Risco de crédito da Europa não pára de subir e banca ibérica sob pressão

O preço dos seguros que protegem os investidores contra o eventual incumprimento das maiores empresas europeias está hoje a subir 6% e, pela primeira vez, o risco das obrigações soberanas europeias é superior ao risco das obrigações de mercados emergentes.

De acordo com o índice Markit iTraxx Europe, que acompanha a evolução dos ‘credit default swaps’ (CDS) das obrigações a 5 anos das 125 companhias europeias com o ‘rating’ de risco de crédito mais elevado, está hoje a subir 6% depois de ontem ter valorizado 2,28%.

Este índice é uma referência do custo de protecção das obrigações contra um eventual incumprimento do emitente e uma valorização do índice aumenta o sinal de percepção de deterioração por parte dos investidores sobre a qualidade do crédito das empresas visadas.

No mesmo sentido segue o risco das obrigações soberanas dos países da Europa Ocidental que, pela primeira vez, é mais elevado que o risco dos títulos de dívida dos países emergentes. “Os receios acerca da periferia [da zona euro] estão a puxar para baixo a Europa Ocidental”, referiu Harpreet Parhar, estratega do Credit Agricole à Bloomberg, frisando que “os mercados emergentes têm histórias de crescimentos sólidos e não estão directamente expostos aos assuntos da periferia.”

A Moddy’s revela também hoje que os ‘spreads’ dos CDS dos bancos espanhóis e portugueses estão actualmente em linha com os ‘spreads’ dos CDS praticados pelos bancos com uma classificação de risco de crédito 10 e 12 notas de ‘rating’ abaixo das instituições portuguesas e espanholas.

Na prática, significa que os investidores estão dispostos a pagar por um seguro contra um eventual incumprimento por parte do BCP, BES e Caixa um preço semelhante ao que o mercado está a cotar os CDS de um banco com uma classificação de crédito de 10 e 12 níveis inferiores.

Para a Moody’s, este desfasamento entre o risco de incumprimento e o preço dos CDS de bancos espanhóis e portugueses só poderá ser mitigado “quando o caminho para uma credível reestruturação e/ou resolução for colocado em prática.”

Os especialistas da Moody’s referem ainda que “qualquer melhoramento sustentável nos ‘spreads’ só é possível quando bancos e países conseguem financiar-se nos mercados.” E esta, é uma situação que não está a ocorrer.

MRA Alliance/DE

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