “só precisa sentar-se à mesa”.

Já em relação à reunião com o grupo parlamentar, Jacinto Silva congratulou-se com todas as medidas que evitem que erros como os que aconteceram com os lesados do Banif se voltem a repetir.

O Governo e o Banco de Portugal anunciaram em 20 de dezembro de 2015 a resolução do Banif – Banco Internacional do Funchal, com a venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros ativos – incluindo ‘tóxicos’ – para uma nova sociedade veículo.

Em fevereiro, o presidente da Comissão Executiva do Santander Totta disse, nos Açores, após uma audiência com o presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, que estava a ser estudada a situação dos clientes do ex-Banif subscritores de obrigações subordinadas, que totalizam 3.500 em todo o país com valores de 263 milhões de euros.

Carlos Presunça, que indicou que nos Açores há cerca de 1.000 lesados, destacou as diferenças existentes entre BES e Banif, alegando que esta última instituição bancária estava intervencionada pelo Estado, que tinha o capital maioritário, enquanto o BES pertencia a uma família.