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Os clientes do ex-Banif não quiseram investir mais dinheiro para receberem 75% do investimento que tinham feito em obrigações subordinadas do banco madeirense. A solução do Santander para os chamados lesados teve poucos interessados.
Só houve interessados em 7,599 milhões de euros em obrigações subordinadas doSantander Totta. O banco estava disponível para emitir obrigações até 205 milhões de euros como forma de compensar os clientes que tinham ficado com títulos de dívida sem valor do antigo Banif. Mas só houve procura para menos de 4% do total.
1.000 euros era o valor mínimo a aplicar por cada investidor neste título que dá um juro anual de 7,5%. Na prática, neste cenário, cada investidor receberá 75 euros por ano, 750 euros ao final do período de vida das obrigações, cuja maturidade é atingida a 6 de Outubro de 2026.
Segundo o comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), foram dadas 114 ordens para subscrever 7.599 obrigações, o que totaliza os cerca de 7,6 milhões de euros em obrigações.
Quando lançou a oferta reservada a clientes do antigo Banif, o banco liderado por António Vieira Monteiro pretendia usar as receitas conseguidas com esta emissão de dívida na cobertura de necessidades gerais da empresa, “o que inclui a obtenção de lucros”.
Alboa sempre foi contra
A associação que reúne os autodenominados lesados do Banif, a Alboa, sempre foi contra a proposta do Totta já que obrigava a um investimento de um mínimo de mil euros que muitos investidores poderiam não ter, por terem perdido a poupança nas obrigações subordinadas do banco fundado por Horácio Roque.
Com as regras da resolução, a dívida subordinada emitida por um banco intervencionado, como o Banif, não transita para o banco comprador (Totta) ou de transição, como acontece também com as acções. A instituição financeira liderada por António Vieira Monteiro quis avançar com uma proposta de solução mas, no entanto, não assegurava o reembolso total. Quem subscreveu estas obrigações poderá, no máximo, recuperar 75% do seu investimento ou seja, admite perder 25% do capital investido (sem contabilizar os juros não pagos).
Assim, a operação em causa consistiu na oferta de obrigações subordinadas que o Santander Totta reservou aos titulares, “não qualificados”, de obrigações subordinadas do antigo Banif que, na resolução, não foram adquiridas pelo banco de capitais espanhóis.
Enquanto decorreu esta oferta, que entrou em vigor a 1 de Julho e estendeu-se até 30 de Setembro, o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, trouxe para cima da mesa uma nova solução para estes investidores, que passava por obrigações seniores do Totta, mas que não teve, oficialmente, uma resposta, concordância ou discordância por parte do banco de capitais espanhóis.
Embora tenha feito uma oferta de obrigações subordinadas Totta, os títulos de dívida do Banif vão permanecer nos clientes, mesmo aqueles que aceitaram: “O Banco Santander Totta não apresentou qualquer proposta sobre as obrigações subordinadas Banif, que se manterão na titularidade dos investidores que as subscreveram, representando um crédito sobre o Banif S.A”, disse na altura a instituição financeira.