
Para Thomas Mayer, a actual situação portuguesa é o resultado de “problemas estruturais” sobretudo após a adesão de Portugal à zona euro, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu à taxa média anual de cerca de um por cento.
“A união monetária europeia tem problemas estruturais, que têm de ser melhorados. Não é uma questão de culpa, é uma questão de erros”, afirmou Thomas Mayer.
Recentemente, um membro do Banco Central da Islândia, Gylfi Zoega, defendeu que Portugal deve investigar quem está na origem do elevado endividamento do Estado e bancos, e porque o fez.
“Temos de ir aos incentivos. Quem ganhou com isto? No meu país eu sei quem puxou os cordelinhos, porque o fizeram e o que fizeram, e Portugal precisa de fazer o mesmo. De analisar porque alguém teve esse incentivo, no Governo e nos bancos, para pedirem tanto emprestado e como se pode solucionar esse problema no futuro”, disse.
Também o presidente da Comissão de Inquérito à crise financeira (FCIC, na sigla inglesa) do Estados Unidos, Phil Angelides, aconselhou uma investigação semelhante em Portugal e na Europa, como forma de apurar os factos que levaram à actual crise.
Em entrevista à agência Lusa, Phil Angelides considerou que a decisão de realizar a investigação sobre as causas da crise portuguesa teria utilidade para determinar com rigor a história e as responsabilidades na crise e para estimular o debate informado.
Criar uma comissão de investigação “é uma decisão que cabe ao povo e aos líderes portugueses, mas deixe-me dizer que este estudo foi muito valioso para os Estados Unidos, provocou um grande debate. O relato histórico rigoroso, a discussão e o debate são vitais para sair da crise porque, em geral, as pessoas que a causaram, nos Estados Unidos – reguladores que não fizeram o trabalho, Wall Street, que foi imprudente – não querem esse debate vigoroso”, afirmou Angelides.