A venda do BPN ao BIC por 40 milhões de euros está a gerar uma onda de dúvidas e críticas. O presidente do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) suspeita que tenha havido «interesses exógenos».
«O próprio comunicado [do Ministério das Finanças] diz que foram recebidas quatro propostas de aquisição. Não conhecemos a quarta proposta, mas qualquer uma das duas outras, seja do Montepio, seja do NEI, era bem melhor que esta», afirmou à Lusa o presidente do SNQTB, Afonso Diz. «Interesses exógenos» que podem estar relacionados com «a natureza da administração da própria Caixa Geral de Depósitos e a forma atabalhoada como foi composta».
Ainda que tenha sido «estancado um sorvedouro de dinheiro», o responsável mostra-se apreensivo por não ser claro o destino dos trabalhadores do banco, uma vez que a proposta apresentada pelo Banco BIC, segundo o comunicado do Governo, «assegura a integração de um mínimo de 750 dos atuais 1.580 colaboradores» do BPN. Mas o sindicalista garante que são 1.710 e não 1.580.
Quem também não vê o negócio com bons olhos é a Federação do Sector Financeiro (Febase), que estranha que a proposta vencedora «não se comprometa minimamente com o número de trabalhadores a manter na instituição». Em comunicado, a Febase disse que «não pode deixar de estranhar a proposta agora vencedora que obriga “o próprio Estado a assumir os custos com essas eventuais rescisões, que serão decididas pelo Banco BIC».
Já o Sindicato dos Trabalhadores da Actividade Financeira (SINTAF) critica que o banco BIC «não tenha sido obrigado a manter todos os postos de trabalho». «Os trabalhadores do BPN são assim, depois dos cidadãos portugueses que pagaram com os seus impostos a gestão fraudulenta e esta aventura cúmplice de branqueamento, as vítimas directas deste processo», refere o comunicado do SINTAF.
MRA Alliance/AF