Itália: Belusconi antecipa mais medidas de austeridade para tentar suster o agravamento da dívida soberana

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, anunciou na sexta-feira que o Governo vai antecipar o programa de austeridade já para Setembro, de forma a atingir o equilíbrio nas contas públicas em 2013, um ano antes do previsto no plano original.

Desta forma o líder italiano tenta dar resposta aos ataques especulativos que esta semana provocaram uma sangria na bolsa de Milão e fizeram disparar os juros da dívida soberana do país.

“Vamos acelerar medidas do programa de austeridade com o objectivo de equilibrar as contas em 2013 em vez de 2014”, revelou Berlusconi. Na ocasião, o líder italiano acrescentou que Giulio Tremonti, ministro da Economia, irá apresentar um plano fiscal e de apoios sociais na próxima semana para avançar com as medidas de corte na despesa.

Berlusconi disse ainda que falou com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, sobre a possibilidade de antecipar para “breve” a reunião entre os ministros das Finanças do G7 e pediu uma “resposta coordenada face aos últimos acontecimentos.

Na quinta-feira, o director do Centre for Economics and Business Research (CEBR), Douglas McWilliams, afirmou que a Itália vai ser obrigada a pedir ajuda financeira à UE e ao FMI.

De acordo com o presidente executivo do CEBR, Itália e Espanha têm dinâmicas diferentes. No caso espanhol estima que a dívida não ultrapasse 75% do Produto Interno Bruto (PIB). Já em Itália, os cálculos feitos pelo analista  apontam para uma dívida na casa dos 128% do produto.

A chave para que Espanha não seja contagiada pela crise das dívidas soberanas que está alastrar pela Europa, segundo McWilliams, passa pelo sucesso das suas exportações.

Todavia,  para atingir tal desiderato é fundamental que o enfraquecido sistema bancário italiano não seja forçado a contabilizar grandes perdas nos balanços. Se tal acontecer, o recurso a um financiamento adicional do governo será inevitável, com todas as turbulências que daí advirão.

Apesar de Berlusconi ter implementado medidas austeras de restrição orçamental, estas parecem insuficientes. De acordo com os cálculos do CEBR, se os italianos continuarem a financiar-se nos mercados com juros superiores a 6 por cento, a dívida poderá atingir os 150% do PIB em 2017. Mas, mesmo que os custos dos empréstimos baixem para os 4%, o analista estima que a dívida italiana atinja os 123% do PIB em 2018.

MRA Alliance/Agências

Leave a Reply