O director do semanário Sol, José António Saraiva, foi esta sexta-feira à Comissão de Ética da Assembleia da República acusar o poder judicial de encobrir o poder político, durante a audição a propósito das alegadas intervenções do Governo de José Sócrates na comunicação social.
“Hoje acho que há uma conivência do poder judicial com o poder político. Mas penso que se pode dizer mais, há encobrimento do poder político pelo poder judicial. Há factos suficientes para se poder afirmar que há encobrimento”, afirmou o antigo director do semanário Expresso, que a 16 de Setembro de 2006 levou à estampa o novo semanário.
Na sua edição desta sexta-feira, o Sol refere que o Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, foi informado pessoalmente das escutas que estavam a decorrer no âmbito do processo Face Oculta e conclui que, “a partir desse dia, as conversas mudam de tom e há troca de telemóveis”.
Na Comissão Parlamentar, José António Saraiva, questionou a propósito desta mudança de tom, como lhe chama o jornal, quem teria informado os visados nas escutas, que envolviam, entre outros, Armando Vara, ex-ministro e então administrador do BCP, e o primeiro-ministro José Sócrates.
É este alegado aviso dos serviços da Procuradoria-Geral da República ou outra entidade do Poder Judicial que levou José António Saraiva a afirmar aos deputados da Comissão Parlamentar que considera haver conivência entre os dois ramos do Estado de Direito, o judicial e o político, indo mais longe e lançando para o ar uma grave acusação, a saber a de que o poder judicial encobre o poder político.
MRA Alliance/Sol