Sarkozy inicia “flirt” mediterrânico via Israel e Palestina

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, chegou ontem (domingo) a Israel para a sua primeira visita oficial. Foi recebido como um “amigo e aliado” e, à chegada, defendeu, que a criação de um Estado palestiniano é essencial para a segurança do Estado de Israel. “Estou aqui, porque estou mais convencido do que nunca de que a segurança de Israel não estará garantida enquanto não existir um Estado palestiniano”, afirmou após aterrar em Tel Aviv. A visita de três dias, relacionada com o 60.º aniversário da criação do Estado de Israel, inclui Belém, na Cisjordânia, onde Sarkozy conferenciará com o presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Mahmoud Abbas. Sarkozy disse que a relação entre os dois Estados vive um “momento excepcional” e confessou: “Sempre fui e serei um amigo de Israel”. A agenda do presidente francês inclui encontros com os principais líderes políticos judaicos e um discurso hoje (segunda-feira) no parlamento local (Knesset).

Esta é a terceira visita de um presidente francês a Israel desde sua criação, em 1948, e destina-se a reforçar a aproximação de Paris aos estados do Mediterrâneo. Os líderes sionistas, dos radicais aos moderados, têm manifestado apreço pela reaproximação encetada por Sarkozy, recordando que, desde a sua fundação, a França foi o principal aliado do Estado judeu e instrumental na construção de seu poderoso exército. Armas e tecnologia militar gaulesas estão indissociavelmente ligadas à supremacia aérea israelita na região e à construção da central nuclear judaica de Dimona. Os dois projectos foram liderados pelo actual presidente Shimon Peres, quando ocupou o cargo de director-geral do Ministério da Defesa, após a fundação do Estado hebreu. Desde 1967, as relações entre os dois países oscilaram entre a cordialidade e a tensão, particularmente depois da segunda Intifada, em 2000. Desde que tomou posse, Sarkozy tornou-se o presidente francês mais “pró-judaico”, desde os anos 60. O enfraquecido primeiro-ministro Ehud Olmert, actualmente sob a ameaça de renúncia ao cargo por suspeitas de corrupção, definiu-o como “um verdadeiro amigo de Israel” e descreveu as relação franco-hebraicas como algo que ultrapassa “a lua-de-mel”, assumindo contornos de “uma verdadeira história de amor”. A comitiva de Sarkosy, que integra 7 ministros e cerca de 100 empresários, prenuncia a assinatura de multimilionários acordos económicos e militares, a concertação de posições anti-Teerão e a afinação de estratégias comuns relativas à Palestina, Síria e Iraque. A visita ocorre uma semana antes de a França assumir a presidência da União Europeia, a partir de 1 de Julho. “Vim para dar o meu apoio, em nome da França e da União Europeia”, disse «Sarko» numa clara tentativa para reconquistar para a França protagonismo geopolítico e económico no Médio Oriente. MRA/Agências

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