Uma análise ao colapso do Bear Stearns – o 5.º banco americano mais exposto à alavancagem de créditos e aos “produtos estruturados”, leia-se derivativos de alto risco – permite-nos identificar, com algum grau de segurança, as instituições financeiras mais em risco de falência. Alta volatilidade, pânico e fuga dos investidores do mercado de capitais para as commodities resultaram em perdas gigantescas, em apenas um dia, na capitalização bolsista de alguns bancos de investimento.
Ontem a principal vítima foi o Lehman Brothers: as acções baixaram 20%, fechando a USD 31.75/acção. Porém, durante a sessão o papel chegou a ser vendido a USD 20.00 – um indicador da desconfiança de Wall Street e de uma forte tendência para desvalorizar rapidamente, no contexto actual dos deprimidos mercados de crédito e interbancário. Se a reacção dos investidores for a de abandonar o Lehman, empurrando-o para um valor de USD 20.00, ou abaixo, então a sobrevivência da instituição está condenada. De pouco lhes servirá recorrer aos tribunais. “O mercado funcionou”, apesar de o Fed não ter desmentido notícias de “ter forçado” o JPMorgan a comprar…
Recorde-se que o Bear Stearns caíu de USD 62.00/acção para USD 2.00/acção (quebra superior a 90% em apenas dois dias). Numa verdadeira “operação de comandos” foi “engolido”, de um dia para o outro, a preço de saldo (USD 2.00/acção). Todavia, é avisado recordar que o novo “patrão” JPMorgan integra o grupo dos bancos “mais perigosos”. Esta é a opinião de dezenas de analistas americanos e europeus por estar, também, exageradamente exposto aos negócios de alavancagem e dos derivativos de crédito. Nestes complexos negócios um prejuízo de 10% é multiplicado por 50 ou 60 vezes e a “morte súbita” é inevitável. (pvc)