A segunda semana de Janeiro foi marcada pelo brutal aumento dos preços dos credit default swaps (CDS), produtos financeiros derivados para cobrir riscos de crédito, relativos às dívidas soberanas da Grécia e de Portugal.
No caso português, o crescimento semanal situou-se nos 35%. Desde segunda-feira, os preços dos CDS relativos à Grécia cresceram 30%. O diferencial grego (spread) em relação aos títulos alemães atingiu no final da semana 3,3%, enquanto no caso português rondou 1,2%.
Segundo a Markit.com, empresa que acompanha diariamente o mercado CDS, no indicador referente à variação a 28 dias o crescimento dos custos foi de 62% para a Grécia e de 39% para Portugal.
O agravamento da percepção de risco de incumprimento da dívida soberana dos dois países deveu-se a um relatório da agência de rating Moody’s, publicado na quarta-feira. Nesse relatório, Portugal juntamente com a Grécia são declarados em risco de entrar num processo de “morte lenta” (slow death). A situação resulta do agravamento do fosso entre a quantidadede riqueza criada e a necessidade de afectar cada vez mais recursos financeiros para pagar o serviço da dívida soberana.
Ainda assim a Moody’s considera que Portugal, apesar das dificuldades, tem um campo de manobra superior ao da Grécia por ter uma notação mais favorável – Aa2 (com previsão negativa) contra A1 (mais baixa, e com previsão igualmente negativa).
Segundo a agência norte-americana, acresce que a dívida soberana portuguesa terá chegado a 85% do PIB, um ponto percentual acima da média europeia, um grau consideravelmente menos grave do que o registado pela Itália (117%) e pela Grécia(125%).
Caso o novo orçamento português não satisfaça as exigências dos mercados, o apetite pelo risco da dívida portuguesa sofrerá um sério abalo e os respectivos custos de financiamento sofrerão uma nova escalada, atirando as expectativas de uma retoma, ainda que anémica, para as calendas gregas.
MRA Alliance/Agências