O economista-chefe do Citigroup diz que o transferência do fundo de pensões da PT é “uma operação de cosmética”, mas que o Governo está agora a fazer um “esforço sério” para a redução do défice.
Willem Buiter desvalorizou hoje o facto de o défice de 2010 ficar abaixo dos 7,3% previstos, conforme já anunciou o Governo, pelo facto de a redução ter sido realizada com recurso a uma receita extraordinária: a transferência do fundo de pensões da Portugal Telecom para a Segurança Social. “A redução deve-se a uma operação de cosmética”, afirmou Willem Buiter, numa conferência do Citigroup, que teve hoje lugar em Lisboa.
Para convencer os mercados tem de existir uma consolidação fiscal efectiva. Um processo que vai demorar vários anos e exigir um compromisso entre os partidos. “Esses exercícios ficam bem no papel, mas sob a luz fria do dia, criam dúvidas sobre quão sérios estão a ser os governos sobre a consolidação fiscal”, disse o professor da London School of Economics.
“Serão necessários mais 4 a 5 anos de medidas de consolidação orçamental”. E é preciso que exista um compromisso político” para as aplicar, defendeu Willem Buiter. O economista afirmou que, entretanto, estão já em curso medidas que representam “um esforço sério” para a redução do défice, com cortes na despesa pública e aumento da receita.
Buiter, diz que Portugal “tem as piores perspectivas de crescimento da zona euro” e que “está em risco de solicitar ajuda externa”, face às perspectivas pouco animadoras para a economia, variáveis que colocarão entraves à correcção das contas públicas nacionais.
Para o economista, citado pelo Diário Económico, Portugal tem “possivelmente as piores perspectivas de crescimento de toda a zona euro”. “É difícil fazê-lo se a economia não estiver a crescer”, referiu Buiter na conferência do Citigroup.
MRA Alliance/JdN