Portugal poderá vir a pagar juros de quatro ou cinco por cento do empréstimo do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, de acordo com o antigo ministro Mira Amaral, citado pela Lusa.
“Devíamos ter taxas de juros compatíveis com as nossas taxas de crescimento, pelo que juros de dois ou três por cento era o adequado”, disse Mira Amaral, que no entanto reconheceu que esse cenário não é “realista”. Assim, para o antigo ministro da Indústria de Cavaco Silva, Portugal deverá conseguir taxas ligeiramente abaixo das praticadas na Grécia e na Irlanda.
Mira Amaral, citado pelo JN, considerou ainda que, além do Estado, a banca também vai precisar da ajuda do fundo europeu e do FMI devido à falta liquidez causada pela crise das finanças públicas.
“Parece que [a ajuda] não é só para as finanças públicas, o sistema bancário também vai precisar da ajuda do fundo europeu”, disse o actual presidente do banco BIC Portugal, à margem de um jantar da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã, em Lisboa.
Para o antigo governante o que aconteceu foi uma contaminação da débil situação do Estado ao sistema financeiro, o que o deixou fragilizado. “Ao contrário da Irlanda, em Portugal, o estado das finanças públicas é que criou problemas ao sistema financeiro. A crise de liquidez dos bancos é consequência da falta de confiança dos credores externos sobre as finanças públicas portuguesas. Quando há riscos das finanças públicas isso contamina a economia e os credores cortam financiamento externo que era feito pelos bancos”, considerou.
Segundo o antigo ministro da Indústria de Cavaco Silva, o fundo europeu devia mesmo ser “flexibilizado” para poder “acorrer à banca”, até porque se em Portugal houvesse um grave problema com os bancos o Estado não tinha “recursos” para os ajudar, considerou.
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