Archive for Fevereiro, 2016

“Perdemos um banco que resolvia problemas às empresas e aos madeirenses”

Domingo, Fevereiro 28th, 2016

Citamos

Notícias Funchal

“Perdemos um banco que resolvia problemas às empresas e aos madeirenses”

Funchal Notícias – Pediu para ser ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito ao Banif na Assembleia da República. O que é que pretende transmitir às entidades que estão a investigar este caso?

Miguel de Sousa – Pretendo dar a minha opinião relativamente à forma como este tema está sendo tratado. Toda a gente quer investigar o Banif, e eu não tenho nada a opor, até pelo contrário. Acho que devia haver uma investigação rigorosa do Banif, mas feita por uma entidade externa, uma entidade credível do ponto de vista técnico. Eu não vejo deputados a investigar a gestão de um banco, as operações bancárias, a forma como elas foram desenvolvidas. Como também não veria deputados a fazerem a avaliação da gestão de um hospital, a saberem se as operações são bem ou mal feitas, se por custos superiores ou custos inferiores… Têm de ser técnicos especializados, peritos independentes, a fazer uma avaliação rigorosa da gestão do Banif nos últimos anos. E isso, a maioria de esquerda recusou. Acho mal. Por isso vamos ficar com uma discussão leve, política, de maledicência, de tentar ganhar a opinião pública através dumas tiradas mais ou menos jeitosas, quando o que interessava era avaliar se o Banif teve um problema interno. Se não teve um problema interno, há uma decisão exclusivamente política, e não se pode fechar um banco, vender uma parte de um banco, apenas por decisão política. Há que haver uma avaliação técnica. Ora, a mim parece-me que isto de fechar um banco e vender um banco num domingo à noite, sem que até agora tenha sido mencionado um único prejuízo, uma imparidade, um acto de gestão danosa, um crime, ou qualquer outra matéria prejudicial à vida do banco… ainda não foi identificado, nem mencionado, qualquer aspecto que nos fizesse perceber da justeza da liquidação do Banif. Enquanto assim for, há que reagir, falar, protestar e exigir que quem tomou essas deliberações também sejam investigados no modo como tomaram decisões tão importantes e tão danosas para muita gente, que reuniu poupanças de uma vida junto a um banco do Estado. É preciso perceber que quando o aumento de capital se fez, em 2013, o banco era 99,2% do Estado. A Caixa Geral de Depósitos é só mais 0,8%. Insignificante. O banco era do Estado. A administração do Estado propôs a empresas, empresários, aforradores, emigrantes, depositantes das suas poupanças de uma vida de trabalho… e enganou as pessoas. Porque mesmo em 2015, o Banif emitiu, com a aprovação do Banco de Portugal, e da CMVM, obrigações subordinadas, que ainda em 2015, num acto do Governo da República, o primeiro-ministro tão pomposamente apresentou na televisão… Essas pessoas perderam tudo. Tudo aquilo que tinha sido feito num banco maioritariamente do Estado. Quase tudo do Estado. E com administração que estava lá à responsabilidade do Estado. Por isso, isto é tudo muito grave, e se não for resolvido internamente, tem de ser resolvido nas instituições europeias, porque já se percebeu que há aqui decisões que estão mal explicadas, e devem sê-lo.

FN – Em entrevista recente ao FN, o dr. José Prada criticou o Banco de Portugal e os poderes políticos e de supervisão. Também acha que houve responsabilidade do Banco de Portugal nesta situação?

MS – Não sei. Como lhe estou a dizer, não se consegue perceber agora se houve situações graves dentro do Banif, ou se houve apenas uma decisão política grave. Eu não conheço nada de grave feito por ninguém. Se for ouvir a declaração do primeiro-ministro quando resolveu vender uma parte do banco ao Santander, e liquidar tudo o demais, se forem ouvir essa declaração, aquilo é conversa! E conversa da carochinha! Não tem um único acto condenável ali descrito! Mas mesmo assim, o senhor primeiro-ministro resolveu liquidar o banco. Ora, não tendo sido dito naquele dia, ficou-se à espera que, nos dias seguintes, aparecessem as situações concretas que tinham levado a esta decisão. Ora o facto é que não apareceu nenhuma situação, pelo menos que eu conheça, nenhuma situação concreta que tenha justificado aquela decisão. Por isso, há que investigar.

FN – O senhor foi presidente da Assembleia Geral do Banif. Nunca teve conhecimento de qualquer mau acto de gestão que justificasse uma situação destas?

MS – O presidente da Assembleia Geral sabe tanto como os outros accionistas. Apenas lhe cabe dirigir a Assembleia que reúne todos os accionistas. Não sabe mais que os outros. De qualquer forma, não tenho, porque se eu tivesse conhecimento de algum acto de gestão danosa, algum crime, alguma situação grave, tinha participado a quem de direito. O que é facto é que eu não soube, mas o que parece é que ninguém sabe. Porque até agora, não apareceu ninguém, a não ser o primeiro-ministro anterior, a dizer que até ao dia que ele deixou o cargo, o Banif deu lucro… Ora, isso parece indicar que as coisas são bem diferentes do que aquelas que tentaram pintar, no dia em que o primeiro-ministro, à noite, resolveu dar conhecimento público daquela decisão extraordinariamente gravosa, para quem confiou no Estado, para quem se associou ao Estado, não para especular, porque num banco do Estado não se especula… ninguém está à espera de ter valores especulativos num banco em que a maioria é do Estado. Quem quer fazer especulação, não entra na Caixa Geral de Depósitos, e não entraria no Banif, em que 99% era do Estado. Há muito mais instituições onde ir procurar ter lucros grandes, fáceis e especulativos. Por isso mesmo, as pessoas foram de boa fé, e foram “assaltadas” pelo Estado, na medida em que este pediu confiança às pessoas de se lhe associarem para salvarem o Banif. E os madeirenses, e açorianos, muitos dos quais emigrantes, residentes na Madeira outros tantos, empresas e empresários associaram-se como medida de solidariedade para com o Estado na salvação do Banif.

FN – O senhor diz que o dr. Pedro Passos Coelho disse que o Banif dava lucro até ao dia em que saiu, mas a esquerda, nomeadamente através de Catarina Martins, do Bloco, contestou essas declarações dizendo que o Banif tinha milhares de milhões de euros públicos injectados, mas o PSD e o CDS acharam que não era preciso nenhum administrador público…

MS – Eu acho que essa Catarina Martins tem muita piada, é capaz de ficar bem com muita gente, mas eu não lhe reconheço qualquer capacidade técnica para falar de banca, nem de situações financeiras a este nível. A senhora não tem, de forma nenhuma, credibilidade para falar nessas coisas. Faz política, diz umas coisas, tem piada noutras, mas não tem qualquer acerto que se lhe reconheça, para discutir estas matérias.

FN – De que forma é que acha que esta situação vai agora prejudicar a economia madeirense? Acredita que poderá prejudicá-la ainda mais na actual conjuntura de crise?

MS – Vai prejudicar bastante, porque perdemos um banco próximo, um banco que resolvia problemas às empresas e aos madeirenses de forma imediata, muito rápida, sobre a hora, pelo conhecimento pessoal das pessoas, pelo conhecimento das empresas, e portanto era fácil ajudar a economia da Madeira com essa proximidade que havia. Não conheço proximidade em mais qualquer banco… Têm aí umas agenciazinhas na Madeira, têm umas pessoas à frente delas, muitos dos quais madeirenses, mas até muitos nem são de cá, têm pouco conhecimento da nossa realidade, dos empresários, das empresas e das pessoas, muito menos dos emigrantes que estão distantes, e isto não se substitui. Por isso será uma perda quanto à agilidade financeira de apoio bancário que as empresas, os empresários e os depositantes madeirenses precisam e tinham. E agora vão deixar de ter.

FN – Pelos contactos que temos feito e pelas pessoas que têm entrado em contacto connosco, passa a ideia de que muitos obrigacionistas não sabiam de facto o risco associado às obrigações subordinadas. Estranhamos isto, o desconhecimento de que se trata de um produto que em caso de crise bancária poria efectivamente as suas poupanças em risco. Acha que isto são apenas alegações de quem se viu afectado e está desesperado, ou acha que pode ter havido de facto uma pressão do banco no sentido de fazer as pessoas adquirirem esse tipo de obrigações, mas sem lhes prestarem os esclarecimentos convenientes?

MS – Quero acreditar na última parte… que pessoas de bom juízo, sem que lhes tenham garantido segurança, num banco que tinha acabado de ser injectado pelo Estado em 1100 milhões de euros, não fariam aplicações que acabaram por fazer, e que os levaram à ruína e à perda total desses investimentos de solidariedade. Conheço muitas histórias. Não posso garantir que todas sejam verdade, mas muitas delas quero crer que correspondem exactamente a terem sido solicitados por intervenientes nas operações, em confiarem nelas. Ora, penso que as pessoas têm sempre responsabilidade, mas é preciso perceber que estavam a juntar-se ao Estado, que estavam a confiar no Estado, e como tal tiveram uma maior ligeireza de avaliação da situação. Passa pela cabeça de alguém que a Caixa Geral de Depósitos vai fechar? Então poderia passar pela cabeça de alguém que o Banif, depois de o Estado ficar com 99,2%, iria fechar? Todas as situações eram admissíveis, esperadas, menos essa! Ninguém quereria acreditar. Houve confiança no Estado, e um Governo que acabou de entrar, uns dias depois, para se livrar de um problema – porque já se percebeu que este governo não quer problemas – tomou uma deliberação perfeitamente anormal na falta de justificação que existe. Ninguém conhece a verdadeira justificação, e isso tem de ser explicado às pessoas.

FN – Foi constituída também uma Comissão de Inquérito ao Banif na Assembleia Legislativa da Madeira. O que espera desta Comissão?

MS – Espero que faça um trabalho rápido e eficiente… mas da mesma maneira que eu deixei no ar a minha impressão relativamente à Comissão da Assembleia da República, deixo também aqui… que há uma certa dificuldade de acreditar que haja capacidade técnica bancária para poderem fazer o inquérito que desejam. Penso que o Partido Socialista, que anda muito nervoso com esta situação, e porque tem responsabilidades na decisão, porque a mesma foi tomada pelo primeiro-ministro do PS, como forma de fazer afastar esta responsabilidade, quer fazer um inquérito por forma a apagá-la e a fazer chicana política, trazer a conversa para o nível baixo com que sempre sabe discutir os temas, mesmo quando são de uma elevada importância, como este.

 

PS quer lista de assessores financeiros com acesso a documentos

Sexta-feira, Fevereiro 26th, 2016

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Notícias ao Minuto

O PS requereu hoje nova documentação em torno do Banif e da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o banco, pedindo, por exemplo, uma lista de consultores e assessores financeiros com acesso aos documentos da entidade entre 2012 e 2015.

Os socialistas pedem nova documentação ao Banif, ao Ministério das Finanças e ao Banco de Portugal, e pretendem também ter acesso ao primeiro plano de reestruturação, datado de novembro de 2012, preparado pelo consultor financeiro do Banif.

Da Comissão Europeia, os deputados do PS reclamam “todas as propostas de reestruturação e respetivas respostas” da direção-geral da Concorrência (DG Com).

“Toda a correspondência entre os vários intervenientes no processo do Banif, nomeadamente, Banco de Portugal, Governo, DG Com, BCE, comissários europeus e Conselho de Administração, inclusivamente e-mails e ofícios, no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2015”, é também pedida pelo PS.

No total, são 16 as alíneas com vários pedidos que se juntam a uma série de documentos já requisitados há duas semanas em sede de comissão parlamentar.

As duas primeiras audições na Comissão Parlamentar de Inquérito à venda do Banif devem realizar-se a 22 de março, terça-feira, já depois de concluídos os trabalhos dos deputados em torno do Orçamento do Estado (OE) para 2016.

O “avaliar” do “comportamento da autoridade de supervisão financeira, o Banco de Portugal, sobre o caso Banif, é um dos objetivos da comissão parlamentar de inquérito, que hoje se reúne para definir calendários de audições e metodologias de trabalho.

O processo de venda, em dezembro de 2015, irá dominar os trabalhos para se proceder à “avaliação de riscos e alternativas” da decisão, “no interesse dos seus trabalhadores, dos depositantes, dos contribuintes e da estabilidade do sistema financeiro”.

A 20 de dezembro o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif, com a venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros ativos – incluindo ‘tóxicos’ – para a nova sociedade veículo.

A resolução foi acompanhada de um apoio público de 2.255 milhões de euros, sendo que 1.766 milhões de euros saem diretamente do Estado e 489 milhões do Fundo de Resolução bancário, que consolida nas contas públicas.

Contas do Banif condicionam valor do défice

Sexta-feira, Fevereiro 26th, 2016

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Correio da Manhã

Secretário de Estado João Leão admite que défice de 2015 pode chegar a 4,3%

O secretário de Estado do Orçamento reiterou hoje que Portugal vai ter de fazer uma execução orçamental de “forte rigor” e “credibilidade” para reduzir o défice abaixo dos 3% e poder sair do Procedimento do Défice Excessivo.

“Portugal em 2016 tem que ir fazer uma execução orçamental de forte rigor e credibilidade que lhe assegure uma redução de défice significativamente abaixo dos 3% e que nos permitam sair, depois de muitos anos, do Procedimento do Défice Excessivo (PDE)”, declarou João Leão hoje no Porto.”Para [a saída do PDE em] 2016 há todo um processo de avaliação que está dependente de dois fatores: qual é o défice de 2015 sem o Banif e qual é o défice com o Banif. E, portanto, não é claro que Portugal saia do PDE, antes pelo contrário”, declarou João Leão.

O secretário de Estado lembrou que o défice orçamental final de 2015 só será conhecido em março próximo, mas estimou que “deverá ficar próximo dos 3,1%”, mas que com a “resolução do Banif, o défice total, incluindo o Banif, deverá ficar nos 4,3% do PIB [Produto Interno Bruto]”.

“Relativamente à dívida pública, ela deverá situar-se em 2015 em cerca de 130% do PIB”, acrescentou.   João Leão disse que este é um orçamento que “resulta de escolhas” feitas pelo atual Governo.”Escolhas sobre a forma de distribuir recursos ou de afetar os recursos e sobre a política fiscal. Porque governar implica fazer escolhas. Estas escolhas que o Governo fez permitem que o país vire a página da austeridade que nos foi imposta nos últimos anos”, argumentou.

Comissão Europeia defende acção do Banco de Portugal no Banif e no Novo Banco

Sexta-feira, Fevereiro 26th, 2016

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Económico

Bruxelas garante que as autoridades se esforçaram para salvaguardar a estabilidade financeira.

A Comissão Europeia defendeu hoje o Banco de Portugal na resolução do Banif e na retransmissão de obrigações seniores do Novo Banco para o ‘banco mau’, BES, considerando que houve “um esforço” para salvaguardar a estabilidade financeira nacional.

“As autoridades esforçaram-se por salvaguardar a estabilidade financeira ao longo de um ano particularmente difícil, marcado pela resolução do Banco Internacional do Funchal (Banif)”, defende a Comissão Europeia, no relatório específico sobre Portugal, no qual é dado seguimento ao mecanismo de alerta de desequilíbrios macroeconómicos, no âmbito do Semestre Europeu.

Bruxelas lembra que, em dezembro de 2015, o Banco de Portugal (BdP) decidiu proceder à resolução do Banif, “após ter ficado evidente não ser possível restaurar, de forma autónoma, a viabilidade do banco”.

Além disso, no ano passado, o sistema bancário português “foi abalado pelo anúncio da decisão do BdP de transferir cinco obrigações seniores selecionadas do Novo Banco para colmatar a insuficiência de capital identificada no teste de esforço realizado pelo Banco Central Europeu (BCE), em novembro de 2015”, à instituição liderada por Stock da Cunha.

“As medidas em relação ao Novo Banco foram tomadas para salvaguardar a estabilidade do sistema financeiro e afastar a incerteza que rodeou a posição de capital do banco nos anteriores processos de venda”, sublinha a Comissão Europeia.

A 29 de dezembro, o BdP determinou transferir para o BES a responsabilidade pelas obrigações não subordinadas por este emitidas e que foram destinadas a investidores institucionais (como fundos de investimento, públicos ou privados), num total de 1.985 milhões de euros.

Com esta medida – que reverteu a que tinha sido tomada após a resolução do BES, quando o BdP decidiu não imputar perdas aos credores seniores, passando a dívida não subordinada do BES para o Novo Banco -, o capital do Novo Banco foi reforçado em 1.985 milhões de euros, permitindo-lhe, assim, cumprir as exigências regulamentares.

Por outro lado, a Comissão Europeia insiste que “os níveis de rendibilidade dos bancos continuam a ser modestos”, registando, no entanto, “avanços no que respeita à posição estrutural de liquidez e à solvabilidade”.

Bruxelas considera que a melhoria da posição de liquidez “reflete um comportamento muito resiliente dos depósitos e uma contração do crédito, ao passo que os progressos significativos nos níveis de solvabilidade apontam para uma maior capacidade de absorção de perdas da maioria dos bancos”.

No entanto, salienta a Comissão, o sistema bancário continua a apresentar reduzidos níveis de rendibilidade, refletindo um conjunto de “fatores adversos: baixos rendimentos líquidos de juros, contração da procura de crédito, reconhecimento de montantes significativos de imparidades e, por último, um progresso limitado na redução dos custos operacionais por parte do setor bancário”.

CDS pede explicações sobre empréstimo do Santander ao Estado

Sexta-feira, Fevereiro 26th, 2016

Citamos

Diário de Notícias

Segundo o deputado João Almeida “esta situação tem de ser muito bem explicada”. Bancada centrista envia perguntas ao ministro das Finanças e ao Banco de Portugal

O grupo parlamentar do CDS vai enviar perguntas ao ministro das Finanças e ao governador do Banco de Portugal, depois de se ter sabido esta quinta-feira que o banco Santander emprestou 1,8 mil milhões de euros ao Estado, para o Governo comprar dívida pública, pedindo a Mário Centeno que explique “muito bem” esta situação.

O deputado centrista João Almeida notou que “esta situação era até hoje desconhecida” e “tem de ser muito bem explicada”. “Não podemos continuar a conhecer o processo [de venda] do Banif aos bocadinhos”, criticou, recordando que o ministro das Finanças, bem como o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, já vieram ao Parlamento esclarecer a venda do Banif e este empréstimo não foi referido por nenhum dos dois.

Em reação à notícia do Jornal de Negócios, o Santander explicou em comunicado que havia sido “acordado com o Santander Totta” a aquisição de dívida pública, “no âmbito das medidas de capitalização para correção do balanço do Banif imediatamente anteriores à medida de resolução e à venda de ativos e passivos”.

João Almeida antecipou então aos jornalistas que o CDS quer saber “se, de facto, o Santander emprestou” os referidos 1 766 milhões de euros, a 22 de fevereiro, “porque é que o fez neste momento”, “porque foi o Santander o escolhido”, “a que taxa” foi feito esse empréstimo e “qual a necessidade do Estado” para o fazer.

Comunicado do Santander Totta sobre financiamento ao Estado

Quinta-feira, Fevereiro 25th, 2016

Citamos Santader Tottta

Nota sobre a aquisição de títulos de dívida pública

 

1.No âmbito das medidas de capitalização para correcção do balanço do Banif imediatamente anteriores à medida de resolução e à venda de activos e passivos, foi acordado com o Santander Totta a aquisição por este banco, em data posterior, de títulos de dívida pública sob a forma de MTN (“medium term notes”) no montante de 1766 milhões de euros então emitidos pelo IGCP.
2. O Banco Santander Totta preparou-se para fazer essa operação desde os primeiros dias de Janeiro, tendo o montante em causa sido depositado no BCE. A data escolhida (22 de Fevereiro e não 9 ou 10 como é dito em notícia hoje publicada pelo Jornal de Negócios) foi indicada ao Banco pelo IGCP no dia 19 de Fevereiro.
3. Como se comprova pelo gráfico que se envia, a data não coincidiu com o auge dos juros, ao contrário do também afirmado na notícia. O pricing foi fechado às 10h de dia 22/02, ao yield de mercado interpolado das duas OTs que constam do gráfico, como é prática habitual no mercado.
4. Ao aceitar fazer isto, o Santander Totta pretendeu apenas responder positivamente ao desafio que lhe foi feito de contribuir para diminuir o esforço de financiamento do Estado, já que o simples facto de passar a deter estes títulos implica que Banco consuma capital em suporte dessa mesma detenção.Chart_ PTOTETOE012=

José Prada chama Ministério Público: “Eu também fui vítima do “roubo” do Banif”

Quinta-feira, Fevereiro 25th, 2016

Citamos

Funchal Notícias

José Prada chama Ministério Público: “Eu também fui vítima do “roubo” do Banif”

O Banif continua a fazer “sangue”  e lágrimas nas famílias madeirenses, emigrantes e empresas. Nada está resolvido e nada foi feito para socorrer as inúmeras vítimas que sofrem na mais absurda solidão. Conhecido desta praça, José Prada, advogado e deputado, assume nesta entrevista ao FN:” Eu também fui vítima do “roubo” do Banif”.

Foi o FN que foi ao seu encontro para a entrevista sobre este “caso” e, foi no contexto destas declarações, que corajosamente fez questão de deixar previamente uma “declaração de interesses”: ” Eu também fui vítima do “roubo” do Banif”.

Como ele, muitas figuras públicas desta terra e não só choram em silêncio as elevadas poupanças perdidas. Muitas têm a natural vergonha de denunciar o dinheiro absurdamente perdido e vivem momentos de grande amargura. O Banif morreu e chama-se agora Santander. Mas o drama, associado ao terror da perda e da inércia das autoridades, persiste e promete dar brado porque os lesados não se calarão.

José Prada fala claramente num “assalto” ao Banco da Madeira. “Os representantes do Estado “ofereceram” um banco num domingo, à socapa, e prejudicaram muitas famílias”. Mas ninguém pense que a venda ao Santander resolve tudo. “Com este “roubo”, avisa José Prada, “vamos ter a maior crise de sempre”. Não espera pelos políticos ou sequer pelas comissões de inquérito para resolver seja o que for. José Prada reclama mesmo pela investigação urgente do Ministério público para apurar “responsabilidades jurídicas”.

Funchal Notícias – O que falhou verdadeiramente neste caso: o banco, o regulador ou o poder político?

José Prada – Neste verdadeiro «caso de polícia» falharam o Banco de Portugal (BP) e os poderes políticos e de supervisão.

Se existem verdadeiros falhados podemos dizer que são os Governantes e o Governador do BP.

A medida de resolução aplicada ao Banif equivale a um verdadeiro assalto a um banco.

Esta medida, tomada, pela calada, num domingo à noite, prejudica de forma grotesca todos os investidores do BANIF, porque ofende o princípio de que os acionistas e os demais credores não podem receber menos que receberiam num quadro de liquidação. Aqui, como está desenhada a medida de resolução, nada receberão. Uma vergonha!

Estaremos claramente perante mais um falhanço do Banco de Portugal.

O Governador do Banco de Portugal e os demais administradores têm cometido ao longo do seu mandato falhas gravíssimas. E, pelos vistos, os Governantes não se importam. É insustentável a sua continuidade porque, em menos de dois anos, em razão de um exercício desastroso da supervisão bancária, causaram a Portugal prejuízos de dezenas de milhões de euros. Vão ser eternamente conhecidos por terem fechado Bancos. Já perdi a conta de quantos já fecharam.

No caso Banif, o investimento de 2013 foi anunciado pelo próprio Governador como um investimento altamente lucrativo para o Estado. Parece que é, agora, para os outros, um belíssimo investimento…

Por outro lado, o Estado era o maior acionista do Banif e nomeou administradores da sua confiança para «controlar» o mesmo.

Mas o que até agora se conhece do “caso BANIF” indicia prejuízos efetivos para o Estado na ordem dos 4.100 milhões de euros e prejuízos de valor indeterminado para os particulares. Então controlaram o quê? O Estado nada fez para defender o seu investimento (digo, dos contribuintes!), muito menos o dos seus clientes.

A única coisa que os representantes do Estado fizeram foi «oferecer» um Banco num Domingo, à socapa, e assim prejudicar milhares de famílias que lá tinham as suas poupanças de uma vida. Verdadeira vergonha o que fizeram. Não pensaram naqueles que trabalharam arduamente (também muitos domingos, de sol a sol) para poupar umas economias e que, de um momento para o outro, ficaram sem nada.

JP – Mas foi feito alguma coisa? Falta fazer tudo ainda.

Primeiro, há muito que se justifica que o Ministério Público tome uma iniciativa de investigação dos indícios de práticas criminosas, que a própria realidade denuncia. Falamos de notícias duma televisão uns dias antes, falamos dos valores irrisórios das operações envolvidas, dos dinheiros que o Banif tinha de ter e dizem que não tem, etc etc etc…

Penso que ninguém estará à espera de que os acionistas e obrigacionistas do BANIF, a quem roubaram, repito e sublinho,roubaram, fiquem de braços cruzados e não queiram saber o que se passou.

Tal como aconteceu no caso BES, a comissão de inquérito não conduzirá a qualquer conclusão útil, porque, quanto a mim não é importante as questões de apuramento de responsabilidade políticas mas sim as jurídicas.

Essencialmente, o que falta fazer e mais importante é «devolver» o dinheiro aos clientes do Banif. Estes sim os verdadeiros prejudicados.

FN – Comenta-se que a tragédia do Banif pode ser também a tragédia das pequenas e médias empresas da Madeira que se “encostavam” sempre a esta instituição de crédito. Concorda?

É uma tragédia para a Madeira e para os madeirenses. A Madeira perdeu o «seu» Banco, a Madeira perdeu uma das suas grandes referências.

Os madeirenses perdem o Banco que sempre os ajudou nos momentos que precisaram. Perder um Banco que sempre ajudou o povo madeirense é uma vergonha para todos nós.

Se não for resolvida brevemente a questão das poupanças de milhares de madeirenses, a Madeira vai entrar mais uma vez numa grave crise económica.

Se alguém pensou que já tínhamos passado por tudo, estão errados. Acho que, com este «roubo», iremos ter infelizmente a maior crise de sempre.

Vai escassear ainda mais o dinheiro para «circular» pelos comerciantes e estes vão ter que fechar as suas portas. Muitas famílias vão passar por gigantescas dificuldades.

Tenho muita pena que nem todos falem com as pessoas, não contactem com a realidade, não se importem em saber o que se passa e vão dizendo (ou será, assobiando para o lado?) que está tudo bem e que foi o melhor para os madeirenses.

 

Santander financia Estado para comprar Banif

Quinta-feira, Fevereiro 25th, 2016

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Negócios

A venda do Banif não ficou apenas pelos activos e passivos do banco. O Santander aceitou emprestar 1,8 mil milhões de euros ao Estado, de modo a não afectar o financiamento de 2016. A operação aconteceu no auge da subida dos juros da dívida.

O Estado teve de injectar cerca de dois mil milhões de euros no Banif, no âmbito do processo de resolução. Uma operação que afectou o défice público em 2015, mas que o Governo impediu que implicasse …

Bruxelas desvaloriza impacto da notícia da TVI na venda do Banif

Quarta-feira, Fevereiro 24th, 2016

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Económico

A comissária europeia para a Concorrência foi hoje questionada sobre a notícia da estação, em Dezembro de 2015, sobre o Banif.

A comissária europeia para a Concorrência, Margrethe Vestager, disse hoje não ter conhecimento sobre qualquer “relação problemática” entre a TVI e o banco Santander, questionada a propósito de uma notícia da estação, em dezembro de 2015, sobre o Banif.

Respondendo a uma questão da eurodeputada Elisa Ferreira (PS) na Comissão dos Assuntos Económicos e Financeiros do Parlamento Europeu (PE) sobre a informação da TVI, a 13 de dezembro de 2015, de que o Banif poderia ser intervencionado nessa semana, a comissária disse não ter “conhecimento porque é que um canal de TV tenha feito passar estas notícias nem de qualquer relação problemática”, nomeadamente com o Santander Totta, que adquiriu entretanto alguns activos da instituição.

Na noite de 13 de dezembro de 2015, a TVI24 passou em nota de rodapé um “última hora”, onde afirmava: “Banif poderá ser intervencionado esta semana“ e, numa outra notícia enviada para telemóveis, a estação dizia “Banif: está tudo preparado para o fecho do banco”.

Uma semana depois, também a um domingo, o Banco de Portugal e Governo anunciaram a resolução do banco fundado em 1988 na Madeira, a venda de alguns activos ao Santander Totta e a transferência de outros (muitos deles ‘tóxicos’) para uma sociedade-veículo.

A operação surpreendeu pelo montante do dinheiro estatal envolvido, que no imediato foi de 2.255 milhões de euros, o que obrigou a um Orçamento retificativo e deverá fazer disparar o défice de 2015 para cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB).

No total, e retirando os 150 milhões de euros pagos pelo Santander Totta, os custos para contribuintes podem chegar até 3.600 milhões de euros.

O Banif disse que iria processar a TVI por causa da noticia avançada pela TVI24. A estação de televisão pediu desculpa por ter induzido os espectadores em erro e publicou um esclarecimento sobre a situação, onde lamentou a que a notícia relativa ao banco que divulgou em rodapé na emissão da TVI24 (o canal de informação do grupo) no domingo à noite “não tenha sido totalmente precisa e esclarecedora”, podendo “ter induzido conclusões erradas e precipitadas sobre os destinos daquela instituição financeira”.

Contudo, esse esclarecimento não foi suficiente para o conselho de administração do Banif. “A TVI vem agora pedir desculpa aos seus espectadores bem como aos clientes, trabalhadores e acionistas do Banif, desmentindo as notícias infundadas que desde domingo tem vindo a divulgar”, lê-se na nota enviada pelo Banif à comunicação social, que adiantava que o grupo ia recorrer à justiça, divulgada pouco depois de ter sido publicado o esclarecimento pela estação de televisão.

“O Conselho de Administração do Banif reitera que tudo fará para fazer valer na justiça os danos irreparáveis causados ao Banif, pela forma irresponsável e deontologicamente reprovável como, sem qualquer preocupação pelo apuramento da verdade, publicaram afirmações erradas com graves consequências para a atividade do banco”, informou a entidade, na altura ainda liderada por Jorge Tomé.

O ainda presidente do Banif, em entrevista à RTP Madeira a 15 de Dezembro, teceu duras críticas ao canal, dizendo que a informação avançada pela TVI “não é fundada” e é “tendenciosa”, abalando a confiança dos investidores.

“Veio perturbar todo um processo estruturado que está em curso, em que a posição do Estado está a ser vendida”, explicou Jorge Tomé. Depois de sair da liderança do Banif, disse em entrevista à SIC que a venda foi feita num “contexto um bocado estranho”.

 

Centeno: Efeito Banif “vai perdurar no pagamento de juros”

Terça-feira, Fevereiro 23rd, 2016

Citamos

Dinheiro Vivo

Mário Centeno abriu o segundo dia do debate sobre o Orçamento do Estado na Assembleia da República

A resolução do Banif vai ter “um efeito de arrastamento” sobre a dívida soberana, reconheceu, esta terça-feira, o ministro das Finanças.

No segundo dia do debate sobre o Orçamento do Estado na Assembleia da República, Mário Centeno respondia ao deputado José Luís Ferreira, do PEV, que questionou qual será o impacto da resolução do Banif, do ponto de vista orçamental.

Apesar de não ter este ano o “efeito direto que teve em 2015”, com um impacto estimado de 1,2% do PIB, a resolução do Banif terá “um efeito que vai fazer-se perdurar no pagamento de juros e naquilo que é o ónus sobre os contribuintes portugueses”, admitiu Centeno.