Um relatório divulgado pela ONG israelita Mossawa denuncia que as manifestações de racismo na sociedade israelense terão sido mais frequentes em 2007. A Organização Não Governamental defensora dos direitos de cidadãos árabes em Israel, acusou ontem líderes políticos judaicos de criarem um clima de “legitimação do racismo” contra os cidadãos árabes – 20% da população de Israel: 75% dos cidadãos judeus não estão dispostos a morar no mesmo prédio com um vizinho árabe; 61% receusam-se a receber visitantes árabes em sua casa; 55% defendem o “apartheid” entre judeus e árabes em zonas de lazer; 69% dos estudantes do secundárioo acham que os árabes “não são inteligentes”; figuras públicas que manifestam posições racistas mantêm-se nos cargos sem que haja qualquer tipo de investigação contra elas, denuncia o relatório.
Nele são citados ministros e parlamentares que “baseiam a sua força em posições de ódio e incitam ao racismo”. O político mais citado é Avigdor Liberman, líder do partido de direita Israel Beiteinu e ex-ministro dos Assuntos Estratégicos, que defende a “troca de territórios e populações” como solução para o conflito israelo-árabe. “Por mim eles podem pegar a baklawa (doce tradicional árabe) e ir para o inferno”, afirmou. Outro parlamentar citado é Yehiel Hazan, do partido Likud, que chamou os árabes de “vermes”. Para o ministro da Habitação e Construção, Zeev Boim, do partido Kadima, o “terrorismo islâmico poderia ter razões genéticas”. O deputado do partido de direita Ihud Leumi, Efi Eitam, disse que os cidadãos árabes da Cisjordânia “são uma quinta coluna, traidores. Não podemos permitir a essa presença hostil nas instituições de Israel.”
Segundo a Mossawa, no Estado de Israel não se aplicam as leis anti-racismo existentes no país e, na maioria dos casos em que as leis são violadas, as autoridades ignoram-nas criando uma situação de impunidade. No dia da publicação do relatório da Mossawa, a imprensa publicou um decreto do rabino Dov Lior, dos assentamentos de Hebron e Kiriat Arba, proibindo os seus seguidores de alugar casas ou de empregar árabes. A advogada israelita Einat Horowitz, do Centro de Pluralismo Judaico, criticou o decreto do rabino e o “fenómeno crescente de incitamento racista”. Segundo a advogada, “o incitamento distorce o judaismo e é proibido por lei”.
O rabino Gilad Kariv, vice-director do Centro de Acção Religiosa, que também condenou o decreto do rabino Lior, comentou: “Como rabino, temo pela participação de personalidades religiosas no incitamento”.
Fonte: MRA/BBC.
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