A primeira onda de acidentes de créditos hipotecários poderá agravar-se no futuro, e atingir um vasto número de mutuários com bom histórico financeiro, informa hoje o New York Times (NYT). A contaminação do elo mais fraco da cadeia, ou subprime – consumidores pobres, sem recursos financeiros e recorrentes em calotes bancários – dá sinais de já estar a atingir o segmento dos clientes com bons desempenhos financeiros – os titulares de hipotecas de risco médio (Alt-A) e os de baixo risco (prime). A percentagem de calotes Alt-A passou de 3% para 12% (+ 400% entre Abril/2008 e Abril/2007). Os incidentes bancários em hipotecas prime duplicou no mesmo período, passando de 1,35% para 2,7%. Este é o principal subsector do crédito hipotecário norte-americano avaliado globalmente em 12 milhões de biliões/trilhões de dólares. A continuada queda dos preços dos imóveis, o aperto do crédito, a quebra do consumo e o aumento do desemprego são as razões apontadas para o aprofundamento da crise. O governo informou na passada sexta-feira que a taxa de desemprego, em Julho, cresceu para o seu maior nível desde 2004 (5,7%). Os anúncios de despedimentos, em Julho, subiram para mais de 103 mil (+141%) do que em Julho de 2007 (superior a 42 mil). “Os incumprimentos deverão acelerar devido ao rápido encarecimento das prestações menções mensais dos empréstimos”, escreve o NYT. O segmento mais crítico, acrescenta, são as hipotecas Alt-A tituladas por mutuários com bons ratings de crédito mas que não fizeram prova dos seus rendimentos ou activos patrimoniais. “O subprime foi a ponta do icebergue”, afirmou Thomas H. Atteberry, presidente da consultora First Pacific Advisors, uma empresa de investmentos de Los Angeles que comercializa títulos hipotecários. “[As hipotecas] prime terão um impacto muito maior.” Em Julho, James Dimon, presidente e CEO do banco JPMorgan Chase, previu que, no segmento prime, as perdas do banco tripliquem nos próximos meses classificando de “terríveis” as perspectivas para o futuro. MRA/NYT