As contas de analistas, fundos e responsáveis da zona euro citados ontem pela Reuters indicam que, apesar de ainda não haver negociações em curso, Portugal necessita de 45 a 60 mil milhões de euros em ajuda financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF). Um terço será disponibilizado pelo FMI.
Os juros exigidos às obrigações portuguesas a dez anos caíram ontem abaixo dos 6%, graças à garantia deixada esta semana pelo Banco Central Europeu (BCE) de que vai continuar a comprar obrigações enquanto necessário, mas também porque esta sexta-feira foi o terceiro dia consecutivo em que o BCE esteve activo no mercado a comprar títulos portugueses e irlandeses – o efeito destas compras nos juros pode ser observado no gráfico em baixo, com a escalada de Maio a sossegar, mal o BCE iniciou estas operações e a permanecer relativamente calma, dentro do género, desde então.
A semana que acabou, em que os juros caíram a pique, foi descrita ontem por Ewald Nowotny, membro do BCE e governador do banco central austríaco, como dias em que “o programa de compra de obrigações do BCE foi usado energicamente”. Sem isso, estaria tudo bem pior.
Porém, estas medidas são temporárias e artificiais, já que, conforme Jean-Claude Trichet deixou bem claro esta semana, o banco não tem nas suas competências a salvação do euro. Ontem deixou no ar o contrário: “É muito importante que tudo esteja ao nível da dimensão dos desafios”, respondeu, quanto à necessidade de reforçar os 750 mil milhões de euros que o FEEF detém. É que este montante não é suficiente para resgatar Espanha, caso esta venha a cair.
A Reuters ontem já detalhava o plano em cima da mesa para Portugal, citando responsáveis da zona euro não identificados, mas também analistas do Citigroup e da Capital Markets. “É muito provável que Portugal avance com o pedido de ajuda. Talvez mesmo antes do Natal, dependendo de como o mercado evoluir”, apontou Juergen Michels, economista do Citigroup.
“O plano para Portugal será muito similar ao irlandês: a disponibilização de um montante a que o governo ou a banca de Portugal possam recorrer quando acharem necessário. Tentarão abrir esta linha a Portugal, para assim tentarem acalmar os mercados”, especificou Anke Richter, da Capital.
A Reuters, citando as mesmas fontes do euro, aponta que o apoio a Portugal rondará os 60 mil milhões. Os juros deverão situar-se entre 5,7% a 6%.
MRA Alliance/ionline