O primeiro ministro chinês, Wen Jiabao, foi claro na mensagem que deixou hoje aos europeus, na cimeira bilateral de Bruxelas: a China vai continuar a apoiar o euro mas não cede às pressões para valorizar o yuan. Wen garantiu que a China é “o verdadeiro amigo da Europa”, como demonstra o facto de “não se manter de parte quando alguns países da Zona Euro tiveram dificuldades” durante a crise de dívida que eclodiu na primavera.“Comprámos uma quantia importante de títulos [de dívida] europeus na época mais difícil, entre eles da Grécia, da Irlanda, de Espanha, de Portugal e de Itália”, recordou o primeiro ministro chinês, assegurando que vai continuar com esta política enquanto “os países do euro tiverem problemas”.
No entanto, pediu aos líderes políticos e empresariais europeus que parem de pressionar a China para que permita uma maior flutuação da sua moeda, uma vez que, consideram os chineses, uma valorização do yuan poderia provocar uma crise no gigante asiático, provocando a perda de milhares de empregos e um “desastre” para a economia de Pequim.
A valorização da moeda chinesa é uma exigência reiterada tanto dos Estados Unidos como da Europa, que defendem que um yuan baixo favorece as exportações chinesas mas penaliza os produtos norte-americanos e europeus.
Wen Jiabao, por seu lado, entende que os desequilíbrios comerciais entre a Europa e a China respondem mais à estrutura do comércio internacional do que ao baixo valor do yuan, como prova o facto de o excedente comercial chinês se ter multiplicado nos últimos anos, apesar da subida controlada do valor da sua divisa.
No encontro, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, exigiu às autoridades chinesas uma “apreciação do yuan ampla e ordenada” para evitar danos na recuperação económica da União Europeia.
MRA Alliance/Lusa