Fidel Castro foi ontem (domingo) indigitado como n.º 1 da lista de candidatos a deputados ao parlamento nacional nas próximas eleições legislativas em Cuba, marcadas para 20 de Janeiro. Por inerência formal continuará a ser o principal líder político e militar do país, dando mais um sinal de ainda não estar “politicamente morto”, como muitos analistas e observadores internacionais têm sugerido. “Fidel está a trabalhar como presidente do Conselho de Estado”, disse um alto dignitário cubano, para quem a nomeação de ontem é “uma prova da recuperação” do líder cubano.
Apesar de não exercer funções desde 31 de Julho de 2006, por motivo de doença, a indigitação foi votada, por unanimidade e aclamação, pelos delegados à convenção nacional das 169 Assembléias Municipais da ilha caribenha, realizada em Santiago de Cuba. Tradicionalmente, o poder absoluto de Fidel é plebiscitado, há quase meio século, como candidato pelo círculo eleitoral de Santiago, cidade situada 900 km a leste da capital, Havana.
Foi naquela cidade, em 1959, que o então futuro aliado da ex-União Soviética, proclamou o triunfo da revolução cubana ao derrubar Fulgêncio Baptista que, nos anos 40 e 50, serviu obedientemente os interesses das administrações americanas, das suas multinacionais e da máfia norte-americana.
Actualmente com 81 anos, e devido à sua prolongada doença (16 meses), caso Fidel não fosse agora indigitado como candidato às eleições, abriria caminho para a sua substituição definitiva na líderança política e militar de Cuba, dando início à era pós-Fidel e, com ela, à incontornável “revolução geracional” do governo cubano. Uma espécie de “perestroika” e “glasnost” à la Habana…
A presidência de Cuba é interinamente exercida pelo seu irmão Raúl que acumula o cargo com o de ministro da Defesa. O “príncipe herdeiro”, com a provecta idade de 76 anos, também foi indigitado candidato pelo município cubano de Segundo Frente. Caso o “mano” Fidel abra mão de ser reeleito, o que é pouco provável enquanto a sua morte física não for oficialmente reconhecida, Raúl manterá a situação actual num clima de “business as usual”. A missão que lhe foi confiada por “El Comandante” consiste em tentar manter, a todo o custo, a dinastia castrista na encantadora ilha, localizada a menos de 200 km, por mar, da solarenga e norte-americana cidade de Miami, na Flórida. (pvc/agências)