Indonésia: Ex-ditador Suharto responsável pelo genocídio timorense morreu em Jacarta

Suharto, Kissinger e Gerald Ford, em 1975, ano da invasão de TimorO ex-ditador indonésio Suharto, 86, morreu hoje num hospital de Jacarta, após entrar em coma, na sequência do seu internamento no passado dia 4. O ex-líder governou com mão de ferro a Indonésia de 1967 a 1998. há 10 anos, foi forçado a renunciar ao cargo face à crise económica que desencadeou uma revolta popular e o colocou na posição de “descartável” perante o governo americano que até então sempre o apoiara com armas e dinheiro. O general indonésio estava internado devido a problemas cardíacos e a outras complicações clínicas. A morte ocorreu às 13h10 (06h10, de Lisboa).Corrupção, Crimes e Timor-Leste

Os 32 anos do governo ditatorial de Suharto na Indonésia foram marcados pelas repressão militar e policial, violação dos direitos humanos e dezenas de escândalos de corrupção. O ex-general dirigiu um regime que alcançou um rápido desenvolvimento económico à custa da supressão da liberdade política e a condenáveis práticas predadoras do erário público.

Suharto foi acusado de causar prejuízos ao Estado no valor de cerca de US$ 600 milhões e de construir uma fortuna ilícita de milharesv de milhões/bilhões de dólares durante o seu governo. A organização Transparência Internacional estima que a família de Suharto terá acumulado fraudulentamente uma fortuna da ordem dos USD 35 mil milhões/bilhões.

Suharto liderou as listas dos ditadores mais corruptos das últimas décadas elaborada pelo Bird (Banco Mundial) e pela organização Transparência Internacional. Contudo, nunca foi julgado pela justiça indonésia sobre os seus alegados crimes. O ex-general escapou aos tribunais depois que uma equipe médica ter atestado que ele sofria de “danos cerebrais permanentes”. Em 2006, a Procuradoria Geral da república islâmica da Indonésia decidiu retirar as acusações.

Os críticos defendem que Suharto ou os respectivos herdeiros deveriam ser obrigados a devolver o dinheiro alegadamente desviado durante a ditadura, e classificam de “escândalo nacional” o facto de também não ter sido julgado por responsabilidade política e moral no assassínio de “pelo menos meio milhão de dissidentes políticos” durante seu regime.

O ex-ditador, recorde-se foi também politicamente responsável pela invasão e ocupação de Timor Leste, que resultou na morte de entre 200 a 300 mil naturais da ex-colónia portuguesa, segundo diversas organizações internacionais de defesa dos direitos humanos. (pvc/agências)

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