D. Jorge Ortiga voltou a manifestar-se ontem, à margem da inauguração do presépio ao vivo de Priscos, a favor de uma consulta popular sobre os casamentos homosexuais ao afirmar que “se o referendo for uma oportunidade para reflectir, para pensar e para interiorizar, pois, com certeza, é um instrumento como outro qualquer”.
“O assunto está a passar ao lado das pessoas e a ser decidido pelos políticos. Penso que o debate deveria ser alargado e profundo e, em meu entender, um referendo, como oportunidade para a reflexão, seria bem-vindo”, sublinhou o arcebispo de Braga e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
Esta não foi a primeira vez que o arcebispo de Braga e presidente da Conferência Episcopal se pronunciou sobre a realização de um referendo relativamente ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
No início deste mês, o presidente da Conferência Episcopal louvava a “coragem” dos promotores do abaixo-assinado a pedir a realização de um referendo sobre o casamento entre homossexuais, disponibilizado nas sacristias. “A Igreja tem conhecimento da sua existência, mas não é a promotora da iniciativa. Contudo, a Igreja louva a coragem dos promotores do abaixo-assinado”, afirmou na altura o arcebispo de Braga.
“O Governo não pode fazer aquilo que lhe apetece e não dialogar”, defendeu D. Jorge Ortiga ao programa “Ser Igreja”, da Rádio Sim, Grupo Renascença e mostrou-se preocupado com a participação cívica criticando o exemplo do Governo. “Verificamos que o Governo, se sente autorizado pela autoridade popular de alguns portugueses, a fazer aquilo que quer e lhe apetece sem diálogo, sem ouvir, sem levantar as questões”, afirmou o Arcebispo de Braga.
As opiniões manifestadas ontem por Ortiga representam uma quebra do pacto de silêncio feito entre a Igreja Portuguesa e o governo desde que o casamento homossexual entrou na agenda política e dinamizou o debate público.
MRA Alliance/Agências