Crise financeira vai prolongar-se dolorosamente nos próximos anos

Whitney Tilson, fundador da Tilson Mutual Funds e colunista do jornal britânico Financial Times advertiu recentemente para o perigoso impacto financeiro global relacionado com a escalada das taxas de juro variáveis e o incumprimento de contratos hipotecários de alto risco – subprime – que poderão atingir dimensões dramáticas em 2009/2010.

George Soros, no livro lançado este mês «The New Paradigm for Financial Markets: The Credit Crisis of 2008 and What It Means», alerta para outra bomba-relógio de consequências imprevisíveis – Credit Default Swaps/CDS – instrumentos de securitização de riscos relacionados com empréstimos multimilionários contraídos por grandes conglomerados globais. Soros, um especulador visionário que virou lenda ao lucrar 1 000 milhões de dólares num dia, com o ataque à libra esterlina e à política monetária do Banco de Inglaterra, em 1992, defende que “o pior ainda está para vir”. Em sua opinião a desconfiança dos bancos em fazerem empréstimos entre si (mercado interbancário) e a recessão em que mergulhou a economia americana vão deprimir o «zilionário» mercado dos CDS’s. Quando os incumprimentos dos primeiros grandes contratos começarem a acontecer, provavelmente já neste semestre, Soros mostra-se céptico que os devedores paguem as dívidas e que muitos dos bancos credores consigam sobreviver.

Dados recolhidos pelos analistas dos mercados bancários BCA Research, num estudo recente, corroboram as visões pessimistas de Soros e Tilson. Como exemplo referem o desconhecimento das posições financeiras das seguradoras hipotecárias federais Freddie Mac and Fannie Mae, na prática organismos operacionais do governo dos EUA no mercado financeiro imobiliário. Ambas estão muito expostas aos contratos subprime e começam a dar sinais de apuro face ao rápido crescimento das penhoras de habitações por os mutuários não terem dinheiro para pagar as prestações mensais. “No nosso cenário mais optimista, os prejuízos de ambas, em 2008, relacionados com hipotecas de má qualidade, ascenderá a cerca de USD 24 mil milhões/bilhões (mm/bi)”, estimam os analistas. A confirmar-se a previsão, isto equivaleria a cerca de 30% do capital social das duas agências, em 2007.

Leave a Reply