O primeiro-ministro José Sócrates disse hoje à nova Presidente brasileira, Dilma Rousseff, empossada ontem no cargo, que a relação com o Brasil é uma prioridade da política externa portuguesa e negou ter abordado a questão da compra de títulos da dívida pública de Portugal.
“Reafirmei que uma das prioridades mais altas da política externa portuguesa é a relação com o Brasil. Disse à Dilma que pode contar com Portugal como o mais fiel e mais próximo aliado naquilo que vai ser, certamente, a caminhada do Brasil para ocupar o seu espaço no concerto das nações, tanto na questão geopolítica como na dimensão económica”, afirmou Sócrates, após o encontro com a nova chefe de Estado, hoje, em Brasília.
Questionado pelos jornalistas se a possibilidade de o Brasil vir a comprar títulos da dívida pública portuguesa foi discutida na reunião, Sócrates negou e disse que isto competirá às autoridades financeiras brasileiras. “A dívida soberana portuguesa está no mercado e é, aliás, um bom investimento, que vale a pena ser feito. Isto dependerá daquilo que forem as considerações das autoridades brasileiras”, assinalou.
Sócrates afirmou ainda que teve oportunidade de conversar sobre a situação política internacional, nomeadamente sobre a Europa, e também sobre “o esforço do Governo português para superar este momento da crise da dívida soberana, que todos os países europeus estão a atravessar”.
No seu primeiro discurso, já empossada, Dilma anunciou a prioridade absoluta do seu governo: a luta sem tréguas contra a pobreza. “Lançar um plano nacional de erradicação da miséria” é a primeira das tarefas deste mandato, que se prolongará até 2014.
Lula designou-a sua sucessora, como candidata à presidência pelo Partido dos Trabalhadores (PT), após um longo tirocínio de Dilma no Governo – primeiro como ministra das Minas e Energia, depois como chefe da Casa Civil do Palácio do Planalto, funções equivalente às de primeiro- -ministro no sistema constitucional brasileiro, semelhante ao dos EUA pela sua forte componente presidencialista. A vitória nas urnas ocorreu em Outubro, contra José Serra, apenas à segunda volta.
MRA Alliance/DN