O presidente George W. Bush e a Casa Branca fizeram centenas de declararações falsas sobre a ameaça do Iraque para a segurança dos Estados Unidos após os atentados de 11 de Setembro, segundo o resultado de um estudo divulgado ontem, nos EUA, pelo Centro para a Integridade Pública. Antes da intervenção militar para derrubar o Governo do presidente Saddam Hussein, em Março de 2003, o governo Bush afirmou que o líder iraquiano estava envolvido com o terrorismo e desenvolvia armas de destruição maciça. Estas nunca foram encontradas. Investigações posteriores indicaram não existirem provas de que Hussein fora cúmplice do islamismo radical.
O texto afirma que, no total, houve 935 afirmações falsas de Bush e de membros de seu gabinete, nos dois anos seguintes aos atentados de 11 de setembro de 2001. O presidente dos Estados Unidos fez 259 declarações falsas – 231 sobre as supostas armas de destruição maciça e 28 sobre alegadas ligações entre o Iraque e a Al Qaeda. Também proferiram falsas declarações o vice-presidente, Dick Cheney, a responsável máxima pela Segurança Nacional, Condoleezza Rice, agora Secretária de Estado, o então Secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, e o antigo chefe da diplomacia estadunidense, General Colin Powell.
O estudo revela que o “efeito acumulado das mentiras foi enorme” e que os meios de comunicação foram cúmplices do Governo. “Alguns jornalistas, e até algumas organizações de imprensa, reconheceram que, durante os meses anteriores à guerra, adoptaram uma atitude condescendente e acrítica” no tocante às falsas teses governamentais, sublinhou o documento. A Casa Branca não comentou as conclusões do estudo, preparado em colaboração com o Fundo para a Independência no Jornalismo.