Egipto: Irmandade Muçulmana disposta a negociar ciclo pós-Mubarak

Manifestantes egípciosA Irmandade Muçulmana, a principal organização da oposição no Egipto, anunciou na madrugada de sábado para domingo que está disposta a “iniciar um diálogo” com as autoridades egípcias. Citado pela agência France Presse, o comunicado refere que a disponibilidade visa “saber até que ponto” os responsáveis egípcios estão “dispostos a aceitar as exigências do povo”.

Um responsável do movimento declarou à agência francesa, sob anonimato, que decorreu uma reunião na manhã de sábado entre responsáveis da irmandade e o vice-presidente egípcio, Omar Souleimane. No comunicado, a Irmandade justifica a sua posição de abertura ao diálogo com a recusa de “qualquer interferência internacional ou regional nos assuntos internos”. “Desejosos de preservar os interesses da nação e das suas instituições e preocupados em preservar a independência do país e a recusa de qualquer interferência internacional ou regional em assuntos internos”, a Irmandade manifesta-se aberta ao diálogo com as autoridades.

A Irmandade Muçulmana não quer que “a insurreição (no Egipto) seja apresentada como uma revolução islâmica”, explicou seu porta-voz Rashad al-Bayumi, em entrevista à revista alemã Der Spiegel. “Mantemo-nos em segundo plano” durante as manifestações, por “não querermos que sejam apresentadas como uma revolução da Irmandade Muçulmana. É um levantamento do povo egípcio”, explica al Bayumi.

O número dois da organização islamita lamenta que o regime do presidente Hosni Mubarak “transmita voluntariamente uma visão deformada do movimento e manipule a opinião pública”. “O Ocidente não quer nos ouvir. Não somos diabos. Queremos a paz, não a violência. Nossa religião não é diabólica. Nossa religião respeita os fiéis de outras crenças, esses são nossos princípios”, assegura.

Nesta semana, a Irmandade foi surpreendida pela abertura do governo de abrir diálogo com o grupo. Estima-se que pelo menos 20% dos votos irão para candidatos ligados ao movimento nas próximas eleições parlamentares. No entanto, para a surpresa de muitos, o grupo adoptou nesta semana uma posição cautelosa.

“Não temos interesse em concorrer para ocupar a presidência do Egipto”, afirmou o guia espiritual do grupo, Mohammed Badie, em entrevista à rede de televisão Al-Jazeera. “Por enquanto, nosso único objetivo é o de tirar um regime corrupto e injusto do poder.”

Criada em 1920, a entidade foi banida em 1954 por querer transformar o Egipto num Estado islâmico.

MRA Alliance/Agências

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