A França recusa ceder um dos dois deputados que ganhou na nova repartição de lugares do Parlamento Europeu (PE) como solução para o último obstáculo trazido pelos italianos para as negociações do tratado. Este deve ser aprovado pelos 27, em Lisboa, na cimeira de quinta e sexta-feira.
“A França apoia totalmente a proposta aprovada pelo Parlamento Europeu [no dia 10]. Nenhum Estado membro vai perder lugares”, disse ontem ao DN uma fonte do Eliseu, esclarecendo a posição com que o chefe do Estado francês, Nicolas Sarkozy, parte para a reunião dos líderes da UE.
Esse eventual gesto poderia ser Paris ceder à Itália um lugar de deputado, uma vez que ganha dois, na proposta aprovada dia 10 em Bruxelas. O Reino Unido também ganhou um eurodeputado, para a legislatura de 2009-2014, enquanto a Itália não aumentou. Assim, pela primeira vez, os italianos vêem-se, pela primeira vez, privados da sua paridade (72) com a França (74) e o Reino Unido (73), todos membros do G-8. A proposta aprovada com os votos contra dos italianos prevê uma nova forma de cálculo chamada proporcionalidade degressiva, ou seja, que os países com mais população tenham direito a mais lugares no PE. Isto dentro dos limites previstos no novo tratado: um máximo de 750 eurodeputados (em vez de 785).
O primeiro-ministro italiano indicou que não vetará um acordo sobre o tratado, substituto da Constituição europeia, desde que a questão seja solucionada depois. Apesar das reticências italianas, que se vieram juntar às de outros Estados membros, como a Polónia, a nota dominante é de optimismo e é dada como quase certa a aprovação do novo tratado em Lisboa.|