O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje, em Davos (Suiça) que o melhor remédio contra a possível recessão nos Estados Unidos e respectivos impactos negativos na economia mundial seria um acordo para a abertura comercial na chamada Ronda de Doha, sob a égide da Organização Mundial do Comércio (OMC). Amorim, que chegou hoje ao Fórum Económico Mundial, iniciado na quarta-feira na estância de inverno suiça, afirmou que os países ricos devem resistir à tentação do proteccionismo económico durante a actual crise económica e financeira para não repetirem os erros cometidos em 1929, quando as restrições ao comércio mundial ajudaram a agravar a crise global.
A mesma opinião foi defendida por outros representantes dos bloco de países emergentes conhecido por BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China. O ministro indiano do Comércio e da Indústria, Kamal Nath, um dos negociadores envolvidos nas negociações da OMC que também participa na reunião globalista de Davos, admitiu que os países ricos podem ser forçados a ceder mais para permitir um acordo por uma maior liberalização e abertura do comércio mundial. “Sinto que existe um desejo maior por um acordo, principalmente devido ao actual momento”, disse Nath à BBC Brasil.
Na abertura do Fórum, Tony Blair, que este ano co-preside ao evento, manifestou a esperança que os negociadores da Ronda Doha, que se reunirão no próximo sábado, em Davos, “ajude na tentativa de relançamento das negociações sobre comércio mundial, que estão actualmente num impasse”.
As negociações, que se arrastam desde 2001, encontram-se num ponto-morto. Os países em desenvolvimento querem que os países ricos reduzam os subsídios agrícolas aos seus produtores e abram o mercado à competição dos países mais pobres. Os estados industrializados não farão quaisquer cedências , caso os países mais pobres não aceitem liberalizar os seus mercados à entrada dos produtos industriais e serviços do primeiro e segundo mundos. A generalidade dos analistas, face às eleições nos EUA, considera pouco provável que o governo Bush/Cheney mude de política antes da eleição de um nova administração americana.