Archive for the ‘Zona Euro’ Category

Grécia avança com mais austeridade para evitar incumprimento

segunda-feira, setembro 12th, 2011

O ministro das Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, perante a ameaça de congelamento da próxima parcela do resgate em vigor, anunciou ontem um novo imposto sobre o imobiliário, que vai afectar todos os proprietários de casas. Atenas vai cobrar, em média, quatro euros por cada metro quadrado, oscilando entre um mínimo de 50 cêntimos nas zonas mais pobres e um máximo de 10 euros nas áreas mais ricas do país. A medida vai durar dois anos. Além disso, o Governo decidiu também cortar um mês de salário a todos os políticos.

As novas medidas de austeridade de emergência foram aprovadas num conselho de ministros extraordinário, depois de o primeiro-ministro grego ter dito ontem que a prioridade é “salvar o país da bancarrota” e garantido que irá fazer tudo o que for necessário para atingir as metas orçamentais.

“Tomámos esta decisão para evitar a catástrofe para o nosso país e os nossos cidadãos. Vamos permanecer no euro e isso significa decisões difíceis”, disse o ministro das Finanças, sublinhando que o Governo “decidiu enfrentar uma situação especialmente nefasta à Grécia na Europa e nos mercados, fazendo um novo esforço nacional”.

As duas medidas vão ajudar o Governo a atingir as metas do défice de 17,1 mil milhões de euros em 2011 e de 14,9 mil milhões de euros em 2012, colmatando uma derrapagem orçamental de dois mil milhões de euros para este ano, motivada pelo agravamento da recessão, que será perto de 5% do PIB este ano, pior que a contracção de 3,8% esperada em Junho.

A nova vaga de austeridade surge depois de o euro ter resvalado para mínimos de seis meses e de os juros gregos terem voltado a bater novos máximos desde a adesão ao euro na semana passada, com os mercados a descontarem um ‘default’ da Grécia. As ‘yields’ gregas das maturidades a um e dois anos superaram os 57% e 97%, respectivamente.

O Comissário Europeu dos Assuntos Económicos, Olli Rehn, reagiu dizendo que as decisões tomadas pela Grécia demonstram o compromisso de Atenas de atingir as metas orçamentais este ano e no próximo. “A Grécia necessita de alcançar os objectivos orçamentais e levar a cabo as reformas estruturais acordadas para garantir” ajuda externa, disse.

Nos últimos dias, responsáveis da União Europeia e do Fundo avisaram que a próxima ajuda à Grécia não está garantida e que o Governo tem de cumprir as metas orçamentais acordadas. Isto depois de terem sido suspensas de uma forma intempestiva as negociações entre Atenas e a troika sobre a próxima parcela do actual resgate, no valor de 110 mil milhões de euros, concedido em 2010.

Em entrevista à edição de domingo do jornal alemão Der Tagesspiegel, publicada hoje, a chanceler Angela Merkel, revelou ter pedido ao Governo grego que não desista do seu esforço reformista e insistiu que as ajudas europeias só irão para a frente se Atenas cumprir com as condições impostas para o resgate. Num clima de crescente recusa dos alemães em prosseguir no apoio ao resgate da Grécia, Merkel pediu no entanto paciência para com o país mediterrânico, argumentando que os problemas criados durante anos não se podem resolver da noite para o dia.

MRA Alliance/DE

Os planos franco-alemães para a zona euro

domingo, agosto 28th, 2011

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, reuniram na passada terça-feira em Paris, numa cimeira onde delinearam um novo plano para tentar fortalecer a zona euro. Saiba qual é a estratégia que os dois líderes têm para a moeda única, resumida na edição de hoje do Diário Económico.

1 – Governo económico europeu
Para reforçar a zona euro, Merkel e Sarkozy querem constituir um governo económico europeu. A nova instituição será constituída pelos 17 chefes de Governo dos países que formam a união monetária e devem reunir duas vezes por ano para supervisionar a evolução das políticas económicas, discutir os problemas de cada Estado-membro e tomar decisões para contornar a crise. O actual presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, foi ontem convidado para liderar o governo por um período de dois anos e meio.

2 – Limites à dívida na Constituição
Uma das medidas mais polémicas é a introdução de limites ao endividamento na Constituição dos países da zona euro. Merkel defende a introdução de um objectivo anual quantificado de redução da dívida para os países que ultrapassem o limite de endividamento – de 60% definido para a zona euro no Pacto de Estabilidade e Crescimento. Os países deverão fazer alterações à Constituição até ao final do Verão de 2012 e, no final deste ano, os governos dos países da zona euro com um nível de dívida acima de 60% – no qual se inclui Portugal – devem apresentar planos de redução e encontrar respostas para o impacto do envelhecimento populacional na sustentabilidade da dívida de longo prazo.

3 – Taxa sobre transacções financeiras
Merkel e Sarkozy sugeriram ainda a aplicação de uma taxa sobre as transacções financeiras. Por saber está o valor da taxa e sobre o que vai incidir. A proposta será feita já em Setembro. A implementação da medida não será fácil já que um imposto semelhante foi chumbado no passado pelos 27 países da União Europeia. O ministro sueco para os Mercados Financeiros, Peter Norman, já fez saber que um imposto deste tipo “só funcionará se for implementado a nível mundial”.

4 – Corte de fundos para quem não cumprir défice
Numa carta enviada ontem a van Rompuy, Alemanha e França defendem o corte de fundos estruturais e de coesão aos países da União Europeia que não consigam reduzir o défice. Esta norma já está prevista nas regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento.

5 – Imposto comum para empresas em França e na Alemanha
Em 2013, os dois países deverão ter um imposto comum para todas as empresas. Falta definir que taxa de IRC será imposta às empresas e qual a base tributável a que será aplicada.

6 – ‘Eurobonds’ não avançam
De fora do acordo, ficaram as ‘eurobonds’. Os títulos de dívida europeia harmonizariam o preço de financiamento dos países da zona euro. Esta é uma solução que agradaria os países em dificuldades, que viam os juros descer, mas desagradaria os países que têm as suas contas públicas em ordem, que pagariam juros mais elevados.

7 – Fundo de estabilização mantém-se
Outro dos pontos que ficou fora das propostas a apresentar por aqueles dois países é a necessidade de mexer nos 440 mil milhões de euros do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF).

MRA Alliance/DE

Juros da dívida grega a dois anos superam os 44%

quinta-feira, agosto 25th, 2011
A taxa de juro da dívida portuguesa subiu ontem mais de 40 pontos base nas maturidades mais curtas, num dia em que a Grécia viu os juros a dois anos ultrapassarem os 44%. Em Portugal a “yield” das obrigações a dois anos subiram 26,1 pontos base para 13,276% e na dívida a cinco anos a subida foi de 41,4 pontos para 12,484%.

A subida mais acentuada registou-se na linha de financiamento a seis anos, que saltou 49,3 pontos base para 12,864%, enquanto os juros da dívida a 10 anos apreciaram 19,2 pontos base para 11,175%.

Depois de a Finlândia ter chegado a acordo para receber garantias em troco dos empréstimos concedidos a Atenas, são já mais quatro os países que pedem o mesmo tratamento.

A taxa de juro da dívida grega subiu 414,8 pontos base (4,148 pontos percentuais) para 44,025% na maturidade de dois anos e a taxa de retorno da dívida a cinco anos avançou 204,4 pontos base para 21,865

A mesma tendência de subida dos juros verificou-se em Espanha e Itália, apesar de o Banco Central Europeu ter estado a comprar dívida dos dois países.

A “yield” da dívida espanhola a dois anos apreciou 1,4 pontos base para 3,321% e na emissão a 10 anos os juros aumentaram 1,9 pontos base ara 5,010%. Também Itália viu os juros da dívida a 10 anos subir 4,1 pontos base para 4,047%.

“Existem receios de que o segundo pacote [de ajuda à Grécia] não se materialize”, disse o estratega do Commerzbank, Christoph Rieger, à Bloomberg. “Se a Finlândia cumprir a sua palavra e exigir garantias, poderemos chegar a um impasse”, acrescentou.

Também a Alemanha viu os seus juros subirem num dia em que em emitiu dívida pública e em que os investidores reduziram a sua exposição à segurança relativa das obrigações norte-americanas. A Alemanha “em geral” não concorda com acordos de entrega de garantias feitos em separado entre dois Estados-membros que ponham alguns governos em vantagem face a outros, disse o porta-voz do Governo alemão, Steffen Seibert, à imprensa. Os detalhes do acordo requerem aprovação pelos parceiros europeus, referiu o responsável em Berlim.

“Vamos acabar por ter alguma forma de reestruturação na Grécia”, disse o analista do mercado cambial do Société Général, Kit Juckes, à Bloomberg. “Se não conseguimos sequer ter o acordo quanto aos termos do resgate entre os finlandeses e os alemães, então teremos simplesmente reestruturação da dívida”, acrescentou.

MRA Alliance/JdN

Confiança dos europeus na economia afunda em Agosto

terça-feira, agosto 23rd, 2011

A confiança dos consumidores registou uma queda significativa em Agosto, quer na Zona Euro quer na União Europeia (UE).

Segundo a estimativa preliminar divulgada hoje pela Comissão Europeia, o índice de confiança dos consumidores da UE caiu dos 12,4 pontos negativos para 16,8 pontos negativos, entre Julho e Agosto. Nos países da moeda única, o indicador, que também se mantém em terreno negativo, baixou de -11,2 para -16,6 pontos.

A versão definitiva deste índice será divulgada a 30 de Agosto, como parte integrante do Indicador de Sentimento Económico.

MRA Alliance/Agências

Merkel recusa exigir ouro dos países resgatados

terça-feira, agosto 23rd, 2011

chanceler alemã recusou esta terça-feira a proposta do seu próprio partido de exigir como garantias as reservas de ouro para conceder empréstimos aos países que beneficiam dos financiamentos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF).

Tanto Angela Merkel como o líder do grupo parlamentar conservador, Volker Kauder, expressaram a sua oposição a esta proposta, apresentada pela ministra alemã do Trabalho, Ursula von der Leyen, de acordo com a agência Efe.

A direcção do grupo parlamentar da CDU, o maior partido da coligação governamental alemã, decidiu ontem formar uma comissão para procurar soluções de consenso para a reforma do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), que o Governo quer levar a votação no parlamento a 23 de Setembro.

À formação desta comissão, seguiu-se hoje uma reunião extraordinária do grupo parlamentar conservador, na qual participou Angela Merkel. Segundo a imprensa alemã, logo na abertura da reunião a chanceler alemã deixou clara a sua oposição a esta proposta.

Entre os deputados da CDU e do Partido Liberal Democrata, o parceiro de coligação de Angela Merkel, vai aumentando a oposição à reforma do FEEF, um dos resultados da cimeira de chefes de Estado e de Governo dos países da Zona Euro, a 21 de Julho.

Grande parte da oposição alemã, no entanto, assegura que vai apoiar a reforma, razão pela qual os observadores esperam a aprovação das novas medidas.

MRA Alliance/AF

PIB da OCDE desacelera pelo quarto trimestre consecutivo

segunda-feira, agosto 22nd, 2011

O crescimento do PIB nos países da OCDE voltou a desacelerar no segundo trimestre de 2011, pelo quarto trimestre consecutivo. No primeiro trimestre do ano, os 34 países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) tinham registado um crescimento agregado de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto no final de 2010 se tinham ficado por 0,5%. No segundo trimestre esse crescimento arrefeceu para 0,2%.

“A desaceleração foi particularmente acentuada na zona euro e na União Europeia, onde o crescimento passou para 0,2%, comparado com 0,8% no trimestre anterior”, indicou a organização num comunicado divulgado hoje.

O indicador da OCDE surge na semana a seguir aos dados publicados pelo Eurostat respeitantes ao crescimento das economias da zona euro no segundo trimestre e que causaram surpresa pelo crescimento da Alemanha, abaixo do previsto (0,1%), tendência que a OCDE vem agora sublinhar, a par de uma estagnação em França.

MRA Alliance/DE

Troika avisa que não pode haver mais subida de impostos em Portugal

quarta-feira, agosto 17th, 2011

A ‘troika’ já garantiu que de acordo com a análise às contas públicas de 2011, e incluindo as duas subidas de impostos já anunciadas – a sobretaxa no IRS e a subida do IVA na electricidade e no gás – a redução do défice para 5,9% do PIB está garantida sem a necessidade de mais medidas de austeridade.  A Comissão Europeia, o FMI e o BCE, lembra o Diário Económico, já fez quatro recomendações para serem executadas pelo Governo de Passos Coelho:

1 – Não é preciso subir mais impostos este ano
“Não esperamos mais aumentos de impostos este ano”, garantiu Jürgen Kroeger, no final da semana passada, na conferência de imprensa que marcou o fecho da primeira avaliação da ‘troika’ à aplicação do memorando de entendimento em Portugal. O líder da missão por parte da Comissão Europeia garantiu mesmo que o conjunto das medidas adicionais que já foram anunciadas até agora permite dizer que “o buraco orçamental está fechado”.

2 – Faltam cortes na despesa pública
O que falta, são os cortes na despesa pública. Jürgen Kroeger disse mesmo que a missão da ‘troika’ “esperava ver mais cortes na despesa” e que este foi um ponto do memorando que não foi tão bem conseguido. Os líderes internacionais reconheceram que é preciso tempo para implementar reduções sustentáveis nos gastos, mas alertaram que esse passo terá de ser dado.

3 – Medidas estruturais são para implementar
“As reformas estruturais têm de ser implementada”, frisou Poul Thomsen, o líder do Fundo Monetário Internacional na ‘troika’. Só assim será possível manter as expectativas de evolução do PIB que servem de base ao memorando de entendimento e que antecipam a retoma económica em 2013. “Sem as reformas estruturais, o ajustamento será totalmente feito através de cortes no nível de vida, será feito através do empobrecimento e não com aumentos de competitividade”, avisou Thomsen. “E ninguém quer isso”, garantiu.
4 – O arranque foi bom, mas falta o mais difícil
FMI, Comissão Europeia e BCE concordaram que o arranque da aplicação do programa que permitiu resgatar a economia portuguesa da bancarrota foi “bom”. Contudo, deixaram o alerta: “O mais difícil ainda está para vir”, assegurou Poul Thomsen. E concretizou: “O sucesso do programa vai depender de abrir a economia portuguesa para criar crescimento e empregos”. Além disso, só se o Governo cumprir todos os termos do acordo – que incluem uma liberalização do mercado de trabalho e a redução do sector público – é que os parceiros internacionais continuarão a financiar a economia enquanto for necessário, lembrou.

MRA Alliance

Merkel e Sarkozy não travam queda do euro mas querem policiar política económica da UE

terça-feira, agosto 16th, 2011

O euro desvalorizou hoje cerca de 0,30%,  fixando-se nos 1,4405 dólares, no final da cimeira entre a chanceler alemã e o presidente francês, de onde saiu um conjunto de propostas para impulsionar a estabilidade no espaço da moeda única.

Nicolas Sarkozy e Angela Merkel apelaram à formação de um governo económico para ajudar a acalmar a crise da dívida soberana, remetendo para mais tarde a discussão sobre as euro-obrigações.

O novo órgão deverá ser liderado pelo actual presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, que será convidado nos próximos dias, disse Sarkozy no final de um encontro entre os dois líderes.

Também a manutenção do rating norte-americano no nível máximo («AAA»), com perspectiva estável, pela Fitch deu força ao dólar. A justificar esta decisão está, precisamente, a confiança na moeda dos EUA pela agência  de notação financeira.

A pressão sobre a moeda da Eurolândia deve-se ao facto de a economia da Zona Euro ter crescido menos do que o esperado no segundo trimestre do ano, com especial incidência para a economia alemã (0,1%) e francesa (estagnação), com o PIB português registar um crescimento negativo em termos homólogos, no segundo trimestre, de 0,9%.

MRA Alliance/AF

Cresce número de alemães, franceses e britânicos que querem Grécia fora do euro

segunda-feira, agosto 15th, 2011

Uma crescente maioria de inquiridos de alguns dos chamados países ricos da União Europeia quer que a Grécia saia da Zona Euro e não está disponível para mais resgates financeiros a países fortemente endividados, revela uma sondagem da Bloomberg/YouGov.

O estudo mostra que 58% dos alemães não querem partilhar a divisa com os helénicos. Em França, 45% dos inquiridos franceses também têm a mesma opinião. Na Grã-Bretanha 65% defendem esta posição contra apenas 13%.

Ao mesmo tempo, 59% da população germânica não concorda com novos resgates financeiros, “mesmo que sejam necessários para manter a Zona Euro intacta”. Apenas 20% dos alemães são a favor da realização de novos pacotes financeiros, segundo a agência. Em França, são 47% aqueles que se opõem a novos resgates na região, contra 27% com uma resposta positiva a estas operações.

Ainda assim, a França e a Alemanha até se mostram a favor da sua própria permanência na Zona Euro. O estudo mostra que 48% dos alemães querem continuar a ter o euro como a sua divisa. Mas a diferença face aos que não querem é curta, uma vez que 44% preferem deixá-lo. No caso gaulês, a distância é entre 53% favoráveis à permanência no euro e 31% que querem sair. No Reino Unido 85% são contra a adesão ao euro e na Dinamarca são 61%.

A sondagem da Bloomberg revela ainda que 75% dos consultados alemães desaprovam as acções de Angela Merkel enquanto chanceler germânica. Em França, a percentagem de não aprovação da presidência de Nicolas Sarkozy desce, mas ainda assim é de 47%.

A Boomberg/YouGov consultou 2700 adultos no Reino Unido, 1061 na Alemanha, 1014 em França e 1007 na Dinamarca. A sondagem foi efectuada entre os dias 9 e 12 de Agosto.  

MRA Alliance/JdN

Especulador Soros aposta na saída da Grécia e de Portugal da Zona Euro

segunda-feira, agosto 15th, 2011

O multimilionário especulador em divisas e commodities George Soros, numa entrevista à revista alemã Der Spiegel, defende que Portugal e a Grécia devem abandonar a Zona Euro como melhor forma de salvar a moeda única.

“O problema grego foi tão maltratado que, neste momento, o melhor talvez seja mesmo uma saída ordeira. O mesmo se aplica a Portugal. A União Europeia e o euro sobreviveriam”, diz Soros. Nas entrelinhas pode inferir-se que o seu sentimento é favorável a manobras especulativas que forçem a subida dos juros das dívidas soberanas grega e portuguesa.

Soros, que nos anos 90 fez ajoelhar o Banco de Inglaterra com manobras especulativas que culminaram com a forte desvalorização da libra, veste agora a pele do especulador bom ao defender a proibição imediata dos derivativos financeiros CDS (Credit Default Swaps), a versão moderna da apólice de seguros de risco financeiro. O fundador do hedge fund Quantum Fonds classifica os CDS como “produtos financeiros altamente perigosos” porque “fomentam a especulação na queda” das divisas ou dos activos. 

Soros, por outro lado, faz uma crítica demolidora à passividade das decisões dos políticos em geral, que acusa de tomarem decisões “para apenas ganharem tempo”, e da chanceler alemã Angela Merkel em particular a quem atribuiu a responsabilidade pelo início da crise do euro. 

O mega especulador insiste na necessidade de os países da Zona Euro se entenderem sobre a emissão de eurobonds (títulos de dívida europeus). “Quer queiramos, quer  não, o euro existe. Para que funcione bem, os países da zona euro deverão poder refinanciar grande parte das suas dívidas nas mesmas condições. Essa tarefa cabe à Alemanha (…) com regras financeiras claras ditadas pelos alemães “, disse Soros.

“Infelizmente – acrescentou – a Alemanha tem sobre isto ideias esquesitas. Os alemães devem estabelecer regras que os outros possam cumprir. A países como Espanha deverão ser permitidos défices orçamentais cíclicos até que consigam recuperar”. 

O controverso financeiro jurou  ainda ao Der Spiegel que a sua intenção não é a de especular contra o euro. “Seguramente, não estou a apostar contra o euro”, porque “os chineses estão muito interessados numa alternativa ao dólar e farão tudo para ajudar os europeus a salvá-lo [a moeda única]”.

MRA Alliance

Eurobonds: Governo alemão dividido entre a rejeição e a tolerância

domingo, agosto 14th, 2011
O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, manifestou-se contra as ajudas ilimitadas aos países da zona euro em situação de pré-default e advertiu que «não haverá uma salvação a qualquer preço». Schäuble voltou a refutar expressamente a fórmula de criar títulos de dívida europeus, os chamados eurobonds, numa  entrevista concedida ao «Der Spiegel», que estará nas bancas amanhã.
 
 „Rejeito os eurobonds, enquanto os Estados-membros prosseguirem políticas fiscais distintas, quando nós precisamos de usar as taxas de juro para podermos dar incentivos ou impôr sanções tendo em vista termos uma política fiscal sólida”, precisou Schäuble. 
 
 «Não haverá uma divisão de dívidas nem um apoio ilimitado. Existem certos mecanismos de apoio que desenvolveremos sob condições estritas», reafirmou na  entrevista ao semanário «Der Spiegel», que estará nas bancas amanhã, citada na edição de hoje do diário Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ).
Em contrapartida, a notícia do FAZ dá conta da existência de uma tendência crescente no seio da coligação cristã-liberal CDU/CSU-FDP de adesão à emissão de títulos de dívida comuns aos países da Zona Euro.

“Nos círculos da coligação aumenta a percepção de que possivelmente a União Europeia não terá salvação caso não seja adoptada uma medida deste tipo, escreve o “Welt am Sonntag”, citando membros do governo”, esclarece o FAZ. 

“A solução até agora adoptada de resgatar Estados aflitos com pacotes de ajuda multimilionários está a chegar aos limites,” acrescenta o influente jornal de Frankfurt, conotado com os meios de negócios alemães.

MRA Alliance

Seria vantajoso para Portugal e Grécia abandonarem o euro, diz professor americano

quinta-feira, agosto 11th, 2011
O professor de Economia na Universidade Harvard, Martin Feldstein, defende que Portugal e a Grécia só conseguirão recuperar a competitividade e equilibrar a balança comercial se abandonarem a Zona Euro.Numa entrevista exclusiva concedida ao Jornal de Negócios, Feldstein acredita que seria vantajoso para os dois países abandonarem a moeda europeia.
“O problema não tem tanto a ver com a dívida mas sim com a competitividade”, afirmou o antigo conselheiro económico de Ronald Reagan numa entrevista concedida ao Project Syndicate, no âmbito dos artigos de opinião que o economista escreve regularmente. 
“Como é que estes dois países vão competir? Como é que vão conseguir equilibrar o seu comércio internacional?”, questionou Feldstein, fazendo um paralelo com a situação que alguns países da América Latina viveram nos anos 80.

“Alguns países entraram em incumprimento, as suas economias viveram um período de depressão mas, e este mas é muito importante, puderam desvalorizar a moeda e assim aumentar as exportações e diminuir as importações”, sublinhou o economista, acrescentando que isto não é possível fazendo parte de uma unidade monetária.

Nesta entrevista, exclusiva para Portugal, Feldstein analisou ainda a situação da Grécia, afirmando que o último pacote de ajuda da União Europeu representa um “default” e que este não será o último. A Grécia vai voltar a entrar em incumprimento e de uma forma mais significativa.

MRA Alliance

Da apendicite grega ao tumor hispano-italiano

quarta-feira, agosto 10th, 2011

A bolsa nova-iorquina interrompeu ontem um ciclo de quedas consecutivas, ao fechar com valorizações de mais de quatro por cento nos principais índices. Pouco antes do fecho da sessão, aconteceu a repentina valorização após a Reserva Federal (Fed) norte-americana ter anunciado que manterá as taxas de juro de referência próximas de zero por mais dois anos.

Entre os índices de referência, o Nasdaq Composite Index, que agrega empresas de base tecnológica, foi o que mais disparou: 5,295 por cento (para 2,482.520 pontos). O índice Standard and Poor’s 500 Index cresceu 4,741 por cento (para 1,172.530 pontos) e o industrial Dow Jones avançou 3,977 por cento (para 11,239.770 pontos).

Porém, o dia foi marcado por uma acentuada volatilidade nas bolsas europeias e norte-americanas. Wall Street abriu positiva, mas o disparo só foi visível no final da sessão, após o anúncio do Fed.

Imediatamente a seguir à divulgação da notícia, os mercados reagiram com apetite pelo risco. O Nasdaq subia pouco mais de um por cento, o índice S&P 500 valorizava 0,2 por cento e o Dow estava em terreno negativo. Os minutos finais da sessão foram determinantes para a recuperação.

Mas a recuperação de ontem será de curta ou de média duração? Em nossa opinião, os fundamentais das economias nacionais e das empresas cotadas nas bolsas dos dois lados do Atlântico não enganam: estamos na antecâmara de uma nova fase da crise sistémica de que temos vindo a falar, desde 2007 (ver  exemplos aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, ou aqui).

Contrariamente à reacção de ontem das bolsas norte-americanas, outras praças indicam que entraram no território dos mercados recessivos (bear market). Em Londres, o índice de referência FTSE 100 recuou 20%, desde Fevereiro. De 6091 pontos escorregou para 4855 pontos. O mesmo aconteceu em Hong Kong. O índice Hang Seng recuou 23% desde o último máximo, registado em 8 de Novembro passado.  Idêntica situação aconteceu na brasileira Bovespa  (-31%). Por outro lado, refira-se que o entusiasmo de ontem nas praças americanas está ensombrado pela acelarada perda de 18% nas cotações do índice S&P 500 registada nos últimos meses…

A decisão da agência de rating Standard & Poor´s de baixar a notação da dívida norte-americana de AAA para Aaa, na sexta-feira, na sequência do recente aumento, pelo Congresso, do tecto da dívida federal acima da fasquia de USD 14,3 trillion, apesar de ter precipitado a presente situação, é apenas mais um episódio do colossal descontrolo financeiro norte-americano. A crise não está controlada. Longe disso.

A decisão do Fed agora anunciada de manter as taxas de juro próximas de zero até 2013 é tudo menos uma boa notícia. Dinheiro fácil e escandalosamente barato é mau conselheiro. É um viveiro de bolhas especulativas. Das dotcom às hipotecas subprime insistimos em trilhar um caminho perigoso. De bolha em bolha até à definitiva implosão do sistema financeiro global. Sem pretendermos ser exaustivos, propomos uma olhada sobre os sinais. Alguns têm tanto de elucidativos como de preocupantes:  

  • Na bolsa de futuros Comex, após o anúncio do Fed,  as posições relativamente aos contratos de ouro subiram 1,8%,  fixando-se no novo recorde histórico de  1740 dólares a onça;
  • O banco J.P. Morgan emitiu ontem uma nota segundo a qual a cotação do ouro deverá atingir os 2500 dólares a onça até ao final do ano, enquanto o Goldman Sachs prevê que esteja nos 1730 dólares dentro de seis meses e nos 1900 dólares dentro de 12 meses;
  • O metal amarelo prossegue a sua escalada enquanto activo à prova de crises. Continua a ser o refúgio mais seguro que o dinheiro pode comprar nos tempos que correm. Esta opinião é partilhada por alguns governadores de importantes bancos emissores;
  • Nos dois últimos meses, o banco central da Coreia do Sul comprou 25 toneladas de ouro, aumentando em 17 vezes as suas reservas de metal amarelo. No mesmo período, também o banco central da Tailândia aumentou as suas reservas de ouro em 15,5%, tendo passado de 3523 milhões de onças, em Maio, para 4,07 milhões, em Junho. No princípio do ano, a Tailândia já adquirira 9,3 toneladas de ouro. A Rússia comprou 41,8 toneladas e o México 99,2 toneladas. A China anunciou no início do ano que pretende, até 2020, aumentar drasticamente as suas reservas de ouro.   Das actuais 1054 toneladas quer chegar às 8-10 mil toneladas;
  • Os juros implícitos (yield)  dos títulos dos EUA a dez anos baixaram de 2,32% para 2,28%, entre segunda e terça-feira;
  • Até agora, perante a visível deterioração do clima económico nos sete países mais industrializados (G7) e a profunda crise das dívidas soberanas europeias,  a maioria dos investidores e especuladores comprava, devido ao risco quase inexistente,  títulos do tesouro americano na expectativa de que se valorizassem. Porém, se em vez disso eles se depreciarem, como já está a acontecer,  tal pode significar que a bolha do mercado das obrigações norte-americanas está prestes a rebentar. As consequências serão trágicas para a economia global;
  • Desde 24 de Julho, o pânico generalizado em todos os mercados mundiais gerou perdas globais de USD 8,1 trillion (mais de metade do PIB dos EUA). Este valor  corresponde  a 14,8% da capitalização bolsista do mundo;
  • Em apenas cinco anos (2008-2012), o montante das obrigações de dívida vencidas, emitidas pelo Tesouro norte-americano, atingirá o gigantesco volume de USD 5,6 trillion.   A totalidade do crescimento da dívida do país, entre 1776 (ano da declaração de independência) e 2008, foi de 4,6 trillion. Obama vai ultrapassar em apenas cinco anos o que o conjunto dos seus 43 antecessores fez em… 232 anos!!!
  • O custo global das ajudas financeiras aos bancos e empresas financeiras dos EUA e da Europa, desde 2008, na realidade, ascende a quase USD 24 trillion, segundo a estimativa de Neil Barofsky, o inspector-geral do TARP (Troubled Asset Relief Program), o mega programa de resgate aprovado pela administração Bush e continuado pela administração Obama. Se compararmos este número com o do défice reconhecido pelo Tesouro (USD 14,7 trillion) ficamos com uma ideia mais realista da enormidade dos problemas a resolver quando for apresentada a factura para liquidação; 
  • Se tivermos em conta que o rácio dívida/PIB da Grécia já atingiu os 150%, e que os EUA estão a caminho de ultrapassar rapidamente a psicológica barreira dos 100%, as perspectivas para o biénio 2012-2013 são ainda mais negras. Os efeitos sobre a evolução do crescimento e do emprego serão devastadoras. Também o dólar, enquanto reserva cambial mundial,  terá o seu canto do cisne;

E o que nos reserva a Europa dos 17 (Zona Euro),  ou dos 27 (UE)? Será que o sonho europeu, idealizado nos anos 50 pelo eixo Bona-Paris, poderá, meio século depois,  vir a transformar-se no pesadelo do eixo Berlim-Paris? A prazo é bem possível. Para já, é avisado estarmos preparados para o pior (desintegração da UE e fim do euro).

Os altos dirigentes dos países membros mais ricos e a elite dos eurocratas têm pautado a sua actuação pela incapacidade de gerar consensos, de elaborar discursos coerentes, de afirmar um projecto europeu credível e sustentável e de ter a noção dos timings certos para agir.

Se no debate sobre a subida do tecto da dívida federal, os congressistas norte-americanos e o Presidente Obama deram aquele risível espectáculo de marcar o golo (chegar a acordo) no período de descontos (praticamente no fim do prazo), o que dizer dos líderes europeus? Com os sucessivos avanços e recuos e os constantes desmentidos das promessas feitas na véspera, uns e outros colocaram a Europa a jeito da voracidade vampírica dos mercados (leia-se especuladores).

O que ontem era uma simples apendicite grega, passou hoje a ser um desconfortável pólipo luso-irlandês, o qual, num futuro próximo, ameaça evoluir para um fatal carcinoma hispano-italiano. 

Deste lado do Atlântico, os meteorologistas da política e do dinheiro têm o dedo no botão de alerta de tsunami, atentos a alguns sinais dos chamados “mercados”:

  • Um editorialista do Financial Times escreveu ontem que o futuro da Europa depende da qualidade da defesa da Espanha e da Itália pelo triunvirato UE/BCE/FMI.
  • Embora  Madrid tenha apresentado “bons resultados” no combate ao défice e na flexibilização do mercado de trabalho, o articulista elege como positivo o facto de registar um superávit primário e de os seus empréstimos terem maturidades confortáveis. Como aspecto negativo é sublinhado o elevado peso da dívida (a terceira maior da Zona Euro), as tímidas medidas de combate ao défice e a crónica incapacidade do governo Berlusconi para fazer crescer a economia,  melhorar a capacidade  competitiva e combater o excesso de burocracia;
  • Esta análise, em nossa opinião,  peca por benigna já que passa ao lado de uma variável essencial da equação – a estratégia dos especuladores e as ferramentas de que dispõem para desestabilizar qualquer economia ou moeda, independentemente do seu peso e dimensão;
  • A manipulação pelos especuladores (privados e institucionais) de instrumentos derivativos, designadamente os famigerados seguros de incumprimento financeiro – Credit Default Swaps (CDS) -, levou à falência do banco Lehman Brothers, à nacionalização da seguradora AIG, à insolvência da Islândia e a severas crises cambiais nos anos 90 que atiraram para as cordas as moedas da Rússia, da Malásia, da Coreia do Sul, do México e por aí fora;
  • Ninguém sabe ao certo qual o montante global dos tóxicos CDS que infectam os balanços de sonantes nomes da banca europeia – do germânico Deutsche Bank, ao britânico Barclays, ao francês Paribas, passando pelo espanhol Santander e pelo italiano Unicredit – mas diversos especialistas dividem-se entre estimativas estratosféricas (trillions ou quadrillions);  
  • Certo é que, contrariamente ao que tem sido vertido em muitas páginas de jornais e revistas especializadas, existe o perigo real de um ou mais bancos europeus de grande dimensão poderem vir a ser atacados pelo vírus Lehman Brothers. Quando chegar a hora, lembrem-se  de trautear “Don’t cry for me Argentina”;
  • A França, para alguns inesperada e injustamente, está na berlinda desde sexta-feira, dia em que a S&P despromoveu a qualidade da dívida norte-americana. Comparativamente a outros países com notações triple A, os juros implícitos, os CDS e os níveis do défice que afectam a economia gaulesa são variáveis consideradas excessivas pelas maiores agências de rating;
  • Na próxima sexta-feira, a França publicará dados estatísticos sobre o crescimento da economia no segundo trimestre. A generalidade dos analistas prevê números desanimadores da ordem dos 0,2%, ou seja 0,7% abaixo do valor registado no primeiro trimestre;
  • Caso se confirmem as previsões, as campainhas de alarme alertarão para a dificuldade de a França conseguir, em 2013, atingir a prometida meta de reduzir o actual défice (7,15% do PIB) para menos de 3%;
  • O facto de os CDS sobre a dívida francesa serem superiores aos pagos pelos compradores de dívida emitida pelas autoridades do Peru, Indonésia, África do Sul e da República Eslovaca é motivo de preocupação não apenas para o governo francês. As lideranças da UE, do BCE e do FMI receiam que a equacionável perda pela França da notação AAA possa pôr em causa toda a arquitectura do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e inviabilizar futuros resgates;
  • De  resto, os recursos do FEEF (750 mil milhões de euros) são considerados insuficientes para fazer face às necessidades prováveis dos resgates. Chegam para atender o conjunto dos actuais três “clientes” – Grécia, Irlanda e Portugal e eventualmente de Chipre.  Caso a Espanha ou a Itália sejam forçadas a usá-lo precisaria de ser generosamente recapitalizado.  De resto, há mesmo quem pense que o resgate da terceira e da quarta economias da UE, a Itália e a Espanha respectivamente, necessitaria de um novo Plano Marshall, mas agora com a inclusão dos países emergentes do G20 (China, Índia, Brasil, Arábia Saudita, etc.);
  • Para apimentar o cenário, o mês de Setembro promete ser crítico. A troika irá a Atenas fazer a avaliação de desempenho do governo na aplicação dos programas de resgate em curso e em fase de implementação. A instabilidade política e social em que a Grécia está mergulhada faz temer a obtenção de resultados aquém dos desejados pelos credores, com efeitos negativos na evolução da crise europeia;
  • Na Alemanha, a Chanceler Merkel enfrenta uma resiliente frente de forças políticas e de individualidades da coligação que lidera (CDU/FDP) que discordam abertamente dos acordos pró-resgate por ela validados em Bruxelas. O regresso de férias dos deputados do Bundestag promete acessos debates.
  • Conhecida a sua propensão para o “nim”, bem como para protelar até ao limite decisões urgentes, a senhora Merkel poderá viver dias difíceis e voltar a dar sinais errados aos mercados de dívida. Qualquer sinal de instabilidade e de laisser-faire dado pela Alemanha pode complicar ainda mais as já ténues possibilidades de controlo da situação;
  • Também em Setembro, algumas “cajas de ahorros” espanholas irão ao mercado tentar obter empréstimos. Num cenário de eleições antecipadas, de escalada dos juros da dívida soberana e de insuficientes taxas de crescimento económico, para além de uma elevada taxa de desemprego (superior a 20%), este segmento da banca espanhola terá uma missão espinhosa e de resultados duvidosos;

Se, como tudo indica, nada de enérgico e proactivo for feito, em Agosto, pelos líderes europeus que ditam as políticas da UE – Merkel e Sarkozy – chegaremos a Setembro com uma situação mais degradada. Talvez irremediavelmente…

Nesse caso, e se persistirem os ataques especulativos contra as dívidas espanhola e italiana, com uma insustentável subida das taxas de juro e dos CDS, o último trimestre promete ser um osso duro de roer.

Neste momento, ninguém, do BCE ao FMI, passando por outras instituições de idêntico calibre, dispõe de recursos para resgatar financeiramente países como a Espanha e a Itália. Se tal for imperativo, como vão os mandantes da economia mundial resolver o problema?

A resposta é simples. Ninguém sabe. Nem eles…

Pedro Varanda de Castro, Consultor

MRA Alliance

Novo resgate à Grécia implica incumprimento parcial, diz Fitch

sexta-feira, julho 22nd, 2011

Os termos do segundo programa financeiro que os líderes da zona euro acordaram ontem para a Grécia pressupõe uma entrada em incumprimento parcial da dívida e levará a uma descida do rating para esse nível, confirmou hoje a agência de notação Fitch, citada pelo Público.

Apesar de considerar “positivo” o acordo sobre o pacote grego, a agência norte-americana frisa que os termos do plano prefiguram uma alteração das condições iniciais dos empréstimos já concedidos a Atenas. Segundo os critérios de avaliação da Fitch, isto representa um incumprimento parcial da dívida.

O novo pacote inclui uma modificação das regras do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) com um empréstimo de 109 mil milhões de euros por este fundo de socorro que inclui uma contribuição dos credores privados (50 mil milhões), através da reestruturação da dívida. O reescalonamento ou a renovação da dívida são considerados pelas agências de rating como provas de entrada em incumprimento.

David Riley, o analista da Fitch que assina a nota emitida hoje sobre os termos do novo pacote europeu, sublinha, no entanto, que a revisão da nota da dívida da Grécia – avaliada actualmente pela agência em CCC, correspondente a default – será seguida de novas atribuições de rating aos títulos de dívida helénica que forem emitidos. Isso significa que o efeito positivo (de que fala a agência) que resulta do prolongamento das maturidades da dívida grega será tido em conta em novas notações. Durante o período de vigência do acordo caberá ao FEEF a emissão de garantias sobre os títulos de dívida helénica.

A concordância dos termos do acordo pelo BCE e pelos bancos privados, deram à cimeira de ontem a capacidade para viabilizar o cumprimento imparcial da dívida grega sem abrir novas guerras com as agências norte-americanas de avaliação de risco.

MRA Alliance

Portugal sai de Bruxelas com melhores condições, diz PM

quinta-feira, julho 21st, 2011

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, considera que Portugal saiu hoje de Bruxelas com melhores condições para cumprir com sucesso o seu programa de assistência financeira, na sequência da «robusta» resposta dada pela cimeira extraordinária da Zona Euro.

No final de uma reunião dedicada a um segundo programa de ajuda para a Grécia e ao combate ao risco de contágio da dívida soberana, Passos Coelho disse que, «de uma assentada», os líderes da Zona Euro acordaram as condições para resolver, de uma forma credível, a questão da Grécia e alcançar uma reforma a nível europeu que, inequivocamente, permitem a Portugal e Irlanda verem «aumentadas as condições de sucesso» dos seus programas.

Segundo o chefe de Governo, as agências de notação e os mercados não terão mais razões para duvidar das condições de sucesso do programa de Portugal, que até pode aspirar a regressar mais cedo aos mercados.

Passos Coelho disse todavia não desejar que as boas notícias com que Portugal sai hoje de Bruxelas constituam “qualquer pretexto para que se pense que se pode abrandar o ritmo de aplicação do programa” ou “ter menos exigência”, reafirmando que os tempos que o País enfrenta são “extremamente exigentes e difíceis”.

Entre as decisões já conhecidas  sobre juros, maturidades e reestruturação da dívida (grega), acresce a participação da banca privada. Após a cimeira, o Instituto de Finanças Internacionais anunciou, em Washington, que os bancos credores da Grécia vão contribuir com 54 mil milhões de euros em três anos e 135 mil milhões a dez anos para o novo plano de resgate da economia helénica.

MRA Alliance/Agências

Dívida: Europa vai aliviar condições financeiras do resgate aos periféricos

quinta-feira, julho 21st, 2011

A cimeira extraordinária  dos líderes da zona euro, em Bruxelas, sobre o novo resgate à Grécia, aprovou condições e modalidades financeiras menos pesadas e mais amplas, que poderão igualmente favorecer Portugal e a Irlanda, de acordo com o esboço do documento final da reunião.

Portugal deverá assim beneficiar de uma redução das taxas de juro que poderá aplicar-se às tranches dos empréstimos futuros, ou mesmo às taxas dos empréstimos já contratados. No entanto,  a actual versão do documento ainda é inconclusiva sobre a matéria.

As condições hoje acordadas para os empréstimos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) prevêem o alargamento do prazo do novo empréstimo concedido à Grécia – entre os 7,5 e os 15 anos -, tal como a redução da taxa de juro de 4,5 para 3,5 por cento.

Por outro lado, os 17 países membros da zona euro, deverão dar luz verde à utilização do FEEF para a compra de dívida no mercado secundário, uma alternativa até agora firmemente rejeitada pela Alemanha.  No entanto, segundo um diplomata europeu, citado pelo Público, esta possibilidade só deverá ser admitida para a Grécia, que poderá reduzir por esta via uma parte do volume da dívida.

A questão mais difícil das negociações, o envolvimento dos credores privados no novo pacote de ajuda à Grécia, deverá ser resolvida no quadro de um acordo que está a ser concebido com os principais banqueiros europeus que também participam na cimeira. 

Admite-se a possibilidade de os bancos aceitarem a reestruturação da dívida grega, nos próximos cinco anos, com uma perda de 20% em juros e capital, para um valor a rondar os 150 mil milhões de euros.

MRA Alliance/Agências

Merkel e Sarkozy de acordo sobre novo resgate grego

quinta-feira, julho 21st, 2011

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, chegaram a acordo esta madrugada sobre uma nova ajuda à Grécia, com o apoio do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet.

Nas cerca de sete horas de reunião, em Berlim, para debater a crise da dívida na Europa, Sarkozy e Merkel «acordaram uma posição comum que foi transmitida ao presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, para integrar estes elementos nas suas consultas preparatórias da reunião dos líderes da Zona Euro», que terá hoje lugar, em Bruxelas, refere um comunicado da presidência francesa.

Também o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, informou que Merkel e Sarkozy estão determinados em aprovar o resgate grego e que o seu plano foi discutido com o presidente do BCE, que se juntou à reunião em Berlim, como com o presidente do Conselho Europeu, por telefone.

MRA Alliance/Agências

Crise não ficará resolvida na cimeira de quinta-feira, avisa Merkel

terça-feira, julho 19th, 2011

A chanceler alemã não vai ceder na cimeira de líderes europeus agendada para quinta-feira e corre o risco de ficar na história como a primeira presidente da comissão liquidatária do euro e, eventualmente, como a coveira da União Europeia

“Existem outros passos necessários que têm de ser tomados e não é uma solução espectacular que vai resolver todos os problemas”, afirmou Angela Merkel, em conferência de imprensa, ao lado do presidente russo Demitry Medvedev.

Segundo a Reuters, a líder alemã considera que a solução dos problemas da zona euro têm de vir “de dentro”, através da redução da dívida e do aumento da competitividade.

As declarações de Merkel surgem dois dias antes da cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo da zona euro, em Bruxelas, onde será debatida a crise de dívida e de onde muitos esperam decisões concretas e eficazes para a resolver.

MRA Alliance/DE

Crise grega precisa de 15 anos para ser resolvida, diz Presidente da Alemanha

terça-feira, julho 12th, 2011

A Grécia precisará de muito mais tempo para resolver os problemas com a dívida soberana do que tem sido admitido até agora na Europa, diz o Presidente da Alemanha, Christian Wulff, numa entrevista a ser transmitida, no próximo domingo, pelo canal alemão ZDF.

Segundo a agência Reuters, o antigo líder do partido democrata-cristão (CDU) da Chanceler Angela Merkel,  defendeu a necessidade de “uma resposta global” para a solução da crise da dívida na Europa. “Não pode ser algo apenas para três meses,  antes deve apresentar soluções a serem aplicadas nos próximos 10 a 15 anos, disse Wulff. “A Grécia – acrescentou – precisa de um prazo muito mais alargado do que até agora tem sido reconhecido na Europa, acrescentou Wulff, cujo cargo é, no plano politico, meramente protocolar. 

O chefe de Estado alemão defendeu igualmente uma maior responsabilização dos bancos e das agências de rating pelo seu papel na presente crise financeira e sublinhou que a impunidade de que gozam tem escandalizado a opinião pública.

MRA Alliance

Moody’s aponta fragilidades da banca portuguesa e europeia

quarta-feira, julho 6th, 2011

A agência de notação financeira refere que o eventual chumbo nos testes de resistência não deverão implicar cortes de ‘rating’. Numa nota enviada hoje à imprensa, a Moody’s refere que dos 91 bancos europeus que irão submeter-se aos próximos testes de ‘stress’ pela autoridade europeia do sector bancário, e que serão divulgados já este mês, “26 têm um elevado risco de necessitarem de um apoio externo extraordinário, como é indicado pelo seu ‘rating’ de ‘non investment grade [carácter especulativo]'”.

Os quatro bancos nacionais avaliados pela Moody’s e que irão submeter-se aos testes de esforço estão todos nestas condições: BES, BPI e Caixa Geral de Depósitos apresentam um ‘bank financial strength’ de “D+” e estão em revisão para um possível novo corte. O BCP está numa situação mais delicada, apresentado um ‘bank financial strength’ de “D” (um nível abaixo do ‘rating’ de “D+”) e também em revisão para um possível ‘downgrade’.

Além dos quatro bancos portugueses na lista de possíveis “chumbos” deverá ainda figurar quatro bancos gregos, actualmente com um ‘bank financial strength’ de “E” (quatro níveis abaixo de “D+”), os irlandeses Bank of Ireland e Allied Irish Bank, quatro instituições alemãs, duas italianas, três espanholas e uma série de bancos de outras nacionalidades.

MRA Alliance/DE

Economista Ferreira do Amaral defende saída digna da moeda única

segunda-feira, junho 20th, 2011

O economista João Ferreira do Amaral considera que os políticos estão a negar a saída da moeda única como adiaram o fim da guerra colonial, mas deviam, em vez disso, «estar a preparar uma saída ordenada e digna enquanto é tempo». João Ferreira do Amaral defende, na entrevista ao DN e JN, citada pela TSF, que lutar por outro tipo de políticas e ficar no Euro começa a ser uma «possibilidade bastante remota».

O professor de politica económica refere que Portugal só tem duas soluções: «ou a Zona Euro muda muito a sua forma de funcionar ou mais cedo ou mais tarde teremos de sair». Como a primeira hipótese lhe parece «pouco provável» resta ao país preparar-se para uma «saída ordenada e com o apoio comunitário», defende.

João Ferreira do Amaral acha que o plano que a “troika” nos impôs não «irá dar resultados ao nível do crescimento económico» e, por isso, quando a ajuda externa acabar vamos ser confrontados com taxas de juro que podem rondar os 12 por cento.

MRA Alliance

MRA Alliance/DN

Grécia testa mercados e resiliência da Zona Euro

quinta-feira, junho 16th, 2011

As bolsas europeias fecharam mais uma vez em queda esta quinta-feira, pressionadas pelo impasse na solução da crise grega. Os investidores mostram que o efeito de contágio a outras economias é uma forte probabilidade. Na Grécia, os juros da dívida no curto prazo estão já acima dos 30% e a 10 anos passaram a barreira dos 18%.

Os juros das obrigações do Tesouro de Portugal também registaram novos máximos, tendo chegado a romper a barreira dos 14% nas maturidades a 3 anos. O índice bolsista nacional (PSI20) tocou no valor mais baixo dos últimos 11 meses. No entanto, a queda foi de 0,59% fixando-se nos 7.149,48 pontos.

A banca esteve na berlinda. Desde o início do ano, a banca portuguesa está a perder 13 milhões de euros por dia na Bolsa. Só o Millennium bcp perde em média 7 milhões a cada 24 horas. O BCP chegou hoje a cotar-se a menos de 40 cêntimos por acção, o valor mais baixo na história daquele título. O banco já acumula um saldo negativo superior a 500 milhões de euros, desde Janeiro, em capitalização bolsista. Ainda assim, no fim da sessão o BCP acabou por ganhar 1,21% e fechou a 42 cêntimos/acção.

Enquanto o BES esteve melhor – subiu 0,52% para 2,53 euros – o BPI  caiu 0,64% para 0,94 euros, mas chegou a registar um novo mínimo dos últimos 15 anos, ao ter sido negociado a 92 cêntimos durante a sessão. Este ano, o banco liderado por Fernando Ulrich acumula uma queda de cerca de 15% e já vale menos de mil milhões de euros. O Banif também perdeu 1,8% e vale agora 70 cêntimos por acção. Os sectores da energia e da distribuição – EDP, Galp, Sonae e Jerónimo Martins – também não escaparam à sangria com todos os papéis a perderam valor.

Enquanto nos Estados Unidos as bolsas recuperaram hoje dos resultados negativos registados nas últimas semanas, na Europa os sinais foram preocupantes. Dos 12 índices mais importantes o DAX alemão registou uma queda irrisória (0,07%) mas todos os outros registaram recuos importantes -entre 0,15% (IBEX 35) e 0,92% (SMI).

MRA Alliance/Agências

 

China diz que é “um investidor de longo prazo” no mercado de dívida europeu

quinta-feira, junho 16th, 2011

A China disse hoje que no mercado europeu de títulos do tesouro numa perspectiva de longo prazo e manifestou o desejo que a Grécia registe um crescimento estável. A “China é um investidor de longo prazo no mercado de valores europeu”, disse um porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hong Lei, ao ser questionado sobre uma eventual assistência financeira da China à Grécia.

Referindo-se especificamente àquele país, o porta-voz indicou que “a China espera que a Grécia consiga alcançar estabilidade e desenvolvimento através da cooperação entre a União Europeia e a comunidade internacional”.

MRA Alliance/Lusa

Fundo de resgate da Zona Euro pode passar de 750 para 1,5 MM de euros

quinta-feira, junho 16th, 2011

O Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), que em 2013 vai substituir um dos dois instrumentos de financiamento da UE – o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) – deverá duplicar a sua linha de crédito para 1,5 mil milhões de euros se os políticos quiserem que os investidores do sector privado participem num segundo resgate à Grécia, defende Nout Wellink, membro do conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE).

Wellink disse em entrevista ao jornal holandês “Het Financieele Dagblad” que um novo pacote de ajuda à Grécia acarretará tantas incertezas e riscos que será necessário duplicar o fundo de resgate europeu, para tomar em consideração o risco de contágio a Portugal e à Irlanda. “Se tivermos em conta estes riscos, será preciso criar uma rede de segurança”, afirmou Wellink, que é também o presidente do banco central holandês.

“Se as coisas correrem mal, teremos que responder por isso. Se as agências de ‘rating’ virem um ‘rollover’ [(renovação das linhas de crédito; os governos assumem nova dívida para pagar a antiga)] da dívida grega como um ‘default’ parcial, haverá um contágio a outros países da periferia da Zona Euro”, advertiu. O governador do BCE disse ainda que está aberto a qualquer variante que não tenha consequências no mercado. “Mas sei que estamos a patinar sobre gelo muito fino”, comentou. “Se estivermos em risco de nos afundarmos no gelo, então precisamos de uma grande rede de segurança. O fundo deverá ser de 1,5 biliões de euros e deverá haver uma maior flexibilidade na forma como o dinheiro pode ser gasto”, acrescentou Wellink ao jornal holandês.

O MEE, que será o novo Mecanismo Permanente de resgate para a Zona Euro a partir de 2013, em substituição do temporário FEEF, conta com 750 mil milhões de euros de linha de crédito de emergência por parte da UE e do FMI.

MRA Alliance/JdN

Portugal deverá deixar a zona euro em cinco anos, prevê Roubini

quarta-feira, junho 15th, 2011

O economista que previu a crise financeira mundial deixa o aviso: Os países da periferia da zona euro vão ter de abandonar a moeda única. Num artigo de opinião publicado no Financial Times com o título “A zona euro encaminha-se para a separação”, Nouriel Roubini, o profeta da desgraça, como é conhecido, afirma que a actual crise das dívidas soberanas mostra tudo o que falhou na construção da União Monetária e no projecto da convergência.

Para o economista, nesta altura, só existe uma forma de recuperar a competitividade nos países do Sul da Europa: “Para regressarem ao crescimento e à competitividade, [os periféricos] devem deixar o euro e regressar à moeda nacional”, alerta o responsável. Roubini considera mesmo que, face às diferenças económicas, de políticas orçamentais, de taxas de câmbio reais e de competitividade no seio da Zona Euro, não restará outra alternativa aos países da periferia.

“Este cenário parece inconcebível nos dias que correm mesmo em Atenas ou Lisboa. Mas devido à inexistência de reformas estruturais profundas e aceleradas que compenssem essas diferenças, os cenários que hoje parecem absurdos poderão fazer todo o sentido daqui a cinco anos”, esclarece o professor da universidade de Nova Iorque. E conclui: “Os benefícios de [os países] se manterem [na zona euro] serão menores do que os benefícios de a abandonar, por muito atribulada e desordenada que essa saída venha a ser”.

MRA Alliance/DE

Acordo com a troika “não permite ficar pela cosmética”, diz Carlos Costa

sábado, maio 28th, 2011

O governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, defendeu que o grande desafio do acordo com a troika é “a rotura com o ‘Ancien Régime’”, considerando que, ao contrário das intervenções anteriores, “não permite ficar pela cosmética”.

No ciclo de conferências “Fórum Ciência e Educação”, no Teatro do Campo Alegre, no Porto, Carlos Costa defendeu que “alguns problemas [da economia portuguesa] são tão endémicos como a malária em alguns países”, realçando que o programa de ajuda financeira é “uma oportunidade de rotura com o ‘Ancien Régime’ [Antigo Regime]”.

O governador do BdP defendeu que “a grande diferença entre este programa e os dois anteriores — 1978 e 1983 — é que este não permite ficar pela cosmética das coisas, não é um antipirético, porque não basta restabelecer a temperatura, tem que se atacar as causas”.

Para Carlos Costa, “para acudir de forma duradoura, é preciso o desenvolvimento sustentável da economia portuguesa: romper com o ‘Ancien Régime’, que se instalou desde o reinado de D. João V. Passar do modelo de um estado paternalista para o modelo de uma sociedade moderna”, acrescentou.

“Se não tirarmos partido do actual programa de ajustamento, o problema permanece e o país pertence a um clube, onde as regras do jogo são estas, e se não cumprir vai ter cada vez mais dificuldades. Temos uma oportunidade única de pertencer a um clube seleccionado, mas para isso temos que nos ajustar aos padrões médios desse clube”, declarou numa intervenção sobre “Portugal Face à Economia Global”.

Para o governador do BdP, este “não é um processo para cinco anos, é um processo para décadas”.

Carlos Costa realçou que “o programa [assinado entre o Governo e a troika] tem 251 medidas e uma grande parte tem a ver com a rotura com o ‘Ancien Régime’, uma mudança que nunca se fez do ponto de vista dos valores”, considerando que “o reequilíbrio orçamental é muito mais fácil porque é muito mecânico”.

Na sua intervenção, o regulador afirmou que “quando a crise começou, o sector bancário estava numa situação sólida, mas com uma debilidade: ter um soberano indisciplinado”.

MRA Alliance/Público

Inflação na zona euro sobe para 2,8% em Abril

sábado, abril 30th, 2011

O Gabinete de Estatística Europeu revelou hoje que a inflação no conjunto dos 17 países que usam o euro subiu para 2,8% em Abril, face aos 2,7% registados em Março, de acordo com a primeira estimativa do Eurostat.

 Trata-se do nível mais elevado dos últimos dois anos e meio e ficou acima do esperado pelos economistas, que previam que a inflação se mantivesse inalterada nos 2,7% em Abril.

Em Março, a inflação em Portugal atingiu os 3,9%, o quarto valor mais elevado entre os países do euro, segundo o Eurostat. Nos últimos seis meses, os preços do petróleo escalaram perto de 40%, o que pressionou a subida da inflação na zona euro para cima dos 2%, o limite em que o Banco Central Europeu (BCE) considera existir estabilidade de preços. No total, a inflação na zona euro já está acima dos 2% há cinco meses.

A aceleração dos preços levou mesmo a autoridade monetária da zona euro a subir os juros no início deste mês em 25 pontos base até aos 1,25%, pela primeira vez em quase três anos. Os juros estavam em 1%, o valor mais baixo de sempre, desde Maio de 2009.

Contudo, os economistas sondados pela Reuters não antecipam uma nova mexida nos juros da zona euro no próximo mês. A maioria dos peritos espera que só em Julho o BCE volte a subir o preço do dinheiro.

MRA Alliance/DE

Grécia: Tensão aumenta com juro a 2 anos nos 25%

quarta-feira, abril 27th, 2011

O dia está a ser marcado por novos máximos na era euro dos juros da Grécia e de Portugal no mercado secundário, perante o fantasma da reestruturação da dívida helénica e as preocupações sobre a posição da Finlândia no que toca ao resgate português.

No caso de Atenas, o destaque vai para a taxa a dois anos, que atingiu hoje pela primeira vez a barreira dos 25%, segundo dados da Bloomberg. No mesmo sentido, a ‘yield’ a 10 anos bateu um novo recorde nos 15,529%.

Também os juros de Portugal estão hoje a subir em praticamente todos os prazos. Apenas as taxas a 3 e 5 anos descem hoje.

O juro das obrigações do Tesouro (OT) a 2 anos sobe até aos 11,857%, estando três vezes acima do valor registado há um ano. É um máximo desde pelo menos a adesão ao euro, em 1999.

A ‘yield’ das OT a 10 anos bateu hoje igualmente um recorde nos 9,706%.

A subida dos juros portugueses e gregos surge um dia depois de um relatório de Bruxelas ter mostrado que Irlanda, Grécia, Espanha e Portugal apresentaram os défices mais elevados da zona euro em 2010.

“O facto de os défices terem ficado acima das previsões aumentou as preocupações sobre se [os países] conseguirão consolidar as contas públicas no médio prazo e, consequentemente, os investidores estão a pedir um prémio mais elevado para comprar títulos de dívida daqueles governos”, comentava Nick Stamenkovic, estratega na RIA Capital, à Bloomberg.

MRA Alliance/DE

Zona Euro: Ministra francesa contra reestruturação das dívidas soberanas

segunda-feira, abril 18th, 2011

Christine LagardeA ministra da Economia francesa, Christine Lagarde, considerou hoje que seria “catastrófico” reestruturar as dívidas públicas da Grécia, Irlanda e Portugal. “Seria catastrófico porque significaria que aqueles países teriam as maiores dificuldades para regressar aos mercados financeiros”, indicou Lagarde à televisão francesa LCI quando questionada sobre o debate aberto na Alemanha sobre a eventual reetruturação da dívida daqueles Estados.

Para a ministra francesa, o objectivo dos planos de resgate europeus é que aqueles países possam restabelecer as finanças e regressar aos mercados financeiros. No caso particular da Grécia, Lagarde sublinhou que se chegou a um acordo com o governo para fornecer um “apoio financeiro” em troca de “esforços” destinados a recuperar a economia, mas que em caso algum se prevê a reestruturação da dívida grega.

MRA Alliance/DN

Juncker pede responsabilidade aos políticos portugueses

quarta-feira, abril 13th, 2011

O presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, afirma que Portugal se encontra numa situação política precária. Em declarações à agência Bloomberg, Juncker apelou aos partidos portugueses para “desviarem os olhos dos resultados eleitorais e focarem-se nas obrigações nacionais e internacionais que o país tem pela frente”. Depois de Durão Barroso, é mais uma voz do exterior a pedir responsabilidade aos políticos portugueses.

Hoje o primeiro-ministro José Sócrates recebeu todos os partidos com assento parlamentar para discutir o programa económico de assistência financeira a Portugal.

Em Washington, onde hoje apresentou o relatório de sustentabilidade financeira global, o director do FMI para os mercados financeiros fez saber que a confiança dos mercados nos países alvo de ajuda externa – como agora está a acontecer com Portugal – não volta de um dia para outro.

José Viñals justificou o facto dos “spreads” nos mercados financeiros para a dívida grega ou irlandesa continuarem altos, por não ter ainda passado o tempo suficiente para que os mercados recuperem a confiança nesses países. Tem que se garantir – diz este responsável do FMI – que a dívida é honrada.

MRA Alliance/RR