Citamos
Dois cidadãos com obrigações da antiga dona do Banif enviaram documentação ao Parlamento em que defendem “ilegalidades” na venda daqueles títulos. E pedem que o Santander assuma a responsabilidade.
Dois clientes do Banif, com
idades em torno dos 70 anos, e com o quarto ano de escolaridade, pediram ajuda ao Parlamento. Compraram, em Agosto, títulos de dívida da antiga dona do banco, a Rentipar, que está agora em insolvência e que não assegura aquele pagamento.
O presidente da comissão de inquérito ao Banif, António Filipe, anunciou na reunião da semana passada que tinha sido recebida “correspondência” enviada por cidadãos. O Negócios teve acesso a uma missiva intitulada “ilegalidade na venda de duas obrigações Rentipar”.
Segundo é descrito na carta, dois cidadãos dirigiram-se a um balcão do Banif, em Agosto de 2015. Foi-lhes dito que só poderiam receber os juros que tinham a receber de uma conta se subscrevessem obrigações da Rentipar Investimentos. A sociedade tinha colocado 60 milhões de euros em obrigações em 2011, cada uma delas vendida por 50 mil euros. Os dois cidadãos compraram ao balcão do banco dois títulos, investindo 100 mil euros, e defendem que foram informados de que não havia risco nos títulos.
“Queremos que o Banco Santander Totta se responsabilize pelos actos do ex-Banif’. pedem na carta dirigida à comissão, por considerarem que houve irregularidades na comercialização das obrigações. A subscrição dos títulos foi feita em Agosto e. meses depois, a Rentipar, sociedade presidida por Teresa Roque, solicitou a entrada em insolvência. Em Janeiro, houve um encontro entre os obrigacionistas da Rentipar que decidiram nomear um representante comum para tentar recuperar parte do dinheiro investido. A Rentipar emitiu as obrigações em 2011 depois de perder os dividendos pagos pelo banco.
A comissão de inquérito ao Banif vai debruçar-se sobre os últimos anos de vida do Ban if até à venda ao Totta.
TOME NOTA
Comissão agenda trabalhos
Esta quarta-feira, os deputados da comissão parlamentar de inquérito vão voltar a reunir-se. Depois da polémica do primeiro encontro, com o renovado chumbo da esquerda à auditoria externa proposta pelo PSD, a nova reunião pretende calendarizar os trabalhos. Neste momento, sabe-se que os deputados não querem iniciar já as audições, pois decorre o período de discussão do Orçamento do Estado para 2016.
Ainda assim, a agenda para os trabalhos desta quarta-feira prevê que possam dar entrada de novos pedidos de audições e de documentação por parte dos partidos que ainda não o fizeram. Na semana passada, o PSD e o Bloco enviaram já a lista das audições requeridas, coincidindo nos pedidos feitos para convocar a antiga gestão do Banif e o actual e antiga ministros das Finanças.