A Rio Tinto, a gigante mineradora anglo-australiana, declarou que deseja trabalhar com grupos estatais chineses para desenvolver projetos no exterior, no que parece ser uma tentativa deliberada de aprofundar laços com o seu mais importante cliente. Os comentários de Tom Albanese, executivo-chefe da companhia, coincidem com uma crescente e amarga disputa entre a China e a Rio Tinto, e outras mineradoras da Austrália, sobre os preços do minério de ferro. A Rio Tinto tem uma grande presença chinesa na sua base accionista, após a Aluminium Corporation of China (Chinalco) comprar 9% de participação na mineradora, por US$ 14,1 bilhões.
A compra da participação anunciada pela Chinalco, em conjunto com a Alcoa, coloca a estatal chinesa no centro da investida da BHP Billiton, maior mineradora do mundo, para assumir o controle da Rio Tinto – que tem rejeitado a aproximação. Albanese disse que a Rio Tinto não está em “discussões activas” com nenhum grupo chinês sobre negócios no exterior, mas acredita que tal cooperação poderia trazer benefícios para ambas as partes. O executivo sugeriu que a experiência técnica e de engenharia das empresas chinesas poderia combinar bem com a capacidade da Rio Tinto “para encontrar depósitos de minério de classe mundial”.
Recentemente, a mineradora brasileira CVRD – Companhia Vale do Rio Doce – fechou acordos com siderúrgicas do Japão e da China para um aumento de 65% a 71% nos preços dos contratos de minério de ferro. A Rio Tinto e a BHP, no entanto, exigem mais, acusando a Vale de não reflectir no preço a desvantagem dos custos de transporte – o Brasil é três vezes mais longínquo do norte da Ásia do que a Austrália. MRA/Agências